História Você vai estar aqui quando eu acordar? - Um - Proteja-me

Um

Seis anos depois...

  — Soomin me espere! – chamei a garota de cabelos loiros e olhos castanhos que roubou meu coração desde a primeira vez que a vi.

  — Chanyeol! Não te vi a manhã toda, onde esteve?

  — Estava um pouco ocupado – respondi coçando a cabeça.

  — E o que estava fazendo?

  “Pensando em você a manhã toda, como sempre” era o que eu queria responder, mas optei por algo menos vergonhoso.

  — Ah só alguns deveres atrasados.

  — Hum entendi, bom já vou indo.

  — Soo-ah será que eu poderia te acompanhar até em casa? Só para colocar o papo em dia, essas coisas, mas se não quiser tudo bem. Estou atolado de coisa para fazer também então não precisa aceitar por pena sabe, eu estou falando de mais não é? – disse frustrado abaixando a cabeça.

  — Você é tão fofo Chan oppa, claro que você pode me levar, adoro sua companhia! – disse-me sorrindo.

  Ah esse sorriso...

  — Vamos então.

  A conversa entre nós dois era divertida e ser um palhaço – como muitos consideravam – tinha suas vantagens. Depois de quinze minutos de caminhada chegamos à porta de sua casa, desejei tanto que sua casa fosse mais distante!

  — Bom, até mais oppa! – disse ela visivelmente envergonhada.

  — Soomin-ah – cocei a cabeça outra vez – eu posso te pedi uma coisa?

  — Claro Chan.

  — Posso te beijar?

  — S-sim.

  Fui ao seu encontro a passos tranquilos e quando fui tocar seus lábios com os meus, ouvi minha voz preferida no mundo soando manhosa bem de longe.

  — Sehun? – indaguei vendo um garotinho saltitante vindo ao meu encontro. Peguei-o nos meus braços e beijei seus cabelos. – O que faz aqui pequeno?

  — Channie feliz aniversário!

  — Aniversário?

  — Channieee acorda!

  Foi assim Chanyeol descobriu o que estava acontecendo, afinal estava tudo bom de mais já que sua paixão platônica nem olhava para si.

  Chanyeol acordou assustado com olhos arregalados e realmente frustrado, mas todo seu susto e frustração foram embora quando olhou o par de olhos miúdos acompanhados de um sorriso sapeca do irmão.

  — Feliz aniversário hyung! – disse Sehun pulando no pescoço de mais velho e enchendo-lhe de beijos, causando arrepios – inocentes naquele momento – e cócegas no mais velho.

  — Obrigado baixinho – disse rindo olhando para a expressão emburrada do menor ao ser chamado de “baixinho” – sonhei com você sabia?

  — Oh sério? – Chanyeol sorriu ao ver a expressão fofa do irmão enquanto sua boca formava um ‘O’ perfeito em surpresa.

  — Claro que é, sou um homem sério e só falo coisas sérias. – respondeu com orgulho.

  O pequeno Sehun riu tanto do próprio irmão que chegou a deitar por cima deste enquanto quase se engasgava pelas gargalhadas.

  — Você nem homem é hyung, muito menos sério. Euzinho sou mais sério que você.

  — Pelo menos eu não falo “euzinho” – falou zombeteiro – e é isso que eu ganho de aniversário? Insultos logo de manhã? – fez uma carinha que fazia qualquer um sentir pena.

  — Desculpe hyung – riu baixinho – tenho um presente para você, mas não sei se você vai gostar...

  — Que coisa boba Sehun, é obvio que vou gostar afinal amo tudo que vem de você. – bagunçou um pouco os cabelos alheios.

  Depositando um beijo contra as bochechas do irmão, Sehun saiu correndo em direção do próprio quarto – que ficava bem ao lado – pegando dentro de seu armário uma folha tão grande quanto si, para logo voltar para perto do mais alto.

  — O que é isso Sehunie?

  — Seu presente, quer desenrolar?

  — Claro!

  Com cuidado foi desenrolando a cartolina vendo vários detalhes desenhados na mesma. Tinha alguns pássaros coloridos de roxo, uma árvore azul, a grama era rosa, um sol verde e por fim dois bonecos de mãos dadas, fato que fez Chanyeol rir e reconhecê-los imediatamente.

  — Ei! Minhas orelhas não são tão grandes. – disse enquanto bufava.

  — Assim fica mais engraçado. – o baixinho riu.

  — Certo pequeno, eu realmente adorei, principalmente essas cores, quero mais desenhos assim.

  — Se você merecer quem sabe hyung.   

  — Como disse moleque atrevido? – indagou Chanyeol pulando em cima do menor – ATAQUE DE CÓCEGAS!

  — NÃÃO!

  Chanyeol não podia ficar mais feliz em ter mais um dos seus aniversários ao lado da pessoinha que se tornou tudo para si desde que olhou aqueles olhinhos puxados pela primeira vez.

  — Crianças – uma das empregadas chamou-os, ficando estática logo em seguida pela cena que presenciava – o c-café está pronto, seus pais estão mandando vocês descerem.

 — Tudo bem. – o mais novo disse tristonho por ter que desgrudar do irmão – Vamos Channie.

  — Vamos baixinho.

  Com o irmão mais novo em suas costas Chanyeol desceu as escadas ao encontro dos seus pais encontrando em cima da mesa panquecas doces, o prato favorito do aniversariante nos cafés da manha.

  — Olha Sehun, panquecas!

  — Panquecas? – o menininho distraído quanto mexia no cabelo do irmão indagou olhando imediatamente para frente e vendo uma montanha – comparada ao seu tamanho e idade – de panquecas aparentemente deliciosas – Panquecas!

  — Bom dia para vocês também – o pai pronunciou-se.

  — Desculpe – os irmãos disseram em uni solo.

  — Bom dia omma.

  — Bom dia meus amores e parabéns querido – dirigiu-se ao filho mais velho.

  — Obrigado mãe.

  — Agora vamos comer porque estou faminto!

  O Park mais velho não precisou dizer duas vezes.

.*.*.*.*. 

  Deitado em sua cama, Chanyeol respondia os elogios de seus colegas quando uma mensagem fez seu coração disparar.

  “Parabéns oppa Chanyeol”

Soomin – 13h34min

  Levantou-se em um pulo com um sorriso enorme nos lábios cheios. Suas mãos suavam e por um momento não soube como responder.

  “Um obrigado seria seco demais?”

  “O que será que isso significa?”

  “Será que ela gosta de mim?”

  “Como ela conseguiu meu número?”

  Pensamentos de todos os graus de realidade passavam pela cabeça de Chanyeol enquanto sorria mais ainda com todas essas possibilidades.

  — Hyung! Está sorrindo assim por que hein?

  Assustado, os olhos castanhos e escuros do maior dobraram de tamanho pelo susto ao ver seu irmão de braços cruzados a sua frente com uma carinha amarrada que o deixava mais fofo que o normal.

  — Está me espionando por acaso?

  — Não, é que a omma pediu para você se arrumar porque vamos ao parque. – avisou desanimado.

  — Ei porque está assim?

  — Papai teve que viajar, espero você lá embaixo...

  O mais velho estranhou o jeito do irmão, porém lembrou-se do motivo de estar sorrindo antes do pequeno aparecer.

  — Soomin... – suspirou antes de mandar uma mensagem para a mesma.

  “Obrigado Soo-ah, até amanha.”

  Chanyeol – 13h50min

  “Até oppa :) “

  Soomin – 13h52min 

  Com um sorriso no rosto Chanyeol arrumou-se pensando em como o dia de amanhã seria bom. Talvez finalmente conversasse com aquela menina dos seus sonhos.

.*.*.*.*. 

  — Vamos naquele grandão ali Channie – Sehun falou já puxando o irmão pelo parque adentro.

  — Não muito longe meninos.

  — Sim mãe – responderam juntos antes de entrar na fila e logo entrarem em uma das cabines daquela roda gigante.

  Sehun segurava bem firme a mão do mais velho na esperança que se algo acontecesse o maior lhe protegesse o que de fato aconteceria. Chanyeol daria sua vida pela a do irmão, sobre isso não restava dúvidas.

  — Feche os olhos Sehunie – disse assim que o brinquedo começou a andar – só abra quando eu falar.

  Em um aceno rápido o menor concordou fechando seus olhinhos e arrancando um pequeno sorriso do irmão. Foram subindo lentamente enquanto Chanyeol acariciava as mãos fofas do outro.

  — Pode abrir os olhos, baixinho. 

  — Tem certeza? – perguntou incerto.

  — Tenho Sehunie – riu.

  Primeiro abriu somente um olho, contudo, assim que viu aquela maravilha que era a cidade do alto abriu bem ambos os olhos ficando admirado com a beleza do local onde vivia.

  — Oh – foi o único som que o menor conseguiu pronunciar.

  — Muito lindo né?

  — Uhum – respondeu encantado – olha Channie, aquelas luzes parecem com a dos seus olhos quando ficam arregalados!

  — Aish Sehun, meus olhos não ficam arregalados.

  — Ficam sim hyung e é muito fofo.

  — Bobo – xingou bagunçando a cabeleira do irmão – você tem sorte que eu amo você.

  Aquelas palavras fizeram Sehun sorrir tanto que seus olhos se tornaram somente duas linhas adoráveis, muito semelhantes aos da sua mãe.

  — Amo você também hyung.

~*~

  — Crianças! Já vai anoitecer, vamos embora.

  — Ah não omma!

  — Nada disso Chanyeol, está ficando tarde.

  — Tudo bem então – respondeu abaixando a cabeça.

  — Que tal o hyung escolher o jantar mãe?

  — Ótima ideia Sehun. – a mulher acariciou os cabelos do menor – E então o que vai ser querido?

  — Galbi!

  — Oba!

  — Você continua gostando das mesmas coisas que ele? – indagou a mãe pegando o filho mais novo no colo.

  — O hyung tem um gosto bom.

  — Estou ferrada com esses dois porquinhos então. – disse divertida ganhando risadas gostosas de ambos.

  No final das contas ela estava certa, só não fazia ideia do quanto aquelas palavras pesariam mais tarde.

  Ao contrário do dia, a noite chegou fria e úmida. Durante o jantar Chanyeol ganhou de surpresa um bolo enorme de chocolate, que junto com o irmão comeu mais da metade. Logo após o jantar todos foram para seus respectivos quartos, afinal estavam exaustos, mas mesmo assim uma felicidade instalou no peito de Chanyeol. Passar mais um aniversário ao lado da pessoa mais importante para ele era uma coisa que já não podia viver sem, no final das contas nem sabia como conseguia afirmar que era feliz antes do seu pequeno.

  Caminhou até seu banheiro relaxando debaixo da água quente o máximo que pode até ouvir um trovão que quase o fizera escorregar pelo susto. Ignorou aquela guerra nos céus e vestiu-se o mais rápido possível. Aconchegou-se entre os lençóis de sua cama e quando estava quase caindo no sono ouviu sua porta sendo aberta e uma cabeleira castanha clara aparecer pela mesma.

  — Hyung? – disse Sehun andando até a cama do irmão.

  — São os trovões?

  — Uhum. – respondeu baixinho e estremecendo logo depois ao ouvir mais um estrondo.

  — Vem, deita aqui pequeno. – chamou dando espaço para o irmão deitar também – Ainda com muito medo?

  — S-sim.

  — Quer ouvir uma história? – Sehun acenou confirmando – Era uma vez um senhor bem velhinho chamado Destino, esse senhor era muito inteligente e sempre cuidava de todos aqui no nosso mundo. Esse senhor tinha um irmão que chamava Amor, esse era jovem e sempre teimava em permanecer no coração só de uma pessoa ao invés de dois, causava estrago e adorava isso. Um dia o Destino cansado do Amor sempre estragar seus planos, resolveu brigar feio com ele, que depois das brigas ficou tão chateado que resolveu se mudar para bem longe. Sem o Amor o Destino ficou sem saber o que fazer e como agir já que todo seu trabalho sempre parecia já estar feito e do outro lado do mundo o Amor chorava por não ter ninguém para concertar suas burradas. No final das contas, os dois perceberam que um completava o outro. E bom... Sabe o que eles fizeram?

  — Não, o que? – falou o menininho com os olhos grandes curiosos.

  — Começaram a trabalhar juntos e depois de um tempo como precisavam tanto um do outro, acabaram se tornando um só ser. Este ser hoje é chamado de Anjo da Guarda. Esse Anjo tem o poder de cuidar, proteger e principalmente amar.

  — Espera um pouco hyung. – disse o menor pensativo.

  — Hum?

  — Se um Anjo da Guarda faz tudo isso, você é meu Anjo então?

  Chanyeol ficou surpreso com o irmão, mal percebera o quanto este tinha crescido, não só no tamanho, mas sim na mentalidade.

  — Com toda certeza. Eu vou sempre te proteger.

  — Até dos trovões?

  — Principalmente deles.

  — Terremotos também?

  — Terremotos também.

  — E ataques zumbis?

  — Claro que sim baixinho.

  — Sempre hyung?

  — Sempre.

  Em uma noite de trovões e medos mais uma promessa foi feita. Mais uma promessa que nunca seria descumprida.

  Assim aqueles dois irmãos dormiram tranquilamente sentindo o calor um do outro, inocentemente.Até um dia essa inocência não existir mais entre seus corpos.  E ambos se amarem de uma forma jamais vista e jamais sentida, até seus últimos suspiros.

  Ou não.

  Amores não precisam durar uma vida toda para marcar definitivamente uma vida completa.

  Ninguém - até mesmo eu que estou narrando essa história - pode afirmar o limite do amor daqueles dois irmãos.

  Talvez em meios a declarações e juras de amor relatadas durante a história alguns consigam entender.

  Seriam como Romeu e Julieta que sacrificariam suas vidas pelo amor?

  Iriam lutar ou desistir?

  Tudo vai acabar bem?

  São perguntas que multidões talvez não conseguissem responder.

  Essas histórias talvez não passem por gerações, porém irá viver nas milhares gerações de seus corações.