História Voo Em Seus Braços - Capítulo dois : Hospital

E mesmo que nada funcione,

Eu estarei de pé,

De queixo erguido

-Pitty (Na sua Estante)

Eu não sinto nada. Não sei dizer quanto tempo se passou.  Não sei se já se passaram dias, semanas, ou até mesmo simples minutos. Mas não importa agora. Tudo o que sei é só estou no meu mundinho. Mas... Até agora... Não caiu a ficha. Ainda estou tentando lembrando se eu vi algum filme de terror ou drama para ter pesadelos assim. Mas eu sei que isso foi real. Por mais que não queira acreditar.

Eu... Eu não estava pronta... Não agora...

Okaa-san... Otou-san...

Eu queria dizer “Eu te amo” outra vez... Eu queria poder lhes ver sorrindo novamente... Eu queria... Eu queria...

...

Não.

Eu posso sofrer tão antecipada.

Eu tenho que acreditar que talvez, tudo não passe de uma imaginação dolorosa. Eu conheço meus ryoshin. Eu sei que eles vão conseguir passar dessa, e principalmente, eu sei que depois disso tudo, poderemos voltar a ser uma família feliz. Eu acredito nisso.

Eu acredito nos Harunos!

***

Eu conseguia mexer meus braços um pouco. A claridade já estava afetando meus olhos. Depois de todo o tempo que fiquei presa no meu subconsciente,  eu já sabia. Finalmente, eu estava acordando. Eu estava voltando ao mundo real.

Em um ato involuntário, franzi um pouco minhas sombrancelhas, e aos poucos, eu fui abrindo os olhos.

Quando acordei completamente, eu percebi que não estava num quarto normal. Era pequeno. Seu território era cercado por algumas cortinas lilases. Eu me sentia desconfortável. Era como se eu estivesse dormido em uma pedra dura durante séculos.

Aos poucos, eu fui recebendo minha memória de volta. Sem querer, eu me vi chorando novamente. Como eu esperava, eu estava em um hospital, deitada em uma maca dura e desconfortável. Eu tinha que saber o que aconteceu aos meus pais. Eu tinha que saber o que aconteceu naquele dia, depois do acidente.

Resolvi que tinha que sair daquela salinha, e tentar achar alguém que me desse  as respostas.

Porém, quando eu fui tentar sentar, senti uma imensa dor em meu quadril, o que me fez deitar novamente.

Mas eu finalmente percebi. Eu estava cheia de cicatrizes e fios que me ligam a algumas máquinas. Percebi também que estava ligada a uma daquelas máquinas que vemos na TV, que acompanham a nossa freqüência cardíaca. Meu Kami! Será que fui tão estúpida a ponto de não perceber tudo isso em... mim?! Quem sabe, eu estava até anestesiada e não percebi.

Espera! Será que tem alguma coisa que eu ainda não sei? Tipo...

Não, Sakura! Você não pode pensar numa coisa dessas! Seus pais estão bem! Eles... eles tem que estar bem...

Eu permaneci deitada por um tempo, até que eu vi um homem jovem de óculos e cabelo cinzento puxou a cortina lilás, com a atenção voltada para uma prancheta, talvez ele seja algum médico vindo me examinar. Quando voltou o olhar para mim, era explícito em seu olhar a grande surpresa ao me ver acordada.

_N-nossa, você... Acordou..._ Eu estranhei o jeito que ele falava... Parecia... Apreencivo..._  Então... _ele continuou_ Como se sente? Sabe porque... está aqui?_ que pergunta idiota, ele devia ser um enfermeiro, ou algo do tipo, não parecia muito seguro do que dizia.

_Estou bem, eu só... Não consigo me levantar..._ respondi, com uma voz gentil, mas preocupada.

_Estou surpreso, você dormiu por muito tempo. Quase fizemos um exame para ver se estava em um coma.

 _C-como? _perguntei. Eu dormi por tanto tempo assim?

_Não, coma. _Depois eu jurei que podia dar um soco nele, se não estivesse naquela situação de não conseguir se sentar e muito menos se levantar._ Brincadeira, mas pelo visto, você está viva, isso é o que importa. Meu nome é Yakushi Kabuto, sou seu médico. _ Tentei me levantar, mas só conseguir me apoiar nos cotovelos, e deitei novamente, pelo cansaço. _Pelo visto já percebeu que não pode se levantar, não é?

_O... o que aconteceu comigo? O que aconteceu com meus pais?

Percebi que aos poucos Kabuto começou a ficar com certo anseio no olhar, comecei à ficar preocupada.

_Eles... eles estão bem não é?_perguntei. Minha voz já ficara um pouco falha.

_Eu... vou tentar ser curto e direto, de um jeito que entenda._ ele olhou para mim com um olhar profissional. _Você... você não poderá mais andar, e de agora em diante terá que andar numa cadeira de rodas._ Eu realmente fiquei sem palavras. Eu sentia que minha vida estava acabada, era algo profundo, que eu nunca sentira antes. Era estranho, era assustador, era... Triste. _E..._ele continuou. Meu Kami, ainda tinha mais? _Seus pais..._ele olhou para o chão.

_O que ouve com eles?_ minhas lágrimas já insistiam em sair.

_Eles... Não... Eles não estão mais entre nós.

Minhas lágrimas caiam, mesmo sem eu estar chorando.

Eu deitei minha cabeça sob o travesseiro, e comecei a olhar para o teto sem razão alguma. Meu corpo simplesmente não reagia.

E eu juro, senti que naquele momento, eu morri. Eu sentia que estava viva, mas de qualquer forma, eu sei que eu havia morrido. Por dentro.

Eu estava literalmente morta.

***

Estou tão cansada de estar aqui

Suprimida por todos os meus medos infantis

E se você tem que ir

Eu desejo que você apenas vá

Porque sua presença ainda permanece aqui

E ela não me deixará sozinha

Essas feridas não vão cicatrizar

Essa dor é muito real

Há muita coisa que o tempo não pode apagar

(...) Eu tentei tanto dizer à mim mesma que você se foi

Mas mesmo você ainda estando comigo

Eu estive sozinha todo esse tempo

Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas

Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos

E eu segurei sua mão por todos estes anos

Mas você ainda tem tudo de mim

My Immortal (Evanescence)

***

Ryoshin...Eu sinto muito, por não lhe ter dito que...

Eu amo muito vocês...

Me desculpem...