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História Vulneráveis (hiatus) - A dor de Miroku; a ousadia de Rin


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal. Mais um capítulo.
Perdoem eventuais erros.

No post anterior, Rin surpreende Sesshoumaru com uma declaração de amor. Sango banha Miroku, que está inconsciente, e se pega admirando o corpo do marido e questionando o porquê do medo de se entregar a ele. E, nas primeiras horas do dia, Inuyasha e Kagome viajam bem humorados para a fazenda de Sesshoumaru.

Boa leitura!

Capítulo 10 - A dor de Miroku; a ousadia de Rin


Fanfic / Fanfiction Vulneráveis (hiatus) - A dor de Miroku; a ousadia de Rin

ѼѼѼ


 

Escuridão.

Ele não sabia o que era, quem era ou onde estava. Apenas descobriu naquele instante que havia escuridão por todos os lados.

Havia, também, sons distantes, uma voz monocórdica, idiomas que ele não conhecia. Percebeu um brilho bem distante e notou que, enfim, enxergava. Aquele brilho o atraía; foi andando em direção à luz. Percebeu que era capaz de andar.

Flashes descoordenados de memórias diversas foram espocando em sua cabeça à medida que o local, que ele desconhecia totalmente, ia ficando mais claro e revelando a silhueta de uma pessoa, ao longe. Uma silhueta feminina, divina. Ele prosseguiu avançando.

Um mantra constante ia sendo recitado; palavras estranhas. Nada fazia sentido. O ambiente estava cada vez mais claro, um esplendor de cor indescritível. Ele parou de andar, ao chegar diante da pessoa que o aguardava. Aquela intensa claridade ofuscava um pouco a imagem de Lakshu, a deusa da beleza, harmonia, criatividade e acolhimento. Ela abriu os olhos e olhou diretamente para ele, fazendo-o lembrar-se de quem era.

Miroku nunca havia visto uma cena tão fantástica. Os cabelos sedosos da jovem ondulavam de acordo com as ondas de sohma e seus olhos brilhavam como joias.

Súbito, Lakshu levantou os dedos indicador e médio da mão esquerda à frente do rosto. Inconscientemente, o monge repetiu o gesto, como um autômato. A mão direita de Lakshu se ergueu, palma virada para a frente, e os dedos da outra mão foram postos sobre o pulso delicado. Miroku espelhou tudo aquilo.

Então, os olhos da moça incandesceram. A mão direita de Miroku ardeu fortemente, mas ele não se importou. A força daquele olhar em chamas de Lakshu o fez sentir um impulso forte, irresistível de gritar uma palavra que ele acreditava ter ficado para sempre em seu passado. Sua voz grave e convicta ecoou forte naquele estranho espaço:

Kazaana!

E o impensável se concretizou.

A mão direita queimou em chamas de um fogo místico, que eram totalmente negras, e um pequeno buraco negro apareceu à frente da sua palma, sugando furiosamente... O nada. Lakshu parecia não ser atingida pelo buraco do vento.

Mas algo saiu errado — Miroku não sabia parar a Kazaana, que estava cada vez maior, e não conseguia mexer suas mãos. Aliás, não conseguia mexer membro algum do corpo, estava paralisado. Seu interior começou a arder, queimar. Era como se estivesse sendo queimado por dentro. Algo quente inundou seus olhos, descendo a toda pelo seu rosto. Sangue.

— Lakshu-sama! — bradou ele, em agonia. — Socorro!

A mocinha abaixou a cabeça, com ar triste, como se não pudesse fazer nada. A voz dela soou dentro de sua mente:

— “Você não aprendeu a lidar com seu próprio poder.

O buraco negro já estava bem grande e Miroku, impotente, soluçou com medo da morte, sentindo que sangue também lhe escorria pelos cantos da boca. Todavia, o pior ainda estava por vir.

Ele se lembrou do olhar doce e do rosto bonito da mulher a quem amava.

Seu coração batia forte no peito, a ponto de fazê-lo sentir dores no tórax. Ia morrer sem vê-la. Já tinha dificuldade de manter os olhos abertos, quando, de repente, ouviu-a chamando seu nome. Sango corria a seu encontro, com suas roupas de exterminadora, linda como sempre.

— Miroku! O que está acontecendo?

Ele ainda tentou abrir a boca para dizer que ela não deveria estar ali. Mas já estava fraco. E Sango, antes que pudesse se proteger de alguma maneira, foi erguida do chão em direção à Kazaana maldita. Miroku viu o pavor estampado nos olhos castanhos. Sango foi sugada.

— SANGO! NÃO! — gritou ele, enlouquecido de dor, engasgando-se com o próprio sangue. Então o buraco do vento ficou ainda maior e o engoliu também.

Girou sem controle num estranho vácuo e seu corpo despencava em queda livre. Então, sentiu que agora estava sobre uma superfície macia e confortável. Estava tonto, desorientado, apesar de ter recobrado a consciência; nada lhe fazia sentido, exceto o fato de saber que a Kazaana matara Sango. A maldição, que tanto lhe atormentou no passado, e que ele, insanamente, desejou ter de volta.

O maldito buraco do vento que destruíra a vida de sua doce e terna mulher.

— SANGOOOOOO! — urrou.

A exterminadora, que estava se preparando para sair de casa, voltou correndo ao ouvi-lo gritar e seu coração se partiu ao ver o estado do marido.

Miroku, ainda deitado e vestido com um quimono de tecido leve (Sango achara melhor deixá-lo sem as vestes grossas e pesadas de monge), suava em bicas e gritava o nome dela, convulsivamente. Grossas lágrimas ensopavam-lhe o rosto e todo ele parecia imerso num oceano de desespero. A jovem ficou estarrecida; postou-se diante dele e tentava chamá-lo de volta à razão, sem sucesso. Começou a chorar também, enquanto o sacudia.

— Pelos deuses! Miroku, acorda!

— LAKSHU! EU VOU PASSAR A ETERNIDADE INTEIRA ESPERANDO VOCÊ DEVOLVER MINHA MULHER! SANGO! VOLTA, SANGO!

— MIROKU! — soluçou ela. — Que pesadelo é esse? Quem é Lakshu? Acorde! Eu estou aqui?

— DEUSA LAKSHU! DEVOLVA MINHA SANGO!

Deusa Lakshu?, pensou ela, atordoada. Todavia, para sua sorte, o pequeno Shippou apareceu, espantado com os gritos do monge.

— Sango-chan, o que aconteceu com o Miroku? Eu saí do vilarejo ontem, e, quando voltei, ouvi alguns comentários sobre uma batalha que houve no bosque. Estão dizendo que a alma dele foi roubada...

— Shippou, depois eu te explico, mas agora me ajude... Ele não acorda! — disse a exterminadora, chorando e tremendo, sem conseguir ter ao menos um pensamento coerente diante daquele quadro complicado.

O pequeno kitsune, temeroso, se aproximou e viu algo na testa suada do rapaz.

— Olha, Sango-chan, tem uma coisa brilhando na testa dele...

— Onde você achou isso? Não vejo nada...

— Eu acho que deve ser uma espécie de magia... — afirmou o pequeno. — Eu vejo perfeitamente, está aqui, bem no meio da testa.

E Shippou tocou o dedinho naquele ponto brilhante que só ele via. Os gritos cessaram imediatamente. Sango, que estava ajoelhada ao lado da cama segurando o braço de Miroku, ergueu-se num salto e chamou o rapaz, que olhava para todos os lados, confuso e ofegante.

— Meu amor... Olha, eu estou aqui...

— S-S-Sango... — balbuciou ele, rouco e muito cansado. — Está viva... E v-você, Ship-pou...

— Sim, Miroku, eu também estou aqui. Está tudo bem — disse Shippou, sorrindo para ele.

O monge olhou mais uma vez para a esposa, o rosto sereno e aliviado. Sorriu.

— Minha Sango... Viva...

E caiu em sono profundo. Sango se assustou, mas o kitsune disse:

— Calma, Sango-chan, ele está dormindo agora. E aquele ponto brilhante sumiu da testa dele. Acho que aquela magia estranha o deixou muito cansado.

Shippou foi agarrado com força por uma Sango muito emocionada, que o beijou diversas vezes.


 

ѼѼѼ


 

— O QUÊ?! — gritaram os dois irmãos inuyoukais, em uníssono.

— Isso mesmo — disse Kagome, imperturbável. — Quero o seu canino, onii-san.

— Não me trate como se eu fosse da sua família, sua insolente! — berrou Sesshoumaru, furioso, socando o chão onde estavam todos sentados. Rin, ao lado da sacerdotisa, se encolhera. A outra, entretanto, estava muito à vontade, sorvendo seu chá. Inuyasha permanecia embasbacado à sua frente.

— Lamento, mas Inuyasha e eu vamos nos casar, então já somos família, Sesshoumaru. E não sei por que tanta revolta. Quando Toutousai precisou arrancar o canino de Inuyasha, nasceu outro perfeito em menos de vinte e quatro horas.

— Mas, Kagome-sama, para que você quer um dente de Sesshoumaru-sama? — indagou a jovem. A resposta para ela foi livre de ironia:

— Vou fazer um arco especial para mim, Rin-chan, e preciso de um osso de dai-youkai. Minhas flechas purificadoras não fazem mal nenhum a humanos e a violência tem crescido muito na região onde a gente mora. Digo, ataques de bandidos humanos.

— Mas, Kagome...! — exclamou o hanyou, magoado. — Por que um dente dele e não um meu? Mais: para que fazer um arco? Eu posso te proteger de qualquer coisa!

— Meu amor, eu sei que você pode me proteger de qualquer coisa — respondeu ela escolhendo bem as palavras, também sem ironia, ao noivo. — Mas, lembra de ontem? Lua nova...

Inuyasha baixou o olhar, derrotado, e se sentindo muito triste, enquanto desenhava círculos no chão com o dedo. Sesshoumaru continuava com uma temível carranca.

— Sesshoumaru não se deixa influenciar por humanos, sacerdotisa! — sibilou ele, num tom de voz baixo e perigoso.

— É mesmo? — retrucou ela, despreocupada, se erguendo do chão. — Bom, que pena. Rin-chan, eu adorei te ver, espero que se recupere logo da gripe. Amor, vamos voltar.

— Mas e as minhas aulas de médica? — perguntou a menina, triste.

— Me perdoe, Rin-chan. Sesshoumaru não quer pagar o meu preço. Então, nada feito. Eu realmente preciso de um canino dele.

Então, Rin voltou os olhos castanhos para seu protetor.

— Sesshoumaru-sama, por fav-

— NÃO! — berrou ele, se levantando de chofre e saindo do cômodo.

— Com licença, eu vou atrás dele — disse Rin, saindo logo após, deixando o casal sozinho.

Inuyasha, também de pé, permaneceu de cabeça baixa, mas se permitiu ser conduzido para fora da casa pela mão de Kagome, que o abraçou de leve.

— Por que, Kagome? — murmurou o hanyou. — Não, não precisa responder. É porque sou um híbrido...

— Pare já com isso, Inuyasha — disse ela, num tom de voz alterado. Ele ergueu os olhos e viu um semblante carregado e sério o fitando. — Eu sei que você é um híbrido. Te conheci sendo híbrido, lutei com você sendo híbrido, te amei sendo híbrido! Caramba! Depois desse tempo todo, você não aprendeu a confiar no meu amor?

— Como espera que eu confie, depois do que ouvi ali dentro? — replicou ele, indignado, se livrando do abraço dela. — E se eu fosse um youkai completo como Sesshoumaru, será que você confiaria na minha força?

— Não haja como um menino mimado! Inuyasha, acorde para a vida! Se você fosse um youkai completo, provavelmente já teria me matado com suas garras! — e, com os olhos marejados, concluiu em voz baixa: — Durante a maioria das vezes em que você se transformou em youkai puro, eu me feri.

Ele engoliu em seco. Kagome se afastou, olhando para o gramado verde perfeito que havia ao redor da casa da fazenda. A estrebaria era um borrão branco distante, os cavalos Dosanko pastavam sossegados. Minutos depois, dois braços musculosos a envolviam com cuidado e carinho. Se aconchegou ao corpo de Inuyasha, fechando os olhos, ouvindo-o murmurar ao seu ouvido:

— Me perdoa, meu amor.

Ela nada respondeu, apenas apertou a mão grande e calejada do seu hanyou.


 

ѼѼѼ


 

Dentro da casa, o clima estava estranho. Jaken, que tivera o azar de estar no corredor na hora em que o youkai branco passava, jazia desmaiado no chão da cozinha após levar um chute fenomenal de seu mestre, que se enfurnara furioso no cômodo que seria a futura biblioteca. Rin, entretanto, seguiu atrás dele e entrou dentro do quarto, destemida.

— Sesshoumaru-sama, o que foi aquilo?

— … — ele ficou calado, com uma expressão medonha de ódio no rosto.

— Fale comigo, senhor!

— Saia, Rin.

— Não saio!

— Saia! — gritou ele. Contudo, a menina pegou um pequeno banquinho de madeira e o colocou diante de Sesshoumaru, subindo em cima do mesmo e ficando com o rosto quase próximo ao dele. O youkai ficou surpreso e ainda mais irritado.

— Você está me afrontando, Rin?

— Estou apenas querendo lhe dizer uma coisas! — replicou ela. — Quantas vezes o senhor me disse que não tolerava pirraça? E agora está fazendo uma!

— Não me diga o que fazer, Rin! Aquela humana estava zombando de mim! — gritou ele de novo.

— E qual é o problema em ficar banguela por um dia, Sesshoumaru-sama? O senhor me conheceu assim!

— Inferno! Não me provoque! Sou capaz de mat- — e Sesshoumaru foi silenciado por um beijo de Rin, que lhe pegara delicadamente pelas orelhas com as duas mãos e o puxara de encontro a si.

Beijo desajeitado de quem não sabia ao certo por onde começar, mas foi um beijo. Ela deslizava os lábios macios pelos dele, meio atrapalhada, chocando os dentes com os do youkai, esfregando o nariz ao dele. As mãos pequenas acariciavam suas orelhas pontudas e aquele beijo de aprendiz perdurou por alguns minutos, apesar de o youkai ter ficado catatônico e não corresponder.

A jovem soltou-o, olhando diretamente para seus olhos âmbares. As borboletas do estômago voltaram e Sesshoumaru parecia muito, muito assustado ao concluir que, irreversivelmente, Rin era sua dona.

Ela, também assustada, disse em voz alta, mais para si mesma do que para ele:

— O que eu fiz?!

O youkai branco piscou diversas vezes até conseguir recobrar a fala.

— Desça desse banquinho, Rin.

A menina, enfim entendendo a tremenda loucura que cometera, desceu, esperando ouvir uma bronca severa ou até mesmo levar uns tapas pela imensa ousadia. Mas seus olhos se arregalaram ainda mais quando viram Sesshoumaru lhe dar as costas e dizer, altivo como sempre:

— Traga-me um lenço!

— Eu tenho um aqui, senhor... Está limpinho...

Sesshoumaru alcançou o lencinho com as garras e voltou o rosto para a parede. Instantes depois, ele dobrava o lencinho e o devolvia a Rin, dizendo, sem olhá-la.

— Leve isto a Kagome. Cuidado para não perdê-lo.

— Mas... O que é isso, Sesshoum-

Leve-isto-logo-para-Kagome — sibilou ele, já muito irritado novamente.

— S-sim, já vou... — disse ela, pegando o lencinho e saindo rápido. Sesshoumaru ainda disse:

— E avise a ela que eu a quero aqui depois de amanhã novamente, para começar suas lições!

Rin saiu a passos rápidos do cômodo, e, quando se sentiu realmente sozinha, abriu o pequeno tecido e seu queixo caiu ao ver um dente gigantesco e branquíssimo ali. Correu a toda, feliz, gritando pela sacerdotisa.

Saindo do quarto, Sesshoumaru foi lépido para o quarto de banho, os lábios truncados. Sozinho, se despiu e se atirou ao ofurô, local onde se sentia à vontade para refletir.

Rin receberia muitas e muitas lições de beijos que ele, Sesshoumaru, lhe ensinaria. Mas isso, só depois que seu canino nascesse novamente, seis horas mais tarde.

Ele jamais permitiria que ela o visse banguela, ainda que temporariamente.


 


 


Notas Finais


Volto em breve para escrever essas notas finais, pessoal.

Muito obrigada!

~TheOkaasan


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