- Me desculpa, Dul! - disse Ucker, acariciando meus cabelos. - Eu te amo tanto, meu anjo. Me doeu tanto te ameaçar daquela forma, encostar aquela maldita faca em seu pescoço.
- Não se preocupe, Ucker! Eu sei que não foi fácil, mas temos que nos arriscar, meu amor! - respondi, sentando no sofá. - Se não estiver enganada, o Felipe pediu pra você voltar à delegacia, não foi, bebê?
- Dul? Ucker? Que bom que estão aqui! - disse Anny.
- Anny! Quanto tempo não vem aqui, amiga. - respondi, abraçando-a. - E como está o meu príncipe? - perguntei, acariciando a barriga dela.
- Está muito bem, Dul! - disse ela.
- Eu vou indo, Dul! Fique bem. Eu não sei se vou conseguir passar aqui mais tarde, mesmo porque o Michael está de olho em mim, mas vou tentar. - Ucker me deu um beijo demorado, me abraçou e foi embora.
- E o Poncho? Onde está? - perguntei, procurando o mesmo.
- Está tomando um banho rápido! Estamos indo para o hospital. - Anny respondeu, se sentando.
- O que foi, Anahí Giovanna? Aconteceu alguma coisa? - perguntei, preocupada.
- Eu me senti um pouco mal, mas vai ficar tudo bem, não se preocupe. - ela respondeu.
- Anny, já está pronta? Temos quei ir. - Poncho gritou do quarto.
- Alfonso, cuida da Anny e do meu sobrinho direito! - respondi.
- Oi Dul! Não sabia que estava aqui. - disse ele, entrando na sala. - Nós temos que ir, mas prometo não demorar.
- Espera, Alfonso! - falei séria, segurando-o pelo braço.
- O que foi, Dulce Maria? Que cara é essa? - ele perguntou, preocupado.
- Se alguém perguntar sobre o meu relacionamento com o Ucker, diz que não estamos mais juntos, pois somos inimigos. - pedi, encarando-o. - Por favor, se o delegado Felipe ou qualquer outro perguntar por mim, diga que me afastei da operação e do Christopher, diga que não estamos mais juntos, tudo bem?
- O que o Christopher te fez? O que houve com vocês? - Anny perguntou, sem entender.
- Só diga que não estou mais na operação e que meu relacionamento com o Ucker acabou. - expliquei de forma breve.
- Tudo bem, Dul! Não se preocupe. - Poncho respondeu, saindo em seguida com Anahí. Fui para meu quarto, peguei uma toalha limpa e entrei no banheiro. Me despi por completo e tomei um banho morno. Só o que eu pensava era na operação, que o Christopher deveria convencer o Michael cada dia mais, enquanto a água caía lentamente sobre meu corpo. Fiquei mergulhada em meus pensamentos, mas preferi terminar o que eu estava fazendo. Me sequei em meu quarto, vesti um short jeans, uma blusa leve e fui assistir TV. Assistia à um filme de terror. Nada mal, para quem vivia o terror todo dia. Terminei o filme e comecei a assistir um jornal. As primeiras notícias eram praticamente as mesmas que via todos os dias, mas uma me interessou muito. Dizia que a Polícia Federal, a Polícia Aeronáutica e a Polícia Rodoviária estavam na fronteira com a Guatemala. Prenderam toneladas de drogas e armas e, principalmente, os traficantes, que eram mais de vinte homens. Quem havia denunciado? Será que foi a May e o Chris? Será que foi o Christopher? Eu não poderia ficar com milhões de dúvidas. Liguei para a May, mas não foi ela quem atendeu.
- Alô? Quem fala? - uma voz feminina perguntou.
- A May está? - perguntei.
- Não, não está! - respondeu. - Quem quer falar com ela? - Eu não poderia dizer meu nome se não tivesse conhecido a voz. Era da Zoraida.
- Oi, Zora! Sou eu, Dulce Maria. Sabe me dizer onde a May está? Preciso urgentemente falar com ela.
- Oi Dulce! Que bom que é você. A May e o Chris foram sequestrados pelo Michael e o Felipe. Estou com muito medo deles morrerem nas mãos daqueles bandidos, desgraçados, desocupados. - ela já estava com a voz embargada pelo choro, quase não conseguia falar direito. - Eles podem estar mortos.
- Me responda uma pergunta, Zoraida! Você viu o jornal na TV? - perguntei.
- Sim, eu acabei de ver, Dul! - disse ela. - Acha que eles entregaram o Michael?
- Não sei, não posso te afirmar! Sabe onde eles podem estar agora?
- Na delegacia ou no cemitério! Me parece que seu namoradinho terá que matá-los. Ele está do lado deles?
- Não, isso é apenas um plano meu e dele! Depois, você entenderá tudo. Agora eu tenho que desligar. A May me ajudou muito, tá na hora de retribuir. - afirmei, finalizando a ligação.
Eu não podia ligar para o Christopher. Ele estaria ocupado agora. Marquei cinco minutos no meu relógio de pulso para ver se ele ligava, do contrário, eu iria atrás deles. Passou o primeiro minuto. Nada! Não tinha nenhuma mensagem ou ligação. Dois minutos se passaram, mas não tinha nenhum recado. Quatro minutos depois, Christopher me mandou uma mensagem.
"Dul, o Felipe sequestrou o Chris e a May! Eu ouvi quando planejaram sequestrá-los, mas esqueci de te avisar, porque estava ocupado demais pensando em proteger você. Agora nossos amigos estão correndo perigo. Eles estão trazendo a Maite e o Christian para a delegacia. Disseram que eu vou ter que acabar com eles, mas jamais serei capaz de fazer uma coisa dessas. Eles ainda não chegaram, no entanto, estão à caminho. Eu vou protegê-los. Você sabe que o Michael não perdoa. Eu te amo muito, meu amor! Só estou te enviando esta mensagem porque sei que chegou o meu fim. Adeus."
Aquilo era uma mensagem de despedida? Poderia ser, mas eu não poderia deixar o Ucker morrer, sem fazer nada. Acho que ele, mais uma vez, deveria usar o teatro para salvá-los e salvar a si mesmo. É claro que a May e o Chris não tinham como saber, já que estavam nas mãos do Michael, mas teríamos que nos arriscar para ajudá-los, assim como eles sempre se arriscaram para nos ajudar. Tranquei meu apartamento e segui até a delegacia. A desculpa que eu tinha era de conversar com o Felipe, que não fazia ideia que estava indo pra lá e, principalmente, o que eu iria aprontar.
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