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História Você vai estar aqui quando eu acordar? - Quatro - Somente seus


Escrita por: liittlelove

Notas do Autor


Mal fui embora e já voltei com mais um capítulo :3 Nos comentários percebi que tem bastante gente querendo que os meninos cresçam entãão juntei o cap 4 com o 5 pras coisas andarem mais rápidas e como estou super empolgada pro cap depois desse vim logo postar!

Boa leitura ♥

Capítulo 5 - Quatro - Somente seus


Fanfic / Fanfiction Você vai estar aqui quando eu acordar? - Quatro - Somente seus

Quatro

 

Perdoar Jiwoo foi relativamente fácil para Sehun. A saudade que sentiu da mãe quando a mesma ficou internada foi suficiente para esquecer as marcas rochas que ficaram por semanas em seu braço.

  Para Chanyeol já não foi tão fácil assim.

  Sempre que olhava para a mãe lembrava-se dos hematomas em seu irmão e isso era demais para si.

  Ao contrário do que todos pensavam, apesar da pouca idade, Sehun entendeu – do seu próprio jeito – as doenças da mãe. Entendeu com um jeitinho infantil e puro que ela vivia de momentos e em um momento ruim aquilo tudo aconteceu.

  Chanyeol chegou ao ponto de invejar a inocência do seu irmão quando este corria em direção à mãe depois de um dia de aula, como qualquer outro, enquanto ele mesmo não conseguia esboçar um simples sorriso.

  Sehun indagava diversas vezes o porquê do mais velho não conversar com Jiwoo, para sua mente perdoar era simples demais, e talvez de fato fosse, se Chanyeol conseguisse esquecer a imagem do irmão remexendo-se na cama todos os dias por uma semana a procura de uma posição confortável para dormir por conta dos hematomas que doíam.

  Sehun foi quem sentiu, porém, em alguns casos, quem vê fica mais marcado do quê o que sente e Chanyeol viu seu irmão sair de blusas com mangas compridas mesmo no calor para esconder as marcas. Viu a mãe agir como se nada tivesse acontecido e isso o enfureceu.

  Não o entenda mal, ele não queria que o irmão guardasse rancor da mãe afinal aquilo não pertencia à personalidade do menor, mas para ele tudo pareceu fácil demais.

  Nem em um milhão de anos uma doença seria justificativa para o que teve que ver.

  Era assim que ele pensava. Era assim que tinha que ser.

  Em algum momento da sua vida você vê algo que faz suas paredes desmoronarem, qualquer chão que você procure desaparece.

  Então você cai.

  E quando você acha que pode se levantar algo te puxa para baixo e nada parece ser bom o suficiente para te fazer levantar-se novamente. Até você achar sua cura.

  Poetas descrevem essa cura como o amor.

  Park Chanyeol descreveria sua cura como Sehun.

 

.*.*.*.*.

 

  A adolescência chegou para Chanyeol do mesmo jeito que a pré-adolescência chegou para Sehun.

  Ambos os irmãos ao contrário do que todos achavam não se separaram. Essa era uma ideia que nunca havia sequer passado por suas cabeças. Como eles cresceram foram mudando o jeito como se relacionavam, trocaram os carrinhos e as mordidas por manetes e conversas.

  Sehun estava no sexto ano e fizera algumas amizades, mas nenhuma que se comparava a companhia do irmão.

  Aos seus dezessete anos Chanyeol arrumou sua segunda namorada e por incrível que pareça lembrou-se perfeitamente da promessa que fez ao irmão há quatro anos e não o trocou uma só vez.

  Essa sua namorada era doce e tratava Sehun super bem. Bom, isso até ela se sentir trocada, fato que não fazia sentido porque Sehun sempre esteve lá e ela que era a pessoa nova.

  Um dia cometeu um grande erro. Exigiu uma escolha de Chanyeol:

  “Ele ou eu?”

  Chanyeol não precisou nem pensar em qual alternativa escolheria.

  — Sério que você está me perguntando isso? – perguntou incrédulo.

  — Sério. – respondeu conformada, acreditando que seria ela a escolhida.

  — Bom, então tchau – disse virando as costas para a menina.

  — O quê?

  — Não entendeu? – zombou da garota – Ele, essa é minha escolha.

  — Como você pôde? – começou a chorar.

  — Achou que seria você? Bom, foi mal, mas você que pediu.

  — Pensei que você me amasse! – a garota fez drama.

  — Eu gosto muito de você, porém nunca me referi a amor. – foi seco. Odiava quando faziam drama. Um dos males das mulheres em sua opinião.

  — Como você pode ser tão frio? – esperneou.

  — Como você pode ser tão dramática? – ironizou – Olha você que perguntou, sempre que tiver o Sehun e outra pessoa em uma alternativa, minha resposta sempre será: ele.

  — Eu te odeio Park Chanyeol!

  — Sério isso? Pensei que você fosse mais madura.

  — Cretino! – falou dando-lhe um tapa no rosto para logo depois sair correndo.

  — Parece que a coisa foi feia. – Kyungsoo surgiu ao lado do amigo.

  — Você viu desde o começo? – indagou.

  — Eu e a escola toda Chan, mas o que a fez sair daqui assim?

  — Pediu para eu escolher entre o Sehun e ela.

  — Péssima pergunta.

  — Agora eu vou virar o cretino da escola. – bufou.

  — Até parece que isso vai te impedir de comer o resto dela. – ironizou.

  — Pois é né!? Nem preciso me preocupar. – riu se gabando.

  — Você não presta Chanyeol.

  — Assim que elas gostam, mas então quando você vai pegar alguém Soo? – perguntou colocando o braço por cima dos ombros do menor caminhando até a sala de aula.

  — Primeiro que eu não vou “pegar” ninguém – respondeu – estou bem sozinho.

  — Tenho minhas dúvidas.

  — Por quê? – inquiriu curioso.

  — Você lê romances todos os dias Kyung, duvido que você não tenha vontade de viver um.

  — Existe uma enorme diferença entre ficção e realidade – explicou – na realidade os romances são muito complicados e não são duradouros e para uma pessoa desprovida de paciência como eu não vale a pena apaixonar-me.

  — Nem por mim? – zombou.

  — Óbvio que não!

  — Porque não? – riu da reação do amigo.

  — Mal te aguento como amigo quem dirá como namorado.

  — Pensei que fosse porque sou um homem. – espantou-se.

  — Acredito que entre um casal homossexual pode haver mais sinceridade em um “eu te amo” do que em um casal hetero.

  — Por que isso?

  — Já pensou que em cada sala com mais de trinta alunos uma pessoa pode ser gay? Imagina o quanto essa pessoa vai sofrer quando se pegar desejando um corpo semelhante ao seu ou ouvir os pais dizendo que preferem a morte a um homossexual em seu teto, então bate no ombro do filho e diz “meu filho não é assim, ele é homem igual ao pai”, na frente de todos ele sorri e concorda, mas quando está sozinho ele chora, em caso das mulheres elas são preparadas para ter um marido e filhos, ser boa mãe e esposa. É apresentada a caras mensalmente pelos pais para não correr o risco de ficar sozinha e se tornar um fardo, então ela também chora. Chora pelo fato de não querer ser diferente. Ser diferente dói, machuca.

  “Então ele ou ela acham outra pessoa diferente e percebem que por aquela pessoa eles enfrentariam o mundo, os pais, as afrontas e o medo. Essa pessoa lhe da coragem e eles sentem como se pudessem vencer o mundo e talvez consigam. Sei lá não consigo pensar em outro significado para isso que não seja: amor.”

  As palavras de Kyungsoo mexeram com Chanyeol. Não por se identificar, mas sim pela beleza de um amor nesse nível.

  — Você acredita nisso?

  Sem precisar pensar duas vezes Kyungsoo respondeu:

  — Com todas minhas forças.

 

 .*.*.*.*.

 

14h20min

  Chanyeol estava pontualmente parado na porta da escola do irmão esperando o mesmo sair.

  Avistou Sehun conversando com uma menina baixinha de cabelos bem escuros animadamente enquanto a menina só concordava com a face rosada. Ao se despedirem a menina ficou nas pontas dos pés e beijou a bochecha de Sehun que ficou  estático no mesmo lugar.

  Após a menina sair de perto de si limpou rapidamente a bochecha fazendo Chanyeol rir pela cara de nojo que fez.

  Sehun estava com a cabeça baixa e não viu quando passou direto pelo irmão.

  — Ei distraído – chamou Chanyeol – é assim que você trata o irmão que vem correndo da aula te buscar?

  — Hyung! – exclamou Sehun indo abraçar o irmão – O que veio fazer aqui?

  — Não sabia que precisava marcar dia para vim te buscar. – retribuiu o abraço apertado.

  — É porque hoje é terça.

  — E daí?

  — Você deveria estar na casa da sua namorada, não? – perguntou cabisbaixo. Apesar de Chanyeol nunca tê-lo deixado de lado Sehun acostumou-se a ter o irmão sempre que quisesse ao seu lado.

  Certa vez no meio na noite um trovão o acordou. Ficou com medo e correu para o quarto ao lado que pertencia ao irmão, mas só encontrou uma cama vazia. Sentiu-se sozinho e não conseguiria ir para sua cama novamente, então se enrolou no edredom do maior e seu cheiro o acalmou.

  Na manhã seguinte quando Chanyeol entrou no quarto viu seu irmão encolhido igual a quando era pequeno e sentiu-se culpado.

  A única parte boa para Sehun foi quando o irmão passou o resto do dia o bajulando e prometeu que não iria se repetir.

  — Terminei com ela. – falou dando de ombros.

  — Por quê? – ficou curioso.

  — Pediu para escolher entre você e ela.

  — E você me escolheu? – indagou sorrindo largo fazendo com que seus olhos se fechassem.

  — Estou aqui não estou? – sorriu para o irmão.

  — Você ficou triste?

  — Até que não – respondeu – ficaria triste se escolhesse ela e me afastasse de você. – bagunçou o cabelo do irmão.

  Chanyeol não viu, mas um sorriso se instalou no rosto de Sehun.

 

.*.*.*.*.

 

  — Sai de cima de mim Chanyeol! – esperneou Sehun.

  — Não até você me pedir desculpa. – falou emburrado sentado por cima da cintura de Sehun enquanto prendia seus braços.

  — Eu só disse o que achei ué. – riu.

  — Eu não fico estranho beijando!

  — Fica sim! Pelo pouco que eu vi entre vocês dois posso afirmar que sim. – zombou do irmão – Coitado do Soo hyung, tinha que ver isso todo dia.

  — Se eu ficasse feio beijando aquele monte de garotas não vinham para cima de mim! – estava irritado.

  — É o que eu acho Channie.

  — Ah é?

  — Sim! – gargalhou.

  Chanyeol encarou os olhos do irmão. Suas pupilas estavam dilatadas e mais escuras do que quando era menor, tornando-o mais bonito.

  O maior observava atenciosamente o rosto do irmão, era simples e Chanyeol amava coisas simples. Seu nariz era cheinho e levemente acentuado. Suas bochechas eram arredondadas deixando seu rosto mais infantil, porém não menos lindo.

  Então desceu o olhar para a boca rosada do irmão. Estava entreaberta e sua respiração agora batia quente no rosto de Chanyeol.

  Rosto que agora se encontrava perigosamente perto.

  Estava perto. Muito perto.

  Se mais um movimento fosse feito por qualquer um dos irmãos seus narizes já estariam colados.

  E foi isso que aconteceu.

  Sehun aproximou-se aos poucos e a ponta do seu nariz encontrou com o do irmão. Ambos não sabiam o que fazer, contudo daquele jeito estava assustadoramente bom.

  Era um daqueles momentos que o seu mundo particular se resume a um só momento e todas as palavras já não existem mais.

  Nenhum deles saberia como descrever como seus corações se tornaram um, feitos de uma só batida.

 

  — Crianças o jantar está pronto. – ouviram Na avisar.

  Nada responderam.

  — Hoje eu fiz Tonkatsu.

  Dito essas palavras Sehun empurrou o irmão e levantou-se em um pulo, assustando o maior.

  — Vamos Channie, é Tonkatsu! – falou animado.

  Riu do jeito do irmão. Era tão maduro algumas horas, mas tão inocente em  outras.

  Chanyeol sentia-se estranho pelo que havia acontecido há minutos atrás.

  Contudo era uma coisa estranha que adoraria repetir.

 

 

.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.

 

 

  Estava ofegante pelo esforço feito há minutos atrás em uma cama desconhecida com uma colega de escola agarrada a si.

  Particularmente Chanyeol não gostava de grude após o sexo, em sua opinião isso retratava carinho e não gostava de ser carinhoso em suas relações de uma noite.

  Enquanto a menina acariciava seu abdômen nu Chanyeol pensava no que Na provavelmente teria feito para o jantar. Até que um estrondo o despertou de seus pensamentos.

  — Ah meu Deus está trovejando? – perguntou o óbvio desgrudando-se da garota.

  — Está ué. – respondeu levantando o lençol para cobrir seus seios.

  — E por que diabos você não me avisou? – indagou irritado.

  — Você por acaso pediu?

  — Esquece! – terminou de vestir sua blusa às pressas – Te vejo por ai.

  — Ei espera, você vai sair assim no meio da noite? Pensei que ficaria até o amanhecer. – esboçou tristeza. Grande erro.

  — Ah não me diga que se apaixonou em duas horas! Não lhe prometi nada.

  — Nossa quando disseram que você era um sem coração achei que fosse mentira.

  — E é. – encarou a garota – O único problema é que não entrego meu coração nas mãos da primeira que abre as pernas para mim.

  Deixando a garota boquiaberta para trás Chanyeol deixou a casa desconhecida no meio de uma tempestade a procura da sua própria esperando encontrar um par de olhos castanhos.

  Tão comum para os outros, mas tão especiais para si.

 

.*.*.*.*.

 

  Mais uma vez a briga nos céus acordou Sehun.

  Não lembrava em qual lembrança do irmão dormira, mas lembrara de quando o maior se juntava a si em momentos semelhantes aqueles.

  Caminhou a passos rápidos até o quarto ao lado, mesmo sabendo que o maior passaria a noite fora.

  Na falta do calor de Chanyeol o seu cheiro o acalmava.

  Foi até a cama do maior embrulhando-se em seu edredom macio, a cada estrondo o agarrava mais forte junto a si e se encolhia mais.

  “Pense em coisas boas que passamos juntos e vai ser como se eu estivesse aqui ao seu lado contando detalhes do meu dia” – lembrou-se da fala do irmão quando estavam sentados na varanda de casa.

  Lembrou-se de quando fez cinco anos e acordou o irmão afirmando já ter uma mão cheia de anos, a risada do irmão ainda estava fresca em sua mente. Lembrou-se de quando fizera dez e mostrou-lhe as duas mãos cheias e o maior achou que era “hora de festejar” e saiu com o irmão pela cidade, voltando tarde, quase na virada da noite. A mãe estava lúcida então foram xingados a beça, mas a voz do maior cantando baixinho só para o menor ouvir fez tudo valer a pena para Sehun, já para Chanyeol ver seu irmão adormecendo aos poucos com um sorriso sutil foi sua recompensa.

  Estava distraído e quase não percebeu a figura grande do irmão o observando da porta. E quase não conseguiu ver o sorriso do irmão ao olhar-lhe.

  — Gosto quando sorri assim – sussurrou como se fosse um segredo.

  Na visão de Sehun, Chanyeol possuía sorrisos distintos.

  Havia os escandalosos. Os descontraídos.

  Os sarcásticos. Os frios.

  E aquele.

  Sehun nunca conseguiu descrever como esse era, porém era o que mais gostava.

  O que mais sentia.

  — Saiba então que de todos meus sorrisos esse é destinado somente a você.

  Nenhum trovão estragaria aquela sensação no peito de Sehun, essa que ele por bastante tempo também não soube como descrever, mas também não se preocupou com isso, pois assim era melhor.

  São aqueles sentimentos que guardamos no peito e não damos a oportunidade de resumi-lo a palavras mundanas.

  Assim os fazíamos certos.

  Assim os tornavam puros.

 

.*.*.*.*.

  Sehun despediu-se da mãe ao sair do carro indo em direção ao grande prédio a sua frente. Não adorava nem odiava a escola, era uma coisa necessária e ele sabia disso, mas não deixava de sentir certa inveja no irmão por já está terminando o colegial.

  Entrou na escola encarando o chão encerado abaixo de si, só parando quando avistou um par de all star vermelho bem familiar.

  Levantou o olhar e observou o sorriso envergonhado da menina em sua frente.

  Um sorriso comum, que não continha nem metade da perfeição de qualquer um dos sorrisos de Chanyeol.

  — Sehun-ah bom dia. – disse Minseo envergonhada.

  — Bom dia. Como vai?

  — Bem. – entrelaçou seu braço ao de Sehun, causando um leve desconforto no mesmo – Aquele que te buscou ontem é seu irmão?

  — Ele mesmo. – sorriu pela surpresa que o irmão fez.

  — Hum... – entortou a boca descontente – Ele parece ser bem legal.

  — E é mesmo! Ontem ele até... – interrompeu a fala quando percebeu que iria contar sobre seu medo.

  Sehun não tinha vergonha nem nada do tipo. Ela só não pareceu importante o suficiente para saber de algo tão particular.

  — Fez o que? – ficou curiosa.

  — M-me levou para tomar sorvete. – odiou-se por ter gaguejado. Sempre fora muito sincero com todos à sua volta e não desenvolveu a arte de saber mentir bem.

  — Ah eu também gosto muito de sorvete, pena que não tenho ninguém para me levar. – jogou verde na esperança do menino chama-la para sair.

  — Isso é uma pena mesmo Min. O Chan sempre me levou a uma perto de casa, lá vende o melhor sorvete do bairro! Eu sei disso porque quando eu tinha dez anos e ele dezesseis saímos por ai à procura do melhor bolo com sorvete. Foi bem legal, nós dois juntamos todo o dinheiro que tínhamos e gastamos todinho.

  — E seus pais deixaram?

  — Eles nunca souberam. – riu ao lembrar – Se bem que foi muito difícil esconder a dor de barriga que nós dois sentimos horas depois.

  — Isso é legal. - Minseo não conseguiu controlar o descaso em sua voz.

  Gostava do maior, mas o mesmo não investia, só falava do irmão. Contudo, estava disposta a mudar isso.

  — Sehun-ah para que direção é sua casa? – perguntou.

  — Centro-sul por quê? – respondeu tirando o caderno da mochila.

  — Ah que coincidência! – exclamou – Preciso fazer algumas coisas por lá, você me acompanha? – mentiu.

  — Posso te fazer companhia até certo ponto ok?

  — Ah obrigada!

  “É o suficiente” – Minseo pensou.

 

~*~

 

  Chanyeol estava cabisbaixo naquela manhã. O futuro o assustava.

  Via todos da sua turma se preparando para provas de universidades e ele estava lá. Parado.

  Seu pai sempre depositou esperanças do filho mais velho se tornar um grande advogado e seguir seus passos e Chanyeol antigamente realmente gostava da ideia de orgulhar o pai, porém ele já não era um garotinho que fazia tudo para agradar todo mundo.

  Ele só agradava a uma pessoa.

  Kyungsoo se preocupou com o amigo, mas resolveu dar a ele um espaço para se abrir quando achasse necessário. Coisa que Chanyeol não fazia por ele.

  O menor sempre fora calado e contido, contudo Chanyeol sempre sabia quando ele estava triste e não lhe dava paz até sorrir. Kyungsoo era grato ao amigo por isso, mas não admitiria em voz alta.

  Isso nunca.

  Chanyeol passou o dia todo ignorando as investidas das garotas do seu colégio. No final das contas não tinha interesse em nenhuma delas, nem mesmo em seu interior.

  A única que conseguiu conquistar – mesmo que parcialmente – seu coração foi sua segunda namorada. Assustou-se por estar pensando nela depois do término.

  Pois é, realmente Chanyeol não estava bem.

  Entrou em casa fazendo o mínimo de barulho possível afinal o que mais queria era deitar na sua cama e dormir até que essa neura passasse.

  Infelizmente não teve sucesso.

  — Filho? – Jiwoo o chamou.

  Chanyeol pensou em passar direto, mas a mãe foi persistente e o chamou outra vez.

  “Só o que me faltava agora” – pensou o garoto enquanto caminhava até a cozinha onde a mãe se encontrava.

  — Seu pai e eu fizemos sua matricula em uma ótima universidade em Seul e como seu pai tem grande influencia lá você já está praticamente dentro e ano que... – não conseguiu concluir a fala.

  — Vocês o que? – Chanyeol falou alto.

  — Estamos só cuidando do seu futuro filho.

  — Chanyeol ok? – ditou seco – Como vocês fizeram isso sem ao menos me perguntar antes?

  — Somos seus pais fi... Chanyeol. Temos o direito.

  — Ah têm? – ironizou – Um pai que passa mais tempo atrás de uma mesa de escritório e uma mãe que fica internada semanas porque não é forte o suficiente para aguentar a família perfeita que exibe tem direito sobre mim? Eu acho que não! – finalizou virando as costas para a mãe subindo correndo para seu quarto.

  — C-chanyeol volta aqui agora! – exigiu a mulher que começara a ter alguns fios brancos em meio aos pretos de sua cabeça.

  Suspirou cansada, mas não se deu ao luxo de chorar, pois todas aquelas palavras foram verdadeiras.

 

.*.*.*.*.

  

  Como o combinado Sehun acompanhou Minseo até onde pôde. Estavam andando há dez minutos e a menina não parava de tagarelar sobre sua vida, irritando minimamente o Park.

  Não que ele não gostasse da garota, Sehun realmente a achava legal, só não estava muito a fim de conversar naquele meio de tarde. Pelo menos não com ela.

  Mas quem ele queria enganar? Estava doido para chegar à esquina onde teria que virar e poder correr para casa jogar com o irmão.

  — Sehun-ah seu aniversário está chegando? – a pergunta despertou Sehun dos seus devaneios.

  — Quê? – perguntou denunciando sua desatenção na menina.

  — Seu aniversário está chegando? – repetiu.

  — Está um pouco longe ainda, por quê? – respondeu.

  — Ah eu estava planejando te dar um presente.

  — Qual? – parou onde ficava a entrada para sua rua.

  — Tudo bem se eu te entregar adiantado?

  — Claro que não! – animou-se – Adoro presentes.

  Sehun e sua inocência...

  — Fecha os olhos então afinal é uma surpresa! – animou-se também a garota.

  — Fechei e agora?

  — Fica paradinho, ok?

  —Ok!

  Aproximou-se do menor, fitou os lábios rosados do mesmo que tinha um sorriso adorável e tremeu por ansiedade.

  — Anda logo Min! – exclamou.

  — Ok desculpa.

  Minseo fechou seus próprios olhos e findou a distancia dos seus lábios e o de Sehun, fazendo o ultimo abrir bem os olhos quando se deu conta do que acontecia ali.

  Sentiu-se estranho com a aproximação repentina e não era um estranho bom. Não moveu nenhuma parte do seu corpo, simplesmente porque não conseguia e estava com medo de magoar a garota, porém quando a mesma tentou aprofundar aquele contato, se viu sem saída.

  Colocou as mãos nos ombros da menina e a afastou aos poucos não sabendo como agir e nem o que falar.

  — Sehun-ah por que me afastou? – falou decepcionada.

  — Minseo eu não sei de onde você tirou isso, mas – coçou a garganta escolhendo as próximas palavras – eu não gosto de você desse jeito entende? Você é legal, mas eu só te vejo como uma amiga.

  Minseo estava envergonhada e não conseguiu olhar para o garoto a sua frente, afinal, não queria que o mesmo visse o rio de lágrimas que formavam em seus olhos implorando para descerem.

  — Diz alguma coisa, por favor – implorou.

  — E-eu n-não sabia d-disso, me d-desculpe. – gaguejou.

  — Não tem problema. – Sehun sorriu para acalmar a garota – Agora me diz você realmente tem alguma coisa para fazer aqui ou só veio me dar esse presente?

  — Vim só para entregar mesmo – sussurrou baixinho só para Sehun escutar.

  — Min-ah o que eu vou fazer com você hein?! – fez a garota rir um pouco – Vamos, eu te levo para casa.

  — Não precisa. – falou ainda cabisbaixa.

  — Precisa sim, aposto que você nem sabe o caminho pelo tanto que veio falando na minha cabeça.

  — Vai cagar menino! – zombou um pouco.

  — Vou levar isso como um sim. – colocou o braço por cima dos ombros da menina – Agora vamos.

  

~*~

 

  — Entregue.

  — Obrigada. – agradeceu abrindo o portão – Sehun-ah desculpe pelo o que eu fiz.

  — Já disse que está tudo bem. – sorriu.

  — Você sabe voltar né?

  — Sei sim, esqueceu que eu e meu irmão já rodamos isso aqui tudo?

  — Ah é, seu irmão. – revirou os olhos.

  — Ei eu vi isso! – falou impedindo a menina de entrar – Qual o problema?

  — Você fala tanto dele que já estava começando a me irritar, sabia?

  — Eu nem falo tanto dele assim Min-ah! – respondeu na defensiva.

  — Você sempre tenta incluir ele nos assuntos oppa! Se eu falar “comi arroz ontem” é capaz de você me contar a primeira vez que vocês dois comeram arroz juntos! – zombou do amigo.

  — Faço isso mesmo?

  — Todo dia.

  — Ah desculpe. – pediu encarando seu próprio tênis.

  — Já me acostumei – sorriu para passar confiança – aposto que você está doido querendo fazer coisas com ele e estou te prendendo aqui, então tchau Sehun-ah.

  — Você é ótima Min, tchau.

  Depois correu.

  Correu para aquele de vários sorrisos, várias faces, mas sempre o mesmo coração. Aquele que ficava ao seu lado sempre, que errava, porém fazia de tudo para não cometer o mesmo erro novamente.

  Sehun correu para o irmão.

 

.*.*.*.*.

 

  Chanyeol não sabia se ficava com raiva e quebrava tudo que estivesse em sua cama ou se sentava em algum cantinho e chorava. Por mais que nunca chorasse – depois de crescido – achou a segunda opção mais chamativa.

  Entrou dentro do quarto caminhando em seguida até a própria cama. Deitou-se encarando o teto e remoeu o passado.

  Lembrou-se da parte solitária da sua infância que no final das contas não era tão solitária assim, sempre viveu rodeado de pessoas, contudo todas iam embora, exceto Kyungsoo.

  Foi uma amizade de “negócios”, já que seus pais trabalhavam juntos e queriam crescer no mercado, porém viraram realmente amigos, agradando ambas as famílias. Chanyeol lembrava-se do jeito mal humorado do outro, sempre tentou fazê-lo rir e o jeito difícil do baixinho despertara uma vontade maior no orelhudo.

  Recordou-se que naquela época se achava o menino mais feliz e sortudo do mundo, contudo agora ele sabia que só conheceu a sorte quando certos olhinhos puxados o olharam.

  Era difícil para o maior não se lembrar do irmão e não sorrir. Aquele garoto de apenas onze anos era o motivo para tudo que fosse fazer.

  Sehun era a única pessoa que conseguia desprender declarações da boca de Chanyeol.

  Sim, declarações, mas não um “eu te amo”. Depois que ouviu tanto essas três palavras de forma vazia parou de pronuncia-las, mas Sehun sabia que a cada “sim” que recebia como resposta aquela pergunta que fazia em noites nebulosas era a forma do maior dizer que amava o menor mais que tudo a sua volta.

  Porque essa era a verdade.

  Chanyeol amava Sehun com todas as forças que tinha.

  — Hyung, você está chorando? – ouviu a voz preocupada do irmão próxima a si.

  — O que? – assustou-se colocando as mãos no rosto percebendo as lágrimas que escorriam por ali.

  — Por que você está chorando? – perguntou.

  — Coisas de adultos. – respondeu.

  — Coisa que você não é né hyung?! – indignou-se.

  — Você tem razão pequeno. – riu minimamente.

  — Então vai me contar ou não?

  — É uma longa história Sehunie.

  — Não tenho nenhum dever. – falou cruzando os braços mostrando para o irmão que ele não tinha alternativa a não ser contar-lhe tudo o que havia acontecido.

  — Quando você ficou tão mandão? – sorriu.

  — Muito tempo com professores. – riu Sehun, desmanchando o lado autoritário.

  — Quer caminhar?

 

~*~

 

  Os irmãos caminhavam tranquilamente lado a lado pelas ruas de Goyang aproveitando o entardecer em um silêncio confortável, por mais que quando estavam juntos nunca ficavam tanto tempo em silêncio.

  — Hyung...

  — Hum?

  — Tenho uma amiga lá na escola, acho que nunca falei dela, mas o nome dela é Minseo...

  — Uma baixinha e de cabelo escuro? – perguntou.

  — Ela mesma, como sabe?

  — Quando eu te busquei ontem vocês saíram juntos. – disse chutando algumas pedrinhas que via pelo caminho.

  — Então – coçou a garganta – hoje ela mentiu para mim.

  — Mentiu? – ficou curioso – Por quê?

  — Ela disse que precisava fazer algumas coisas por aqui, mas na verdade queria me dar um presente de aniversário.

  — Mas faltam meses pra ele chegar e eu sempre te dei o primeiro presente. – concluiu decepcionado.

  — Desculpe hyung.

  — Tudo bem baixinho – bagunçou os fios castanhos de Sehun – e qual foi esse tal presente?

  — Foi um... eh... – coçou a garganta – Um beijo. – disse rápido.

  Chanyeol arregalou seus olhos e sentiu uma sensação incomoda do peito ao imaginar a cena.

  — E-e você gostou? – praguejou-se por ter gaguejado afinal não era o normal de acontecer.

  — Não... – declarou.

  — E por quê? Achou nojento? – tentou engolir o nó que se fez em sua garganta.

  — Não é isso e também não deixei as coisas se aprofundarem. – olhou para seus pés, pois pareciam mais atrativos.

  — Por quê? – repetiu.

  — Sei lá Channie... – começou – Só não gostei, não achei legal fazer isso com ela.

  — Então o problema era ela?

  — Acredito que sim.

  — Então o próximo talvez seja melhor. – disse sentindo um alívio que não soube como descrever.

  — Espero que sim – sorriu para o irmão, fazendo-o se sentir mais estranho e – talvez – encantado com o irmão – agora me diz o que estava acontecendo?

  — Ok – suspirou – como você já sabe eu estou no final do colegial e o certo seria eu ir para uma universidade ano que vem, mas o futuro me assusta um pouco, talvez muito.

  — Te assusta? – perguntou preocupado.

  — Sim, os pais querem me mandar para Seul estudar advocacia.

  — Seul? – espantou-se – M-mas eles não podem separar a gente.

  — Eu sei que não. – suspirou derrotado.

  — Hyung – Sehun chamou com lágrimas nos olhos – E-eu não posso ficar aqui sem você! Quem vai me proteger? A mamãe não tem condições de fazer isso e muitas vezes precisamos nos proteger dela...

  — Shi – pediu Chanyeol parando para abraçar irmão que começou a soluçar baixinho – eu não tenho de ir ok? Por isso preciso da sua ajuda para enganá-los um tempo e eu conseguir ficar.

  — Se eu ajudar você promete ficar aqui comigo? – perguntou levantando os olhos pequenos marejados para olhar o irmão bem mais alto que si.

  — Prometo. – prometeu mesmo sabendo que no fim nada que Sehun fizesse convenceria os pais afinal ainda o consideraram pequeno de mais para leva-lo a sério, fato que provava para Chanyeol que os genitores não conheciam o pequeno.

  Isso o irava.

  — E-eu amo você hyung. – Sehun disse baixinho.

  — Eu vou estar aqui por você.

  Esse era um dos jeitos de Chanyeol dizer que tanto amava aquele baixinho.

  Nenhum “eu te amo” seria tão sincero quanto esse, que com outras palavras significavam a única coisa que o ser humano ainda não destruiu.

  O amor.

  E Chanyeol não deixaria ninguém fazer nenhum mal ao seu.

  Não enquanto o seu amor pertencesse a Sehun.

 

 


Notas Finais


Ahh e esse Sehun que é fofo até pra dar um fora? Simplesmente apaixonada. E o Kyung sendo profundo, sem palavras.
Bom gente o número de favoritos não para de crescer e eu estou muito feliz com isso, nada seria possível sem vcs! ♥
No próximo cap eles já estão maiores, mas só no cap 6 que vão ter a idade que vai até o final da fic, pelo menos eu acho :)
Espero que tenham gostado e entendido todas as entrelinhas. Podem comentar a vontade que não me importo ♥
beijinhos ♥ ♥ ♥


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