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História Você vai estar aqui quando eu acordar? - Cinco - Não vá


Escrita por: liittlelove

Notas do Autor


Oiii gente! :33

Vcs não imaginam o quanto eu estou animada por postar esse cap! ♥
aaaah e vai ter uma pessoinha nova. Deixo vcs com o meu amorzinho.
BOOOA LEITUUUURA :33333333
p.s: esse é meu cap favorito até agr ♥
Quero agradecer a minha beta Corujamariana ♥ pessoa linda que me ajuda muito!

BOOOA LEITUUUURA :33333333

Capítulo 6 - Cinco - Não vá


Fanfic / Fanfiction Você vai estar aqui quando eu acordar? - Cinco - Não vá

  Cinco

 

  Observar Sehun dormindo trazia paz para Chanyeol. Sempre fora assim e não gostava da ideia de seguir um futuro sem escolha para longe do menor. Além de ser um grande egoísta, Chanyeol tinha medo.

  Tinha medo de ser fraco igual à mãe e a chance de não conseguir ser para Sehun tudo que ele merecesse tirou-lhe o sono daquela noite.

   A possibilidade de falhar com Sehun o apavorava, pois no final quem recolhia todas suas alegrias e tristezas era Chanyeol. Sem ele ali quem o acolheria nas noites frias e sairia com o menor para se refrescar em alguma tarde calorenta?

  Quem o acompanharia nas caminhadas para escutá-lo quando quisesse desabafar ou daria conselhos sobre qual caminho seguir quando a vida o forçasse a escolher?

  Quem o abraçaria?

  Quem o protegeria?

  Quem o amaria?

  O motivo de suas alegrias era o mesmo pelo quais lágrimas silenciosas escoriam pelo rosto jovem de Chanyeol.

  Chorava enquanto observava a boca entreaberta do irmão e a bochecha amassada pelo travesseiro fazendo que um biquinho se formasse. Sorriu levemente ao lembrar-se que sua forma de dormir era a mesma de cinco anos atrás quando um garotinho de seis anos o considerava seu anjo.

  Céus, ele não conseguiria viver sem isso.

  Eram tantas coisas em sua cabeça que não conseguiu reprimir os soluços travados em sua garganta implorando para serem libertados. Então saiu do quarto dando as costas para a cama do irmão.

  Desceu as escadas resolvendo afastar do quarto para não acordar seu irmão devido aos soluços que dava. Abraçou uma almofada assim que deitou sobre o sofá respirando fundo e tentando acalmar-se quando ouviu a porta da frente ser aberta e a imagem cansada do pai aparecer pela mesma, assustando-se por ver seu mais velho chorando.

  — O que aconteceu filho? – foi até ele.

  — Eu não quero ir embora dessa casa pai.

  — Mas Chanyeol você sabe que é preciso.

  — Mas quem vai cuidar do Sehun? – levantou-se frustrado – Quando a mãe der a louca quem vai protegê-lo? Ele é muito pequeno para se virar sozinho!

  — Isso nunca foi um problema quando você era pequeno!

  — Nós somos diferentes pai, ele é sensível em relação a afeto, se eu não estiver aqui ele vai recorrer à mamãe e se ela estiver em alguma crise igual há cinco anos? – perguntou nervoso.

  — E o que você quer? – levantou-se ficando na altura do filho – Ficar enfurnado aqui sem fazer absolutamente nada até ele crescer?

  — Não sei. – colocou as mãos sobre o rosto tentando falhamente estacar as lágrimas – Só sei que não posso abandoná-lo.

  Ver seu filho exercendo seu papel de pai foi deveras doloroso para o senhor Park. Nunca teve a intenção de ser tão distante, mas os negócios pediam isso e não poderia simplesmente dar as costas para seu trabalho.

  Contudo, ele não fazia ideia que o papel de pai Chanyeol nunca poderia exercer, pois pais não sentem uma estranha palpitação no peito quando seus filhos os abraçam.

  — Sua mãe me disse que você não queria fazer faculdade de direito, é verdade? – indagou o pai recebendo como resposta um aceno afirmativo com a cabeça – Eu deixo você ficar até ele completar quatorze anos, porém você terá que fazer a faculdade que escolhemos para você.

  Chanyeol ficou estático.

  Não coseguia acreditar nas palavras daquele alguém que chamou de pai durante todos os anos da sua vivida vida.

  — Você está fazendo um acordo com seu filho para a segurança de outro filho? – olhou incrédulo para o Park mais velho – Sério isso?

  — Sim. – disse irredutível – Você tem três anos para fazê-lo ser menos sentimental.

  — Eu não irei fazer isso! Não vou transformá-lo no que eu virei graças aquela mulher!

  — Aquela mulher é sua mãe Chanyeol! – falou alto – E ela é doente, você sabe que nada foi de propósito naquele dia.

  — Isso não justifica ela ter machucado a única coisa que importa para mim!

  O pai engoliu em seco.

  “Como assim a única coisa que importa para ele?” – pensou o Park.

  — Somos todos sua família filho – começou – o mundo não gira em torno de uma pessoa só.

  — O seu pode não girar, mas o meu gira em torno daquele menino que está dormindo lá em cima e que acredita que eu sempre cuidarei dele.

  —Sem mais argumentos Chanyeol! – estressou – Se você não quiser aceitar esse trato tudo bem, seu voo está marcado para daqui duas semanas.

  Chanwon era um homem de negócios, desde pequeno seu pai o ensinava sobre modos de ganhar a vida. Muitas vezes esquecia que estava fora do trabalho e tentava subornar e induzir todos a sua volta. Como aconteceu aquela noite.

  — Eu aceito.

  Chanyeol depois de tanto pensar decretou. Não tinha duvidas que para ver o bem do irmão abriria mão do seu próprio.

  Não conseguindo mais olhar para o genitor, começou a subir as escadas em direção aos quartos, só parando quando ouviu a voz do pai:

  — Foi um erro ter achado que mais um filho salvaria essa família.

  — Muito me admira uma pessoa tão antenada como você ser tão cega. – olhou seriamente para a expressão cansada do pai – Aquele menino foi a melhor coisa que já aconteceu para essa família, de todos aqui ele é o único puro que nunca se deixou levar para a sujeira que é isso tudo.

  Assim, terminou de subir as escadas, deixando para trás seu pai confuso.

  Ninguém naquela casa mudava, eram sempre sistematizados a agir somente de uma forma e não eram palavras de um adolescente que iria mudar isso. Todos eram assim, com a exceção de um em especial.

  Aquele mesmo garoto que Chanyeol tanto olhava minutos mais cedo e agora repetia o mesmo ato só que de perto, ajoelhado ao lado da cama.

  Ao contrário das mentes perturbadas daquela casa, Sehun parecia calmo e sereno como deveria ser.

  Chanyeol sentia falta da época que dormia assim também, sem preocupações, sem garotas nuas ao seu lado, só uma criança dormindo tranquilamente esperando o dia seguinte.

  Acariciou os cabelos castanhos claros do irmão, acomodando-se na cama do mesmo no pequeno espaço que restava.

  — O que foi hyung? – perguntou um Sehun com a voz abarrotada em sono.

  — Só quero dormir aqui com você hoje ok? – respondeu choroso.

  — Tudo bem Channie? – abriu mais os olhos.

  — Tudo baixinho, agora só me abraça, por favor.

  Então o menor cuidou do irmão afinal do mesmo jeito que Chanyeol largaria tudo por Sehun, ele também largaria tudo por Chanyeol.

  Abriu mão do seu sono para acariciar os fios escuros, mostrando pela primeira vez para o irmão que estaria lá.

  Quando o mais velho acordasse.

 

.*.*.*.*.

 

“Eu juro que se você fizer isso eu te mato Chanyeol!”

Soo – 10h20min

                                                                           “Então o que eu faço Kyung? Ele precisa      

                                                                                              aprender a se virar sem mim!”

                                                                                                                     Chan – 10h22min

“Eu entendo essa parte, mas sério que vc

 quer fazer isso com seu irmão?”

Soo – 10h25min

                                                                                                   “Não...”

                                                                                                            Chan – 10h30min

“Não seja um babaca igual seu pai Chan, vc sabe

que se vc afastá-lo ele não vai ter ninguém.”

Soo – 10h33min

                                                                                                  “Eu sei... mas o que eu faço?

                                                                                                 Não posso simplesmente virar as

                                                                                                 costas e ir embora.”

                                                                                                         Chan – 10h37min

“Mas vai ser exatamente isso que vc vai

estar fazendo”

Soo – 10h38min

                                                                                          “É diferente...”

                                                                                                 Chan – 10h40min

“Não seja covarde Chanyeol. Mostre para ele

todo o amor que vc sente e não o deixe.”

Soo – 10h41min

 

~*~

 

  Sehun cresceu exageradamente dependente do irmão, coisa que nunca incomodaram nenhum dos dois, mas começou a incomodar o pai.

  As palavras que Chanyeol deferiu a si ainda martelavam em sua cabeça e tiravam-lhe sua paz.

  Chanyeol nunca tinha se expressado daquele modo. Chegou a um momento de sua adolescência que todos seus pensamentos pararam de ser compartilhados com os genitores e ouvir pela primeira vez em anos o filho se abrindo foi realmente surpreendente.

  Depois de muito refletir perguntou-se em qual linha de suas histórias seus filhos ficaram tão próximos. Era incômodo de certa forma, pois se sentia sem importância, alguém que só servia para colocar dinheiro dentro de casa e trazer presentes, mas o que mais o incomodava era saber que, na verdade, ele era exatamente isso.

  Sentia-se mal por fazer o próprio filho de chantagem, mas em sua mente não tinha outra escolha. Sabia que Chanyeol não queria seguir seus passos e essa oportunidade caiu dos céus e não poderia desperdiçar.

  — No que tanto pensa querido? – indagou sua esposa, Jiwoo.

  — Hum?

  — Você está pensativo desde que acordou. – estava cabisbaixa, fato que alertou Chanwon.

  — Coisas sobre a faculdade do Chanyeol. – explicou em meias palavras – Como você se sente?

  — Estou preocupada com nossos filhos – sentou-se na cama – principalmente com esse acordo estranho que você fez com o mais velho.

  — Você sabe que não tive escolha.

  — Não falo sobre isso, mas meu filho precisa de proteção por causa da própria mãe – sentiu lágrimas escorrerem de seus olhos – não consigo aguentar mais isso.

  — Para de pensar assim Jiwoo – começou o pai – se você desistisse quem iria estar aqui para eles?

  — Não iria fazer diferença nenhuma! – aumentou o tom de voz – Eu não sou capaz de acolher meus filhos sempre que eles precisam! Chanyeol não fala comigo uma única vez, só quando é extremamente necessário – chorou ainda mais, pois aquelas verdades doíam – o Sehun... – parou um pouco para sorrir – É a única alma inocente nessa casa que eu tenho medo de destruir!

  — Shi... – abraçou a mulher – Vamos dar um jeito. Vamos visitar umas pessoas ok?

  Depois de ver Jiwoo concordar, levou-a até uma casa enorme e branca que a mulher conhecia muito bem.

  — E-eu não preciso entrar ali Chanwon! – começou a se desesperar – Eu estou bem, tomo todos os remédios nas horas certas, por favor!

  — Você não está bem Jiwoo, está falando umas coisas estranhas, precisa entrar.

  — Aquilo não são coisas estranhas! – alterou-se – São as verdades que você nunca aceitou! Somos um fracasso como pais! – falou enquanto era levada para dentro – VOCÊ SABE DISSO CHANWON!

  “Ela não sabe o que diz” – repetiu em pensamento como se fosse um mantra.

  Mas no fundo ele sabia que as palavras da sua mulher pesariam mais tarde.

  E ele não poderia estar mais certo.

 

~*~

 

  — Chanyeol eu posso falar com você? – o pai perguntou despertando a atenção do filho.

  — Entre.

  — Precisei levar sua mãe para a clínica. – foi direto.

  — O que? – espantou-se – Ontem mesmo o Sehun me contou que ela estava ótima assistindo um filme com ele.

  — Você conhece a doença da sua mãe.

  — Conheço muito bem para saber que as mudanças não acontecem de um dia para outro pai.

  — Chanyeol eu sei quando sua mãe precisa ir melhor que ninguém.

  — Mas pai...

  — Não Chanyeol. – ditou seco – Vou voltar amanhã para Seul.

  — Veio só para enfiar ela naquele lugar? – perguntou irônico.

  — Vim para o bem dessa família!

  — Essa família tem uma visão de “bem” diferente da sua. – resmungou baixinho.

  — Acho melhor você parar de resmungar e aproveitar seus últimos anos aqui.

  Sabia que essas palavras calariam seu filho e de fato estava certo.

  Não se considerava um homem maquiavélico, só aproveitava das oportunidades que a vida dava, sendo sobre seus negócios ou sobre sua família.

 

~*~

 

  Aquelas palavras realmente calaram Chanyeol. Sabia que tudo era algum tipo de provocação, mas mesmo assim era do seu irmão que estavam falando.

  Chanyeol resolveu seguir as palavras de Kyungsoo.

  Pelas linhas do tempo fez memórias fixas.

  Fixou-se entre as memórias das estações a cada folha que caia e depois se renovava.

  Porém teve uma coisa que ele não fez. Não contou ao irmão que todos aqueles momentos eram só algumas desculpas que usaria em um futuro próximo por abandoná-lo, mais exatamente três anos.

  O mais velho terminou a escola e formou-se lado a lado ao melhor amigo, mas olhando fixamente para um garotinho que não parava de sorrir e acenar, dizendo estar orgulhoso do irmão. Quando Chanyeol indagou o pequeno sobre onde aprendeu aquela palavra afirmou ter visto na TV e achou bonita.

  Naquele dia Chanyeol deu várias risadas junto do amigo e do irmão, mas diminuindo seu som para conseguir gravar perfeitamente a risada do ultimo.

  Em noites que a realidade o atingia esse som o fazia sorrir entre as lágrimas que deixava cair.

  A cada aniversário pedia a qualquer ser que quisesse ouvir a eternidade junto ao irmão. Não soube em qual parágrafo dessa história se viu incomodado quando Sehun cogitou a ideia de crescer e casar-se, nas palavras dele, com alguém que soubesse cozinhar muito bem.

  Não sabia se era pela ideia do irmão crescer ou por não saber cozinhar.

  O último pensamento o aterrorizou então preferiu ficar com o primeiro, mas em algum espaço de sua mente ele sabia a verdade.

  O mais velho parou de se deitar com várias pessoas e dedicou-se somente ao irmão. Passou a levar o irmão até a escola quando a mãe estava debilitada e nunca mais parou durante os três anos.

  Viu o irmão ser beijado por uma garota alta e sentiu um desconforto tão grande no peito que não conseguiu ver mais a cena, mas se tivesse ficado até o final saberia que o garoto empurrou delicadamente a garota por simplesmente não querer ser beijado por ela e foi o mais rápido que conseguiu para casa encontrando no caminho seu irmão vagando de cabeça baixa.

  — Hyung?

  — Ah Sehun...

  — Quem mais seria? – riu, falhando em tentar fazer o outro rir também – Tudo bem?

  — Uhum.

  — Hyung?

  — Hum?

  — Amanhã eu faço treze anos, lembra?

  — Lembro.

  — Hum... E o que vamos fazer?

  — Não sei ainda. – mentiu.

  — Como não? – surpreendeu-se, pois o irmão sempre planejava tudo semanas antes.

  — Sei lá Sehun, só não planejei nada ainda.

  — Ok – respondeu abaixando a cabeça.

  Chanyeol percebeu, é claro e se sentiu um babaca.

  — Recebeu algum presente? – forçou um sorriso ladino para o irmão que ao perceber retribuiu na mesma hora.

  — Ah recebi um legal e outro nem tanto.

  — E o que foram? – perguntou.

  — Da Min ganhei o novo GTA! Falei com ela que vamos jogar até arranhar!

  — Passei a amar essa menina! – brincou com o irmão, mas o mesmo não percebeu a parte da brincadeira.

  — Ok né – revirou os olhos sem o maior perceber – e o que não foi tão legal foi um beijo de uma garota lá.

  “Finalmente chegou à parte que eu queria” – pensou Chanyeol.

  — Mais um? – perguntou fingindo surpresa.

  — Pra você ver – revirou os olhos – parece que as meninas acham que vou gostar. Até uma bala ia ser mais interessante.

  As palavras do irmão aliviaram o peito de Chanyeol que riu do comentário simplista e sincero do menor.

  — Você é mesmo uma comédia, pequeno.

  — Pequeno? – bufou – eu já cresci bastante!

  — Mais continua menor que eu.

  — Claro você é um gigante ambulante!

  — Que? – fez uma expressão magoada – Não te levo até a feira de sorvete que vai ter amanhã na cidade vizinha mais.

  — Oi? – alegrou-se – Que isso irmãozinho. Falei brincando!

  — Interesseiro!

  — Você me ama. – mostrou língua.

  — Aish sortudo.

 

 

  Os meses passaram rápido para Chanyeol e se Sehun soubesse que dois dias antes do seu aniversário o seu irmão partiria não estaria tão animado para seu aniversário de quatorze anos.

  Faltando um mês para sua viagem Chanyeol recebeu um email do seu pai com os endereços de seu novo apartamento e faculdade em Seul.

  Ao ler todas aquelas palavras entusiasmadas do senhor Park, Chanyeol não chorou e não esboçou nenhuma emoção. Decidiu consigo mesmo que não valia a pena chorar por um fato irreversível.

 

  Enquanto o tempo passava Chanyeol conseguiu abrigo para tudo que estava entalado em sua garganta nas mensagens que trocava com o amigo.

  A única coisa que Kyungsoo não sabia era sobre a ocultação sobre os fatos a Sehun. Achava que o pequeno sabia de tudo, contudo estava redondamente enganado. Chanyeol sabia que se contasse isso para Kyungsoo ele iria forçá-lo de algum modo a dizer a verdade para seu irmão.

  Contudo, fato que Kyungsoo também não sabia era que toda a armadura que Chanyeol construiu iria embora se visse Sehun chorando por isso. Todas as barreiras iriam se quebrar e por dentro de Chanyeol só existia uma carcaça podre de alguém sensível que começou a notar as mudanças no corpo do irmão mais novo.

  Porque elas aconteciam a cada mês, quando os ombros ficavam mais largos e os músculos mais definidos. 

  A imaginação perigosa de Chanyeol o pregava peças e o apavorava quando se pegava perdido ao ver o irmão trocando de roupa antes de dormir.

  Tudo ficava confuso demais quando as conchinhas em que dormiam ficavam quentes, porém não de um simples calor corporal, mas sim de fisgadas e mais fisgadas em seu baixo ventre.

  Por trás das barreiras e das armaduras desejava uma criança que sempre protegeu.

  Se o perguntasse ele negaria, é claro, mas se caso confirmasse não saberia explicar o porquê. Não saberia dizer quando o ciúme de irmão passou a ser o de homem.

  Porém, decidiu esconder até mesmo de si próprio tudo isso, colocando sem sua cabeça que tudo não passava de sofrimento por ter que ficar longe do irmão por tanto tempo enquanto fazia uma coisa que não o agradava. Fazia sentido?

  Absolutamente não. Mas foi a única mentira que entrou por sua cabeça.

 

  Na madrugada do dia nove para dez de abril, dois dias antes de Sehun completar seu tão esperado quatorze anos, Chanyeol arrumava suas malas com o necessário para algumas semanas - já que seus pais despachariam tudo quando tivessem tempo – enquanto a chuva caía do lado de fora.

  Não era religioso, mas mesmo assim rezava para que não trovejasse naquela madrugada, pois em algumas horas o táxi que o levaria até o aeroporto mais próximo – que era bem longe – e não conseguiria sair de casa com o menor acordado.

  Os irmãos eram os únicos em casa e por mais que Chanyeol não gostava da ideia de deixar o menor sozinho, era preciso.

  Sentou-se na cama e começou a escrever não um “adeus”, mas sim um “até logo” para o irmão. Conseguia ver perfeitamente Sehun lendo tudo com uma carinha de sono, cabelos bagunçados e algumas lágrimas nos olhos, seu coração doía, mas tentava disfarçar com mais e mais camadas de mentiras sobre seu sentimento.

  Sentimento esse que afirmava ser somente como um enorme amor fraternal confundido em um momento de fraqueza, nada com que devesse se preocupar.

  Se ele soubesse o quanto estava errado naquela época...

  Um trovão forte chegou junto com uma mensagem em seu celular.

“Está pronto?”

Soo – 03h20min

                                                                                                     “Nunca vou estar pronto para

                                                                                                        deixar meu irmão, mas as 

                                                                                                           malas estão prontas.”

                                                                                                                    Chan – 03h21min

“Vejo-te aqui em Seul daqui algumas horas”

  Soo – 03h22min

                                                                                                      “Infelizmente”

                                                                                                                        Chan – 03h27min

 

  Bloqueou o celular ao ouvir uma voz baixinha o chamando. Fechou os olhos sentindo sua garganta fechar e os olhos lacrimejarem.

  — Hyung? Estou... – Parou de fala quando viu o quarto arrumado – coisa que nunca acontecia – e duas malas no conto – Onde você está indo Channie?

  — E-e-eu preciso resolver umas c-co-coisas Sehun. – mentiu gaguejando quando percebeu seu irmão chegar mais perto.

  — O que é isso aqui? – perguntou tirando rapidamente de cima da cama um papel com a caligrafia do irmão.

   “Sehun-ah,

Desculpe não ter avisado antes, mas quando vocês ler essa carta eu já devo estar a caminho de Seul. Lembra anos atrás quando estava com medo de ficar longe de você? Então... Eu não estou com medo mais, então eu preciso ir.

 Só queria te dizer que coisas mudaram”

  Assim a carta ficou incompleta faltando a parte mais importante onde Chanyeol falaria o que de fato mudou.

  Sehun levantou um olhar carregado de lágrimas para o irmão que se encontrava de cabeça baixa.

  — Olha para mim... – pediu baixinho.

  Nenhum movimento foi feito.

  — Olha para mim, caramba! – ordenou ao irmão enquanto lágrimas grossas desciam pelo seu rosto.

  Chanyeol levantou a cabeça com os olhos marejados.

  — O q-que isso s-si-significa Chanyeol? – falou enquanto tentava controlar os soluços.

  Chanyeol nada respondeu.

  — ME RESPONDE! – gritou chorando mais ainda fazendo as primeiras lágrimas caírem dos olhos de Chanyeol.

  — E-eu preciso ir.

  — POR QUÊ?

  — Preciso fazer faculdade Sehun – se esforçou para não delatar sua mentira – já tenho vinte anos, preciso ir onde tudo acontece.

  — Por que aqui não está b-bom?

  — Nada acontece aqui Sehun. Não sou feliz nesse lugar. – mentiu. Sua felicidade sempre estaria onde quer que, aquele menino que agora se debulhava em lágrimas, estivesse.

  — Nós dois acontecemos aqui! – disse firme mesmo com a briga que se passava nos céus.

  — Como assim? – perguntou baixo.

  — Eu preciso de você aqui Chanyeol! Quem vai estar aqui para mim?

  — Você vai arrumar alguém. – disse ignorando a dor que sentiu ao pronunciar tais palavras.

  — PARA DE FALAR ISSO! – descontrolou-se – Nunca vou achar alguém que me ama como você porque eu nunca vou amar alguém do jeito que te amo!

  Chanyeol ficou estático. Perguntava-se o que aquelas palavras significavam e se estaria pronto para saber.

  — Sehun você é peque...

  — EU NÃO SOU PEQUENO MAIS PORRA! – esbravejou – Eu já tenho desejos e sei exatamente o eu quero!

  — E O QUE VOCÊ QUER SEHUN? – gritou de volta.

  — VOCÊ!

  — Você não sabe o que está falando. – bagunçou os cabelos enquanto mais lágrimas escorriam pelo seu rosto jovem levantando da cama.

  — Eu sei muito bem o que estou falando! Você que é um covarde!

  — Cala a boca! – encarou o irmão – Você é só uma criança. – finalizou baixinho, desviando o olhar.

  — Uma criança que você sente desejo! – disse alto causando um silêncio ensurdecedor.

  Chanyeol encarou o irmão enquanto sua mente travava uma batalha horrenda entre o certo e o errado.

  Foi a passos rápidos até o irmão parando só quando sentiu a respiração forte dele em meio às lágrimas em seu queixo segurando as laterais do rosto de Sehun.

  — Desculpe... – o mais novo murmurou baixinho.

  — Não peça desculpas quando você está certo.

  Chanyeol escolheu o errado selando fortemente seus lábios com o do irmão, fechando bem os olhos como se tal ato doesse.

  Sehun subiu as mãos até as costas do irmão segurando firme a blusa que Chanyeol usava. Começou a virar o rosto tentando com louvor aprofundar o contato. O mais velho se viu perdido enquanto o membro do irmão entrava acanhado em sua boca, mas logo começou explorar e se viu obrigado a retribuir.

  Quando sentiu o irmão, Sehun soube o porquê de aquelas outras bocas parecerem tão sem graça.

  A boca do mais velho era como mágica, porém não aquelas que todos sabem como fazer, mas sim aquelas que nos deixam encantados e alucinados. Aquelas que são tão perfeitas que todos tentam copiar, contudo nunca conseguem.

  Os membros molhados se enroscavam e ficavam cada vez mais sincronizados quando uma buzina despertou os irmãos fazendo Chanyeol cessar o beijo ainda com as mãos ao rosto do mais novo. Queria guardar a imagem do irmão ofegante enquanto um filete de saliva ainda o conectavam.

  Selou mais uma vez aqueles lábios e depois a testa do mais novo.

  — Me desculpe.

  Assim Chanyeol se foi, pegando suas malas e deixando para trás novas lágrimas que já escorriam pelo rosto de Sehun.

  — Fica comigo...

  Sussurrou mesmo sabendo que o irmão já não o escutava mais.

 

.*.*.*.*.*.*.*.*.*.

 

 

 

[Três meses depois]

 

  Era a primeira vez desde a madrugada que Chanyeol abandonou – na visão de Sehun – o mais novo que Sehun saía de casa.

  Seu quarto era banhado em memórias do irmão mais velho e depois do mesmo ignorar todas suas ligações, lembrar-se dele era ultima coisa que Sehun queria, por mais que não lembrar era uma tarefa deveras difícil.

  Trocou de roupa rapidamente e saiu de casa durante a noite para pensar pela primeira vez, sozinho. As caminhadas eram os momentos onde os irmãos mais se abriam sobre os problemas e foi em uma que Chanyeol contou-lhe sobre a faculdade.

  Sentia-se tão idiota por não ter percebido os detalhes, foi inocente demais ao achar que poderia amar o próprio irmão e ficar com ele durante todos seus anos de vida.

  Gostaria de dizer que Sehun continuou o mesmo e que conseguiu aceitar que tudo não passava de hormônios da adolescência, mas ele era inocente e não burro. Não tinha medos do seu sentimento, por mais que fosse assustador por quem ele nutriu esse sentimento.

  Andava sem um rumo específico quando sentiu gotas da chuva de verão lhe atingir. Poderia voltar para casa, porém a chuva pareceu bem mais convidativa do que aquela casa vazia de emoções.

  Em minutos seus cabelos ficaram encharcados juntamente com suas roupas, mas nada importava naquele momento. Até ouvir uma voz masculina doce o chamar:

  — Ei garoto está perdido? – perguntou visivelmente preocupado. Sem procurar de onde aquela voz vinha, somente balançou a cabeça negativamente para o nada.

  — O que você está fazendo na chuva uma hora dessas? – o dono da mesma voz indagou colocando um guarda chuva sobre a cabeça de Sehun sem ao menos o conhecer. — Não vai responder?

  — Problemas. – respondeu encarando o chão e não o garoto.

  — Em casa?

  — Na mente.

  — Esses são os piores, afinal não podemos fugir do que somos. – tais palavras despertaram a curiosidade em Sehun que levantou o olhar e o pousou na face delicada daquele garoto e não foram apenas as palavras que despertaram curiosidade no garoto.

  — Ei tudo bem? – o desconhecido balançou a mão na frente do rosto de Sehun o despertando do seu pequeno transe.

  — Ah eu me distrai – respondeu coçando a cabeça envergonhado.

  — Tudo bem – sorriu quase hipnotizando Sehun naquela fileira de dentes certinhos – então qual o seu nome?

  — Sehun.

  — Hum então Sehun – começou – não recomendo que você ande sozinho por ai então posso te levar para casa? – finalizou sem perder o sorriso.

  Em situações normais Sehun negaria, mas olhando aqueles olhos levemente puxados do desconhecido não conseguiu negar.

  Não conversaram muito durante o caminho, mas a presença do desconhecido fez Sehun ficar confortável. Não saberia dizer o porquê, só sabia que era muito bom ficar lado a lado com o menino de cabelos castanhos claros, quase na mesma tonalidade que o seu.

  Chagaram até a casa de Sehun depois de uns dez minutos de caminhada.

  — Tchau Sehun – sorriu novamente.

  “Ele não vai parar de ficar sorrindo tão lindamente não?” – pensou Sehun.

  — Vê se não sai mais de casa tão tarde e sem guarda chuva! – alertou sorridente.

  — Obrigado. Pode deixar!

  — Por nada – deu duas batidinhas no ombro de Sehun.

  Enquanto entrava em casa lembrou-se de um detalhe importante:

  — Ei! – falou mais alto para o garoto virar-se para si – Qual o seu nome?

  — Luhan! Está escrito no seu ombro.

  Gritou em resposta fazendo Sehun olhar para seu próprio ombro e achar lá um bilhetinho amarelo com o nome de Luhan, seu número e uma carinha piscando.

  Pela primeira vez em meses Sehun sorriu ao lembrar-se do belo do sorriso de Luhan.

 

 

 


Notas Finais


AAAAAAAAAA postei essa coisa linda!
O QUE ACHARAM??? GENTE pfv me fala ok? Vcs captaram a pitada de pedofilia/shotacon né????
Luhanzito lindo apareceu! Chan foi embora! Sehun ficou sozinho/deprê! Chan mostrando os sentimentos! Primeiro beijo! AAAAAAA tantas coisas aconteceram!
Eu realmente quero MUUUUUUITO saber oq vcs acharam! Já disse isso né? hehe ♥

E esses favoritos?? Vcs são d+, incríveis, lindos e cheirosos!!!!!
Até depois!!!!!!!!!!! ♥♥♥


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