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História Vulneráveis (hiatus) - Presságios


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal.

No capítulo anterior, os guardiões divinos estão divididos pela opinião de Kuuya, que sugere que eles deem a Miroku e Inuyasha, os Hachibushu da Terra, o seu sohma sagrado. O monge leva uma surra de Kouga e Sesshoumaru por falar de assuntos de teor adulto perto de Ayame e Rin. Esta última, à noite, avança sobre Sesshoumaru e ambos têm seu primeiro contato íntimo.

Muito obrigada pelos 60 favoritos. Sério. Tô feliz.

Perdoem eventuais erros! A cena de batalha deste capítulo, eu a dedico ao #MarcianoF, meu mano psicólogo. Beijo, seu malégno.

A imagem do Miroku não me pertence; créditos ao fanartista.

Boa leitura. :)

Capítulo 32 - Presságios


Fanfic / Fanfiction Vulneráveis (hiatus) - Presságios

ѼѼѼ

 

Ainda embriagado de luxúria por sua jovem protegida, Sesshoumaru se ergueu do futon, ao que Rin prontamente o imitou. Ela tinha as faces rubras e uma expressão de contentamento indiscutível no sorriso. O youkai branco não quis sustentar seu olhar e disse:

— Já está tarde. Vá tomar um banho e dormir, minha Rin.

— C-certo... Mas... Sesshoumaru-sama...

— Diga.

— Eu t-tenho umas pergun-

Ele a encarou rapidamente, cortando-a:

Amanhã, minha Rin. Hoje tivemos um dia cheio demais. E já era para você estar dormindo desde antes de eu haver chegado aqui.

— Eu fiquei curiosa com o livro novo... — ela olhou para o lado. — E, depois, nós dois... Err...

— Sim, sim, mas agora eu quero que você vá se lavar e dormir. Há muito o que fazer amanhã também — afirmou ele, envergonhado.

— Oh, então nós vamos fazer aquilo de novo? — perguntou Rin em voz baixa, com um brilho nos olhos e Sesshoumaru se atrapalhou com a resposta.

— Ei! N-nós temos que organizar os detalhes do... Do casamento, Rin!

A jovem ficou sem jeito.

— Me perdoe, então, Sesshoumaru-sama.

— Ora, não é preciso se desculpar — volveu o youkai, pegando de leve na mão da noiva. — Só que... que... Bem, esqueça. Você precisa de um banho e de uma boa noite de sono.

— Então, o senhor não me julga como uma pessoa despudorada? — replicou Rin, apressadamente, temendo que ele saísse antes de lhe responder àquela questão que, para ela, era de suma importância. Sesshoumaru, notando seu desconforto, pegou sua outra mão.

— Nada do que fizer a este Sesshoumaru o fará julgá-la como despudorada, minha doce princesa. Não se preocupe com isso. Nada poderá me fazer amá-la menos do que já amo.

E beijou-lhe a mão, saindo apressado do quarto, sem lhe dar tempo de dizer mais nada. Rin, fascinada por tudo o que acontecera entre eles minutos antes, foi até o seu baú de roupas, sorrindo para si mesma:

— Sesshoumaru-sama é tão doce... Tão lindo...! Eu vou convidá-lo para ler comigo todos os dias...

Rin pegou uma roupa mais velha para ir até o cômodo de banho, com um sorriso bobo no rosto. Após se lavar, a jovem voltava ao quarto e acabou por dormir sobre o livro de Robinson Crusoe.

Por sua vez, o youkai branco voou até as três cerejeiras de sua fazenda e, rapidamente, ficou nu e se atirou à água fresca do rio. Ali Sesshoumaru se permitia ficar à vontade, dando vigorosas braçadas contra o fluxo da água, enquanto seu corpo perdia aos poucos a tensão e ele fechava os olhos, a sós com seus pensamentos.

Odiava ser tão tímido. Ele, que intencionara seduzir sua humana, acabara por ser seduzido. Não era inexperiente nos assuntos íntimos, mas tinha dificuldade em se sentir livre para se relacionar, física e emocionalmente, com Rin.

Para ele, ser um destruidor de vidas era mais simples do que se entregar aos sentimentos novos e inquietantes que o amor lhe trazia. Era mais fácil matar do que dar carinho, ignorar sentimentos alheios ao invés de zelar deles. Sesshoumaru foi moldado pela própria ambição para obter tudo o que quisesse através da força bruta. Agora, ele se via tendo que traçar um longo caminho para se transformar em um youkai que amava uma humana frágil, que o deixava desconcertado com um mero sorriso. Mais: uma humana que, agora, estava descobrindo o mistério do deleite carnal e demonstrava estar bastante interessada nisso. Todos os seus planos de ensiná-la a desejá-lo se frustraram, já que ele não conseguia driblar a timidez.

— Ela está bem interessada em mim... Quer que eu a possua! — sussurrou consigo mesmo, deixando escapar um sorriso, sentado n’água, tendo as coxas submersas. — Que corpo cheiroso...

Rin era uma caixinha de surpresas para Sesshoumaru — caixinha esta que ele queria muito desvendar, abrir. Lembrou-se do cheiro da jovem, de seus gemidos contidos, do gosto dos mamilos eretos, do tom avermelhado dos lábios dela durante os beijos. Voltou a nadar contra o fluxo do rio por alguns minutos; parou em uma área mais funda, onde a água lhe alcançava quase a metade das coxas; seus cabelos já naturalmente pesados agora grudavam-se-lhe às costas como um manto de prata. O daiyoukai adorava a sensação da água corrente em sua pele; colocou as mãos na franja, afastando-a da testa, relembrando mais uma vez das carícias trocadas com a noiva. Imaginou-a olhando para ele, que começava a deslizar o polegar pela fenda uretral do pênis enrijecido e inspirou com força, com os lábios abertos.

— Você me derrota por tanto me fazer desejá-la... Amá-la... Rin... — murmurou Sesshoumaru. — Meu ponto fraco...

Seu corpo molhado se retesou, tanto pela nova onda de desejo quanto pela friagem a que era submetido. Mas o vento jamais faria mal ao organismo resistente do youkai, que se tocava sem reservas, desejoso de que aquele momento de onanismo pudesse também aliviá-lo de uma estranha ansiedade que não o deixava ter paz.

Algo indefinido estava fazendo Sesshoumaru se sentir ameaçado.

 

ѼѼѼ

 

Kouga se levantava de sobre a lobinha, que se encolhia, magoada.

Naquela noite, ela ainda esperava por uma atitude diferente. Viu-o chegar do vilarejo de Inuyasha, cansado, mas aparentando estar de bom humor. Brincara com ela; riram juntos de uma bobeira qualquer. Ayame esperava ao menos por um beijo do marido, que não veio. No lugar do beijo, uma ordem para que se despisse e se deitasse de costas.

E então o príncipe dos youkais lobos se limitou a lamber e morder pescoço e ombros de Ayame enquanto a preenchia sem muito cuidado, deixando-a com dores.

A lobinha ficou ainda mais decepcionada quando viu que Kouga sequer havia tirado as próprias roupas.

Ele me usa como um objeto.

Ayame escondeu o rosto com as mãos, ouvindo o youkai dizer displicentemente que iria ver como estavam os lobos responsáveis por vigiar a alcateia naquela noite.

— Você precisa de alguma coisa? — indagou Kouga, sem ao menos olhar para ela, que murmurou:

— Não, não preciso de nada.

Estranhando a voz desalentada, ele enfim reparou na esposa encolhida sobre a esteira onde eles dormiam.

— Você está bem mesmo? Parece doente. Você comeu direito lá no vilarejo?

— Estou bem, só meio indisposta — resmungou ela, com uma máscara congelada na face.

Seria possível que Kouga NUNCA iria lhe perguntar sobre seus sentimentos?!

— Eu não vou demorar. Se precisar de alguma erva para remédio, é só chamar Hagaku. Até.

E Kouga se foi da pequena moradia, afastando-se velozmente e deixando-a para trás.

Seus olhos arderam, mas ela não chorou. Não choraria mais por ele.

Ayame iria se vingar do seu bruto marido.

 

ѼѼѼ

 

Assim que os primeiros raios de sol surgiram no céu do pequeno vilarejo, Inuyasha desceu do pinheiro negro onde gostava de cochilar e saltou, furtivo, seguindo para longe dos casebres.

Poucos minutos depois, chegava diante do Poço Come-Ossos. Suspirou, olhando uma última vez para trás, e pulou. Logo estava chegando à casa de Kagome, em Tóquio.

Sua audição sofisticada captou o som de chaves girando na fechadura da porta da sala. O coração do hanyou bateu fortemente no peito, enquanto corria para lá.

A mãe de Kagome levou um susto ao abrir a porta e se deparar com um Inuyasha carrancudo e de braços cruzados parado ali.

— Oh, meu Deus! — exclamou ela. — Não faça mais isso, Inuyasha, eu morro de medo! Pensei que fosse um ladrão!

— Keh! Que ideia, Kazuko! — esbravejou Inuyasha. — Se eu fosse um ladrão, teria entrado, não acha? E para onde você está indo?

Kazuko Higurashi usava um conjunto de blusa e calça estampadas com girassóis enormes e segurava uma sacola ecológica em uma das mãos.

— Vou comprar alguns legumes para uma sopa de músculo, o vovô anda adoentado com esporões no calcanhar e meio deprimido por não poder cuidar do templo como gostaria.

— O que é isso?

— Uma doença dolorosa que o impede até de andar, querido. A propósito, não quer ir comigo? — perguntou a senhora Higurashi, sorrindo.

— Posso? — fez o hanyou, animado.

— Claro. Espere aqui... — disse ela, voltando para dentro da casa e, dentro de alguns minutos, Inuyasha agitou as orelhas ao vê-la trazendo um pacote de suas batatinhas favoritas, além do boné de Souta que ele sempre usava naquela era. Não se queixou quando a senhora Higurashi o colocou em sua cabeça, se erguendo na ponta dos pés.

— Agora sim, meu querido.

Inuyasha gostava do sorriso acolhedor da futura sogra e sorriu de volta, corando. Sem cerimônia, a mulher pegou-lhe o braço e ambos saíram juntos, conversando trivialidades enquanto desciam a escadaria do templo. O hanyou se sentia tão envolvido pela conversa que chegava a esquecer de comer as batatinhas.

Os dois fizeram as compras em uma mercearia menos movimentada e Inuyasha se sentiu satisfeito em poder pegar todas as sacolas das mãos de Kazuko, sem esforço. Ela ria da ingenuidade dele, de sua leveza de espírito. Andavam pelo quarteirão paralelo à casa da mulher quando um carro passou com um casal de noivos dentro. O hanyou parou de andar e acompanhou o veículo com os olhos, pensativo e sério.

— Kazuko, é com aquele tipo de roupas que as pessoas se casam aqui?

— Sim, Inu-chan. Por quê? — respondeu ela, imaginando já o motivo da pergunta. Inuyasha olhou para os próprios pés, suspirando antes de dizer:

— Kagome lhe disse que vai se casar comigo?

— Disse, sim. Inclusive eu gostaria muito de poder estar lá, mas nem tudo é como queremos, não é? — afirmou a senhora Higurashi, melancólica.

— Então você não vai achar ruim?! — inquiriu o hanyou, surpreso.

— Ruim? Ora, é claro que não! — respondeu ela, enquanto olhava para a escadaria. Mal sentiu quando Inuyasha a tomou nos braços e saiu pulando agilmente a imensidão de degraus. — EIIII! O que está fazendo?!

— Keh! Subindo a escada com você, não é óbvio? — retrucou ele, colocando-a no chão, já perto da casa. Kazuko riu ao notar que, apesar da brusquidão, ele tomara cuidado tanto com o seu corpo quanto com as bolsas de compras.

— Você é um bom garoto. Kagome é feliz com você, pelo que posso notar.

— Eu amo Kagome de verdade — disse ele, muito sério e resoluto. — Achei que o certo seria eu vir conversar com você antes do nosso casamento.

Os braços magros da senhora Higurashi apertaram Inuyasha em um abraço carinhoso. Apesar de ela ser mais baixa, a sensação de acolhimento foi tão intensa que o hanyou se sentiu com 15 anos novamente, pequenino nos braços de sua mãe.

— Eu achava que você preferiria um homem humano para sua filha...

— Eu prefiro alguém que a faça feliz, não importa que seja um youkai fofinho de orelhas branquinhas e felpudas.

— Ora... — resmungou ele, vermelhíssimo, enquanto ela ria de sua timidez. — Todo mundo está me mangando!

— Você é muito divertido, Inu-chan. Me diga, quando é o casamento?

— Daqui a nove dias.

— Céus! — fez Kazuko, com as mãos no rosto, abismada. — Mas está muito perto! Kagome-chan tem pelo menos alguma coisa de enxoval?

— Err... Enxoval? — repetiu Inuyasha, sem entender.

— Parece que não, pela carinha que você está fazendo. Escute, Inu-chan. Vai me prometer que estará aqui na semana que vem, viu? Vou ver o que posso comprar para vocês com algumas economias que tenho. Quero você aqui no sábado.

— Mas comprar o quê?

— No dia você vai ver, meu filho.

Foi a vez de Inuyasha apertar a futura sogra num abraço cheio de afeto.

 

ѼѼѼ

 

Miroku andava por uma área deserta do vilarejo quando sentiu um breve arrepio. A luz do dia, subitamente, se foi, e tudo foi tomado pela escuridão. Havia apenas uma tênue claridade sobre um ponto da mata; o monge se dirigiu para lá, e avistou a silhueta de alguém inesperado saindo detrás de uma árvore.

Ele reconheceria aquele rosto pálido, olhos castanhos e a vasta cabeleira de cachos pretos em qualquer lugar.

O hanyou que desgraçara a vida do seu avô, do seu pai e a sua própria, além de destruir a família de sua Sango, perturbar irremediavelmente a vida de seu melhor amigo, dentre outras muitas atrocidades.

— Naraku? — indagou Miroku, estupefato. A alguns metros de seus olhos, na antiga floresta de Inuyasha, estava seu antigo inimigo, com seus tentáculos e sua armadura. E, diferentemente das outras vezes, não havia maldade ou qualquer outra expressão no rosto do hanyou, que apenas o encarava. Parecia infeliz.

— Não se aproxime, Yasha-Ō Miroku, guardião de Vishnu — disse o outro, imperioso, com uma espécie de cicatriz horizontal no centro da testa. — A não ser que queira morrer inutilmente.

— Como sabe que sou guardião de... — então, o rapaz finalmente reparou em si mesmo: trajava uma estranha armadura negra com detalhes vermelhos que, apesar de grande e cheia de detalhes, era muito leve para ele. No peito, uma metálica face de lobo.

O shakti de Yasha.

— Isto é uma armadilha de Shiva. Se chegar perto de mim, vai morrer.

— Não pense que tenho medo de você, Naraku! — revidou o monge, irritado.

— Não creio que precise ter medo de mim, a essas alturas, já que não passo de um boneco controlado. Estou sob o comando de Shiva agora. Se deve temer a alguém, tema a ela — rebateu Naraku. Miroku estava intrigado a cada minuto.

Parecia que Naraku o estava aconselhando, e isso era bizarro de tão impensável. Então, o rapaz se deu conta de que, ao invés do seu báculo, uma espada montante estava em sua mão esquerda. Empunhou-a, adotando uma postura defensiva.

— O que está tramando dessa vez?

— Nada. Como disse, eu, Naraku, perdi a capacidade de agir por conta própria. Mas, se quer saber sobre Shiva, ela quer destruir a vida humana na Terra e pretende usar a mim para tal.

— E qual seria o seu interesse em me fazer saber disso?

— Eu quero voltar para o meu sono eterno — afirmou o hanyou. Miroku ficou boquiaberto.

Aquele não podia ser Naraku; não com aquele jeito cansado. Não com aquele implícito pedido de ajuda.

— Está querendo que eu o mate?

— Você não conseguiria me matar sozinho, mesmo que dominasse corretamente o sohma sagrado do Rei Yasha.

— Como sabe sobre isso?!

— Não seja ingênuo, Miroku. Eu sei de muita coisa. Incluindo o fato de você e o Inuyasha humano serem deuses. Afinal... — suspirou. — Um deus conhece outro.

— C-Como?! Você também...

— NARAKU! — bradou uma voz conhecida atrás do monge, que tremeu, antecipando o pior.

O agora humano Inuyasha aparecia trajando uma volumosa armadura branca, com a face de um leão entalhada no peito: o shakti de Shura.

— Inuyasha, não! NÃO! — gritou Miroku, vendo que seu amigo se precipitava em direção ao outro hanyou, que aos poucos abria o terceiro olho. Toda a serenidade do rosto de Naraku se esvanecera, dando lugar a uma tenebrosa expressão de ódio que chegava a deformar seus traços jovens.

— Cale a boca, Miroku! Eu vou matar esse desgraçado!

E, erguendo seu cetro sagrado que lembrava uma clava dupla, Inuyasha recitava um mantra.

Naumaku Sanmanda Bodanan Abira Unken Sowaka!

— Venha para que eu o destrua, Shura-Ō Inuyasha! — disse o possuído Naraku, com um sinistro esgar nos lábios que em nada lembrava um sorriso humano. — Vocês não passam de moleques que não dominam o próprio sohma...

— SHURA MAHAKEN¹! — bradou ele, enquanto sua energia mística tomava forma e cor. Dos punhos de Inuyasha, um grande leão dourado surgia, indo contra o inimigo.

— Morram pelas mãos de uma verdadeira deusa! — vociferava Naraku. Uma demoníaca força circundou o corpo dele, fazendo com que o leão do golpe de Inuyasha fosse refletido contra ele mesmo.

— Inuyasha, NÃO! — gritou o monge, apavorado, se lançando à frente do amigo e recebendo a violência do Punho da Destruição de Shura no ventre. O impacto fez com que ambos fossem atirados contra várias árvores da floresta, destruindo-as. O som era ensurdecedor.

— Vocês nunca poderão contra Shiva — exclamou Naraku, se aproximando velozmente deles. — E, se algo os faz pensar que podem... Vejam. Ataquem-me e essas criaturinhas frágeis serão queimadas até virarem cinzas...

Lutando para não perder a consciência, Inuyasha e Miroku, cheios de dores, ergueram a cabeça e viram, horrorizados, pessoas presas nos tentáculos do hanyou possuído.

Mas não eram pessoas quaisquer; Kagome e Sango, junto a outras pessoas que eles não conseguiram discernir, estavam feridas e inconscientes, penduradas de cabeça para baixo, dentro daqueles tentáculos do mal. O monge, sufocando um grito de horror, tirou forças de onde não tinha para se levantar de cima do também machucado Inuyasha, que berrava pela noiva.

— MALDITO! — gritou ele, avançando trôpego contra Naraku mais uma vez. — VAI PAGAR POR ISSO!

— Inuyasha, precisamos ir juntos! — bradou Miroku, segurando o outro com alguma dificuldade.

— Não conseguirão nem se vierem os quatro! — gargalhou o hanyou ensandecido, fazendo os dois amigos estremecerem e se sentirem confundidos.

Quatro?

— Ainda... Ainda é cedo p-para cantar vitória, marionete de Shiva — soou uma voz masculina no meio da escuridão; seu dono parecia ofegante e machucado. Tinha cabelos negros presos num rabo de cavalo baixo, usava um shakti verde e tentava se erguer usando uma lança como apoio. Ouviram uma tosse; mais adiante, outro guerreiro, alto e de grandes cabelos loiros, se esforçava para ao menos conseguir se pôr de joelhos e parecia ser asmático. Seu shakti era amarelo-ouro com detalhes negros, como as listras de um tigre.

— Vai... Perecer... E ser... Aniq- — o homem parou para tomar fôlego, exausto, mas ainda assim sua voz soava arrogante e agressiva. — Aniquilada como... Há três mil... Anos... Shiva...

— Yasha-Ō, não fique aí parado e proteja Shura-Ō! — zangou-se o ferido guerreiro com a lança. — Ele precisa se manter vivo até que a alma de Brahma seja desperta em seu ser!

— Ele... Não vai... Matá-las... Não precisa ter... Medo, Yasha-Ō... — arfou o outro, conseguindo a custo se levantar, brandindo sua arma, um nunchaku duplo, e elevando sua energia mística.

— Mas... Mas quem são vocês?! — indagou Inuyasha, nervosíssimo, enquanto Naraku apenas meneava a cabeça, chegando a cruzar os braços devido à certeza de sua vitória.

— Não reconhece o Rei Dragão e o Rei Celeste, Shura-Ō? Está tão apavorado que não sabe quem são seus companheiros? — zombou o hanyou possuído. O que fora mencionado como Rei Dragão se ergueu de um salto velocíssimo contra Naraku, sendo seguido pelo outro guardião, que manipulava cristais de gelo nas mãos.

— Apenas ignore esse infeliz, Inuyasha! — gritou o moreno, olhando feio para Inuyasha, que levou um susto ao reconhecer o dono dos olhos cor de mel. Por sua vez, o guerreiro loiro girava o nunchaku sagrado, atirando através dele um sohma congelante contra Naraku. Também fitou Inuyasha intensamente por alguns momentos, com seus olhos de um azul claro e límpido como o mar.

— VOCÊ!!! — exclamou Inuyasha, embasbacado.

— Fique... Vivo... Inuyasha! E, Miroku... Sabe o que... Deve... Fazer por ele, não sabe...?

— Sim, eu sei — respondeu Miroku, empunhando a espada. Contudo, antes que saltasse contra Naraku, uma voz aguda feminina o chamava apavorada. E uma dor latente se alastrou por suas vísceras, ao mesmo tempo em que suas vistas embaralhavam e seu corpo era sacudido.

Sango chorava, nervosa. Estavam no quarto de sua casa; ele trajava apenas uma calça velha.

— S-Sango... O que aconteceu? — perguntou ele, tentando não deixar transparecer seus incômodos. A exterminadora o abraçou com cautela, enquanto ele tentava se sentar na cama do casal. O sangue lhe desceu nariz abaixo.

— Amor... Você estava... Se contorcendo... Gritando por Naraku... Por Inuyasha... — soluçou ela. Pelo grau de desespero de Sango, Miroku considerou que seu transe fora algo bem tenebroso para ela, que não era uma mulher medrosa. — Que pesadelo foi esse...?!

Tremendo por dentro, o monge se deu conta de que aquelas visões, somadas aos fatos que ele já sabia sobre sua condição de Hachibushu, estavam longe de serem um simples pesadelo. Todavia, não era o momento de dizer a verdade para Sango.

— Foi... Foi só um pesadelo, minha tennyo... Já passou. Eu... Estou bem — afirmou ele, abraçando-a de volta, sem ter muita certeza do que dizia.

Miroku, porém, era um homem resistente ao pessimismo e, devagar, afastou Sango de si, olhando carinhoso para ela.

— Pode me ajudar a levantar, meu amor?

— P-posso — gaguejou ela.

— Pode me ajudar a tomar um banho?

— Posso...

— Pode se sentar no meu colo depois? — indagou ele, já com um quê de malícia no rosto. Sango ficou meio desconcertada.

— Não é hora para safadezas, Miroku! Parece que você já se esqueceu de que essa sua malícia te rendeu uma bruta surra ontem! — rebateu ela, aborrecida.

— Não foi culpa minha... — ia dizendo ele, mas foi cortado.

— Não?! Então o que levaria Sesshoumaru a deixar essas marcas no seu... Ei... — e a exterminadora se calou ao ver que os ferimentos deixados pelo youkai branco e por Kouga já não estavam na pele de seu marido. Passou a examiná-lo, atônita. Miroku olhava curioso para ela.

— Meu rosto não tem marcas, amor?

— Não! Mas tinha... Eles lhe bateram, lhe arranharam... Você estava cheio de hematomas pelo corpo todo e as unhas de Sesshoumaru chegaram a perfurar seu pescoço... — relatava ela, enquanto deslizava os dedos pelos ombros e peito do monge. As inúmeras marcas de agressão desapareceram como que por encanto.

Ele estava surpreso. Horas antes, assim que Sango o carregara para casa, ele acordava se sentindo totalmente destruído pela surra dos dois youkais ciumentos. Aproveitando-se que a esposa o tinha deixado só e ido tomar um banho, Miroku experimentou meditar para entrar no estado de inexistência, para ver se o sohma sagrado poderia diminuir suas dores.

Então, ele entrou em transe e esteve perante Naraku, em uma sequência de eventos que mesclavam viagem astral, premonição e a inquietante impressão de que seu falecido inimigo hanyou tentara se comunicar com ele. Tivera, então, as dores e a perda de sangue; contudo, seu novo poder místico curara suas feridas anteriores.

O monge suspirou. Eram informações demais para sua mente já cansada; se ele ao menos conseguisse meditar de novo... Falar com a alma do jovem Gai iria lhe fazer bem, tirar suas dúvidas.

Mas Miroku não conseguiria se concentrar. As mãos de Sango prosseguiram naquela análise em sua pele do abdome e, sem que a jovem desse conta, haviam despertado um calor intenso no corpo dele, e logo o monge agarrava a exterminadora, que tentou ainda se desvencilhar, mas não conseguiu. Ele sabia como subjugá-la, dobrá-la aos seus desejos. Sango era incapaz de resistir às seduções de Miroku.

O rapaz estava se sentindo bem incomodado com o que o futuro lhe reservaria, mas aproveitaria o presente de paz para amar e satisfazer sua querida mulher, que naquele instante suspirava por causa de seus toques e afagos eróticos.

 

ѼѼѼ

 

¹ — Shura Mahaken: o golpe de Shurato (e do Inu, nesta história), Punho da Destruição de Shura, ou O Poder de Shura na dublagem brasileira.


Notas Finais


Tuiuiuiuiu, sou curumim iê iê... #MaraMaravilhaFeelings #NaVibeDoDiaDoIndioQueTaChegando

Depois edito estas notas. Gente, MUITO obrigada mais uma vez pelo apoio a esta história. Beijos, seus malégnos.

~Okaasan


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