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História Vulneráveis (hiatus) - Hanyou dilacerado


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal.

No capítulo anterior, Miroku se encontra preocupado com a estranha visão que tem com Naraku e está quase certo de que a alma do hanyou estava a lhe pedir ajuda. Kuuya diz a Shurato e Lakshu que está observando Sesshoumaru e Kouga para embutir-lhes o sohma dos Hachibushu também. E Kagome presencia uma situação bem constrangedora, onde Inuyasha, Sesshoumaru e Rin roubam-lhe as camisinhas para enchê-las, achando que são balões.

O capítulo de hoje é ANGST, bem triste, escrito ao som da famosa OST da Kikyou, "Angry Soul", cujo link estará nas notas finais. Se não quiser ficar deprê ao ler este capítulo, recomendo que não ouça a música - ela me detonou aqui. Chorei para compor esse capítulo; acho que foi o mais triste que já escrevi na vida, depois da minha shortfic "Entre Irmãos".
E, SIIIIM, aqui é KikyouNaraku com farinha! Shippo muito!

ATENÇÃO: ESTE CAPÍTULO CONTÉM HENTAI.

A fanart do casal melancólico não me pertence; créditos ao fanartista.

Boa leitura (snif).

Capítulo 34 - Hanyou dilacerado


Fanfic / Fanfiction Vulneráveis (hiatus) - Hanyou dilacerado

 

ѼѼѼ

 

Despertando, Naraku abriu os olhos; estava dentro de uma gruta pouco iluminada. Seu corpo inteiro doía de forma insuportável e ele se lembrou do incêndio do qual fora vítima.

Mas, além da dor, havia uma presença feminina ali, de joelhos ao seu lado, com um rosto sereno emoldurado por longos cabelos negros e que lhe alimentava com um caldo de legumes. A ele, pareceu contemplar um anjo no meio do inferno. Tentou falar; a pele queimada de seu rosto protestou com o esforço.

— K-Kikyou?

— Shhh — fez ela, tranquila, olhando diretamente para os olhos irritados pela fumaça. — Você está ferido e precisa descansar.

— N-não... Eu tenho a... Joia...

Ela ficou séria.

— Esta Joia não traz benefícios a ninguém que a possui, Onigumo.

— Mas e-eu a tenho... Posso usá-la para... Reaver m-meu corpo...

— Onigumo, não use a Joia.

— Kikyou... — insistiu ele, muito dolorido e aflito. — Eu preciso...

— Eu também preciso que você não use a Joia — replicou a sacerdotisa, seriíssima, severa mesmo. Porém, Naraku sentiu sua mão, que não era de barro, tocar-lhe uma parte sadia do antebraço, e o toque de Kikyou o confortou. Ela agora se erguia para ir embora, não sem antes olhá-lo uma última vez.

— Desejo que se recupere, meu caro. Gostaria muito de poder ajudá-lo, porém isto é tudo que posso fazer para amenizar sua torm-

— Eu te amo...

Ela franziu o cenho, parecendo aturdida, como se nunca tivesse ouvido aquilo antes.

— Tente não se agitar tanto, Onigumo. Você está sem paz. Volto ao anoitecer.

— N-não — gemeu ele, agoniado, vendo que ela lhe dava as costas. — Você... Não vai voltar e...

— Volto, sim. Não fique nervoso — murmurou a moça, andando a passos curtos para fora da gruta. Então, Naraku se desesperou e fechou a mão direita, onde a Joia de Quatro Almas estivera todo o tempo.

Desejou ter um corpo para poder ter a oportunidade de amar aquela jovem mulher.

A Joia cintilou e aqueceu em sua mão — era o seu pedido sendo atendido. A sacerdotisa, vendo o resplendor naquele local ermo, se voltou para trás e viu o bandido Onigumo, ou melhor, o alto hanyou Naraku, totalmente restaurado e saudável, com sua armadura e seus tentáculos, uma expressão ansiosa no rosto pálido demonstrada pelos lábios finos entreabertos e os olhos, intensamente carmesins, que pareciam fulgurar como o fogo. Ela estacou, completamente surpresa.

Então, a passos rápidos, o hanyou venceu a distância entre os dois e a enlaçou num abraço suave, temeroso, como se Kikyou fosse se desintegrar caso ele a tocasse com mais firmeza. Naraku reparou que, diferentemente do esperado por ele, a sacerdotisa não fugiu do abraço, apesar de parecer muito vexada para corresponder. Sua cabeça se acomodou sobre o ombro do homem e ali se deixou descontrair, antes de murmurar:

— Por que, Onigumo? Essa Joia perversa...

— Não, por favor. Me entenda, eu não suportava mais a dor...

— Sim, entendo que ter várias queimaduras deve ser torturante, mas...

— Falo da dor de ter você tão perto de mim e, ao mesmo tempo, tão longe, Kikyou.

A sacerdotisa corou absurdamente. Uma mão dele a segurou com delicadeza pelo queixo e eles se olharam.

— Onigumo, não. Eu não posso...

— Não pode me amar?

— Não posso permitir viver uma circunstância duvidosa originada pelo poder da Joia...

— O que sinto por você não é duvidoso. Isso deve bastar, não?

Ela desviou o olhar.

— Permita-me fazer você sentir os meus mais incontestáveis sentimentos, por favor.

— Onigumo...

Era possível a Naraku ouvir claramente as batidas descompassadas do coração da moça rubra entre seus braços.

— Eu sei dos seus sentimentos por Inuyasha e...

— Não é esse o problema. Inuyasha já tem o seu amor incondicional por Kagome. Já me conformei.

— Hein?! — fez ele, realmente surpreso.

— É verdade... O problema é que você tem a Joia, vai querer dominar todas as possibilidades de poder que ela proporciona. Vai matar, destruir vidas, em nome da força... De novo! — Kikyou cerrou os olhos, nervosa, já falando mais alto. — Eu sei, eu sei! Você vai simplesmente optar pelo lado corrompido que essa maldita Joia consegue incutir nas pessoas e...

— Ei, ei, minha querida, calma.

Algo na voz grave do hanyou a fez se calar e, aos poucos, tranquilizar seu espírito. Naraku agora a aconchegava mais no abraço, colando o corpo menor ao seu, e vibrando de contentamento. Era a primeira vez que abraçava aquela mulher, tão querida por ele.

— Não me iludirei novamente, Kikyou — sussurrou ele junto à orelha da sacerdotisa, fazendo-a estremecer. — Já passei por isso. E por que eu não poderia querer ser diferente desta vez?

— Do que está falando?

— Tive poder, Kikyou. Tive grande poder através da Joia de Quatro Almas, mas tal poder só a afastou de mim. Agora, o que quero é poder te conhecer melhor, poder fazê-la feliz... Comigo, se você o desejar. Você quer que eu, Naraku, seja puro?

— O quê?! — indagou Kikyou, estupefata. O rosto do hanyou se aproximou do dela, pouco a pouco, a ponto de os narizes praticamente se tocarem.

— Estou disposto a renunciar meu lado demoníaco youkai para viver ao seu lado. Eu... Eu posso fazê-la feliz, posso fazê-la realizada como a mulher comum que você sempre quis ser. A Kikyou esposa, amante, mãe...

— Mas... Onigumo, eu... Tenho medo, eu...

— Por favor, Kikyou, me deixe ao menos tentar fazer com que você aceite meu amor. Permite...?

A respiração ligeiramente ofegante dos dois denotava o grande sentimento de expectativa que era manifesto entre o casal, abraçado próximo à saída daquela gruta. O hanyou fez um primeiro movimento: sentou-se no chão, convidando Kikyou com o olhar para imitá-lo. Tímida, Kikyou reparou que agora ele havia recolhido os tentáculos e a armadura, usando apenas seu quimono índigo de tecido refinado.

— Não fique achando que eu permitirei vê-la se sentar nestes pedregais.

— Ora... Onde, então?

— Em meu colo — respondeu Naraku com naturalidade. Ela baixou o olhar mais uma vez e o hanyou se enterneceu pelo recato da jovem. — Não precisa temer, não vou feri-la. Isto não é uma armadilha...

— Devo confiar em você, Onigumo?

— Entendo se não puder confiar em mim, mas ficaria feliz se você o fizesse... — afirmou ele, enrubescendo também, e levando Kikyou a sorrir, involuntariamente. Mas logo o sorriso deu lugar a uma fisionomia preocupada, quando a jovem foi delicadamente puxada pelo hanyou para se acomodar sobre suas longas pernas. Acabou se sentando, meio rígida, enquanto ele lhe dizia com afabilidade:

— Não precisa ficar receosa, minha querida. Quero somente te oferecer um pouco de conforto.

— Acho q-que isso não é... Adequado... Naraku — replicou Kikyou, inquieta e envergonhada ao se ver tão próxima de um homem. Naraku, entretanto, a olhava intensamente e levou uma das mãos da moça aos lábios, beijando-a. Baixou a voz para indagar:

— Chamou-me de Naraku?!

— Sim, chamei... Parece que o velho Onigumo se foi, não? Você demonstra bem mais maturidade agora, como Naraku, do que quando nos conhecemos há cinquenta anos.

— Fico satisfeito ao ver que você esteve me analisando.

— Foi totalmente necessário — revidou ela, com o semblante fechado, e o hanyou sentiu pela primeira vez um toque rancoroso na voz límpida da jovem. — Você queria destruir o corpo e a alma de todos aqueles que cruzassem seu caminho tentando impedir suas ideias megalomaníacas de dominar o mundo. Você, Naraku, destruiu meus sonhos, meu relacionamento com Inuyasha, minha vida, por duas vezes. Sem contar todas as outras vidas que você desgraçou. Como eu poderia não analisá-lo para saber como destruí-lo?

Agora eram os olhos dela a cintilarem como fogo, mirando o rosto agora entristecido. Naraku, então, ergueu a mão de Kikyou e a colocou sobre seu peito, sem deixar de contemplar o rosto pálido um segundo sequer. Ela sentiu que algo quente era empurrado do tórax dele para a palma de sua mão e viu, atordoada, a Joia de Quatro Almas que lhe era entregue, enquanto um humilde Naraku sussurrava para si:

— Aceitarei seu juízo contra mim, minha querida. Pode me matar.

— O... O que disse?! — inquiriu Kikyou, espantada. O hanyou deu um breve sorriso.

— Só quero que me diga que irá me perdoar um dia, já que amar-me é questão descartada, e eu posso entendê-la perfeitamente. Não esperaria outra coisa de você, Kikyou. Entretanto, estou aqui, pronto para que você me purifique como sendo a verdadeira guardiã da Joia de Quatro Almas.

A sacerdotisa olhou para a palma de sua mão — o objeto estava ali, brilhando com reflexos instáveis e oscilantes entre negro e púrpura. Encarou o hanyou mais uma vez. Aquela era uma oportunidade única: mataria o manipulador e ardiloso Naraku e teria a Joia de volta sob sua guarda, purificada.

Porém, algo dentro de Kikyou não gostava de tal deliberação. Ainda assim, ela deu vazão à energia mística espiritual que possuía para, então, purificar Naraku, estando ainda acomodada sobre as pernas dele, a mão ainda próxima ao peito arfante do homem. Viu o desconforto no rosto bonito, mas não titubeou. Ele iria pagar por seus pecados. A gruta se encheu de luz.

— Vá em paz para o seu sono eterno, meu caro — murmurou ela.

— Você não me disse se... Ohhh... Não! — gemeu ele, aflito, sentindo que suas forças se esvaíam e que os olhos castanhos da mulher que ele amava já não lhe pareciam tão nítidos. Suas vistas se escureciam e uma lágrima dorida rolou por seu rosto. — E-eu não consigo mais t-te ver...

Neste momento, a sacerdotisa não resistiu e chorou em silêncio. Não sabia dizer o motivo de sua angústia, mas ver aquele maligno hanyou sendo purificado por seu houriki partia-lhe a alma. Naraku caiu vagarosamente sobre as pedras, respirando com dificuldade. Sem raciocinar, Kikyou se deitou ao seu lado, ousando tocar-lhe o rosto.

— Não posso dizer que um dia irei retribuir seu amor, mas... Naraku... Eu o perdoo. E eu espero... — soluçou, deslizando a ponta dos dedos sobre a pele dos lábios do hanyou. — Espero que me perdoe por não ter dito isso antes.

Gradativamente, as batidas do coração de Naraku foram enfraquecendo, conforme a moça pôde observar, ao se recostar no peito dele. Olhou para a Joia em sua mão, totalmente pura agora, e para Naraku, que não tinha mais a expressão de agonia na face. Parecia estar dormindo, apesar de não respirar mais.

A gruta se escureceu novamente. O brilho da Joia se foi, levando a vida de Naraku.

Ainda chorando em silêncio, Kikyou ergueu parcialmente o tronco e se pôs a olhar para o hanyou inerte. Constatou que Naraku era muito mais belo sem a costumeira fisionomia perversa e cruel que apresentava. Suas sobrancelhas eram médias, bem distribuídas, os cílios não tão grandes realçando o azul das pálpebras, um nariz reto, mandíbula quadrada, os cabelos cacheados revoltos. Os lábios entreabertos atraíram o olhar de Kikyou, que aproximou mais o rosto do de Naraku até que estivessem bem próximos. Soluçou de novo, enquanto afagava o nariz do hanyou com o seu próprio.

— Não posso amá-lo, não posso... Mas... Não creio que receber seu amor pudesse me fazer mal... — disse ela em um cicio, beijando-lhe a bochecha e umedecendo-a com lágrimas. — Por Kami-sama... Por que até depois de morto você me faz sofrer?

Triste, a sacerdotisa se deixou ficar ali por muitos minutos, chegando a sentir os olhos pesando de sono. Então, subitamente, Kikyou sentiu o corpo sob si dar um estremeção e, assustada, soltou um gritinho, sentando-se. Naraku tomava fôlego, respirando ruidosamente, enquanto abria os olhos de íris não mais vermelhas. Parecia desorientado. Por fim, deparou-se com Kikyou ali, tão próxima a si, com o rosto molhado e rubro e os lábios trêmulos.

— N-Naraku, você... Voltou?! Sério?!

— Kikyou... Eu... — gaguejou ele, se sentando devagar. — Não faço ideia do que aconteceu... Meu corpo começou a doer, depois não pude sentir nem ver mais nada e...

A jovem, contrariando a própria personalidade ponderada, atirou-se contra ele, abraçando-o com força, e soltando-o em seguida, surpresa consigo mesma e envergonhada por tal arroubo. Naraku parecia ter perdido a fala, não menos corado do que ela.

— Devo estar louco. Você nunca me abraçaria, Kik- — e o hanyou foi surpreendido mais uma vez por um beijo que Kikyou lhe dava com força. Os lábios se tocaram com inexperiência, mas ela logo se desvencilhou. — O que está... O que está fazendo?!

— Perdoe-me, eu... Não deveria... — balbuciou a jovem, terrivelmente envergonhada. — Não deveria ter feito isso...

— Acalme-se primeiro, Kikyou. Não estou bravo.

Ele arregalou os olhos ao vê-la pegando de leve em sua mão. A Joia estava ali com ela, brilhando pura, contudo o hanyou já não se sentia mais incomodado — a bem da verdade, o brilho puro da Joia o fazia, pela primeira vez, se sentir à vontade e confortado espiritualmente. Olhou para Kikyou, que baixou a cabeça, e falou-lhe com ternura:

— Minha querida... Adoraria poder ouvi-la dizendo que não se arrependeu por este pequeno e agradável surto.

— N-não me arrependi, mas... Ora... — resmungou ela, afogada na própria timidez. — Isso não se faz, Naraku... Eu sou... Mulher...

— Oh, isso...? — replicou ele, sorrindo. — Quer que eu tome a iniciativa, então...?

Ela permaneceu quieta, corada e pensativa.

— Você estava morto... Eu o purifiquei. Por que voltou?

— Morto, eu? — repetiu ele, intrigado. — Estranho... Não senti nada...

— Onde estão seus tentáculos?

Naraku ficou quieto por alguns instantes e, coçando o pescoço, afirmou:

— Não consigo criá-los. Isso quer dizer que... — seus olhos, agora castanhos, ficaram muito abertos. — Kikyou, você me fez tornar a ser humano. Humano! Eu, Naraku, humano novamente!

Tomou a mão livre dela entre as suas.

— Enfim, não é isso que me importa agora — afirmou ele, encarando a emudecida sacerdotisa. — Você não me disse se irá me perdoar um dia por meus pecados, jovem miko.

Alguns instantes se passaram até que a sacerdotisa quebrasse o silêncio.

— Acho que também fui purificada — admitiu ela, com a cabeça ligeiramente inclinada para o lado, aventurando-se a fitar o hanyou irrequieto. — Já quis reaver meu ressentimento por você, mas... Não consigo, Naraku. Como também... — suspirou desalentada. — Não consigo ir embora de sua presença.

O coração do hanyou batia fortemente em seu peito e todo ele parecia vibrar quando aproximou o rosto do dela mais uma vez e a via não se esquivar dele. Afagou o queixo da moça, que também parecia estar sob forte expectativa. A voz masculina meio cavernosa fê-la sentir borboletas revoltas no estômago.

— Entendo você, Kikyou. Afinal... Nem eu saberia dizer se estou realmente puro ou não, todavia... — aproximou-se mais um pouco, permitindo encostar a ponta do nariz ao dela. — Não há ressentimento algum em minha alma também.

Naraku foi surpreendido pelas mãos de Kikyou pegando com gentileza em seu rosto, enquanto ela deslizava a ponta do nariz sobre o seu. Apesar de rubra, ela não pôde segurar uma risadinha ao vê-lo corar também. Riram juntos da pequena brincadeira.

— Você é muito bonito — disparou a jovem. — E... Seus lábios são macios...

O hanyou a envolveu em um abraço, inspirando-a a vir e se sentar sobre suas pernas mais uma vez.

— Kikyou... Você é mais do que meramente linda. É uma verdadeira musa, e... — deu-lhe um selinho. — Diabos, custo a acreditar nisso... Você comigo, aqui...! — a moça lhe deu outro selinho de volta e, timidamente, ergueu a mão e tocou-lhe enlevada os cabelos fartos. Naraku não resistiu e beijou-a mais uma vez, cheio de cuidados, já que não queria causar má impressão à sua querida.

Logo a troca de afagos delicados foi se intensificando e se tornando um beijo ardoroso e voraz, onde ambos se apartavam somente para tomar fôlego. Aproveitando a boca entreaberta da moça, o hanyou se arriscou em escorregar a ponta da língua para dentro dela. Sentiu-se incendiar por dentro ao vê-la correspondendo àquele toque mais íntimo. Kikyou respirava sôfrega, enfeitiçada por aqueles beijos. Algo se revolucionava em seu corpo e, para ela, o hanyou parecia no momento indispensável para a própria sobrevivência. Fogo se espalhava por suas veias e ela sentia que iria sucumbir ao descompasso do próprio coração.

Naraku parou para encará-la de novo, ofegante.

— Kikyou... Você não deve ter se esquecido de que, no passado, eu tinha diversos pensamentos bem indecorosos a seu respeito.

— E... E agora? — fez a sacerdotisa, no mesmo tom sigiloso.

— Os tenho ainda mais violentos — respondeu ele, sério, enquanto a jovem arregalava os olhos, chocada. — Contudo, não pretendo conspurcar sua pureza. Você merece ser honrada por mim.

— Você me surpreende tanto, Naraku — murmurou a sacerdotisa, tocada. Ele sorriu.

— Que bom, minha querida. Não sabe o quanto esperei por este momento...

Ela ajeitou uma das pernas, que estava um pouco torta, e sentiu algo rígido a tocar-lhe a lateral do quadril, ao mesmo tempo que via os olhos do hanyou se arregalarem e ele parecer constrangido.

— O que foi, Naraku? Há algo errado?

— Não, não — apressou-se ele a responder, apesar de Kikyou vislumbrar naquele rosto um gritante ‘sim’. — Estou bem.

— Se você diz... — volveu Kikyou, se remexendo mais uma vez, tentando evitar aquela dureza para ela desconhecida. Naraku acabou por gemer, baixinho, levando-a a olhar para ele, atônita.

— Mas o que é que você tem?

— Oh, Kikyou... Gostaria de não falar sobre isso — respondeu ele, olhando para o lado.

— Fale, por favor. Preciso saber... — afirmou a moça, enquanto ele sorria ainda sem encará-la.

— Adoro vê-la se importando comigo.

— Bem... S-sim, eu me importo com você — disse ela, corada. — Meu peso sobre suas pernas não o incomoda? Tentei me posicionar melhor, só que há algo duro aqui e...

— Kikyou, por favor — interrompeu-a Naraku, encabulado. — Não creio que você vá querer saber do que se trata. Escute... Há certas coisas sobre as quais você não entende e eu não sou, nem de longe, a pessoa mais indicada para lhe contar.

A mão de Kikyou tocou-lhe o rosto, enquanto ela o encarava, encafifada. Ele não a olhava nos olhos.

— Se quer que eu confie em você, por que não confia em mim e me diz o motivo do seu incômodo?

— Estamos tão próximos... Não conseguirei dizer uma palavra sequer sobre isso sem ter a impressão de que a estou desrespeitando.

— Não acho que irá me desrespeitar, Naraku...

— Significa que você se esqueceu de quem sou — afirmou ele, encarando-a e Kikyou se sentiu estranha ao ouvir sua voz enrouquecida e ver aqueles olhos castanhos inundados de desejo por ela. — Sou homem, sou Onigumo, minha querida; um homem que hoje tem um amor profundo e puro por você... Mas que ainda tem desejos, muitos desejos, por este seu corpo. Quer mesmo que eu me sinta livre para dizer o que bem entender? Isso é loucura.

A sacerdotisa ficou sem palavras e aturdida, pois agora seu corpo parecia querer ainda mais aproximar-se do de Naraku, que continuava a olhá-la de forma inequívoca.

— Não quero tirar sua pureza, Kikyou. Agora, que tal nos afastarmos?

— Não! — exclamou ela, abraçando-o. A cabeça do hanyou agora estava perigosamente próxima ao busto da moça, e ele fechou os olhos com força. — Não... Não quero me afastar de você.

— Definitivamente, você não sabe o perigo que corre ao ficar tão próxima a mim dessa maneira.

— Perigo? Ora... Você já tentou tirar minha vida tantas vezes e eu nunca o temi... Agora que está purificado, não devo temê-lo.

— Maldição... — resmungou ele, sentindo-se cada vez mais inebriado pelo corpo da jovem. — Acha que não deve mesmo temer a mim, Kikyou? Sentada sobre meu colo, me abraçando e me beijando dessa forma, acredita mesmo que está a salvo do meu desejo?

— Desejo...?

— Sim, do meu desejo, minha querida — respondeu ele em voz baixa, sentindo que não conseguiria se deter mais, enquanto seu polegar desenhava círculos pela pele alva do pescoço da sacerdotisa rubra. — Você tem uns quadris bem atraentes, já lhe disseram...? Faz ideia do que me acontece quando você vem com esses quadris e se senta praticamente em cima de “algo duro” que se trata do meu mastro? — a moça ficou boquiaberta ao olhar imediatamente para baixo e ver o volume do membro dilatado do hanyou sob a roupa. — Não a julgo por não saber dessas coisas, já que o mundano aqui sou eu, contudo... Entende agora por que eu não queria falar sobre isso?!

Kikyou ficou calada por longos minutos, enquanto Naraku respirava profundamente, temeroso pela reprimenda que viria. Sentia que passara dos limites com ela.

— Então você... Me deseja como mulher — murmurou a sacerdotisa, depois de um tempo, ao que Naraku assentiu com um gesto de cabeça, resmungando um ‘desde sempre’. Surpreso ficou, porém, ao ver que ela o abraçava de novo, devagar e sutilmente.

— Kikyou, não. Por favor, a sua pureza...

— Acho que não será afetada caso eu admita que agora... — ela olhou para o outro lado, sem jeito. — Que gostei... Gostei de saber disso...

— Minha querida, entenda... Não quero que as coisas se compliquem entre nós...

— Se compliquem? Não creio que isso se torne uma complicação. Afinal, agora você confia em mim a ponto de me contar seu segredo...

Ela se inclinou para beijá-lo, mas ele a impediu.

— Kikyou... — sussurrou o hanyou. — Se continuar tentando me beijar, vou entender que está me desejando também...

— N-não sei se é desejo... — gaguejou. — Mas, Naraku, eu... Sinto como se p-precisasse continuar beijando-o para me manter viva...

Ao ouvir aquilo, ele estremeceu de exultação e a beijou com furor, assustando-a um pouco.

— Eu amo você, Kikyou... — murmurou Naraku, depois de erguer ligeiramente o próprio quadril no afã de aumentar o contato de sua ereção com o corpo da moça, que suspirou. — Nós dois, assim... Isso não vai dar certo. Você é... Uma mulher muito, muito atraente.

— Ahh...

Os lábios do hanyou se puseram a provar a textura da pele das bochechas e do pescoço de Kikyou, enquanto ele se arriscava a puxar, de leve, a gola da túnica branca sacerdotal para o lado, querendo expor o colo da jovem.

— O que está fazendo? — perguntou ela, fazendo-o parar instantaneamente, receoso.

— Oh, minha querida, me perdoe. Eu a avisei de que isso não iria dar cert-

— Pare, por favor, Naraku... — cortou-o Kikyou, categórica. Naraku a olhou surpreso. — Eu quero estar aqui. Eu quero estar com você... Eu... Gosto. Sinto-me benquista, querida... Confortável ao seu lado, sentindo seu carinho.

— Ei... Sei que gosta, porém...

— Sem ‘porém’. Não fique se culpando pelo passado, Naraku — afirmou ela, afagando seus cabelos. — Por que não perdoa a si mesmo?

— Isso é impossível...

— Não, não é. Veja... — abriu a mão que segurava a Joia de Quatro Almas. — Ela continua pura... Caso você queira me fazer algum mal, saberei, Até o momento, contudo, não sinto o mínimo de energia maligna vindo de você...

— Não pretendo fazer-lhe mal algum, minha doce miko.

— Sei disso — sorriu ela, recebendo o sorriso perfeito do hanyou de volta. — Sinto isso, meu caro.

— Todavia... O que eu mais almejo nesta hora é poder possui-la. Sabe o que eu pretendia ao puxar suas vestes?

— ...

— Me fartar de beijar os bicos de seus seios. Eu os percebo bem durinhos debaixo dessa maldita túnica, me atiçando, e eu adoraria lamber os dois até fazer você enlouquecer de tesão. Meu corpo grita para fazer isso, minha querida, mas ao mesmo tempo sinto que é falta de decoro tocar você desse j-

Naraku arregalou os olhos ao ver que a moça, cujo rubor tinha chegado também ao pescoço, abrira a túnica sem cerimônia diante de si, expondo as mamas que eram maiores do que ele imaginava. O hanyou sentiu o próprio falo doer de excitação dentro da roupa.

— Kikyou... V-você está certa disso...? Se expondo assim para mim, posso perder a cabeça e cometer um desatino...

— S-sua energia continua pura — tartamudeou ela, um pouco ofegante. — Não v-vejo motivos para não... Não confiar você para... Err... Para tocar meu corpo como disse que gostaria...

A língua do hanyou a tocando no vale entre as mamas a surpreendeu, fazendo com que seu coração falhasse uma batida. Baixar a cabeça e ver o rosto de Naraku tão próximo a elas levou Kikyou a sufocar um gemido — que, obviamente, pôde ser ouvido e apreciado pelo homem já muito excitado sob si.

— A mais absoluta perfeição em forma de mulher... — comentou ele, sugando um dos mamilos da sacerdotisa e afagando o outro entre os dedos; ela gemeu mais alto. — Doeu, meu anjo?

— N-não, pelo contrário... Foi como t-ter um arrepio bom...

Ele riu com vontade daquela colocação de Kikyou, tão pueril. Era fascinante, para Naraku, ver o quanto a jovem conhecia tão pouco sobre os prazeres da carne, e tal fato só aumentou sua cobiça sexual por ela. Pegou nos dois seios e, sem parar de acariciá-los, voltou a beijar os lábios da moça, parando apenas para pedir a ela que mudasse de posição, convidando-a a se sentar de frente para ele e envolver sua cintura com as pernas.

Kikyou não soube disfarçar que se espantara um pouco ao sentir a dureza do pênis do hanyou tão próxima à sua intimidade e Naraku acabou rindo de novo da fisionomia confusa da jovem. Contudo, não deu tempo a ela de questionar sua hilaridade e, procurando não pressionar demais os seios nus, juntou-os em suas mãos, sugando-os quase que simultaneamente. A moça, excitada e com os olhos brilhantes e lânguidos, começou a se mover contra o corpo de Naraku, instigada pelas carícias e gemidos dele, que a olhava voluptuoso. Voltaram a se beijar; em pouco tempo, a sacerdotisa sentiu pontadas urgentes na genitália e, em seguida, uma nova e desconhecida sensação física de gozo e deleite, onde ela não se conteve e emitiu um alto gemido, abraçando o pescoço do hanyou contra o busto.

O prazer de Kikyou levou Naraku às alturas de satisfação, já que ele não se imaginava sendo capaz de proporcionar aquilo para ela. Todavia, nem tudo era felicidade, já que ele temeu ter corrompido a jovem trêmula.

— Ohh, deuses... — arfou a moça. — O que... O que foi isso que...

— Eu lhe direi se... Se me disser antes como está a Joia — disse Naraku, com uma nota de preocupação na voz.

— O q-que tem a Joia...?

— Ainda está pura?!

— Claro que está, olhe — respondeu Kikyou, abrindo a mão e lhe mostrando o objeto brilhante.

A sacerdotisa ainda estava um pouco cismada com tudo aquilo, principalmente com o fato de Naraku ter, aparentemente, perdido o youki maligno e a Joia se conservar pura em seu poder. Observava a pequena esfera reluzente quando notou o hanyou a afastando de sobre seu colo. Erguendo-se para dar o espaço que Naraku requeria, Kikyou observou espantada e rubra que ele, de pé, estava se despindo do quimono e o deixando cair sobre as pedras. Seu corpo magro e mesomorfo parecia vibrante de desejo e expectativa e a sacerdotisa notou, pela expressão lasciva no rosto de Naraku, que este estava adorando ser visto sem roupas. Exibicionista como sempre, pensou ela.

O hanyou voltou a se sentar diante de Kikyou, sem a mínima preocupação em ocultar o membro ereto e avantajado das vistas dela, que parecia no momento um tanto intimidada pela nudez masculina.

— Minha querida Kikyou... — disse ele, saboreando as palavras — Você parece querer me dizer algo.

Ela conhecia Naraku o suficiente para saber o que este desejava ouvir e, mesmo envergonhada, não deixou de sorrir para o hanyou:

— Você é um homem fascinante e lindo... — sussurrou ela.

— Eu sei disso.

— Convencido também!

— Nem tanto, sou apenas realista em relação à beleza do meu corpo — replicou ele, zombeteiro, e ambos acabaram por rir. — Mas... Agora é a sua vez, minha doce menina-mulher... — Kikyou congelou. — Não é preciso ter vergonha, querida. Se eu sou fascinante, você é uma verdadeira beldade...

Um tanto insegura, Kikyou despiu sua túnica e sua calça, procurando não olhar para o parceiro. Antes, porém, que tornasse a se sentar, Naraku se ergueu ligeiro e a abraçou, beijando-a e tocando-lhe as costas e as nádegas redondas com vontade, posicionando a ereção entre as pernas da jovem. As línguas se acarinhavam cheias de paixão e o casal se via cada vez mais perdido nos encantos um do outro. Kikyou tinha um corpo menor e mais delgado que o hanyou, o que possibilitava a ele envolvê-la em abraços possessivos, porém dóceis.

Além de excitada, a sacerdotisa se sentiu embriagada de ternura.

— Kikyou... — sibilou ele.

— Diga, Naraku.

— Como não possuo mais um castelo, não tenho como oferecer a você um lugar mais confortável para que se deite... Se importa de se acomodar comigo sobre minhas roupas? — perguntou o hanyou, enquanto beijava o pescoço alvo da moça.

— É claro que não me importo, meu querido.

Ao ouvir o ‘meu querido’, Naraku olhou sério para ela, que apressou-se em se justificar:

— Não me olhe assim, eu só queria ser carinhosa com você...

— É que eu quero muito ser ‘seu querido’ de verdade... — o olhar de Kikyou se entristeceu. — Não fique triste, não estou cobrando sentimentos seus, nem quero constrangê-la. Hoje, só quero amar você, Kikyou.

Sentaram-se mais uma vez, um ao lado do outro, mergulhados nos olhares de entrega e bem-querer. Kikyou puxou o rosto de Naraku até o seu e encostou a testa à dele, fechando os olhos, respirando profundamente.

— No fim das contas, somos dois solitários e carentes, Naraku.

Éramos dois solitários e carentes, minha musa. Temos um ao outro agora... Ou acha que vai simplesmente se refestelar de prazer com meu belo corpo e me deixar, hum, Kikyou? — replicou ele, fazendo-a rir pela presunção, mas não sem ponderar naquele implícito desejo de compromisso entre eles.

— Ora... Não seria eu a dizer isso, meu caro? — rebateu a sacerdotisa, ainda sorrindo e agora tendo o rosto beijado repetidas vezes pelo hanyou.

— Não, não mesmo. Afinal, sou eu quem amo sozinho aqui — objetou Naraku, mas já se arrependendo em seguida quando viu que consternara de novo a moça. — Maldita língua a minha... Por favor, Kikyou, perdoe-me... Estou tão inconveniente.

— Ei, está tudo bem. Tudo bem — disse Kikyou, apaziguadora. — Tanto eu quanto você temos corações feridos demais, não acha...?

— Você tem toda a razão, minha flor.

— Ah... Sobre termos um ao outro... — comentou ela, insegura. — Aceitaria a companhia de uma mulher comum, cujo coração está ainda muito frágil para amar de novo?

Naraku, que a abraçava, soltou-a de supetão, estupefato.

— V-você está dizendo que quer viver comigo?!

— Nem sei explicar o que se passa dentro do meu coração — afirmou ela, já com os olhos cheios de lágrimas. — Mas... Naraku... Aqui dentro desta gruta fria, durante estas horas que estamos aqui juntos, eu... Sinto que vivi as horas mais felizes, mais gratificantes de toda a minha amarga vida... No passado, você me destruiu, mas agora... Sinto que você está me refazendo...

O cérebro de Naraku pareceu ficar em branco por breves segundos, tentando entender aquelas palavras inesperadas da sacerdotisa que chorava em silêncio, mais uma vez.

Kikyou dizia que não poderia amá-lo, mas afirmara peremptoriamente que desejava viver ao lado dele.

Então, ele, Naraku, recebia a incrível oportunidade de ter a mulher amada consigo. Se ele se esforçasse em agradá-la e ajudá-la a superar as próprias mazelas sentimentais, ela poderia vir a amá-lo no futuro, que talvez nem fosse tão distante assim, e...

Kikyou, vendo-o inerte e desligado, voltou a beijá-lo com desejo, enquanto se empurrava contra seu sexo. Num segundo, o hanyou a agarrou e a colocou deitada sobre seu quimono, deitando-se sobre ela e a beijando quase que furioso de amores. Agradeceria mais tarde aos deuses, se é que eles existiam, por aquela dádiva recebida tão imerecida.

Bem, ele conhecera uma deusa, a perversa Shiva, que decidira tê-lo como escravo. Sentiu asco com a má lembrança e prosseguiu em preparar a sacerdotisa para recebê-lo, buscando acariciar cada zona erógena do corpo virgem.

Naraku resolveu bolinar o clitóris da moça, que já arfava desvairada de volúpia, e constatou alegre o quanto ela o queria, dada a intensa lubrificação presente em sua vulva.

— Kikyou... Deliciosa Kikyou... — murmurou o hanyou, exibindo os dedos molhados de muco para a jovem e lambendo-os em seguida, provocando-a e levando-a a se remexer de ansiedade por mais prazer.

— N-Naraku...! Me sinto tão... Tão lasciva, tão... quente! — exclamou a sacerdotisa, olhando agoniada para ele que, sem aviso, deslizou pelo seu corpo abaixo e sugou o pequeno órgão de tecido erétil da jovem, que, pega de surpresa, puxou os cabelos e gritou o nome do hanyou. Dedicou ele alguns minutos a excitar Kikyou daquela maneira, até perceber que ela já não se continha mais e requebrava o quadril, ansiando por aumentar o contato da língua de Naraku com sua genitália sôfrega.

— Ahnn... N-Naraku, seu... Você é louco...

— Como não ser louco ao devorar o néctar que escorre entre essas coxas...? — respondeu ele, matreiro, deslizando a língua do períneo até o prepúcio do clitóris da jovem de uma vez. O prazer de Kikyou foi tamanho a ponto de fazê-la ter um orgasmo no mesmo momento. Aproveitando a deixa, o hanyou agilmente se posicionou sobre ela e introduziu a glande no canal estreito, fazendo-a pular. Viu que doera na moça e recriminou-se por ser tão afobado.

— Perdoe-me, meu amor. Dói muito? Não entrei totalmente em você ainda...

— Uhh... Dói, mas eu acho que aguento, querido... — gemeu ela, suada e ofegante pelo ápice de instantes atrás. — Só não sei é se... Se isso tudo vai caber dentro de mim — completou, vermelha.

— Oh, mas você quer, não quer? — inquiriu ele, se remexendo devagar, provocante.

— Q-Quero...

— Quer todo o meu mastro enfiado dentro de você, não quer?

— Ah... Quero, eu quero... — gemeu ela. O hanyou se abaixou um pouco mais, de forma que seus lábios alcançavam o lóbulo da orelha da sacerdotisa. Moveu-se sem muita pressa, permitindo a Kikyou se acostumar com a invasão.

— Vamos, relaxe, minha doce princesa. Não faz ideia do quanto me regozijo em poder fazê-la mulher... Minha mulher...

— Quero que me beije... — ofegou ela. O hanyou não se fez de rogado, beijando-a de forma luxuriosa enquanto se arremetia contra o corpo menor. Sentiu Kikyou mordendo-lhe o lábio enquanto puxava seus cachos bagunçados e percebeu, enfim, o quanto seu amor por aquela mulher era avassalador e vivaz.

Mesmo com dores, Kikyou se pôs a se mover contra Naraku, atenta a cada uma das reações dele. Definitivamente, tudo nele era bom — a intensidade de seus olhares, o som de seus gemidos roucos, o gosto da língua dele na sua e até mesmo o incômodo provocado pelo falo grande a deflorando, bem como o atrito da pele suada contra a sua. Observou, extasiada, o rosto do seu ex-inimigo se contraindo e ele gemendo o nome dela com os dentes cerrados durante o ápice, enquanto a estocava com certo desespero, chegando mesmo a deixar lágrimas lhe escorrerem pela face.

O hanyou agora se deixava desabar sobre Kikyou por alguns instantes, exausto. Abraçado a ela, puxou-a para que ficassem lado a lado. Olhavam-se com ternura, ela acarinhando o rosto dele com devoção quase religiosa.

— Kikyou... Meu amor... Está bem?

— Estou sim, meu querido.

— Quer mesmo viver ao meu lado?

— Quero... — sorriu a sacerdotisa. — Algo me diz que é a decisão certa a tomar. Eu cuido de você, você cuida de mim...

— Eu a amo, você aprende a me amar... — murmurou ele, feliz, sentindo-se acalentado por ela.

Naraku sentiu uma incômoda dor de cabeça, mas a ignorou, enquanto tocava os cabelos da moça que, subitamente, ficou séria e se sentou, olhando para ele com absoluta estranheza.

— Está tudo bem, minha querida? — perguntou ele, intrigado.

— Naraku, desde quando você tem um jagan¹?

Jagan...? — repetiu ele, levando a mão à testa e se lembrando da maldita marca que a deusa da destruição lhe impusera. Então, sua dor de cabeça aumentou exponencialmente. Kikyou pareceu preocupada e tocou-lhe a mão. Aí, o inferno começou.

O que está acontecendo comigo?

Naraku começou a notar, apavorado, que estava perdendo o controle do corpo mais uma vez e que a mesma mão que dera afeto à mulher que amava era, agora, a mesma que lhe dava um forte bofetão, fazendo-a cair com estrépito no solo pedregoso.

Não, de novo não! Estou sendo possuído! Kikyou, me purifique! Socorro!

— O que pensa que está fazendo, Naraku?! — indagou ela, magoada e assustada com tal violência. Naraku abriu os lábios para dizer que não sabia, que estava odiando a si mesmo por tal atitude louca; porém o que saiu de sua boca foi um sonoro ‘f***-se, sua vagabunda’, seguido de uma gargalhada diabólica.

NÃO, isso NÃO está acontecendo! Ela está sangrando! NÃO!, pensava ele, enlouquecido.

Com o nariz ensanguentado, Kikyou o olhava com ódio e decepção profundos, enquanto ele atormentado, se ouvia falando que fora engraçado enganar uma vadia como ela usando um monte de falácias mentirosas.

— M-mas você disse que me amava! E tudo o que fizemos há pouco, não... Não representou nada para você?! — replicou Kikyou incrédula, enquanto o coração de Naraku se estilhaçava em mil pedaços por não conseguir reaver o controle do próprio corpo e da língua que, agora, insultava a sacerdotisa das piores ofensas, ao passo que seu pé chutava a lateral do corpo delicado, partindo-lhe as costelas. Ouviu o choro da sacerdotisa e quis morrer de desespero por aquilo.

Diabos! Eu não quero isso! Eu a amo MESMO, Kikyou, não quero feri-la! Mas estou sendo possuído! SOCORRO!

Ainda tentou pedir a ela que o purificasse novamente, todavia Naraku viu, horrorizado, que suas mãos agora tinham garras, como as de Inuyasha. Ao abrir a boca, a frase que ele jamais quis pronunciar:

— Kikyou, sua rameira suja... Sabia que a Joia de Quatro Almas fica mais forte a cada vez que é purificada...? — estendeu a mão e exibiu-a à jovem machucada no chão: a Joia estava absurdamente corrompida no momento e Kikyou simplesmente ficou sem fala. — Agora a Joia é minha novamente... — abaixou-se ao lado da sacerdotisa e agarrou-a pelos cabelos, rindo dos gritos de dor dela. — Vagabunda... Estas garras não te lembram nada? Oh, claro. Lembram o hanyou imundo que a matou anos atrás. Sente saudades delas rasgando seu pescoço, vadia?

— Naraku, p-por que está me machucando tanto? — soluçou a moça, chorando abertamente, olhando diretamente nos olhos do hanyou, cuja alma clamava por socorro. As mãos, entretanto, puxavam os cabelos de Kikyou com crueldade.

NÃO! NÃO, KIKYOU! EU NÃO QUERO FAZER ISSO! TENTE ME OUVIR!

— Vá para o inferno, sua p***.

As garras rasgaram a jugular da jovem, como há meio século atrás. Ela tombou aos pés dele, agonizante, lágrimas ainda lhe descendo pelo rosto. A alma de Naraku doía a ponto de ele desejar a morte para escapar daquele horror. Era possível ver ódio estampado nos olhos castanhos da mulher que ele amava.

O vislumbre daquele olhar dilacerou a mente e o espírito do hanyou, enquanto Kikyou sangrava a seus pés e ele era incapaz de fazer qualquer coisa para acudi-la. Como também era incapaz de notar que Shiva, a deusa que o manipulava, o havia colocado ajoelhado diante dela e, com seu terceiro olho aberto, projetava aquela cruel ilusão em sua mente, usando para isso o intenso amor que ele ainda nutria pela sacerdotisa morta. Ambos estavam num pântano deserto de uma floresta densa.

— É tão bom possuir e controlar os fracos, não é, hanyou? Esta não era a sua especialidade? — comentou Shiva, sarcástica.

Apesar da imponência de sua armadura, Naraku nunca parecera tão frágil. O hanyou chorava em franco desespero, com seus olhos arregalados e embotados fitando o nada, enquanto era psicologicamente torturado pela sádica divindade, que sorria.

— Quem dita o que você deve ou não fazer sou eu, hanyou desgraçado. Tentando resistir a mim de novo, hã? Que tal um pontapé na barriga dessa garota...?

— AAAAAH, NÃO! KIKYOU! NÃÃÃÃO!

Algo na visão de Naraku o fez berrar — seu corpo possesso estava chutando a frágil moça agonizante, num espetáculo de covardia.

— Vamos, tente procurar o Rei Yasha novamente, seu patético — comentou Shiva. — Faça isso de novo e farei com que mate a sua sacerdotisa por quantas vezes eu quiser.

— KIKYOU, NÃO! NÃO SOU EU! EU NÃO QUERO FAZER ISSO!

— Há algo que o faz ter força para se esquivar da minha possessão, mas ainda descobrirei o que é. Enquanto isso...

A deusa se pôs de pé.

— Vamos brincar com os humanos, hanyou?

Perturbado demais para discernir a realidade da ilusão, o trêmulo Naraku agora se colocava de pé também, com o terceiro olho totalmente aberto, indicando que não estava mais respondendo por si. Uma barreira fortíssima rodeava seu corpo e, agora, estava nas alturas com a deusa da destruição. Havia uma pequena plantação de milho bem abaixo de onde os dois estavam, com vários lavradores trabalhando.

— Vá, Naraku. Quero todos mortos.

Sem questionar, o hanyou possuído desceu a toda velocidade contra o grupo. Poucos perceberam sua aproximação; aos primeiros gritos de “Youkai! Youkai!”, Naraku criou duas esferas de sohma negro e as arremessou contra os lavradores.

Uma explosão ensurdecedora se fez ouvir no local e Naraku, flutuando no ar dentro de sua barreira, observava as dezessete pessoas mortas com a mente em branco. Shiva aparecia agora atrás dele, colocando as mãos sobre sua cabeça.

— Nada mal, hanyou. Mas não estou satisfeita. Quero que mate mais humanos dentro da região de Musashi até atrairmos Shura-Ō. Entendeu?

— Sim, Shiva-sama — respondeu Naraku, apático.

Sua alma, porém, chorava lágrimas de sangue.

 

ѼѼѼ

 

¹— Jagan: Um dos nomes para o terceiro olho, ou olho de Shiva. O de Naraku é idêntico ao de Hiei de Yu Yu Hakusho.

 

ѼѼѼ

 

 


Notas Finais


Música do capítulo, OST da Kikyou: https://www.youtube.com/watch?v=xmDlkdxoHCY

O terceiro olho de Naraku tem esta aparência aqui (a propósito, este é o Hiei de YuYu Hakusho, para que não o conhece. É um youkai anti-herói fantástico): http://yuyuhakusho.wikia.com/wiki/Jagan_Eye

Geeeente, Naraku está sofrendo MUITO (e eu acabo sofrendo junto, porque sou fãzona dele)! Será que ele imaginava que pagar pelos crimes cometidos em vida seria desse jeito? </3
Mas vejam só, o cabra é macho mesmo! Mesmo sem condições, ele se recusa a ser possuído pela deusa malégna! Shiva, sua deusa-travesti, eu te odeio!
E você, Naraku, seu lindo, se isto lhe servir de consolo, ainda vou colocar muito 'Beat It' pra você dançar com as crias em "Meu Paizinho Naraku"! Vamos ler minha fic de humor pro Naraku não ficar tão triste, galera?
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-inuyasha-meu-paizinho-naraku-3912460

Obrigada de coração a você que me acompanha, leitor(a) querido(a)! Sem previsões para a próxima atualização, porque tem festa do Dia das Mães para organizar na escola...
Até a próxima! <3

~Okaasan


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