Malia acordou com a sensação dos dedos de Theo brincando com seu cabelo.
Ela virou a cabeça um pouco para o lado, só para poder vê-lo. Ele olhou para ela e sorriu, e continuou a mexer no cabelo da outra. Isso fez que Malia desse um sorriso divertido e voltasse para como originalmente estava.
— Espero que esteja se divertindo. — ela afirmou, com olhos semicerrados.
Seu cabelo era ternamente mexido, os dedos de Theo penteando suavemente através dele. Era uma surpresa e tanto para ela Theo ter um toque tão delicado. Totalmente inesperado. Mas desde que era tão relaxante e agradável, ela não reclamou ou se preocupou em pensar mais sobre o assunto. Deixou sua mente se acalmar enquanto caia em uma sensação de conforto, respirando devagar. Respirações calmas. Inspirando, e expirando... Inspirando... E expirando.
Droga, ela poderia adormecer ali.
Se não fosse por Katherine.
— Mãe! Pai! — ela entrou no quarto exclamando. Fez uma cara emburrada e cruzou os braços. — São oito e meia! Quando que eu vou pra escola? Meu Deus!
Malia suspirou. Ela tinha esquecido que Katherine tinha escola. Oito e meia? Faltava meia hora para a aula da garota começar! E ela nem sabia onde ela estudava. Ela pensou se ela ou Theo trabalhavam. Afinal, não iriam conseguir sustentar uma filha sem um trabalho.
Virou-se para Theo uma última vez e deu um sorriso cansado.
— Vamos lá.
Ele retribuiu o sorriso e sentou-se na cama. Mexeu nos cabelos escuros e coçou os olhos, antes de ir para o banheiro. Malia o observou até que fechara a porta, então voltou seu olhar para a pequena. Ela ainda se encontrava com uma cara emburrada e braços cruzados. Katherine mal humorada levou um sorriso ao rosto de Malia.
— O que está olhando?! Eu vou chegar atrasada! — Katherine disse e sua mãe achou extremamente adorável.
Ela deu um cafuné na cabeça da garotinha enquanto sorria divertidamente. Levantou-se da cama enquanto a menina continuava a reclamar, mas Malia deixou de ouvir. Em vez de prestar atenção para sua filha, ela andou até o seu closet para se vestir. Pegou um casaco – estava esfriando.
Isso a fez pensar em que dia estava. Ainda não tinha nevado ou esfriado tanto desde que chegara. Não parecia Janeiro.
O ano ainda não tinha acabado?
— Katherine. — ela a chamou, aparentemente a interrompendo de mais reclamações.
— Uh? — a menininha levantou a cabeça para escutar a mãe. — O que foi?
— Que dia é hoje?
— Segunda-feira, duh!
— Não, não. Em que dia do mês a gente está?
— Hm... — Katherine parou para pensar um pouco. Levantou sua mão e começou há contar os dias em seus dedos. Depois de contar umas três vezes, respondeu: — Hoje é 19 de Dezembro. O Natal é nesse domingo. E – falando nisso! – eu preciso colocar isso na minha árvore!
Oh. Então ainda era Dezembro.
Estranho.
— Sua árvore? — Malia perguntou enquanto colocava a camiseta por sua cabeça.
— Sim! Como você esqueceu? A gente tem um cartão bem grande ali no meu quarto que é uma árvore de Natal. A gente começa a contar a partir de um mês para o Natal, e todo dia até lá a gente coloca um enfeite de papel nele. Bolas, anjos, estrelas e essas coisas. — ela deu um sorriso. — Na verdade, vou colocar um agora.
Malia terminou de se vestir e se virou para ver a garota correndo para o quarto do lado animadamente. Isso a fez sorrir.
∞∞
— Tudo bem, é... — Theo disse quando entrou no carro e fechou a porta. Virou-se para Katherine e perguntou: — Onde é sua escola?
Katherine suspirou, fechou a cara e cruzou os braços. Encarou seu pai e sua mãe, que também a olhava. Apenas os observou por um bom tempo, como se estivesse dando-lhes uma bronca.
— É sério isso? — ela finalmente disse.
— Sim, é sério. Então, diga qual é a escola ou você não vai lá, simplesmente. — Theo respondeu com um sorriso forçado nos lábios.
Malia o deu um soco leve no ombro e um olhar duro. Ele revirou os olhos e se virou para frente para ligar o carro, percebendo que era hora de ficar calado. Malia se virou novamente para sua filha e disse:
— Olha, Kath, tudo 'tá muito confuso pra gente e eu juro que vou te explicar depois. Mas, por agora, só faz o que a gente mandar, por favor. Fala qual é o nome da sua escola.
Katherine bufou e apertou mais seus braços cruzados, mas finalmente falou. Theo colocou o nome da escola no GPS e a levou lá. Quando chegaram, Katherine avistou um grupo de crianças da janela e acenou alegremente. Pegou sua mochila e a pendurou em suas costas.
— Ok, tchau!
Ela se inclinou para abraçar seus pais, abriu a porta e saiu correndo para seus amigos.
Theo inclinou seu olhar de Katherine para Malia, que sorria vendo Katherine correndo desajeitadamente. Ele a observou por um bom tempo, abrindo um pequeno sorriso de lado. E isso continuou até que Malia notasse e virasse para ele.
Ela arqueou as sobrancelhas quando Theo não desviava o olhar.
— O que foi?
— Nada. — ele riu de si mesmo, abaixando a cabeça por um momento. — Não é nada, é só que... Ela parece com você.
Ela continuou com as sobrancelhas arqueadas, mas continha um sorrisinho em seu rosto. Virou-se para ver Katherine novamente e logo depois, para Theo novamente.
— Sério? Desde que chegamos, eu a achei bem mais parecida com você.
Theo abriu um sorriso.
— Ah é? E por que isso?
— Ela tem seus olhos. São azuis, verde. Não faço ideia qual é a cor do seu olho. — Os dois riram uma risada fraca. — E ela também me lembra de você. Uma pequena menina irritante e orgulhosa.
Ele sorriu e levantou os ombros.
— É o sangue Raeken.
— Por que ela é pequena como você?
— Ha ha. Muito engraçado. Eu só sou um pouco mais baixo que você. — ele falou em um tom sarcástico, mas ainda sorria. — Não tenho culpa se você é gigante!
— Ouch. Agora estou ofendida. — ela riu.
— Mas suas pernas compensam isso.
Ela deu um soco de leve no ombro dele, mas ainda sorrindo.
— Cale a boca!
Theo a observou por um momento. O sorriso dela era muito bonito. Ela era muito bonita. Ele sempre achara isso. Certo que ele ficara isolado do mundo por nove anos, e de repente ela aparece. Sendo tão fofa e com aquelas pernas. Mas, mesmo que ele tinha voltado para Beacon Hills e andava cercado de garotas, ele ainda achava que ela era a mais bonita.
Ela virou-se para ele e deu um sorrisinho fraco.
— Só vamos para casa.
— Eu estava pensando de a gente ir para outro lugar.
∞∞
Eles acabaram parando em uma cafeteria. Malia odiava café, mas Theo a convenceu a ir lá do mesmo jeito. Ela acabou por pegar um doce, enquanto Theo tomava um cappuccino.
Malia colocou a mão na boca, engolindo o bolinho para falar:
— Isso não é, tipo, um encontro, n'é?
Theo tomou mais um pouco de café e deixou a xícara de lado. Olhou para Malia por um momento, pensando nisso, até que a respondeu:
— Não...? Não, eu acho que não. Não seria o lugar que eu te levaria para um encontro, se tivéssemos um.
— Nunca vamos ter um encontro, Raeken.
— Também nunca pensei que iríamos nos casar, mas olhe para nós! O destino prega peças na gente.
Ele iria continuar a falar, mas Malia o interrompeu:
— Não estamos casados de verdade. E não vamos estar por mais muito tempo, porque vou achar um jeito de tirar a gente daqui.
Ele levantou os ombros e tomou mais gole de café, sussurrando um "claro que vai". Malia o deu um olhar duro, para depois apenas suspirar. Deu mais uma mordida no doce e perguntou para Theo:
— Por que você acha que a gente 'tá aqui?
— Eu tenho uma ideia? — Ele abaixou a xícara de café e também suspirou. — Mas ainda estou pensando nisso. O mais plausível que consegui agora é os Cavaleiros Fantasmas.
— Você acha que eles nos levaram?
— Sim, assim como Stiles. Mas é só uma teoria, não faço a menor ideia.
Ele parou de falar e de repente os dois permaneceram no silêncio. Depois de Malia ter terminado o bolinho, os alto-falantes começaram a tocar uma música que fez ela sorrir e começar a cantarolar. Theo não conhecia a canção, ele não ouvia muitas músicas. Uma vida muito fodida para isso. Mas ele particularmente gostou da batida daquela. Então a observou cantarolar a letra:
— 'Cause I have hella feelings for you. I act like I don't fucking care, 'cause I'm so fucking scared. I'm only a fool for you and maybe you're too good for me.
Ela continuou a cantar, mas ele não prestava mais atenção. Quando a música estava acabando e a xícara de café já estava vazia, eles decidiram que já podiam ir para casa. Pediram a conta, pagaram e voltando para o carro.
No meio do caminho, Malia se virou para o outro e disse:
— E se Deaton souber o que aconteceu com a gente?
— Deaton? — Theo parou no sinal vermelho e olhou para Malia. — Por que ele saberia? Ele provavelmente é só um veterinário normal aqui.
— Eu sei, eu sei... — ela suspirou. — Mas poderíamos tentar, não?
Ele parou um pouco para pensar. Nesse tempo, o sinal abriu e Theo acelerou o carro novamente. Ele continuava não prestando muita atenção para a estrada, mas sim para a pergunta de Malia. Até que ele assentiu com a cabeça.
— Sim, poderíamos tentar.
∞∞
Malia tentava ligar para Scott já fazia vinte minutos. Ela bufava, xingava, resmungava, mas ele ainda não atendia. Theo só a observava do outro lado da sala, sentado em uma poltrona.
— Merda, merda, merda! — ela bufou, andando de um lado pro outro com o celular no ouvido. — Merda, Scott, só atenda!
— Por que não liga para Stiles? Simples assim.
— Não, eu- Ugh, eu não posso ligar para ele! — ela disse ainda esperando alguma coisa do celular.
Quando a ligação caiu na caixa postal – de novo –, ela bufou e deligou o celular com raiva. Sentou no sofá perto de Theo e começou a ligar para Scott novamente.
— Por que não?
— Ele deve estar muito ocupado com a Lydia. — ela murmurou rápido. Quando percebeu o que tinha dito, levantou o olhar para Theo, que a dava um olhar confuso.
Mas ele sabia o porquê daquela fala. E, com isso, só suspirou.
— É sério? Você está com ciúmes?
— Eu... apenas sabia. Eu não quero isso. Eu... — ela suspirou, não tendo coragem para olhar o outro. — Eu o amo, não acho que algum dia vou parar de amá-lo.
Malia passou a mão pelos cabelos e suspirou novamente, agora olhando para Theo.
— Eu sabia que ia terminar assim, eu fui uma tola achando que poderia mudar isso.
— Está tudo bem. — ele sorriu tristemente. — Isso ainda não aconteceu em Beacon Hills, você... Você ainda pode mudar isso.
O celular na escrivaninha começou a tocar e Malia suspirou novamente. Olhou para Theo por um momento.
— Por que você se importa? Vamos sair logo daqui.
E atendeu o celular.
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