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História Vulneráveis (hiatus) - Sango, Miroku e suas expectativas


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Mais um capítulo postado!

No prólogo, vimos Kuuya, um guardião divino, elaborando um plano para purificar youkais do Japão feudal, na intenção de fazer cessar as muitas batalhas e mortes. Seu alvo principal é Sesshoumaru.

O capítulo de hoje é um pouco light. :)

Boa leitura!

[CAPÍTULO REVISADO E EDITADO EM DEZEMBRO/2019]

Capítulo 2 - Sango, Miroku e suas expectativas


Fanfic / Fanfiction Vulneráveis (hiatus) - Sango, Miroku e suas expectativas

ѼѼѼ

Quinta-feira, véspera do casamento de Miroku e Sango.

— Sango! — reclamou Kagome. — Quer estragar todo o trabalho que tive com suas unhas? Tire agora essas mãos da boca!

A exterminadora, sentada no chão da casa de Kaede, parecia uma garotinha inquieta, constantemente levando as mãos à boca. Kagome, a aprendiz de sacerdotisa, juntamente com o pequeno Shippou, dobrava origamis de grous; faltava pouco para chegar às mil dobraduras. Todas as crianças, adolescentes e também diversos adultos do vilarejo participaram da criação daquele senbazuru, a novidade trazida da era moderna. Sango, contudo, não conseguia fazer as dobraduras, por causa do nervosismo. Seus cabelos, tão bem cuidados e alinhados, estavam em desordem — ela não parava de esfregá-los na região das têmporas.

— Não consigo, Kagome! Vou ficar maluca até amanhã... Não consigo...

— Mas, Sango-chan, roer unhas é feio... Você mesma me disse isso uma v- — ia dizendo Shippou.

— Eu não QUERO parar de roer minhas unhas! — exclamou ela, num tom estridente, um tanto histérico até, fazendo o kitsune olhar assustado para si. Kagome achou por bem intervir, vendo que sua amiga estava totalmente alterada.

— Shippou-chan, faz um favor para mim? Vá até a casa da senhora Sakamoto e peça a ela flores de jasmim, para a gente fazer um chazinho... — pediu ela, no que foi prontamente atendida pelo pequeno, que sempre ficava apavorado ao ver a exterminadora aborrecida.

Na verdade, o pedido de Kagome era uma desculpa para ficar a sós com Sango, já que a senhora Sakamoto morava do outro lado do vilarejo.

Ao fechar a porta da casa, ela ouviu um soluço pequeno. Sango estava lutando para controlar o choro, olhando para um tsuru de papel mal feito. Kagome se comoveu.

— Sabe, Sango — afirmou ela, carinhosa — eu tenho certeza que o seu pai está orgulhoso e muito feliz por você, no nirvana...

Foi o estopim para que Sango se entregasse a um choro dolorido. Kagome se sentou ao seu lado e a abraçou. Em instantes, as lágrimas da exterminadora ensopavam as vestes da sacerdotisa. Os ombros dela se sacudiam com força e era notável o quanto estava abalada.

Longos minutos se passaram até que os soluços de Sango ficassem mais amenos.

— Ei, ei, calma... Eu imaginei que toda essa sua ansiedade não era apenas pelo casamento. Dói ainda lembrar dele, não é? — murmurou a outra jovem.

— Demais, Kagome-chan! — exclamou ela, vermelha pelo choro convulso. — Que saudade do meu pai! Como dói pensar que o dia mais importante da minha vida será sem ele...

— Mas no seu coração ele sempre estará vivo, cada lembrança é especial. Imagine só, ele vibrando de alegria e orgulho a cada conquista da filha, a taijiya mais talentosa e forte do vilarejo... Você não pensa assim? — perguntou a outra jovem, também com os olhos marejados, enquanto conduzia Sango com delicadeza para que deitasse sobre suas pernas.

Acomodada naquele colo gentil, a exterminadora assentiu e continuou seu desabafo.

— Faz tempo que não choro por meu chichi-ue e meus amigos, que se foram naquele dia horroroso. Não quero que Kohaku se sinta mal, apesar de saber que ele já superou, e muito, o trauma... Minha mãe morreu quando Kohaku e eu éramos ainda muito novinhos. Meu pai se esforçou muito para nos sustentar, educar e treinar como taijiya youkai. Não há como descrever o quanto eu o amo e admiro, até hoje. Não creio que ele ficaria satisfeito se me visse assim, tão frágil. Devo ser forte!

Kagome assentiu em silêncio, enquanto a outra se levantava vagarosamente, prosseguindo:

— A saudade sempre corrói a minha alma, Kagome-chan, mas aprendi a lidar melhor com esses sentimentos... Consegui perdoar meu irmãozinho... Devo isso a você, minha amiga, ao Inu, ao meu precioso monge... — suspirou.

A sacerdotisa sorriu de leve.

— Miroku veio na hora certa para o seu coração, Sango-chan. Acho vocês tão... Como posso dizer... Um casal tão completo! Vocês são lindos juntos, se encaixam perfeitamente. Ele até deixou de ser mulherengo... — afirmou Kagome, com uma risadinha.

— Ai dele se não deixasse — replicou Sango, já com o semblante sereno. A outra jovem riu.

— É tão bom ser amada, não é, Sango? Estou tão feliz por vocês dois. Vão realizar um grande sonho! — exclamou ela, com ar sonhador.

Sango voltou os olhos para as dobraduras, parecendo meio embaraçada.

— É verdade, Kagome... O destino me deu um grande presente, que é o Miroku... Mas...

— Mas...?

— Tenho medo... Entende? Medo da... Noite de núpcias — murmurou a exterminadora, corada.

— Ah... — fez Kagome, com expressão compreensiva. — Mas não se preocupe! Será algo maravilhoso, já que vocês se amam... Houshi-sama não te machucaria, Sango-chan.

Sango olhou para ela com incerteza e descrença.

— Ei, não fique com essa cara, mulher. Vai dar tudo certo! — afirmou Kagome, e, em seguida, acrescentou em voz baixa: — Você tem vontade, não tem?

— É claro... Quando a gente se beija, eu me sinto meio estranha... Quente...— respondeu ela, rindo de leve e mais vermelha do que nunca. — Mas, puxa, Kagome, eu não sei como é que vai ser! Você e eu somos virgens! Vai me dizer que não fica com medo também?

— Sim, na verdade, eu também tenho medo... Mas estou confiante. Quando se tem amor verdadeiro, isso basta.

— Tomara que você esteja certa... — ia dizendo Sango, mas foi interrompida pelo som de passos e gritos que se aproximavam da casa.

— Kagome! — gritava Shippou, chorando, sendo segurado pela cauda por Inuyasha. — Me ajude, por favor, mande ele me soltar!

— O que está fazendo, Inuyasha? — perguntou ela, já de pé, enquanto Sango se afastava para disfarçar os olhos vermelhos.

— Esse pestinha me surrupiou o bombom de licor que você me deu! — vociferou ele.

— Mentira! — protestou o kitsune.

— Puxa, Shippou, por que fez isso? — indagou a jovem, muito séria.

— É mentira dele, Kagome... Eu estava saindo da casa da senhora Sakamoto e vi o bombom no chão! Logo depois ele apareceu me batendo!

— E você vai acreditar nele, Kagome? O bombom estava dentro do meu bolso! — esbravejou o hanyou.

— O bolso tem um rasgo enorme, seu idiota! — gritou Shippou.

— Enorme o caramba! Minha mão nem passa por ele! — exclamou Inuyasha, metendo a mão no bolso à guisa de explicação e forçando o buraco no tecido com as garras. Kagome, cansada daquilo, apenas respondeu displicentemente:

Osuwari.


ѼѼѼ

 

Sango, já fora da casa, começou a andar a esmo pelas ruas do vilarejo, aos poucos se afastando das casinhas.

Tentava, sem sucesso, parar de pensar sobre a saudade que sentia do pai e do medo da sua primeira noite de amor com o monge. No momento, caminhava distraída sob a sombra das árvores do bosque próximo, quando, de repente, ouviu uma tosse, seguida de uma voz muito familiar:

— Então... Err... Como eu dizia, tenho saudade de muita coisa, mas a que tenho de você é a única que parece um beliscão no pescoço¹.

Assustada, ela se encaminhou para aquela região deserta, de onde vinha a voz do monge Miroku. Pé ante pé, cuidando para não ser vista, Sango ouvia atentamente o que dizia o jovem:

— Eu não sou perfeito, você sabe, mas te amo tanto que sou capaz até de virar um monge exemplar por sua causa. Paro de roubar as casas e castelos feudais, paro de flertar com as donzelas bonitas...

Pausa, pigarro, suspiro. Miroku continuou:

— Garanto que farei você feliz ao torná-la minha doce amante, companheira e mãe dos meus muitos filhos.

"Mas esse vagabundo está com outra às vésperas do nosso casamento?!", pensou ela, possessa. Entretanto, preferiu continuar a procurá-lo e descobrir quem seria a maldita que estava com ele. Contudo, a jovem ficou chocada ao ouvir uma voz masculina como resposta:

— Você é péssimo nisso, monge, que fiasco! Faça-me o favor...

Cuidadosamente, Sango continuou avançando pelas árvores e pôde contemplar, a poucos metros de si, seu Miroku ajoelhado perante uma mangueira, aparentemente conversando com o próprio ombro, segurando uma tulipa.

— Mas onde foi que eu errei agora? — indagou ele, aborrecido. — Já estou com o joelho doendo.

— Rapaz, como você tem coragem de falar em roubos e donzelas para Sango-sama, na frente de todo mundo? — retrucou a voz. A exterminadora não conseguia identificar quem era o interlocutor do noivo, até que Miroku se pronunciou:

— Mas você não disse que eu deveria ser totalmente sincero com ela, Myouga-sama?

— Não dessa forma, monge! Sem contar que você fala como se estivesse lendo um pergaminho, totalmente artificial e rígido em seus gestos e impostação de voz. Seja natural, rapaz!

— Eu estou nervoso! — reclamou o monge.

— Mas isto não é desculpa para se comportar como se Sango-sama fosse um youkai sedento de sangue! E essa flor? Você a segura como se fosse um ofuda², pronto para ser disparado contra um demônio!

Sango controlava o riso a duras penas. De onde estava, resolveu se afastar silenciosamente. Não queria estragar a surpresa que seu amado estava preparando para si.

Voltou para a casa de Kaede, determinada a, pelo menos, não estragar o delicado trabalho de manicure que a jovem sacerdotisa, sua grande amiga Kagome, havia feito em suas unhas.

Tudo ficaria bem, pois Miroku a amava.


 

ѼѼѼ


 

Miroku voltava para casa, meio angustiado pelo fato de não conseguir elaborar um discurso decente para sua amada. Vendo que não conseguia se descontrair, resolveu terminar de arrumar os últimos presentes de casamento que recebera naquela quinta-feira. Ao abrir a porta e entrar, seus olhos marejaram e ele sorriu comovido.

Tidos como heróis por todos os aldeões, Sango e Miroku receberam muita ajuda financeira na construção do pequeno, porém aconchegante, casebre, que ficava numa área alta do vilarejo. Dali era possível contemplar o amanhecer em toda a sua beleza, e a exterminadora ficara maravilhada com o local.

A casa, composta de cinco cômodos, foi inspirada nos moldes das construções da era moderna — Kagome mostrara a eles diversas revistas de arquitetura, bem como plantas de casas extraídas da internet. Inuyasha, que agora se aventurava no aprendizado de marcenaria e carpintaria por causa de uma sugestão de sua Kagome, não poupou esforços para transportar, sozinho, todos os materiais; em algumas ocasiões, ficara até de madrugada auxiliando o monge na construção da moradia feita de glulam. O hanyou, apesar de muito resmungar e esbravejar durante a tarefa, se sentia plenamente feliz em doar sua força e seu tempo para o casal.

A sala era conjugada com a cozinha; havia um quarto maior para o casal e outro menor que fora planejado para os futuros rebentos. Havia também um pequeno banheiro entre os quartos e, do lado de fora, uma varanda espaçosa. Os móveis foram cuidadosamente construídos pelo hanyou, que se esmerara tanto a ponto de receber encomendas de criados-mudos — novidade para os aldeões — tal a qualidade de seus artigos de madeira. Toda a moradia era aconchegante, graças à decoração e organização de Sango e das aldeãs.

Miroku entrou no quarto, abrindo a janela para que entrasse ar puro. Notou que um pacote retangular de papel laminado, diferente de todos os demais presentes, estava sobre a cama (o monge se encantara pelo modelo de cama ocidental, depois de ver uma foto em uma das revistas), com um estranho bilhete afixado: “não abrir até depois da cerimônia”. O rapaz riu, malicioso.

— Isto me parece algo da era de Kagome-sama. O que será que minha Sango pediu para ela trazer? Deixe-me espiar...

— Houshi-sama! — exclamou uma voz infantil do lado de fora, assustando-o ligeiramente. Olhando pela janela, deparou-se com uma pessoa inesperada: a jovem e sorridente Rin que, apesar de ter se tornado uma bonita adolescente, conservava o timbre de criança.

— Que surpresa agradável, pequena Rin! — exclamou ele de volta, saindo da casa e se surpreendendo também com a presença do altivo youkai Sesshoumaru, parado ali perto, parecendo profundamente entediado. — Boa tarde, Sesshoumaru. Querem entrar?

— Não, senhor! — respondeu a mocinha, delicadamente, enquanto o youkai afastava a franja dos olhos. — Hoje estamos por aqui apenas de passagem, pois Sesshoumaru-sama tinha alguns assuntos a resolver com Inuyasha-sama e aproveitamos para vir até aqui. Não é, Sesshoumaru-sama?

Apesar da expressão blasé, o tom de voz de Sesshoumaru era quase cordial.

— Sim, é isso. Rin veio apenas lhe trazer um pequeno presente.

— Que bom, muito obrigado! Que Buda os recompense... — respondeu ele, intrigado, ao ver Rin se dirigindo até seu mestre e recebendo deste uma bolsa de pele de animal, pequena e muito enfeitada e, ao que parecia, pesada, já que ela a portava com as duas mãos.

— Desejo que o senhor, Houshi-sama, seja eternamente feliz com Sango-sama! Tome — e Rin entregou a bolsinha para o rapaz, que se espantou com o peso. Abrindo-o, deixou escapar uma exclamação de surpresa ao ver a quantidade de moedas de ouro. Miroku nunca tinha visto tanto ouro junto. Quando recobrou a fala, Rin e Sesshoumaru já se afastavam; ela olhando para si com um misto de carinho e divertimento e ele, olhando para frente e resmungando “humano idiota”.

O monge rapidamente entrou para guardar aquele presente, feliz por saber que ele e Sango eram estimados até mesmo por um youkai que desprezava os humanos. Aquele ouro garantiria o sustento do casal por alguns meses. Tudo estava correndo muito bem.

Ele mal podia se conter de ansiedade ao se lembrar de que, no dia seguinte, se tornaria um só com a mulher da sua vida.


 

ѼѼѼ


 

1- Frase da banda Soulstripper.

2- Ofuda: os pergaminhos sagrados do Miroku.


 


Notas Finais


Espero que tenham gostado desses momentos de ansiedade dos noivos!
O casamento vem aí!

Obrigada a quem está lendo. ;-)

~TheOkaasan


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