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História Voicemail - First


Escrita por: Ca-thar-sis

Notas do Autor


Hey, frens!
Primeira fanfic Joshler qui
eu espero muito que gostem
enfim, clique

Boa leitura:...:

Capítulo 1 - First


Voicemail

 

“Eles dizem que o tempo cura...

Mas eu não me sinto curado!”

 

Columbus – Ohio

12 de junho de 2017 – Segunda Feira

14:23

 

Estava frio demais para aquela estação do ano...

Parecia que o vento era congelante e acertava meu corpo sem piedade, gelando minha pele e atrofiando meus músculos, era como se eu me visse no meio de janeiro em uma nevasca iminente, e não em junho... O tempo deveria estar mais quente, mas por que eu sinto que estou congelando?

Provavelmente não era o clima, e sim eu! Eu estava congelando dentro do meu próprio corpo, se é que isso faz sentido.

Não importa, de qualquer modo. Nada faz muito sentido de uns anos pra cá! Então, esse era só mais um mero detalhe! Poderia passar em branco, afinal de contas, eu só não conseguia me mover dentro daquele gelo que parecia crescer a minha volta, não é como se isso importasse!

O sol brilhava naquele início de manhã, ou já era de tarde? Para ser sincero, eu não consigo saber! Estive aqui no telhado por tanto tempo, simplesmente não sei se são sete da manhã ou seis da tarde!

Há apenas uma coisa que eu sei... A data de hoje!

E eu daria tudo para esquecer ela, eu daria tudo para não ter esse maldito dia na minha cabeça, eu queria poder esquecer disso. Mas conforme o tempo passava, essa era a única coisa que eu conseguia me lembrar.

Essa data me mantinha acordado a noite, ela me tirava o apetite, me fazia me isolar. As lembranças ligadas a esse dia me transformavam naquilo que eu tenho sido há quase dois longos anos.

Meus olhos, vermelhos pela privação do sono, se direcionavam ao céu azul, enquanto meu queixo se mantinha repousando sob meu joelho, minhas mãos brincavam com a barra de meu moletom de modo continuo e nervoso, e meu rosto se mantinha sem expressão.

Eu não conseguia pensar direito, todas as linhas de raciocínio me levavam de volta a razão de eu estar sozinho sentado no telhado, tudo me fazia lembrar do porquê de eu estar tão... Vazio!

Minha respiração era fraca, superficial demais para prevenir uma falta de ar, porém forte o suficiente para me manter vivo!

Minhas pálpebras escondiam minhas retinas conforme eu arremessava meu corpo para trás, me deitando sob o chão gelado, e no instante que meu corpo toca o chão com um pouco mais de violência do que o necessário, uma lufada de ar dolorosa escapa de meus pulmões conforme aperto meus olhos, vendo a escuridão se transformar em uma explosão de cores sem sentido.

E por mais que as cores amorfas fossem peculiares, tudo ainda era tão monótono! Tudo parecia tão corriqueiro! Até mesmo a dor aguda que subia por minhas têmporas e se espalhava por todos os lados de meu cérebro, instalando a enxaqueca por todo o perímetro de meu crânio era normal...

Era como trovões dentro da minha cabeça, que espalhavam aquela dor até mesmo pelos ossos de meu rosto, como se eles pudessem explodir e... Eu estaria morto!

Mas aquilo era normal, e, de certa forma, era um alivio sentir aquela dor! Ao menos assim eu sabia que meu corpo ainda estava vivo, e por algum motivo ele se mantinha funcionando apesar de eu não ser o melhor em manter ele saudável, meu cérebro ainda funcionava. O suficiente para doer daquela maneira!

O ar começava a entrar mais pesadamente em meus pulmões, em uma respiração descompassada e profunda, a medida em que eu abria meus olhos, que estiveram fechados tempo o suficiente para arderem em protesto à luz. Levo lentamente minhas mãos, tremulas pela quantidade excessiva de Red Bull naquela madrugada, até meu rosto, esfregando meus palmos em minha face na esperança de me despertar daquela atrofia emocional.

Mas não funcionava... Nada funcionava!

Como alguém pode sentir tanto desespero e agonia, tanta tristeza e ao mesmo tempo... Se sentir completamente vazio?

Era como se eu estivesse afogado em angustia, mas eu não poderia me sentir mais morto! E eu não sabia o que fazer sobre isso, eu não tinha nenhuma esperança disso um dia mudar!

Tem sido assim por tanto tempo, acho que já é normal!

Mas aquela data... Aquela maldita data!

Ela tinha o poder de me deixar em pânico, porque ela era a pior lembrança que eu tinha. Mas também era a mais incrível de todas!

Levado por pensamentos e sendo dirigido pela onda de exaspero, eu caçava agora meu telefone entre minhas roupas, o pegando em mãos e observando a tela rachada, ela já devia estar assim há um ano, me lembro de como havia jogado o celular contra o chão, e por sorte, apenas a tela havia rachado!

Minhas mãos estavam geladas, tremendo mais do que antes, como se a onda de desamparo e nervosismo estivesse afetando qualquer função de meu corpo! Na tela eu podia ver as diversas mensagens não lidas, as chamadas perdidas, mas aquilo não importava no momento.

Prendi meu lábio inferior entre meus dentes, vasculhando meus contatos até o encontrar. Eu ainda tinha o seu número, e eu me perguntava se ele ainda tinha o meu!

Eu queria saber se ele havia esquecido de mim...

Meus dedos clicavam sob o contato, iniciando a chamada, tentado a interrompê-la no exato instante em que ela havia começado. Viro meu corpo para o lado, me encolhendo até meu dorso estar contra minhas coxas, com meus joelhos pressionados contra meu peito, meus olhos se fecharam conforme o telefone chamava, respirando de modo ofegante.

O barulho agudo da chamada fazia meu cérebro protestar em ondas de dor, e meus lábios logo iriam rasgar se eu continuasse os mordendo daquela forma, mas agora eu estava petrificado!

Estava frio! Para mim estava frio! E agora não havia saída, eu já havia ligado!

Ele veria de qualquer modo!

Meu coração então parou repentinamente, apertando dentro de meu peito, assim como meus pulmões pareciam drenar o ar no instante em que o telefone parou de chamar! Indicando que talvez ele tenha atendido...

E naquele momento eu percebi... Eu não sabia o que dizer!

−Oi! Aqui é Spooky Jim, no momento eu não posso atender, mas me diz o que você quer falar agora nesse voicemail depois do sinal!

Um arrepio forte se alastrou pelo meu corpo ao ouvir sua voz, fazendo minhas mãos suarem em tensão, meu corpo fora ainda mais projetado contra minhas pernas, ao ponto dos ossos de meus joelhos causarem dor em meu tórax, puxava o ar com força aos meus pulmões, eu havia prendido a respiração entre um minuto e outro.

A voz dele era calma, e por mais que ela causasse todo tipo de reação boa em meu organismo, nada me machucava mais do que ouvir ela! Nada quebrava mais o meu coração do que ouvir ele falar com aquele tom suave e grave na medida certa, com aquele sorriso entoando em sua voz, e os leves gaguejos ansiosos que tornavam sua fala adorável!

Ele ainda era perfeito, e isso me destruía...

Um sorriso quase desenhou meus lábios ao ouvir ele se referir a si mesmo como “Spooky Jim”, aquele apelido bobo que servia como seu nome falso em muitas redes sociais... Ele ainda continuava o mesmo!

Mas ele não havia atendido, ele não quis atender, ele nunca perdia uma chamada sequer, sempre estava atento... Ele só não quis me atender!

Aquele sentimento, como se algo me devorasse de dentro pra fora, apenas crescia, apenas se mantinha mais presente ao perceber tal fato... Aquela dor aumentava enquanto o sinal tocava, avisando que eu podia falar, mas eu não fazia ideia do que eu poderia falar.

Minha respiração soava pesada pela linha do telefone conforme eu me sentava novamente, coçando minha garganta de modo inquieto e sem abrir os olhos, tentando pensar em como começar aquilo, pensando em que palavras usar, e chegando a conclusão que... Se eu pensasse por mais um minuto sequer, aquela mensagem de voz seria apenas silencio e leves grunhidos de frustração

Então eu comecei, em um sussurro baixo e suave, arranhando a parte de trás de meu pescoço conforme falava entre pausas e gaguejos.

−Oi, Josh! Sou eu... – Apertava minhas pálpebras mais uma vez, sentindo a dor se alastrar pela minha cabeça, assustado, nervoso e principalmente cansado.... Eu estava cansado de estar naquela situação, eu estava cansado de não superar aquilo como eu deveria, eu realmente estava cansado.

O silencio perdurou por minutos, enquanto eu escorava minha cabeça em minha mão, respirando com dificuldade dentre uma pausa e outra, porque eu não sabia como continuar aquela mensagem.,.

Eu não sabia nem se eu deveria tê-la feito!

−Eu estive pensando... – Minha voz estava notas mais baixa, em um tom cansado e sôfrego, rasgando minha garganta em busca de palavras pra usar. –Já se passou tanto tempo.... Eu quero saber se você não queria sair...?

Minhas unhas agora passeavam por minha face, a arranhando conforme eu dizia mais uma estupidez. É claro que ele não iria querer sair, não comigo, não depois de tudo.... Que tipo de idiota eu sou para perguntar isso? Se ele quisesse algo ele teria atendido em primeiro lugar...

Meus pensamentos doíam tanto, eles latejavam como uma dor física, me matando conforme o silencio se matinha sólido! O silencio violento que parecia me manter aprisionado naquela espiral de sofrimento. Todavia, eu permaneci falando, com a voz um pouco mais alta que antes, rasgada entre leves tons quebrados, que me faziam soar... Pequeno!

−Eu queria te encontra! Pra conversar ou.... Qualquer coisa! – A última frase soara como um pedido suplicante, quase dolorido. Meus olhos ardiam a medida em que eu os abria, mas dessa vez não era pela claridade, eles queimavam e ficavam turvos pelas lagrimas que se acumulavam neles. –Eu... Droga, me desculpa... Eu sinto muito!

As costas de minhas mãos foram em direção aos meus lábios, na tentativa falha de silenciar um soluço desesperado que dilacerava minha garganta, um soluço que antecedia o choro, pranto esse que eu queria evitar! Eu não queria me afogar em lágrimas mais uma vez.

Eu jurei a mim mesmo um ano atrás que eu não choraria por causa disso, não mais! Mas as lagrimas estavam presentes, desfocando minha visão e umedecendo meus cílios conforme eu piscava na tentativa de afastá-las!

Minha voz estava mais quebrada do que nunca, trêmula e instável, como se ela transpassasse por si só o que meu rosto dizia. Meus olhos estavam fechados agora, meu rosto contorcido em desamparo enquanto meu corpo era encolhido, ficando menor, e meu medo, minha apreensão, crescia descontroladamente, devorando meu corpo por inteiro, me deixando sem ar enquanto eu falava entre arfadas dolorosas.

−Já fazem sete anos! Hoje fazem sete anos... É quase uma década, Josh... – Eram apenas sussurros agora, sussurros carregados de magoa, repletos de arrependimento, que consumia minha voz, a reduzindo a pequenos sons quase inaudíveis soando pela mensagem. –Há sete anos atrás eu conheci você! E eu não... Eu não consigo esquecer disso, Josh! Eu não consigo e eu quero, eu quero muito!

Os nós de meus dedos batiam contra minha cabeça conforme eu falava, transformando o suave murmuro em grunhidos de pura aflição! O tormento crescia e as lagrimas já se tornavam quase impossíveis de conter.

−As pessoas costumam dizer que o tempo cura... – Afasto minha mão de minha cabeça, levando ela até o meu pescoço novamente, coçando com força e abrindo os olhos entre as dores agudas pelos arranhões que fazia em mim mesmo. –Mas eu não me sinto curado, Josh!

Eu não conseguia aguentar aquilo, não por muito mais tempo, não sem desmoronar de vez!

Deito lentamente meu corpo para trás, puxando meus cabelos com força, os bagunçando, ouvindo o silencio da resposta que nunca vinha se iniciar, porque eu sabia que eu estava falando sozinho, mas eu ainda esperava que ele me atendesse! Por algum motivo... Eu esperava que ele falasse algo.

Mas nada! Eu só ouvia a droga do silencio soando nas minhas malditas orelhas!

Minha voz não queria sair, minha garganta parecia fechar conforme eu tentava falar... Mas eu sabia que no instante em que eu tentasse dizer algo... Eu seria um covarde ou um estupido! Ou talvez um covarde estupido.

Eu precisava acabar aquilo... Eu precisava respirar, eu precisava ouvir a voz dele dizendo meu nome.

Nem que fosse para me expulsar, me xingar, me insultar! Eu só precisava de um ponto final, bom ou ruim.

Eu queria um ponto final!

−Eu não deveria ter ligado... Eu sinto muito! – Dito isso, eu afasto o celular de minha orelha, respirando de forma entrecortada, sussurrando antes de terminar a mensagem. –Eu espero que você esteja feliz!

E assim que meus dedos terminaram aquela chamada unilateral, o telefone caiu ao meu lado, enquanto eu voltava a me encolher deitado naquele telhado gélido sem a mínima pretensão de entrar.

Tudo dentro daquele apartamento me lembrava ele, tudo aqui fora me lembrava ele! Ele era como um fantasma me assombrando, sem nunca ir embora, sem nunca me deixar em paz! Ele não saia da minha mente...

Mas ele parecia estar bem sem mim!

Eu não ia chorar, eu não podia chorar ao lembrar daquela data de novo, eu não podia... Então eu apenas fechei meus olhos mais uma vez, em silencio.

Talvez uma lagrima ou outra tenha feito seu caminho pela lateral de meus olhos... Mas elas se secaram com o vento conforme a noite chegava!

E mais uma vez... A minha mente me atacava com memorias que eu não pedi sobre um dia que eu preferia não lembrar! Transformando aquele mês de junho no mais frio dos invernos!

Eu queria poder dormir para sempre, e ficar preso onde tudo era bom e... Simples! Onde nós conversávamos e não... Aqui onde eu falo sozinho em um voicemail descartável!


Notas Finais


Comentem o que acharam, por favor!
Eu não sei se continuo, vai depender de como isso for
Mas muito obrigado a quem leu, e deixem um comentário, ok? Preciso saber como estou indo

Stay alive!


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