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História Vulneráveis (hiatus) - Um plano inusitado


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal.

No capítulo anterior, Inuyasha e Kagome vão para a fazenda de Sesshoumaru. Enquanto Kagome e Rin estudam, os dois irmãos tentam se entender através da dança.

O capítulo de hoje está cheeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeio de música. Mas a vibe pra escrever veio com a música maravilinda do Brian Adams. *-* Altas cenas de romance, a gente vê por aqui!

A imagem do beijo entre Inu & Kagome não me pertence. Créditos ao fanartista.

Boa leitura.

Capítulo 18 - Um plano inusitado


Fanfic / Fanfiction Vulneráveis (hiatus) - Um plano inusitado

ѼѼѼ

 

Kagome e Rin tiveram uma manhã super produtiva.

Surpresa, a sacerdotisa descobriu que sua jovem pupila era muito mais instruída em diversos assuntos do que qualquer outra garota de quinze anos. Rin tinha personalidade forte: era direta, não fazia rodeios para falar, apesar de ser ponderada e gentil; não era uma adolescente qualquer. Consequência óbvia de ser criada e educada nos últimos anos por Sesshoumaru: de certa forma, ela era sagaz e inteligente como ele. Kagome teve a ideia de, antes de começar qualquer aula, avaliar a qualidade de leitura e escrita da mocinha. Que eram realmente boas; Rin era muito perspicaz.

— Fiquei feliz, Rin-chan! Você lê e escreve muito bem, e interpreta corretamente o que lê! Que bom!

— Puxa, Kagome-sama, obrigada... É que Jaken-sama me ensinou, sabe? E Sesshoumaru-sama ia tomar lições de mim todos os dias e dizia que, se eu errasse, Jaken-sama iria levar uma surra, coitadinho. Então eu me esforcei bastante. Tanto é que ele só apanhou duas vezes durante os três anos que me ensinou. Eu me confundia com figuras de linguagem como hipérbole e sinestesia... — respondeu Rin, singela como sempre. Kagome riu.

— Típico de Sesshoumaru isso... Enfim, Rin-chan, vamos ser práticas. Eu vou trabalhar com você anatomia humana e, ao mesmo tempo, noções de primeiros socorros. Gostaria que você tomasse notas das minhas explicações, seu aprendizado vai ser melhor, garanto. Tudo certo para você?

— Nossa. Será que eu vou aprender essas coisas complicadas?

— Não é complicado não, querida. Só que exige atenção e disciplina da sua parte para entender o conteúdo. E eu gosto de ser chamada de Kagome-chan, viu? Não precisa ser formal comigo — volveu a sacerdotisa, sorrindo.

— Certo, Kagome-chan — disse ela, sorrindo de volta. — O que quer dizer anatomia?

— Pronta para tomar notas?

A mocinha pegou um caderno com estampa abstrata e um lápis.

— Pronta. Pode começar.

 

ѼѼѼ

 

— Quer outra música? — perguntou o hanyou, ofegante e suado. Apesar de ambos estarem com os cabelos prateados grudados no corpo por causa do suor, Sesshoumaru não demonstrava cansaço.

— Você vai continuar? Parece acabado.

— Keh! Eu... É, sou obrigado a admitir. Preciso descansar. Continue você — respondeu Inuyasha.

— Sem você não é a mesma coisa... — replicou Sesshoumaru, surpreendendo o irmão e até a si mesmo. Não imaginaria que uma atividade com Inuyasha, o estúpido hanyou de quem ele fazia questão de se manter longe, lhe faria tão bem. Sentou-se sob a sombra, enquanto Inuyasha se largava deitado, olhos fechados. Súbito, uma ideia passou pela cabeça do youkai branco, incomodando-o. Será que cairia bem uma pertinente pergunta para aquele hanyou que, como seu pai e agora como ele também, tinha um relacionamento com uma humana...?

Muitos minutos se passaram em silêncio e o caçula estava tão quieto que parecia dormir. De soslaio, Sesshoumaru o observava, a uns dois metros de distância, também se deitando sob a sombra fresca da copaíba. A pele do outro era mais morena que a sua, as mãos cheias de calos e cicatrizes, o corpo mais baixo e igualmente musculoso, sem marcas youkais, os cabelos tão prateados e volumosos como os seus, os olhos âmbares imensamente mais expressivos que os dele e os do saudoso pai, as orelhas de cachorro, o sangue humano correndo nas veias... Inuyasha era muito diferente dele, a seu ver. Não só diferente — era inferior, fruto de uma mistura de raças. Mais frágil, dependendo da energia demoníaca de uma espada para conter o lado youkai que seu corpo não suportava. Vivendo em um vilarejo de humanos, trabalhando duro como um humano para se sustentar.

Além do mais, duzentos e quatro anos mais novo.

Sesshoumaru questionou a si mesmo: Apesar das desvantagens de ser desprezível como é, e tendo a vida pobre que tem, será que Inuyasha é feliz...? A vida dele é mais leve do que a minha, está sempre rodeado daqueles amigos humanos loucos, Kagome está sempre sorrindo para ele...

Então, interrompendo esses diversos pensamentos, Inuyasha disse, com voz de preguiça:

— Eu vou me casar, Sesshoumaru.

— Hn — fez ele, esperando para ver o que mais o hanyou lhe diria, mas não pôde evitar se sentir surpreso. O caçula parecia meio indeciso no que iria falar:

— E... E... Tipo, você esteve com Rin e Jaken no casamento de Miroku e Sango e...

— Não enrole, idiota. Você quer que Sesshoumaru esteja lá quando você estiver se casando?

— Q-quero... Mas se não quiser ir, problema seu. Só estou te chamando porque a Kagome vive dizendo que a gente é irm-

— Eu vou.

Inuyasha ergueu a cabeça, espantado, olhando para o irmão largado no chão. Sem olhar para o hanyou, Sesshoumaru resmungou:

— O que é que você está olhando, estúpido?

— Puxa vida, você vai mesmo?

— Não foi o que acabei de dizer, criatura lerda?

— Estou olhando na sua cara para ver se não é pilhéria, maldito. De você espero tudo.

— Se de mim espera tudo, para que tanto drama só porque eu aceitei seu convite, seu imbecil?

— Porque... Porque... Keh! Deixa para lá... Não vou perder meu bom humor discutindo com você, otário.

— Faça como quiser.

Silêncio. No íntimo, Inuyasha se sentiu alegre — era uma tênue tentativa de aproximação que estava dando certo. Mas nada o havia preparado para o que vinha a seguir. Sesshoumaru, encafifado, tentava elaborar uma pergunta sem parecer que estava inseguro. Por fim, falou de forma cautelosa e lenta, escolhendo as palavras:

— Então... Inuyasha...

Orelhas se mexeram no topo da cabeça. O mais velho prosseguiu:

— As borboletas também se debatem no seu estômago...? — inquiriu o youkai, cismado.

— Borboletas no estômago?! Que maluquice é essa?!

Sesshoumaru fechou o semblante.

— Sabe do que estou falando! Também devem aparecer borboletas aí dentro quando você está perto da sua humana!

O hanyou ficou estupefato.

— Para, para, para, Sesshoumaru! Vamos por partes. Quando você está perto de Rin, seu coração bate mais forte?

— Sim.

— Se ela mexe no cabelo, você se pega mexendo no seu também, sem perceber? Ou na orelha, ou na manga do quimono?

— Bem... Às vezes — disse o outro, incomodado. Não se sentia bem sendo lido tão facilmente pelo irmão. Gostava de ser indecifrável, mas, por algum motivo desconhecido para si, esta sua característica não estava funcionando bem naquele dia. Sem contar que se sentia muito estranho quando se flagrava imitando alguns movimentos da jovem Rin.

— Você sua igual a um condenado perto dela? Seu rosto queima como fogo e você até tenta falar mais grosso de vez em quando?

— Sim, sim e... Não, que palhaçada é essa de falar mais grosso? Não preciso disso. Minha voz é absolutamente perfeita.

— Já entendi, senhor perfeito... — zombou o hanyou. — E você se sente à vontade para falar sobre o que sente com Rin?

— … — o youkai baixou o olhar para os próprios calçados, enquanto desenhava distraído um círculo imaginário na perna da calça do quimono. Tanto ele quanto o irmão continuavam despidos da cintura para cima, devido ao calor. Inuyasha continuou na expectativa da resposta, que não veio. Os calçados de Sesshoumaru poderiam ser derretidos com a intensidade daquele olhar ansioso.

— Você não consegue falar com ela que a ama sem sentir que está se sufocando com as borboletas no estômago, seu tapado? Espera... Então, você é tímido?!

Sesshoumaru virou o rosto rapidamente na direção do irmão para negar, quando o viu arregalar os olhos desmesuradamente.

A última coisa que Inuyasha esperava ver na vida era seu irmão corado de vergonha.

 

ѼѼѼ

 

— Sesshoumaru-sama! Sesshoumaru-samaaaaaaaa! — gritava Jaken, agoniado por não saber onde estava seu mestre. Já tinha revirado a casa grande à procura do inuyoukai e nada. — Hora do almoço... Cadê o senhor, Sesshoumaru-samaaaaa?

Rin ouviu o verdinho se esganiçando e fez menção de se levantar para ir ter com ele, mas Kagome a impediu.

— Rin-chan, deixe ele chamar.

— Mas eu sei onde Sesshoumaru-sama está.

— Sim, mas eu tenho absoluta certeza de que, se ele não voltou até agora, é porque ele está com o Inu fazendo exercícios... E, pelo que conheço de Sesshoumaru, ele não vai querer ser visto tentando dançar...

Rin deu uma risada cristalina.

— Oh, então zumbar é dançar? Incrível! Mas, Kagome-chan, como você tem tanta certeza de que eles estão dançando e não se matando? Sabe como os dois são briguentos.

— Sesshoumaru está zumbando com o Inu, Rin-chan, pode apostar... Eu descobri que ele também gosta de música no casamento de Sango-chan. Eu vi vocês dois arriscando uns passinhos.

— Ele pisou várias vezes no meu pé. Sabe... Eu amo de coração Sesshoumaru-sama, mas naquele dia fiquei brava com ele. Puxa... Um youkai grandão daquele esmagando meu pezinho e dizendo “este Sesshoumaru lamenta pelo transtorno, Rin”. Que foi, Kagome-chan?

A sacerdotisa estava chorando de rir.

— Ai, desculpe... Desculpe, Rin-chan, é que eu achei engraçado. Sesshoumaru é tão fechado, tão cheio de si. É difícil imaginá-lo assim, cometendo gafes. Poxa, ele foi receber a gente na cancela com o rosto todo sujo de farinha! — Rin gargalhou também.

— Olha, é difícil acreditar, mas ele também se atrapalha. Só não é como a gente, que é humana. É muito raro Sesshoumaru-sama fazer algum vexame, mas acaba acontecendo.

— Ele parece gostar muito de você, Rin — afirmou a outra.

— Ele me disse que faço parte de todos os planos dele e... Já nos beijamos — disse Rin, rubra e satisfeita. Kagome bateu palmas.

— Uau, que fofo! Que romântico! Ai, eu adoro ouvir essas histórias de amor!

— Ainda tremo por dentro quando me lembro de como foi, sabe? Mas é hora de almoçar. Vamos? — disse a mocinha, se levantando de onde estava sentada e sendo acompanhada por Kagome. — Depois eu vou te contar tudo.

— Certo! — exclamou ela, conferindo as horas no tablet. — O Inu já deve estar voltando.

— Como você sabe?

— Ele ficou com meu celular... É um outro aparelho da minha era, diferente deste aqui. Eu o programei para tocar música às 12 horas, assim ele vai saber que estou desocupada. Agora são 11:55h...

 

ѼѼѼ

 

Sesshoumaru, furioso, fazia o nó do obi, enquanto Inuyasha, que tocava o maxilar que fora esmurrado, o xingava. O hanyou tivera um acesso de gargalhadas, o que aborreceu totalmente ao youkai, que ainda não lidava direito com o fato de corar ao pensar em Rin.

— Quase me quebrou a cara, filho da p***!

— Se foi 'quase', considere-se um indivíduo de sorte — rosnou o outro. — E sem esse palavreado chulo perto de mim, seu inútil.

— Você é um otário!

— Te digo o mesmo! E se vista logo, é hora do almoço!

Inuyasha terminava de se arrumar, ainda zangado. O pior é que ele sabia que não conseguiria revidar; Sesshoumaru era muito mais veloz. Nem adiantaria tentar.

— Sabe por que você é um otário, Sesshoumaru? Você nunca assume o que é!

— Sou um dos mais poderosos youkais dessa região, e assumo isso com orgulho. Algum problema, Inuyasha?

— Blá, blá, blá. O que eu vejo é um babaca que arrumou a primeira namorada depois de velho e fica todo tímido perto ela!

— Qual é o seu problema com a minha timidez, maldito? — inquiriu Sesshoumaru, desconfortável com toda aquela conversa sobre sua intimidade sentimental.

— Com a sua timidez? Nenhum! Tímido eu também sou! Mas eu não escondo isso!

— Diferente de você, eu tenho uma imagem, imbecil. Uma imagem e uma reputação!

— E isso é realmente mais importante para você do que os sentimentos da Rin?

— Ela me ama do jeito que sou! — exclamou o youkai.

— E você já disse a ela o que sente de verdade?

— Ela sabe, idiota!

— Mas você disse a ela?

— Não preciso! Ela sabe que eu a amo com todas as fibras do meu ser!

— Então, por que não diz isso a ela com todas as letras do seu ser?

O youkai piscou, intrigado, enquanto Inuyasha se dava conta da tolice que dissera.

— Como você é burro... Que absurdo! Isso que você falou é tudo burrice. Você não fez sentido nenhum agora com essa afirmação. Letras do meu ser? Que loucura!

— Ah, eu também queria falar desse jeito garbante aí e não deu certo, p****! — respondeu o hanyou, vermelhíssimo.

Garboso, seu retardado! E sem palavrões perto de mim, odeio isso!

— Que seja, maldito, você me entendeu!

Súbito, um som estridente ressoou dentro do quimono de pele de rato de fogo, sobressaltando os dois irmãos. Era o solo de guitarra de Sweet Child O' Mine, de Guns N' Roses. O mal estar de Inuyasha desapareceu imediatamente e ele se preparava para saltar, quando foi interrompido:

— O que é isso? — perguntou o outro, muito curioso, embora tentasse mostrar o contrário.

— Isso é rock, Sesshoumaru! Agora, dá licença, Kagome está me esperando!

E saltou lépido em direção à casa grande, sendo imediatamente seguido pelo irmão, que voava um pouco acima de si, exclamando:

— Faça essa coisa tocar mais alto!

 

ѼѼѼ

 

O almoço transcorreu de forma tranquila, bem como o restante da tarde. Inuyasha se dispôs a ir com Tokumaru limpar a plantação de milho, levando consigo o celular de Kagome e despertando certa insatisfação no irmão, que ficou desejoso por um objeto tão fantástico como aquele. Kagome não deixou de achar engraçado o fato de Sesshoumaru ter gostado exatamente das mesmas canções que o hanyou, que era louco por Guns N' Roses, Queen e Bon Jovi, dentre outros artistas famosos da era moderna. Diferentes, mas, ao mesmo tempo, tão parecidos!

As horas se passaram rapidamente. Antes das cinco, o hanyou chegava à casa grande, suado e satisfeito consigo mesmo pela agilidade com a enxada e um elogio meio duvidoso que ouvira do velho youkai (“garoto, você é tão forte que não parece hanyou”). Inuyasha acabava de se sentar no chão do alpendre, quando Sesshoumaru se aproximou.

— A laranjeira está carregada — disse o youkai branco, displicente. O caçula se ergueu de um salto, empolgado. — Estou indo para lá. Se quiser me acompanhar...

Os dois irmãos chegaram à laranjeira, que ficava atrás da casa grande, e Inuyasha se pôs a devorar as frutas, enquanto Sesshoumaru o observava de canto de olho, pensativo, enquanto também se deliciava com as laranjas. Parecia pensar de forma compenetrada em algo. Por fim, decidiu-se:

— Inuyasha, você me disse que devo dizer a Rin exatamente o que sinto...

— Disse — respondeu o outro, de boca cheia.

— Como... Como você agiu com Kagome?

Eu não consigo acreditar que é o Sesshoumaru me pedindo conselhos, pensou o mais novo. Sentindo as bochechas esquentarem, ele respondeu:

— Foi no dia do casamento. Eu dei a ela uma rosa e disse que a amava...

— E ela gostou do que ouviu? — indagou o youkai. Dentro da mente, já elaborava todo um plano de ação para a noite. Viu as orelhas do hanyou se mexerem e seu rosto ficar ainda mais rubro, enquanto ele, sem olhá-lo, respondia num tom de voz quase sussurrado:

— Não só gostou do que ouviu, como também demonstrou para mim que me deseja...

Sesshoumaru ficou impressionado por ouvir tão facilmente o que estava para perguntar ao irmão desde cedo, mas não demonstrou nada. Simplesmente, disse algo estranho:

— Você não aprendeu a encolher as garras, pelo que percebo.

Intrigado com a abrupta mudança de assunto, Inuyasha olhou para o youkai, desconfiado.

— E para que eu iria querer encolher minhas garras? Elas já não são grandes como... como as suas — resmungou ele, sem graça. De forma enigmática, o mais velho disse:

— Garras encolhidas são muito úteis em certas ocasiões.

— Que tipo de ocasiões?

— Você vai descobrir. Quer aprender ou não? — disse Sesshoumaru, exibindo a mão alva com unhas normais para o hanyou, que ficou impressionado e acabou aceitando a tal instrução.

O sol começava a se por, quando Inuyasha disse que gostaria de se lavar.

— Vá tomar banho no rio. Existe uma área mais calma, perto de três grandes cerejeiras — e, acrescentando em tom sigiloso, completou: — É para lá que eu vou, quando quero ficar só sem ser incomodado.

O hanyou se levantou, estreitando os olhos para Sesshoumaru.

— Isso não é nenhuma embrulhada para mim não, Sesshoumaru?

— Claro que não, estúpido. Apenas eu conheço aquele local, não há nada demais lá, a não ser o sossego.

— Vou confiar em você... Olha lá, hein?

— Confie neste Sesshoumaru, Inuyasha. Ah... Espero que entenda a ocasião de encolher as garras.

— Mas dá para me dizer qual é a sua, afinal de contas?! — fez Inuyasha, muito intrigado.

— Gosto de ser grato, apenas isso. Vá logo se banhar, esse cheiro de hanyou suado ofende meu olfato.

— Keh! Idiota! Pois eu vou mesmo, seu engomadinho maldito!

— Por que não deixa o aparelho de música comigo? Vou entregá-lo para Kagome enquanto você estiver para lá.

— Me garante que não quebra?

— Garanto — respondeu ele, muito sério. O hanyou, ainda meio ressabiado, entregou o aparelho ao irmão. — Ligado, Inuyasha.

O mais novo ligou rapidamente o celular e colocou We Will Rock You para reproduzir. Depois de fazer inúmeras recomendações, saiu.

Poucos minutos depois, Kagome e Rin deixavam o quarto de estudos, rindo e conversando. O youkai ouviu que a sacerdotisa estava se despedindo e resolveu se aproximar. Puxou Rin para um abraço discreto, enquanto agradecia Kagome (à sua maneira) pelas lições e perguntou se ela não gostaria de pernoitar lá com o hanyou.

— Não, não podemos, Sesshoumaru. Inuyasha tem trabalho a fazer na oficina amanhã. A propósito... Cadê ele?

— Foi atrás de Tokumaru para mim, do outro lado do rio, mas já deve estar voltando — mentiu o youkai. — Se quiser, podemos ir andando até lá.

— Não, não é preciso. Só me diga onde ele está e eu vou buscá-lo.

Ela caiu tão facilmente, pensou Sesshoumaru.

— Fica nesta direção — disse o youkai, aparentando apatia. — Na direção das cerejeiras. Lá o rio é bem mais baixo, você não terá problemas em atravessar. Ou, então, pode esperá-lo ali mesmo. Não há perigo.

Rin observava a tudo, curiosa e intrigada. O que Sesshoumaru estava fazendo, afinal?

— Ah, e Kagome... Seu aparelho de música — disse ele, fazendo menção de devolver o objeto, mas a moça recusou.

— Pode ficar ouvindo, onii-san, eu já volto. Daqui a pouco você me entrega. Obrigada — disse ela, gentil, já se afastando na direção indicada. Sesshoumaru comemorou internamente.

Se seus planos dessem certo, ele teria muito tempo para ouvir aquelas músicas.

 

ѼѼѼ

 

A visão do pôr-do-sol naquela área do rio era magnífica.

Inuyasha, que já tinha se lavado, agora estava observando o espetáculo da natureza que se descortinava diante de seus olhos. A água, que corria lenta, lhe batia no quadril e ele se sentia totalmente relaxado, mas ainda intrigado com as ideias do youkai branco. Todavia, não se preocupou; a Tessaiga estava ali, perto dele.

— Keh! No fim das contas, aquele idiota ficou com o celular... Eu queria ouvir música agora — resmungou ele. Teve a lembrança de uma canção que Kagome gostava de ouvir; a melodia, ele a conhecia por completo, bem como o som das palavras. Despretensiosamente, Inuyasha começou a cantar, inventando e trocando sílabas como era seu costume. Mas sua voz grave e enrouquecida reverberava, afinada, entre os galhos das cerejeiras.

 

To really... love a woman, to understand her

You've got to know her deep inside

Hear every thought, see every dream

And give her wings when she wants to fly...

 

 

Distraído como estava, não ouviu os passos de uma Kagome meio ofegante que aparecia por ali, cansada de andar. A sacerdotisa ouviu a voz do noivo cantando sua música romântica favorita e resolveu não fazer barulho, surpresa e, agora, embasbacada.

A alguns metros de si, totalmente nu, Inuyasha cantava Have You Ever Really Loved a Woman, errando todas as palavras, mas com a vibração e o entusiasmo que só um homem apaixonado conseguiria imprimir à canção. Seus cabelos prateados pingavam água pelas costas morenas e largas, bem como nos glúteos firmes de pele perfeita, sem defeitos quaisquer.

 

To really love a woman, let her hold you

Till you know how she needs to be touched

You've got to breathe her, really taste her

Till you can feel her in your blood.

And when you can see your unborn children in her eyes,

You know you really love a woman...


 

Kagome engoliu em seco. O hanyou era lindo, seu corpo era atraente e, naquele instante, todo ele parecia vibrar de paixão. Sem ter muita noção do que fazia, hipnotizada pela beleza de seu amor, a sacerdotisa levou as mãos aos botões do camisete, abrindo-o. Logo as calças jeans iam para o chão também.

Inuyasha, entretanto, ouviu o ruído inconfundível de batimentos cardíacos acelerados e sentiu o cheiro que ele reconheceria em qualquer lugar do mundo: o cheiro da mulher que ele amava. O cheiro que estava vindo de trás dele. Parando de cantar, olhou rapidamente para trás e viu, boquiaberto, a silhueta de Kagome, cabelos soltos, despida, com expressão de fascínio no rosto juvenil.

Amor...! V-você aqui?! — exclamou ele, quase que assustado por aquela visão.

Inuyasha me chamou de 'amor'?, pensou Kagome, ainda paralisada.

 

When you love a woman

You tell her that she's really wanted

When you love a woman

You tell her that she's the one

She needs somebody, to tell her that it's gonna last forever

So tell me have you ever really,

Really, really, ever loved a woman?

 

 

— Inuyasha...

E, a passos vagarosos e incertos, a sacerdotisa foi se aproximando do hanyou, que ainda não acreditava que aquilo estava realmente acontecendo. Ele estendeu a mão para ela, tomando o cuidado de não virar o tronco e expor sua nudez à jovem naquele primeiro instante. Auxiliada por Inuyasha, Kagome entrou dentro do rio, e se postou diante dele, segurando firmemente em sua mão. Ambos se encararam por longos minutos e, enfim, o hanyou murmurou, perdido na intensidade do olhar azul da jovem.

— Kagome... Por que você está aqui... desse jeito... comigo? Não se precipite... Não quero que você faça algo comigo por impulso e se arrependa. Não quero ser a razão do seu lamento depois.

— Calma, Inu, está tudo bem.

— Não, Kah. Não está não — aparteou ele, fazendo-a ficar mais surpresa. Inuyasha nunca havia lhe chamado por um apelido carinhoso antes. — Você tem noção de como estou agora? O meu corpo quer o seu, minha alma quer a sua. E você me disse mais cedo que gostaria de esperar até a gente se casar...

— Sim, eu disse... Mas, meu amor, você despertou algo dentro de mim, que eu simplesmente não tenho força para segurar. Quando te vi aqui, sem roupa, tão sensual... Ah... Fiquei tão excitada...

— Kah, por favor, não fale assim... — disse ele, nervoso, tentando dar as costas para ela, que o impediu. — Não me olhe desse jeito!

— Você me atrai, amor... Seu corpo, tão perfeito... — disse Kagome num rompante de coragem, ignorando as negativas de Inuyasha, que estava desesperado.

— Para com isso!

— Parar de desejar você? Impossível — retrucou ela, tentando colar o corpo ao dele. Inuyasha acabou pegando nos braços da jovem e forçando-os para baixo com rapidez, o que não foi boa ideia. O movimento fez os seios médios dela tremularem e o hanyou agora se desfazia em desejo.

— Eu estou me descontrolando... Não me provoque assim, Kagome. Senão, vou querer tudo.

— Tudo o quê? — perguntou a moça, sorrindo, trêmula de expectativa.

Sem aviso, Inuyasha segurou suas mamas e beijou um dos mamilos escuros, enquanto acariciava o outro com os dedos de garras encolhidas. A jovem arfou e fechou os olhos com força, entregue, rendida. O hanyou deixou o seio e se pôs a beijar o colo, o pescoço, as orelhas de Kagome, que sussurrou deliciada:

— I-Inuyasha... Eu... Ah! Eu quero você...

— Também quero você, Kagome... Olha o que você me fez! — e ele a puxou para um abraço, colando o corpo forte ao seu corpo delicado, levando-a a soltar uma exclamação de surpresa pela presença do membro grande e grosso ali, sendo pressionado contra seu abdome. Percebendo que estava indo para um caminho sem volta, a sacerdotisa se afastou ligeiramente de Inuyasha enquanto dizia, rubra:

— Amor... Espere, eu estou um pouco suada... Quero tomar banho aqui primeiro.

— C-claro... Fique à vontade — gaguejou ele, soltando-a e dando-lhe as costas. Ouviu Kagome mergulhando e respirou fundo; estava louco por ela, mas, ao mesmo tempo, apavorado. Iria ter a sua primeira vez com a garota que atravessou as eras por amá-lo profundamente, por iniciativa dela...

Mas ele ainda não estava preparado. Não poderia estar preparado para algo que não conhecia... E uma pergunta tenebrosa soou em sua mente já perturbada: E se o sangue youkai resolvesse aparecer e ele perdesse a percepção de tudo, levando-o a ferir Kagome? A excitação sexual era uma novidade para ele; trazia à tona o que havia de mais primitivo em sua essência. Se descontrolar e virar youkai completo na hora de amar a jovem era uma possibilidade real e muito perigosa.

Caramba, como eu não fui pensar nisso antes?!, pensou o hanyou, suando frio.

Por sua vez, a sacerdotisa observava Inuyasha, que tinha os ombros tensos e parecia totalmente nervoso. Aproximou-se devagar, abraçando-o por trás, ao passo que ele deu um pulinho.

— K-Kagome... V-você já terminou, é?

— Sim, amor. Estou pronta...

— Pronta para quê?

— Para me entregar a você... — disse ela, manhosa. Inuyasha virou-se para tocar seu rosto e só então Kagome percebeu que ele estava muito pálido. — Amor, o que você tem?

Ele a abraçou de novo, com suavidade. Depois de muito pensar, resolveu abrir o coração a ela. Afinal, não era aquela jovem sacerdotisa a mulher que ele decidiu desposar?

— Tenho medo, Kah. Você também não tem?

— Medo?

— Entenda, eu posso virar um youkai e... Te machucar.

Kagome encostou a testa ao peito dele. O contato dos lábios dela em sua pele era gostoso. Na verdade, todo o corpo de Kagome trazia conforto ao coração de Inuyasha.

— É verdade... O sangue youkai pode aparecer mesmo, Inu.

— Que bom que você entendeu. Agora vamos sair daqui e...

A mão dela deslizou devagar do peito para o abdome musculoso e úmido do hanyou, que começou a gaguejar:

— Kagome, p-para, por favor. Vamos sair d-daqui, você não pode f-fazer isso... — ele arregalou os olhos ao vê-la brincar com os dedos perto de sua virilha. — Kagome, não!

A jovem ignorou as súplicas do noivo e, armando-se de coragem, tocou o saco escrotal dele de forma gentil, fazendo-o quase gritar. A ansiedade e o medo de Inuyasha aumentaram o desejo dela, que comemorou para si mesma o fato de ler lido muitas coisas úteis na internet em sua casa relacionadas a sexualidade.

Kagome também era tímida, mas era muito bem informada. E iria usar seus conhecimentos teóricos a favor de ambos ali.

Só tinha uma maneira mais rápida de descobrir se o sangue youkai se manifestaria em seu amor, angustiado e pálido diante de si. A mão de dedos finos alcançou a base do pênis do hanyou, que desatou a implorar para que ela o soltasse.

— Não, não vou soltar. Seu corpo está querendo isso, amor.

E, absurdamente corada, o beijou com fervor, calando-o. A mão escorregou por toda a extensão dele, que gemia e ofegava, de prazer e medo. Era uma confusão de sensações, de pensamentos coerentes e incoerentes, despertados por aquela mão que o entontecia de prazeres. O coração de Inuyasha estava prestes a explodir, com aquela estimulação direta da jovem. Sentia seu sangue correr como labaredas por suas veias e, de repente, algo mudou dentro de si.

— K-Kagome... Saia de perto de mim... Eu... — rosnou.

— Não saio. Vamos, se entregue — sussurrou ela, fascinada com o prazer dele e com o seu próprio, olhando diretamente nos olhos âmbares e ignorando a vergonha que sentia. — Não esconda que está gostando.

O hanyou agora rosnava discretamente entre um gemido e outro. Um desejo fortíssimo e avassalador de possuir Kagome ameaçava roubar-lhe a sanidade, que já não estava mais tão presente. Começou a lutar internamente contra aquilo, sem sucesso.

Um rosnado alto e uma mão com garras enormes agarrou a cintura de Kagome, que viu os olhos dele se tornarem vermelho-sangue e as marcas youkais aparecerem em seu rosto.


Notas Finais


Volto depois para editar estas notas.

Obrigada a quem está acompanhando!

~TheOkaasan


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