História Voicemail - Capítulo Único - Voicemail

"Eu... Hã... Oi, Phil. Eu sei que você me disse para não te procurar mais, mas eu não consigo lidar com toda essa culpa. Eu sinto muito. Se eu pudesse voltar no tempo, eu não hesitaria antes de voltar para aquela noite e fazer as coisas do jeito certo. Eu não queria acabar assim. Eu não queria que nós acábassemos assim. Eu sinto muito por ter dito aquelas coisas. Eu nunca imaginei que você iria pegar as suas coisas e ir embora. Eu nunca considerei a possibilidade de você se cansar de todos os meus ataques e de todas as minhas frescuras. Eu nunca considerei a possibilidade de você desistir de nós. E isso foi um erro. Eu devia ter imaginado que você não suportaria as minhas besteiras para sempre. Eu sinto muito. E, sim, eu sei que já disse isso pelo menos umas três vezes, mas eu quero que você entenda que eu estou sendo sincero de verdade. Eu sinto tanto, Phil, tanto.

Me ligue quando puder, por favor. Eu quero resolver as coisas. Eu..." - um suspiro - "Até mais, Phil."

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"Então... Você não me ligou de volta. Louise está me dizendo que eu tenho de dar tempo para você, que você não quer falar comigo agora e que eu preciso esperar até que você esteja pronto para conversar. Mas, bom, nós dois sabemos que eu nunca fui muito bom no quesito 'esperar'.

Sabe, quando eu penso naquela noite, durante as minhas intermináveis horas de insônia, eu percebo o quanto eu fui idiota. Um imbecil, na verdade. Eu devia saber que uma hora você não aguentaria mais conviver comigo, principalmente com o jeito com o qual eu estava agindo. Você me disse várias vezes que eu estava fazendo tempestade no copo d'água. Aquela noite foi, sem dúvidas, a última gota para o tal copo transbordar.

Eu preciso falar com você, Phil. Eu nem sei se você escuta essas malditas mensagens que eu deixo na sua caixa postal, mas, se você as escuta, me ligue de volta, pelo amor de Deus. Eu me arrependo tanto de tudo que eu disse, de todas as vezes que eu descontei toda a minha frustração em você. Eu estava errado. E eu estava cego, cego pelo medo de que as pessoas descobrissem. Eu tinha medo de que, quando as pessoas descobrissem, você resolvesse me deixar. No fim, você realmente me deixou, mas não foi porque as pessoas descobriram (o que elas fizeram do mesmo jeito, afinal), e sim porque eu fui um completo babaca.

Eu sinto muito. Me ligue, por favor."

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"PJ veio buscar o resto das suas coisas hoje de manhã. Eu estava me perguntando se você viria buscá-las ou se as deixaria aqui. Ver que você não quer olhar para a minha cara a ponto de mandar outra pessoa vir pegar as suas coisas me fez sentir ainda pior.

O nosso quarto parece vazio sem as suas coisas. E não vazio no sentido literal, já que as minhas roupas e coisas continuam jogadas por ele, ocupando bastante espaço, mas vazio no sentido... Emocional? Não sei explicar.

Cheguei na conclusão de que você não ouve as minhas mensagens, já que nem ao menos dignou-se a me ligar para me mandar te deixar em paz (de novo). Eu até entendo. Depois de tudo que eu disse, eu também não ouviria.

Eu quero que você saiba que eu não falei nenhuma verdade naquela noite. Eu estava estressado e irritado depois de tantas pessoas me perguntando se estávamos juntos (e me dói negar agora, porque, agora, a resposta 'não, não estamos', é verdadeira), e, quando você sugeriu que contássemos para todos, eu surtei. A ideia de contar para as pessoas, em especial para os meus pais, me assustou. Eu achei aquilo um absurdo. E, quando você me perguntou se eu tinha vergonha de estar contigo, eu concordei, porque eu queria que você desistisse da ideia. Quando eu te vi pegando um moletom e o seu celular, logo após calçar seu par de tênis favoritos, dizendo que 'Já que você tem tanta vergonha de estar comigo, eu resolvo o problema. Acabou, assim você não precisará mais ter vergonha de nada', eu percebi que a minha afirmação para a sua pergunta não te fizera desistir da ideia de contar a verdade para o mundo, e sim de mim.

Desculpe. E se você estiver ouvindo isso (a esperança é a última que morre, afinal), me ligue. Ou responda as minhas mensagens. Por favor, Phil."

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"Louise me disse que te viu com um cara hoje, no Starbucks. É difícil te imaginar com outra pessoa enquanto eu penso em você todos os dias, o tempo todo. Isso significa que você já me superou? Acho que sim. Sempre foi mais fácil para você se desapegar das pessoas. Mas eu achei que era diferente comigo, sabe? Eu achei que eu fosse mais importante. Engano meu, claro. Eu sempre achei demais em relação à você: achei que você nunca me deixaria, achei que você nunca me esqueceria, achei que você nunca se cansaria das minhas besteiras e dos meus exageros. Eu sou um idiota, não é?

Pergunto-me se você também pensa em mim, de vez em quando. Se, às vezes, quando você não consegue dormir, o nome 'Dan' passa pela sua mente. Eu tenho certeza de que não, mas espero que sim.

Hoje, o seu celular tocou só uma vez antes da voz da caixa postal começar a falar, então suponho que você tenha me bloqueado. Você superou. Você está seguindo a sua vida. Você sempre foi bom em superar. Eu não. Eu sempre fui péssimo em superar. Mas, sabe, talvez seja a hora de tentar seguir com a minha vida também. De te deixar em paz.

Eu te amo, Phil, e eu sempre vou te amar. E eu me arrependo, todos os dias, de não ter te dito isso o suficiente. De não ter te mostrado isso o suficiente.

Espero que você tenha uma vida boa, e que você encontre alguém que não tenha medo de mostrar ao mundo que te ama.

Adeus, Philly. Adeus."