1. Spirit Fanfics >
  2. Vulneráveis (hiatus) >
  3. Humanos

História Vulneráveis (hiatus) - Humanos


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal.

Finalmente, o capítulo 36, tão aguardado por vocês, chegou. #TodasSeAgita
Texto gigante!
- É DE MAIS DE OITO MIL! (Vegeta)

Agradeço de coração a #MoniOliv e a #KarinaSesshy pelo incentivo enooooooorme, já que eu estava morrendo de medo de publicar a primeira vez de Sesshoumaru e Rin. Se segure, leitor(a)! A narrativa é densa, tensa e cheia de reviravoltas.

A imagem do capítulo... Hahahaha! Só lhes digo que não me pertence e que o traço é de Shingo Araki! =P

ATENÇÃO: ESTE CAPÍTULO CONTÉM HENTAI.

Boa leitura!

Capítulo 36 - Humanos


Fanfic / Fanfiction Vulneráveis (hiatus) - Humanos

 

ѼѼѼ

 

Rin se surpreendeu com a súbita demonstração de desejo latente de seu noivo youkai. Contudo, nada a havia preparado para o que veio a seguir.

Sesshoumaru afastou-se dela de modo repentino, com a fisionomia de desejo se transformando em pura cólera; vestiu as calças da roupa de dormir e quase arrombou a porta ao sair, sem dar qualquer explicação. A jovem ficou sobremaneira preocupada, pois, antes ainda de deixar o cômodo, o proprietário daquelas terras tinha já a pele um tanto descorada e seus dentes estavam enormes. Trêmula, ela tratou de se vestir e ir correndo atrás dele. Ouviu a voz tonitruante do seu amado estremecendo os alicerces da moradia com um brado:

— NINGUÉM SAIA DAQUI ATÉ QUE SESSHOUMARU ANIQUILE O INTRUSO!

Rin acabou trombando com a velha Reina, que tremia também, nervosa. O bastão de duas cabeças emitia sons horrendos e dissonantes nas mãos de um amedrontado Jaken, que parecia pálido, sentado num canto da varanda. A jovem percebeu que os funcionários, todos, pareciam estar desorientados e frágeis demais. Um corpo tombou desmaiado: era a cozinheira Honami. Rin sufocou um grito de surpresa e pavor. O pequeno youkai verde dava mostras de fraqueza também; ela correu até ele, que estava mais próximo a si.

— Jaken-sama! Jaken-sama! Por favor, o que está acontecendo? — indagava ela, cada vez mais agoniada ao ver que Jaken mal conseguia manter seus olhos abertos. — Tente não desmaiar, por favor! Por favor!!!

— Rin... — murmurou ele, amolecido. — M-melhor ir se esconder. V-você é humana, por isso n-não sente... Alg-alguém está dentro d-da fazenda drenando nossa energia s-sinistra...

— Mas e Sesshoumaru-sama?! — gritou ela.

— Não o siga... E-ele foi... nos d-defend- — a cabecinha do youkai tombou.

— JAKEN-SAMA!! — clamou Rin, chorosa e apavorada, abraçando-o. — Por todos os deuses, o que eu faço?!

A jovem fechou os olhos com força, respirando fundo e tentando se controlar.

— Eu tenho que manter a calma e ver se posso salvar nossos amigos — soluçou. — Jaken-sama... Seu coração bate normalmente... Apenas desmaiou.

Deitou o youkai no chão com cuidado; respirou fundo e procurou parar de chorar. Foi até a velha Reina, depois conferiu o estado de Honami e do velho Tokumaru — todos desmaiados, mas aparentemente estáveis. Ao longe, ouviu um rosnado animalesco e, sem pensar em mais nada, correu para fora da casa grande, indo atrás de seu Sesshoumaru. Não atinou para o fato de ela mesma estar totalmente bem e sadia, sem o mínimo incômodo.

Rin correu a toda pela grama que conduzia à estrebaria; chegando lá, avistou o cocheiro Yuu caído perto da égua Luna, que, à semelhança dos outros cavalos, estava totalmente sossegada, nada percebendo das agitações ocorridas entre os moradores da fazenda. Após constatar que o cocheiro estava somente desmaiado como os outros youkais, a menina ia puxando Luna pela rédea para fora do estábulo, quando uma névoa estranha apareceu no local, atrapalhando sua visibilidade. Só conseguia discernir visualmente um raio de menos de dois metros à sua volta. Então, ouviu uma cordial voz masculina, que parecia soar de lugar nenhum:

— Rin! É um prazer conhecê-la pessoalmente. Peço perdão pelo transtorno...

Ela deu um gritinho assustado, mas procurou não se acovardar. A presença que criava a névoa não lhe inspirava medo; pelo contrário, sua energia mística lhe fez respirar com calma até que seu coração descompassado se acalmasse. Rin olhava para todos os lados, alerta:

— Quem está aí? Por que está nos atacando?

— Ora, minha jovem, não estamos atacando vocês. Viemos apenas ter uma conversa amistosa.

Amistosa? — repetiu ela, incrédula. — Amistosa de que jeito, sendo que vocês desmaiaram os nossos youkais?

— Oh, não. Isso é verdade? — indagou aquela voz, parecendo preocupada. — Por essa eu não esperava, minha prezada Rin. Lamento.

— Você está me enganando! — acusou ela, ainda sem saber para onde olhar.

— Sabe que não, minha querida jovem. Escute a voz do seu coração e sentirá que não sou um inimigo.

De fato, a presença desconhecida ali não trazia sequer uma sombra de pesar à alma de Rin. Ela se sentia confortável, apesar da ansiedade de não saber o que acontecera aos youkais e ao youkai branco, que sumira.

— Você é um youkai? É um bruxo? Onde você está? O que quer com Sesshoumaru-sama?

A pessoa pareceu pensar alguns instantes antes de responder:

— Sou apenas um amigo de um lugar bem distante. Como você é uma garota corajosa, acho que vou poder me mostrar. Quanto ao seu noivo, meu colega e eu queríamos apenas perguntar a ele algumas coisas, mas, ao que parece, nosso sohma sagrado não é compatível com a energia sinistra que ele naturalmente possui. Que demônio poderoso!

A estranha neblina se dispersou aos poucos, revelando a figura de um rapaz andrógino ruivo, com roupas justas bizarras aos olhos de uma boquiaberta Rin, com uma expressão divertida no rosto suado e segurando uma pena entre os dedos. Parecia meio cansado.

— M-mas você é um humano... — murmurou ela.

— Eu sou um servo de Vishnu, a deusa da harmonia, minha querida. Meu nome é Reiga, o Rei Karura, guardião das Forças Divinas de Deva.

— Deusa Vishnu? Não conheço... Por que está aqui?

— Vou ver como posso te explicar isso sem enrolações... — fez Reiga, olhando para cima de forma teatral; todo ele era um tanto cômico na postura e nos gestos e a jovem, mesmo tensa, por um momento teve vontade de rir. — Dois de nossos companheiros sumiram da nossa terra e vieram parar aqui em seu país. Estamos procurando por eles. É isso.

O tal Reiga inclinou-se um pouco para olhar para Rin mais de perto. Estendeu-lhe a pena; ela fez uma careta.

— Pode me fazer o favor de pegar esta pena de fênix, queridinha?

— Como assim, de fênix? Fênix não existem — rebateu a menina. — São apenas lendas.

— Nem tudo é como parece, Rin. Se você pegar nesta pena, vai me poupar um bocado de trabalho... Escute seu coração e veja se ele a induz a acreditar em mim.

A jovem olhou para o rapaz estranho, pensativa. Seu coração não lhe fazia temer o Rei Karura. Encarando-o, pegou a pena e a olhou por todos os lados. Suspirando desanimado, o rapaz comentou:

— Não estão com você.

— Hein?!

— Os nossos companheiros não estão com você. Foi para isso que lhe pedi para segurar a pena de fênix.

— Espera, espera, eu não estou entendendo nada. Como eles estariam comigo?!

— Eles são espirituais, querida. Imaginei que um deles poderiam ter sido selados dentro de sua alma. Bem, já vi que não estão. Agora devo ir acudir meu companheiro, que está tentando perguntar a mesma coisa ao seu noivo... E, pelo visto, não está tendo sucesso.

 

ѼѼѼ

 

Resfolegando, o youkai branco estava além do rio; seu corpo ainda molhado tremia e ele todo era a imagem viva da tensão. Andava a passos largos pelas ruas da plantação de milho destruída por sua espada, chegando a pisotear algumas plantas que fumegavam.

Mais do que irritado, Sesshoumaru se sentia absurdamente ameaçado.

Seus olhos vermelhos pareciam saltar das órbitas; a boca já não comportava seus caninos inumanos. Seu youki estava manifesto ao máximo na ocasião, circundando-o, ao passo que Bakusaiga, em sua mão esquerda, chegava a crepitar, emitindo fagulhas azuladas. Contudo, algo impedia sua total transformação, que lhe possibilitaria encontrar mais facilmente a presença estranha e fortíssima em suas terras.

Uma presença mística, que fazia todos os minúsculos pelos do corpanzil musculoso do youkai branco se arrepiarem. Alguém com poderes misteriosos estava escondido perto do pomar e sua mera permanência ali tentava purificar Sesshoumaru. Uma voz de homem soou serena aos ouvidos dele:

— Você é incrivelmente mais poderoso do que nós imaginávamos, Sesshoumaru. Parabéns.

— Apareça para morrer, covarde! — berrou o daiyoukai.

— Acalme-se primeiro, meu caro — respondeu a outra criatura desconhecida. — Sei que meu sohma sagrado não lhe faz muito bem, mas eu apenas gostaria que você me respond-

— BAKUSAIGA!

Uma rajada de youki varreu o campo, destruindo ainda mais as árvores do pomar. Sesshoumaru se esforçava ao máximo para tomar sua forma canídea, mas não conseguia — como também não encontrava a fonte da energia purificadora que estava ali, lhe toldando e enevoando as habilidades. O desconhecido suspirou.

— Apenas responda minhas perguntas, Sesshoumaru. Não estou aqui para lutar com você, nem quero que estrague seu pomar.

— Vou aniquilar sua vida, feiticeiro! — gritou ele, já flutuando no ar, deslocando-se em velocidade sobre-humana ao procurar o estranho oponente invisível.

— Devo reconhecer que você é muito perspicaz. Mal pousamos os pés aqui e você sentiu nossa presenç-

— BAKUSAIGA!

Várias árvores se desintegraram. O Rei Dappa reparou que Sesshoumaru, apesar de não o enxergar, não manuseava a espada a esmo; pelo contrário, a manejava com firmeza e intrepidez. É meio bruto, mas um excelente guerreiro, pensou ele, antes de afirmar:

— Não tenho tempo para isso, Sesshoumaru. Vou direto ao ponto...

— MORRA! — atacou o youkai mais uma vez, mirando em alvos aleatórios, tentando encontrar o dono daquela voz mansa.

— ... por acaso, você não tem percebido, em si, uma centelha cósmica que o conecta ao universo?

— SE OUSAR TENTAR ME PURIFICAR MAIS UMA VEZ, EU VOU EXPLODI-LO! NINGUÉM SE METE COM SESSHOUMARU, O DAIYOUKAI MAIS PODEROSO DAS TERRAS DE EDO!

— Seria você somente um demônio? Tem certeza de que, dentro de sua alma, não habita um deus?

— CHEGA DE SANDICES! APAREÇA, BRUXO!

— Não sou um bruxo, nem sou seu inimigo. Contudo, se continuar me atacando, vou precisar me defender. A propósito... — o youkai branco vislumbrou uma silhueta sentada perto de si, imóvel. — Meu nome é Kuuya, o Rei Dappa, e sou um servo da deusa Vishnu.

— BAKUSAIGA! — bradou Sesshoumaru, mirando diretamente contra Kuuya, cuja resposta foi apenas um “Ohm!”; o youki se dispersou sem que o atingisse. Isso enfureceu ainda mais o youkai, que percebeu a silhueta do outro se erguendo e dizendo para ele:

— Que rapaz intolerante... Não me ouviu dizendo que não queria lutar? Se você colaborar conosco, iremos embora e não te incomodaremos mais. Fique calmo, pelos deuses.

Sesshoumaru pôde enfim avistar o dono daquela intensa energia. Tinha a aparência de um humano forte, moreno e de grossas sobrancelhas, que conservava os olhos fechados o tempo inteiro e trajava uma armadura muito estranha, com uma roda grande de metal laminar com espinhos. Seu rosto era sério, mas parecia amigável. O youkai, todavia, não sentia a mínima empatia por aquele indivíduo que, além de possuir tamanha energia que poderia enfraquecê-lo até a morte, simplesmente entrou em sua propriedade sem permissão.

 

ѼѼѼ

 

A névoa se foi subitamente e Rin pôde escutar os quase ladridos de Sesshoumaru ao longe. Ia correndo para lá, quando Reiga a segurou gentilmente pelo braço:

— Calma lá, garotinha. Não seja imprudente. Sesshoumaru parece não estar feliz, nem disposto a conversar com o meu colega. A energia presente onde eles estão agora pode ser até tóxica para nós.

— Mas eu preciso vê-lo!

— E irá vê-lo... Só que não antes de irmos acudir seus amigos, desmaiados em casa. Pois, como deduzo, eles estão bem mais abatidos que o seu noivo.

A jovem olhou para ele com os olhos cheios de lágrimas novamente.

— Por que tudo isso?

Reiga pousou a mão sobre o ombro trêmulo de Rin, que o encarava aturdida.

— Isso, minha prezada — suspirou —, é uma missão delegada a nós, guardiões divinos de Vishnu. Em breve, você saberá com detalhes que um tenebroso inimigo está circulando pelo seu país, planejando destruir a vida humana em todo o planeta. Eu realmente sinto muito por causar transtornos a vocês bem na antevéspera de seu casamento — o queixo da moça caiu. — Sim, nós sabemos que vocês irão se casar. Mas, como eu dizia, isso é estritamente necessário...

Rin passou a mão no rosto, enxugando as lágrimas e respirando profundamente, tentando assimilar aquilo tudo.

— Reiga-sama?

— Sim, querida.

— Você vai mesmo acudir nossos amigos lá dentro?

— Sim, é claro. E devemos ser objetivos, querida, porque o meu sohma sagrado não faz bem a eles. Vou apenas ajudar você a acomodá-los melhor e lhe mostrar como deve cuidar deles quando Kuuya e eu formos embora.

A jovem olhou para os olhos castanhos do estranho guerreiro mais uma vez e intuiu que poderia acreditar naquelas palavras. Exclamou, antes de se virar e correr colina abaixo:

— Então, venha, Reiga-sama!

Entretanto, um estranho ruído para ela indecifrável se fez ouvir; Rin tomou um susto ao olhar para trás e ver que Reiga estava de pé sobre algo que lhe parecia um veículo voador. A mão estava estendida para ela.

— Para que você vai correndo se pode ir voando, Rin? Vem, suba! — convidou-a ele, sorrindo. A jovem aceitou a ajuda para subir no estranho objeto e ambos voaram, chegando em instantes à casa grande.

 

ѼѼѼ

 

— Quem lhe disse que este Sesshoumaru quer colaborar com quem quer que seja, bruxo? — rosnou o daiyoukai, a cada instante mais furioso por não conseguir estabilizar o próprio youki. Seus olhos haviam voltado ao normal.

— Sesshoumaru, entenda. Existe uma grande ameaça pairando sobre este mundo e nós acreditamos que você possa...

— BAKUSAIGA!

Kuuya mal teve tempo de saltar para evitar que fosse atingido em cheio pela rajada de energia sinistra de Bakusaiga. Contudo, ficou surpreso ao ver que, instantaneamente, Sesshoumaru já estava diante de si, nos ares, atacando de novo. Desferiu dezenas de golpes com a espada contra Kuuya, que se defendia como podia, até que conseguiu se desvencilhar do youkai e voltar para a superfície.

Muitos minutos se passaram enquanto Sesshoumaru tentava perfurar o shakti do guardião, que apenas se defendia com sua arma. Em dado momento, porém, a armadura principiava a ser envolvida por um reluzente sohma, que arrepiou o youkai já enfurecido.

— Infelizmente, meu caro, tenho uma missão a cumprir e não posso permitir que me impeça... Espero que compreenda que não quero o seu mal.

— Sumiu de novo, covarde? — esbravejou Sesshoumaru, já não conseguindo mais enxergar o oponente. Pior: o cheiro do guardião divino desaparecera como que por encanto e o som de sua voz parecia brotar de todos os lados, desorientando o youkai. Ouviu-o comentar descontraidamente:

— Você é um ótimo lutador. Sua habilidade com a espada e sua rapidez teriam vencido facilmente os imperadores de Shiva na última guerra santa. Eu gostaria mesmo de ter você do nosso lado.

— Pare de falar asneiras! Se pensa que não vou encontrá-lo...

Naumaku Sanmanda Bodanan...

— ... não importa a magia que use, não irá me matar! — gritou Sesshoumaru, empunhando a espada e se esforçando ao máximo para descobrir onde estava o outro. Ele disfarçava bem, mas estava já fatigado; e, estranhamente, seus reflexos estavam ficando lentos. O youkai branco estava um tanto apreensivo. Súbito, um cheiro de água inundou suas narinas, deixando-o ainda mais dúbio. Deveria ter cautela extrema ao lidar com aquele estranho humano, que no momento acabava de recitar as tais palavras desconhecidas:

— ... Gyanau Shibetchi Shibetchi Sowaka. Lamento, Sesshoumaru, mas você me obrigou a isso. E não, não é minha missão matar o sujeito que pode ser meu colega de armas...

— Como disse?!

Diante dos olhos incrédulos do youkai, diversos redemoinhos de água surgiram nas alturas, caindo simultaneamente sobre ele, derrubando-o, enquanto Kuuya exclamava do céu:

Dappa Suiraisen¹!

Foi impossível não gritar; as trombas d’água agrediram o corpo de Sesshoumaru violentamente e ele tinha já extrema dificuldade de evitá-las, soltando Bakusaiga sem querer. Contudo, se ergueu do chão, a duras penas, ao ver que Kuuya estava novamente visível, ali a alguns metros de distância. Enfrentando os redemoinhos líquidos, sendo por vezes atingido, o youkai usou sua velocidade para se aproximar do guerreiro que, naqueles segundos, havia baixado a guarda e se sobressaltou ao ver que Sesshoumaru estava agora diante de si.

— Vou matá-lo com minhas garras, verme insolente — anunciou o youkai, vitorioso, agarrando o pescoço do Rei Dappa. Ambos sentiram uma forte descarga de energia a lhe percorrer os corpos, abatendo-os, porém Sesshoumaru não soltou Kuuya, suas unhas afiadas já perfurando a pele deste, que, apesar de parecer sufocar, não tinha medo algum na face contraída.

— Assim v-você acabou por me a-ajudar, Se-Sesshoumaru — gaguejou o outro, concentrando-se mais uma vez. O sohma de Kuuya envolveu também o youkai, que não resistiu aos choques e gritou, ainda apertando o pescoço do guardião. Havia ainda muitas gotículas de água no ambiente, de forma que uma espécie de chuva caía sobre os dois combatentes. — R-receberá o sohma sagrado...

Contudo, Sesshoumaru ainda tinha energia para fazer mais força... A fisionomia de Kuuya demonstrava seu suplício: estava com claras dificuldades para respirar, enquanto erguia uma das mãos tentando pegar em seu rosto... Era só continuar pressionando e aquele bruxo estranho sucumbiria... Ele iria vencer, com certeza. Contudo, em meio ao som de águas que se chocavam, o youkai ouvira a voz que o desconcentrava e o fazia querer parar com tudo só para estar ao lado da dona daquele timbre levemente infantil. Era a jovem Rin que vinha da casa grande com o Rei Karura, depois de colocar os youkais deitados sobre futons nos vários quartos desocupados que lá havia.

— Sesshoumaru-sama! Pare, PARE!

Sesshoumaru parou de prestar atenção em Kuuya e olhou para cima; avistou sua Rin voando em uma espécie de animal de metal, tendo a seu lado um estranho homem ruivo.

Seu coração falhou uma batida — eles a capturaram!

— RIN! NÃO SE PREOCUPE, VOU RESGAT-

Om Handa Mei Shindamani Jinbara Un — sussurrou Kuuya, tocando a lua crescente na testa do youkai de leve. Foi o suficiente para que uma explosão de sohma ocorresse em meio aos brados desesperados de Sesshoumaru, que experimentava uma forte privação de sentidos, além da sensação desagradável de correntes energéticas caminhando por todo o seu corpo.

— SESSHOUMARU-SAMA! — gritava a jovem, das alturas, enquanto Reiga impulsionava seu veículo para longe daquela confusão de energias.

— É perigoso descermos lá agora, Rin. Assim que o sohma de Kuuya e o youki de seu noivo se estabilizarem, iremos ajudá-los. Mas eles ficarão bem, eu garanto.

— Não! Eu quero estar com ele!

— Se eu me aproximar dele, o resto de sua energia vital será drenada! É isso que deseja para ele?

O forte daiyoukai, enfim, tombava de joelhos e, em seguida, de rosto no chão, com olhos muito abertos, que já não enxergavam mais nada; não podia ouvir sequer o som da própria voz. Não havia mais cheiro, nem sua pele percebia mais o toque do vento. Tudo se apagou, menos sua mente.

Isto é a morte? Estou morto...?

Enquanto Sesshoumaru caíra estático de um lado, Kuuya tombava de outro, fraquíssimo. Havia usado quase todo o seu sohma para aquele ataque; entretanto, não serviu de grande coisa, já que ele não tinha condições de perscrutar a alma daquele grande youkai em transe no chão.

Reiga descia com Rin; esta, nervosa, saltou sobre a grama incinerada e se jogou sobre o noivo, desesperada. Abraçou-o, mas logo o soltou, deixando uma exclamação de total espanto escapar-lhe dos lábios.

A farta cabeleira prateada estava, aos poucos, mudando de cor; mais de um palmo dos compridos fios de Sesshoumaru tinham um tom loiro perolado. Os olhos desfocados eram de um azul claro como o céu daquela manhã; as marcas youkais desapareceram de sua face pálida, dando a ele um aspecto mais leve e juvenil. As orelhas, apesar de ainda pontudas, aparentavam estar cada vez menores e os caninos, visíveis entre os lábios abertos, eram agora humanos demais para a arcada dentária de um inuyoukai.

O coração de Rin acelerou vivamente — o seu Sesshoumaru lhe parecia extremamente humano no momento. Porém, não era essa a sua preocupação. O grande youkai não acordava.

— Sesshoumaru-sama, por favor... Acorde. É sua Rin que está aqui ao seu lado...

Dissociado da realidade, todavia, o youkai não a ouviu e não esboçou qualquer reação. A jovem acabou chorando de aflição.

— Ele vai ficar bem, jovem Rin — soou a voz cansada de Kuuya, a alguns metros de distância do casal. — Eu não consegui selá-lo totalmente, parece que ele conseguiu me nocautear...

— Por Vishnu, Kuuya-kun, ele quase te matou! — comentou seu companheiro ruivo, impressionado com os ferimentos no pescoço do outro. — Acho que sua força se igualaria à do Mestre Indra, quando ainda era nosso comandante.

A garota olhou para o guerreiro machucado com mágoa.

— Seu malvado! O que fez com ele?! — e, virando-se para Reiga, reclamou: — Em nenhum momento você disse que o propósito era ferir o meu Sesshoumaru-sama!

— Ele não está ferido, está apenas em transe. Já, já, ele recobra a consciência — arfou Kuuya, ofegante, enquanto era ajudado por Reiga a se sentar. — Eu só queria saber se ele não é um dos nossos guardiões, mas... E, agora que ele se transformou em humano, é mais fácil descobrir, mas eu já não conseguirei despertar o sohma...

— Ele não acorda... — soluçou ela. — E... E ele está tão diferente...

— Selei o espírito youkai temporariamente, jovem. Não queria ter chegado a este ponto, porém fui obrigado, já que ele tentou me matar. Mas não precisa ficar preocupada. Sesshoumaru é um grande demônio; creio que dentro de algumas horas ele voltará a ser o que era. E nós partiremos, o que já proporcionará a ele uma melhoria notável. Reiga...

— Diga, colega.

— Leve-os para casa no seu shakti, e procure não encostar em Sesshoumaru. Quanto menos ele permanecer perto de nós, melhor será para sua recuperação. E, Rin...

— O quê? — respondeu ela, abraçando a cabeça agora loiríssima do noivo, e olhando carrancuda para Kuuya que, no momento, materializava algo nas mãos. Uma flor-de-lótus pequenina e branca.

— Você vai precisar ser forte para ajudar Sesshoumaru em dados momentos, já que ele ficará fragilizado. Engula esta flor, tem um pouco do sohma da nossa deusa nela. Reiga agora irá ajudá-la a levar seu noivo para o lar de vocês.

— E você vai ficar aí? — indagou ela. — Sozinho e machucado? As garras de Sesshoumaru-sama têm veneno.

— Não se preocupe comigo. Em nosso mundo, serei curado. E, como você notou, um Hachibushu não morre tão facilmente.

A flor voou até as mãos de Rin, que olhava para aquilo cheia de dúvidas. Todavia, mais uma vez ela escutou a voz do próprio coração, que lhe dizia que Kuuya não era um inimigo e que todo aquele transtorno fora apenas um acidente. Enfiou a florzinha na boca e a engoliu, fazendo uma pequena careta.

— Vamos levá-lo, Rin. Não se preocupe, tudo vai voltar ao normal — afirmou o Rei Karura, aproximando-se do casal. — Vou tentar não ter muito contato com ele. Pode erguer-lhe as pernas, por favor? Vou levantá-lo por aqui — concluiu, passando os braços pelas axilas do inconsciente Sesshoumaru e o levantando do chão. Assim, ele e Rin conseguiram colocá-lo com cuidado sobre o veículo místico; em poucos instantes, os três rumavam para a casa grande. Kuuya, sentado, exclamou:

— Espero que me perdoe por tudo isto, minha jovem... E diga a Sesshoumaru que foi uma honra lutar com o demônio mais poderoso de todo o oriente.

A garota ainda olhou para trás uma última vez e viu um sorriso fraco no rosto de um bem debilitado Rei Dappa. Ainda estava boquiaberta ao ver que susteve metade do peso de seu amado com as próprias mãos.

 

ѼѼѼ

 

De acordo com Reiga, os youkais da fazenda levariam de nove a dez horas para voltarem a si. Sesshoumaru, todavia, levaria uma ou duas, já que sua força youkai não poderia ser suprimida facilmente.

Rin ocasionalmente ia aos quartos onde acomodaram Jaken, Reina, Honami, Tokumaru e Yuu; todos pareciam estar apenas adormecidos. Sesshoumaru, no entanto, a assustava com aqueles olhos azuis enormes, parados e de pupilas dilatadas. Sua calça estava bastante danificada e cheia de rasgões, deixando entrever parte das coxas bem torneadas. Rin sentia o rosto arder a cada vez que chegava perto da presença máscula do noivo deitado sobre seu futon. O corpo humano de Sesshoumaru era ligeiramente mais bronzeado, tinha temperatura um pouco maior e era tão atraente como antes; apresentava alguns pelos loiros espalhados pelos antebraços e pelas pernas, e também abaixo do umbigo. Havia, inclusive, algumas poucas sardas no rosto sem defeitos, deixando o youkai aparentar não mais do que 25 anos.

Antecipando seu despertar, Rin havia preparado um jarro com água e um samburá médio de cipó cheio de frutas, servindo-se ela própria de um bom bocado de goiabas e bananas, já que estava faminta.

A jovem, com a cabeça loira do noivo sobre o colo, mantinha os olhos sobre ele, ansiosa pelo seu acordar, que aconteceu uma hora e meia depois. Piscando diversas vezes, Sesshoumaru inspirou fundo e tentou se sentar, mas ficou entontecido e deitou-se de novo, fechando fortemente os olhos. Ele estranhou, pois nunca sentira aquilo antes.

— Sesshoumaru-sama...! Que bom! O senhor acordou! — murmurou ela, afagando o rosto sem marcas youkais do proprietário daquelas terras, que estava bem confuso.

— R-Rin? O que... Onde estão? Aqueles bruxos... — indagava ele, aflito. Rin tomou-lhe a mão entre as suas e a beijou.

— Esqueça, senhor. Foi só um susto, eles apenas queriam saber se o senhor...

Sesshoumaru parou de ouvir a explicação de Rin ao olhar para o próprio punho sem as marcas magentas. Olhou, afoito, as unhas e, por fim, as madeixas douradas. Arregalou desmesuradamente os olhos.

— O que significa isso?!

— Bem... — começou Rin, sem saber se prosseguia na explicação, já que seu noivo parecia muito abismado, olhando para o próprio corpo. Subitamente, ergueu o rosto desconfiado, atento.

— Bakusaiga, onde...?

— Ali, Sesshoumaru-sama... Eu vou buscar.

A jovem se levantou e foi até ao seu baú de roupas — havia colocado a espada do daiyoukai sobre ele. Trouxe-a a Sesshoumaru, que agarrou-a nervoso e não conteve um grito ao ver o seu reflexo naquela lâmina.

— O que aqueles bruxos fizeram?! — e, meio desorientado ainda, se pôs de pé, segurando Rin sem muito cuidado pelos ombros. — O QUE AQUELES BRUXOS FIZERAM?!

— Não são bruxos, Sesshoumaru-sama. São servos da deusa Vishnu. E aquele mais gordo, ele... Bem... Acabou selando o senhor para não ser morto.

Sesshoumaru começou a andar sem direção pelo quarto de Rin, com as mãos na cabeça, atordoado.

— Não, não, não, não... NÃO!

— Senhor, não fique andando assim, o senhor ainda está meio tonto... — pediu Rin, parada no mesmo lugar. Era estranha toda aquela situação insólita, contudo algo dentro de seu peito a fazia se sentir, de certa forma, quase alegre.

O seu Sesshoumaru era, mesmo que por breves instantes, igual a si — um humano. Não que ela não o amasse como o poderoso youkai que conhecera na infância; pelo contrário, o amor da jovem garota pelo demônio de quase 500 anos de idade era puro e inquestionável. Contudo, Rin se frustrava às vezes por ser, sempre, a frágil protegida do forte protetor e não simplesmente a Rin de Sesshoumaru.

Inconscientemente, a jovem se sentia muito mais segura de si ao ver seu youkai naquele estado inédito de... similitude.

Contudo, Rin foi arrancada de seus devaneios ao ouvir um barulho seco; o youkai havia se desequilibrado e caído sentado sobre o assoalho de madeira. Envergonhado daquele pequeno tombo, Sesshoumaru começou a socar o chão, olhando para um ponto qualquer do quarto, possesso de ódio e frustração. A dor que sentiu na mão lhe provou que não estava tendo um pesadelo.

Rin, solícita, se dirigiu até ele, se ajoelhando à sua frente. A fisionomia carregada do youkai não se suavizou. Afável como sempre, ela estendeu a mão para tocá-lo, porém fora repelida com um rápido movimento de braço. Rin ignorou o safanão, procurando ser compreensiva. Imaginava uma reação parecida com aquela.

— Sesshoumaru-sama... Pode me ouvir? Eu sei que está assustado, mas preciso que se acalme para que eu expl-

— Bruxos malditos do inferno! — rosnou ele, sem olhar para a jovem.

— Senhor, por favor... Me deixe explicar... Isso não é definitivo. Dentro de algumas horas, o senh-

— Vou caçá-los... — foi a resposta. Mais uma vez o youkai se pôs de pé, olhando para a mão que doía e ignorando Rin totalmente, que já estava se ressentindo daquilo.

— Sesshoumaru-sama... Não me ouviu?!

— O que é, Rin? O QUE É? NÃO ENTENDE A GRAVIDADE DA DESGRAÇA QUE ME SOBREVEIO?! — berrou ele, perdendo de vez o controle. Os olhos de Rin ficaram enormes. — COMO FICO EU NESSA CONDIÇÃO RIDÍCULA, VIL, PODRE... COMO ACHA QUE ME SINTO AGORA, SENDO QUE TUDO SAIU DO MEU DOMÍNIO?

— Não sei... Se sente... humano? — arriscou ela, levando o outro a praticamente uivar.

— DIABOS! — bradou o youkai, levando as mãos crispadas ao couro cabeludo, chegando a arrancar alguns dos belos fios dourados. — O QUE SERÁ DE MINHA REPUTAÇÃO E DE MEU NOME? O QUE SERÁ DE TODO O PRESTÍGIO QUE OBTIVE DURANTE TODOS ESSES ANOS ATRAVÉS DE MINHA FORÇA?

— Sua preocupação é essa? — indagou a jovem, com o coração dolorido. — Sua reputação?!

— QUEM TEMERIA A UM SESSHOUMARU HUMANO?!

— ...

— Perdi meus poderes. Perdi MEUS PODERES! — prosseguiu Sesshoumaru, já se exaltando mais uma vez. — SEM A FORÇA YOUKAI, O QUE SE TORNA ESTE SESSHOUMARU, SENÃO UM LIXO?

Uma lágrima desceu pelo rosto de Rin, que, no momento, trazia uma expressão dura.

— Está absolutamente certo... Sesshoumaru. — ao ouvir seu nome dito com tal desprezo e escárnio, o alquebrado youkai imediatamente olhou para a jovem. — Você não passa de um lixo.

As toneladas de sarcasmo na voz e no rosto bonito da noiva conseguiram o feito inédito de estremecer Sesshoumaru, que olhava boquiaberto para ela.

— O... O que disse?!

— Li-xo. Es-có-ria. Como você mesmo disse há pouco... Ridículo, podre, vil.

— Rin... — disse ele, em voz baixa, irritado e chocadíssimo. — Como ousa...

— Como ouso o que, falar a verdade? — rebateu Rin, com igual fúria. — Quer saber, Sesshoumaru? Eu não preciso aturar um sujeito que sequer consegue olhar para fora do próprio umbigo... Acontece um estranho ataque na fazenda, todos os nossos youkais perdem a consciência, eu fico desesperada aqui, preocupada com você e... Depois de tudo, a primeira coisa que o ouço dizer é “o que será da minha reputação?”... Francamente... Um indivíduo como você merece o meu desprezo.

A menina se ergueu rapidamente, sendo imitada por Sesshoumaru, pálido como a morte.

— Rin, retire o que disse — sibilou ele, entre os dentes, ultrajado. — Sempre a protegi de todos os...

— Não retiro! Seu grande egoísta! Não sou obrigada a ouvir bravatas de um tolo que não sabe aceitar solidariedade, que não se entrega para mim de fato, que... — o youkai tremia de indignação ao ouvir aquelas ofensas. — Então você crê que estou a seu lado mendigando sua proteção?! Eu me pergunto, será que toda vez que NÓS tivermos um problema, a sua reação vai ser a mesma? “Eu”, “eu” e mais “eu”?

— Este problema é inteiramente MEU e não lhe diz respeito! — objetou ele, furibundo.

— MENTIRA! — gritou Rin. — Esse problema passa, ou passaria, a ser NOSSO, se todo aquele seu palavrório de “eu pertenço a você” fosse verdadeiro!

Ela deu-lhe as costas, na intenção de sair do quarto. Sesshoumaru agarrou seu braço com brusquidão.

— Como se atreve a me aviltar e a me dar as costas, humana?

— Me atrevendo, HUMANO! — berrou a jovem, desvairada de ira ao se ouvir sendo chamada daquela maneira. — Vou embora! Já me virava para sobreviver antes de te conhecer, não vou morrer de fome.

— RIN, PARE COM ISSO!

— NÃO PARO! QUERO DISTÂNCIA DE VOCÊ, SEU EGOCÊNTRICO! ADORADOR DO PRÓPRIO UMBIGO!

— EXIJO RESPEITO! SÉCULOS ANTES DE VOCÊ NASCER, EU JÁ ERA UM DAIYOUKAI!

— ENFIE O SEU TÍTULO DE DAIYOUKAI NO... — os olhos do youkai se arregalaram.

— NÃO OUSE CONCLUIR O IMPROPÉRIO, RIN!

A jovem deu uma sacudidela com força, se desvencilhando com algum esforço do noivo.

— Concluirei, Sesshoumaru-sama. Enfie o seu título de daiyoukai no meio do c*!

O youkai avançou contra ela, furioso, agarrando-a pelos ombros.

— Você vai retirar cada injúria que disse, Rin!

— E quem me fará retirar? Você, seu merda arrogante? — ela começou a chorar. — Eu poderia simplesmente ter fugido quando os guardiões chegaram e deixado que eles o matassem. Eu poderia ter ignorado nossos amigos que estavam passando mal aqui dentro de casa, já que a energia daqueles guardiões não me afetava. Mas, não... A humana foi para o pomar arriscar a vida por causa de um daiyoukai ingrato... Um daiyoukai nefasto que disse uma vez pertencer a mim, mas que se recusa a dividir os problemas comigo, que não me vê como companheira...

— Rin...

— Eu me entreguei para ser sua por completo, seu rematado idiota... Meus sentimentos, minhas dificuldades e limitações... Minha alma e meu corpo... São seus... Por que se recusa a... Dividir sua angústia, ao menos por um instante?! — Rin passou a mão pelo próprio rosto, enxugando as lágrimas com raiva. — Quer saber? Você pode muito bem se virar sozinho, já que seus problemas não me dizem respeito.

Sesshoumaru, desarmado e sem saber o que dizer, soltou devagar os ombros de Rin, que se afastou mais uma vez. Ela foi até seu baú, pegou um yukata simples e saiu do cômodo.

Atordoado pela violenta altercação com a jovem que ele jamais imaginaria que fosse capaz de ter tais arrufos, o youkai permaneceu parado por meio minuto, antes de se dar conta de que Rin poderia mesmo ir embora da fazenda.

Tudo estava estranho demais naquela manhã maluca: ele fora atacado e transformado em humano e sua Rin enlouquecera, ofendendo-o e querendo deixá-lo.

Sem poderes, talvez eu consiga sobreviver, mas... E se Rin me abandonar?! Não há nada mais importante neste mundo do que ela...!

Ainda trajando apenas as calças rasgadas, ele correu atrás dela, que já estava com a mão prestes a abrir a porta do banheiro para trocar de roupa. Antecipou-se à ação da jovem de se esquivar e a agarrou por trás, comprimindo o corpo menor contra a parede. Sesshoumaru não conseguia ocultar sua confusão de emoções; sentia raiva, medo, vergonha, tudo de uma só vez.

— Vai pagar caro por esses ultrajes à minha pessoa. Ou melhor... Você vai me pagar até pelo que não fez!

— Não tenho medo de você! — revidou a jovem, sentindo dificuldade para se desvencilhar de Sesshoumaru, que continuava mais forte do que ela.

— Oh, não tem medo deste Sesshoumaru? — murmurou ele, próximo ao ouvido de Rin, que tremeu por dentro.

Furiosa e magoada como estava, a jovem estranhou a reação de seu corpo ao ser abraçada pelo agora humano, quente e suado Sesshoumaru, que agora experimentava um alívio enorme por estar junto de sua querida. Ela não fugiria dele. Não depois do que ele a faria sentir em seus braços.

Ao youkai, naquele instante crucial, só um pensamento ocorria: Posso ter perdido minha força youkai, mas ainda posso dar prazer à minha futura mulher. E é essa a atitude correta a ser tomada. Rin não vai se ausentar de mim, não vou permitir.

— Nunca tive e você sabe... Se quiser me matar, não vou fugir nem implorar p-por... — Rin vacilou ao ter o lóbulo da orelha lambido. — Por clemência...

O youkai esfregou a ereção contra as nádegas da jovem, que travou por completo com aquilo.

— Eu não sei mais quem sou, ou o que sou — sussurrou Sesshoumaru. — Contudo, não vou deixar a minha Rin me insultar. Muito menos me deixar para trás.

Num rápido movimento, a roupa de Rin caía rasgada; Sesshoumaru continuou a segurá-la firmemente por trás, beijando-lhe a nuca e alcançando-lhe os seios com as duas mãos grandes, acariciando simultaneamente os mamilos escuros. Sem pudor, seu quadril se ondulava de encontro ao da moça, que tremia de desejo.

— Me solte, Sesshoumaru — exclamou ela. — Não estou alegre –uhh!- com você, n-não pense que pode m-me dobrar... — um dedo do youkai se atrevera a ir até a vulva já bastante lubrificada. Rin se arrepiou por completo. — Ahn... Pare de m-me fazer... Querer você!

— Desde quando você passou a se considerar igual a mim, hein?

— M-me solte... — um calor irresistível se apossava do baixo ventre de Rin, que respirava fundo no momento. — Hmmmm...

— Você não é igual a mim, Rin... Nunca será.

O youkai agora humano tomou a jovem nos braços, não com a mesma facilidade de antes, mas com o mesmo desvelo e veneração. Voltou para o quarto de Rin, andando devagar, tentando se acostumar com a nova limitação física. A moça havia se entristecido devido à última colocação de Sesshoumaru, porém ficou surpresa quando, ao abrir a porta, ele murmurou:

— Você é mais nobre do que eu. Afinal, sou um egocêntrico, não sou? E, como todo egocêntrico, só me importo comigo mesmo.

Ele a colocou devagar perante si no chão, e, em seguida, enfiou a mão entre os cabelos da jovem, puxando-os com força controlada. O olhar confuso e ainda desafiador de Rin o deixava incandescente de desejo. Sesshoumaru deu um pequeno sorriso — o primeiro sorriso depois da transformação — e disse, imperioso:

— Olhe para baixo, Rin. Ele está louco por você... Duro como um aríete.

A jovem olhou: era possível ver perfeitamente o contorno da genitália ereta, que já havia começado a, inclusive, umedecer o tecido branco. Rin ficou bastante vermelha e arriscou olhar para o rosto vivamente ruborizado do noivo. Ela não saberia dizer, entretanto, se tal rubor era motivo apenas por pejo, por causa da lascívia explícita naqueles olhos faiscantes.

— O egocêntrico Sesshoumaru vai abusar de seu altruísmo.

E, baixando o rosto, Sesshoumaru beijou-a com ferocidade, sempre segurando-a pelos cabelos.

— O q-que quer dizer com isso...? — ofegou ela, apartando-se do beijo.

— Você é uma garota perspicaz. Não vou responder.

— Mas... — ia dizendo ela, ainda meio aborrecida, quando foi interrompida pelo youkai.

— Perspicaz e de língua ferina... — e introduziu a língua com lassidão entre os lábios da jovem, de forma quase intimidante, quase não dando a Rin a oportunidade de corresponder. A mão livre de Sesshoumaru agora lhe afagava o mamilo, enquanto ele retesava a língua e a estocava na boca bem desenhada. Ainda relutante, apesar de se sentir derreter de cobiça sexual pelo noivo, Rin conseguiu articular uma pergunta:

— O que deu em você? A gente e-estava brigando...

— Realmente. Você foi capaz de me ofender como ninguém antes havia feito. Estou muito irritado. Na verdade, estou alucinado de raiva, até agora, e inseguro... Ou melhor, já nem sei mais o que estou sentindo!

— ... — o queixo de Rin caiu.

— Contudo, não seria louco de encostar sequer a ponta do meu dedo em você para feri-la, e você sabe — suspirou ele. — Então, vou extravasar toda essa confusão de outra forma. Abaixe minhas calças.

A jovem ficou uns instantes boquiaberta e inerte. Forjou cara de brava.

— E se eu não quiser?

A resposta foi um impaciente movimento de Sesshoumaru que rasgou o que sobrava das calças, revelando enfim o pênis que expelia líquido pré-seminal em abundância e cujo tamanho comum o incomodava. Rin continuava de queixo caído.

— Pretende mesmo me desafiar, Rin? — indagou, provocante, o youkai. Não estava sendo muito fácil para ele expor sua nudez daquela maneira, porém nada mais lhe passava pela cabeça, senão seu peculiar modo de extravasar junto à jovem Rin.

A bem da verdade, nada estava sendo fácil para Sesshoumaru, que estava bem mais suscetível ao frio e ao calor; sua visão perdeu um pouco de acuidade, bem como seu olfato e audição, além do fato incômodo de se sentir infinitamente pequeno e medíocre sem sua força. O youkai estava sentindo o gosto amargo do medo; queria colo e conforto, mas não era de seu feitio admitir tal coisa. Então, iria fazer a única coisa que lhe poderia distraí-lo de sua nova condição.

— O que... O que vai fazer? — perguntou a jovem, sobrancelha erguida, observando desconfiada o órgão viril exposto. A resposta foi mais um beijo intenso; Sesshoumaru conduziu a noiva lentamente até o leito e fê-la se deitar sem dizer palavra, acomodando-se ao seu lado. Naquele instante, ela pareceu receosa.

O youkai reparou que Rin não estava se sentindo muito confortável e se atirou a ela, enchendo-a de lambidas luxuriosas pelo pescoço, mamilos e colo, jamais apartando seu olhar do dela, cheio de malícia. Procurou não pensar muito e se dedicar apenas a ouvir os pequenos gemidos e o som da respiração acelerada de sua bela humana, que se agarrava a seus cabelos.

Era tão linda... E demonstrava querê-lo tanto, mesmo que agora ele estivesse se sentindo muito feio.

Posicionou-se quase que sentado sobre o tórax de Rin, sendo cuidadoso o bastante para não colocar peso em cima dela. Inclinando-se para a frente, Sesshoumaru deslizou a glande já bastante lubrificada de um lado para o outro sobre os lábios rosados da jovem, que protestou.

— Eeeeeei! Que ideia é essa?!

— Calada.

— Mas... — o simples movimento de lábios dela o fez suspirar em êxtase.

— O pau deste egocêntrico Sesshoumaru precisa se sentir envolvido pela doçura da sua boca. Vamos... Você não faz ideia do quanto tenho esperado por isso, minha Rin. Você é tão nobre... Não vai me negar essa dádiva, vai?

Meio sem jeito, a jovem abriu de vez os lábios, dando espaço para que a extremidade do órgão dilatado do seu youkai se acomodasse em sua boca. Contudo, Rin não sabia o que fazer com aquilo; Sesshoumaru passou a encará-la intensamente, enquanto murmurava lascivo:

— Você queria isso, não queria? Sentir o sabor do meu pau? — pegou a cabeça de Rin e a ergueu suavemente do leito, incentivando-a a permitir seus curtos movimentos de vai-vem, de forma que somente a glande era colocada dentro da boca da moça. — Preste bem atenção... É assim que ele vai entrar e sair de dentro da sua apertadinha, Rin.

A jovem achou bem constrangedora a situação em que se encontrava, mas, ao olhar para o rosto do noivo, a expressão viva da satisfação, e ouvindo seus gemidos baixos e envolventes, contraiu ligeiramente a boca, com a pretensão de beijar o sexo do seu querido, que arfava de forma desamparada. Para Rin, aquele deleite que proporcionava a Sesshoumaru era contagiante a ponto de ela mesma sentir seu corpo se retesando. Subitamente, o peso se foi de cima de si — o youkai se levantava e se deitava ao seu lado, voltando a beijar o pequeno espaço entre seus seios e tocando-lhe o clitóris mais uma vez com a polpa do dedo médio. Ela inclinou a cabeça para trás, gemendo em meio às quase dolorosas palpitações de prazer de sua intimidade. A suavidade de seus gemidos intrigou o youkai.

Interpretando erroneamente a discrição de Rin como insatisfação, Sesshoumaru deu vazão a uma nova característica que não sabia ter — a impulsividade — e se pôs de joelhos entre as coxas da moça. Ela olhava para o membro latejante, um tanto ressabiada.

— Não poderei resistir a você por mais tempo. Este corpo humano é sensível demais — comentou ele, deslizando os dedos pela parte interna das coxas de Rin, que involuntariamente ergueu o quadril, almejando ser tocada intimamente de novo.

Então, o youkai rapidamente se deitou sobre a noiva, já impelindo a ponta do pênis contra o pequeno orifício úmido. O desconforto inicial fez Rin exclamar em desagrado. Ele, contudo, continuou empurrando, sem se controlar. Não obstante, a jovem não sentiu mais do que alguns segundos de ardor incômodo no interior da vagina. Então aquela era a dor do encontro especial?

Só aí Sesshoumaru se deu conta de que tinha sido imprudente e egocêntrico de verdade; seu rosto, agora bem expressivo, demonstrou sua consternação.

Ele nunca havia estado com uma virgem antes e se envergonhou de seu breve rompante de truculência, temendo tê-la ferido.

— Diabos... Rin, me perdoe, eu... Não tive o cuidado devido com a castidade do seu corpo e...

— É claro que não teve... Você é um egoísta...

Os olhos azuis pareceram mortificados com aquela acusação direta de Rin por um instante; porém, Sesshoumaru notou a expressão brejeira da jovem e se sentiu confiante para prosseguir em seu defloramento; possivelmente não tinha sido tão doloroso quanto ele imaginara. O youkai acabou relaxando e se mostrando mais excitado.

— Meu amor, quero que me prometa que vai me avisar caso eu a machuque.

— Eu prometo... — respondeu ela, sendo beijada com volúpia por Sesshoumaru, que recomeçou a se mover contra o corpo menor.

— Ótimo — resmungou ele, indo até os seios e sugando-os de todos os lados, arranhando levemente os mamilos com os dentes. — Vou ser bem egoísta.

Erguendo-se, Sesshoumaru tomou os quadris da noiva e os levantou devagar, segurando-a pelas pernas e colocando o polegar dentro de sua boca, umedecendo-o e o levando mais uma vez até o ponto nervoso na genitália da jovem. Massageando circularmente o pequeno órgão de Rin, o youkai a penetrava com força. O prazer era dilacerante nos sexos molhados do casal e a jovem, enfim, emitiu um gemido um pouco mais alto, seguido de um pedido que ensandeceu de vez ao já traspassado Sesshoumaru.

— Ohh... Meu Sesshoumaru... Isso é tão p-perfeito... Faça m-mais rápido...

— Aaaah... Seu pedido é uma ordem! — e voltou a segurar os quadris de Rin, estocando-a com expressão de total entrega no rosto corado.

A visão de seu noivo daquela maneira era torturantemente prazerosa para Rin: os cabelos loiros de Sesshoumaru, grudados à testa devido ao suor e espalhados sobre os ombros e braços, os lábios róseos abertos, os murmúrios incontidos e graves que pareciam ecoar de dentro de sua alma, bem como os atraentes músculos suados do abdômen do youkai e, logo abaixo, o pênis enrijecido que era enterrado em seu corpo a faziam delirar. O ardor vaginal estava quase sendo esquecido.

De repente, o membro do youkai alcançava algo dentro de Rin que a fez experimentar uma sensação fortíssima de prazer, como se fossem pequenos choques a lhe percorrer pelo corpo inteiro.

A jovem, entontecida de deleite, agarrou o tecido do futon com força e Sesshoumaru soube, pela respiração opressa e os olhos fechados com força, que Rin chegara ao ápice do prazer que ele lhe proporcionara. Era a primeira vez de sua noiva; contudo, ele não ouvira sequer um lamento, nem vira uma única lágrima de dor a escapar dos olhos castanhos.

Entretanto, os gemidos suaves continuaram e Sesshoumaru, que tinha parado de se mover, ficou um tanto confuso... Ela já não tinha...?

— Ahh... Sesshoumaru, está... Está acontecendo de novo... Ahhh! Mais, faça mais!

Os movimentos recomeçaram a todo vapor, bem como o prazer do youkai, que recrudescera. Jogou-se sobre Rin, estocando-a com vigor e sentindo que o pequeno canal estreito da jovem lhe estrangulava o pênis, como se o estivesse engolindo. Finalmente Sesshoumaru perdia o controle, exclamando enlouquecido:

— OH! RIN! Me devore! De novo! Eu sou todo seu...!

Unhas se cravaram fortemente sobre os músculos dos glúteos do youkai, que gozava pela primeira vez; Rin, contudo, experimentava o terceiro clímax ao sentir as vibrações da ejaculação do trêmulo Sesshoumaru. Ela agora chorava, impedindo que seu querido saísse de dentro de si.

— I-isso é tão bom... Tão bom! Você me... Me fez mulher...

— Acho que foi você que me fez homem... — murmurou ele, ainda conectado a Rin, ocultando o rosto em meio aos seus cabelos e deslizando para fora dela devagar.

— Como... Como assim, meu amor?

— Homens não dão chiliques como o que eu dei há meia hora atrás, não acha?

— É normal, somos human- — Rin se calou a tempo de ver o rosto de Sesshoumaru se contraindo de amargura. — Perdoe, eu não quis...

— Tudo bem, meu anjo. Não se preocupe com isso.

Ficaram em silêncio, deitados um ao lado do outro, imersos em pensamentos. Em dado momento, Sesshoumaru olhou para Rin, um tanto ansioso.

— Ainda quer ir embora? — indagou ele.

— N-não, não! Eu o amo, Sesshoumaru-sama...

— Apenas Sesshoumaru, doce Rin. Creio que algo entre nós mudou bastante, não?

— O quê?

— Somos dois humanos agora.

— E qual é o problema? — questionou Rin, tocando o rosto dele. O youkai franziu a testa, bem aborrecido.

— Você sabe, Rin. Sesshoumaru está destruído.

— Ora! Mas é claro que não é verdade... Sesshoumaru, pelos deuses, você não me ouviu explicar que sua condição não é definitiva e que aquele guardião fez isso apenas por que precisava saber se...

— Rin, não seja ingênua... — interrompeu-a Sesshoumaru com brandura. — Você mal começou a viver, minha querida. Não tem malícia alguma. Eu, Sesshoumaru, fiz muitos inimigos por todo este país ao longo destes meus 485 anos. Eles podem tomar a forma que quiserem e dizer o que quiserem.

— Mas...

— Não, Rin. Não tente me convencer. Minha vida acabou — suspirou o youkai, olhando para o teto. — Sou tão frágil que posso ser morto por qualquer um dos nossos empregados.

— Sesshoumaru, não é bem assim...

— É exatamente assim, Rin. Eu a entenderia se você decidisse me deixar. Mesmo que o tal feitiço do bruxo desgraçado seja temporário, ele foi capaz de me atingir. E poderá vir de novo, e de novo... Não consigo entender como aquele infeliz descobriu o meu maior medo...!

Rin sentiu o coração se apertando quando vislumbrou o seu querido baixar tristemente a cabeça, escondendo-a em seu ombro, e sussurrar:

— Tenho algo a lhe perguntar, meu bem.

— O quê?

— É normal para um humano não conseguir conter uma vontade irresistível de chorar?

Sem mais nada a dizer, o youkai mais uma vez afundou o rosto nos cabelos negros de Rin. Sensibilizada, a jovem levou uma das mãos à cabeça do noivo e a outra até a sua mão, que correspondeu ao afago.

— Creio que isso é muito normal não apenas para humanos, meu amor. Pode olhar para mim?

— Por favor, agora não... — disse ele, num fio de voz. — Você estava certa quando disse que eu era ridículo. De temido daiyoukai que era, tornei-me um reles cachorrinho indefeso.

— Você realmente estava ridículo naquela hora, mas não é ridículo, meu Sesshoumaru. E não há nada de cachorrinho indefeso em você, meu grande homem. Aconteça o que acontecer, estarei sempre ao seu lado. Mesmo que seja selado de vez e se torne um humano comum de verdade...

A cabeça loira se ergueu lentamente e Rin ficou surpresa ao ver que seu youkai era a imagem viva da insegurança e que seus olhos estavam irritados e marejados. Era muito estranha a sensação de estar vivendo uma inversão de papeis com Sesshoumaru, que nunca lhe parecera tão carente.

— Você está falando sério, Rin?

— Claro, meu amor. Sobre se tornar um cachorrinho indefeso, eu diria que você se enganou.

— P-por que, meu anjo?

— Você está mais para um cachorrão pervertido e safado — respondeu ela em voz baixa, corando em meio a um sorriso.

Então, Rin percebeu o quanto Sesshoumaru estava transtornado com tudo aquilo. Ele, a princípio, deu uma risada baixa, que foi ganhando força e logo se transformava em uma gargalhava estrondosa. Segundos depois, entretanto, a crise de hilaridade virou pranto convulso e o youkai a apertou entre os braços, se sentindo abatido. Aquilo foi demais para Rin, que resistira estoicamente a todos os revezes daquela estranha manhã, e ela acabou por abraçar de volta o seu querido, emocionada. Então, entre soluços, Sesshoumaru mais uma vez se colocou em cima do corpo da noiva, beijando-lhe o pescoço.

— Por que chora dessa maneira, meu bem? — indagou ela, solícita, enquanto lágrimas lhe vinham também aos olhos.

— T-todas as minhas emoções f-fervem em ebulição dentro da minha alma...! — foi a resposta. — Odeio esse corpo humano! Além de feio, não me auxilia no controle do meu estado de nervos!

Feio?!

— Sim! Feio! Sou um humano desprovido de beleza!

— Sesshoumaru, quanta bobagem... Que loucura! Você está lindo como sempre foi... — argumentou Rin. — Olhos azuis como o céu da primavera, esses cabelos fascinantes da cor do ouro polido... Esse corpo incrível... Céus! Você é esplêndido como um deus... Atraente... Sensual... Essa boca suave e deliciosa que me beija, me traz tantas sensações novas de...

O youkai, insano, se atirou contra os lábios de Rin, beijando-a intensamente. Mais uma vez seu membro estava ereto e ainda havia lágrimas nos seus olhos.

— Você... Você é a pessoa mais maravilhosa desse mundo, minha Rin — afirmou ele, mordendo de leve seu pescoço. — Tão amorosa... Tão linda e afável! Bela, cálida e deliciosa como os pêssegos da Pérsia! Eu a amo... E vou comer você de novo! — concluiu ele, destacando cada palavra da última afirmação.

Um dedo passeou do clitóris até o canal vaginal da jovem, que não acreditava que seu corpo cansado pudesse se excitar novamente. Sesshoumaru baixou o rosto até seus seios e lambeu com impudicícia o mamilo esquerdo de Rin, que ofegou. Gemendo contra o pequeno mamilo prensado entre seus lábios, enquanto tocava o interior do sexo da noiva, o youkai se sentia no paraíso.

— Perdoe-me, minha doce mulher... Não deve estar tão satisfatório para você, só que não posso me conter... Permita-me entrar aí dentro desta delícia que você possui entre essas coxas perfeitas...

— Hmmmm...! — gemeu ela, sôfrega. — M-me possua, Sesshoumaru, me possua...!

O youkai não se fez de rogado e penetrou sua amada, com mais cautela desta vez, supondo com razão que a genitália dela estaria um tanto sensível pelo defloramento recente. De fato, estava ainda um pouco dolorido para Rin, que, todavia, não se queixou de nada e enlaçou a cintura de Sesshoumaru com as pernas. O casal se beijava com desespero. A jovem, contudo, abriu devagar os olhos e notou que a pequena meia lua estava voltando à testa de seu amado. Absteve de comentar algo sobre o fato, preocupada apenas em se doar apaixonada a ele.

— Meu amor...! — ofegou Sesshoumaru, abrindo os olhos que voltaram a ser âmbares. — Aperte-me como... Como fez antes...

— Assim? — perguntou Rin, meio duvidosa, enquanto contraía o períneo. Ele inspirou profundamente, mais uma vez se erguendo e levantando os quadris da jovem, penetrando-a e gemendo em meio a todo o prazer que experimentava. Abriu os lábios, emitindo uma nota de satisfação mais aguda e exibindo os caninos já um pouco maiores.

Rin experimentou contrair seus músculos novamente, já que lhe trazia uma sensação agradável, e Sesshoumaru a estocou com força, atingindo pela segunda vez a região misteriosa que lhe trazia, de novo, mais um orgasmo vigoroso. As muitas contrações vaginais da jovem sobre o membro túrgido levaram o youkai a ejacular quase que simultaneamente ao prazer de sua Rin, que o olhou enlevada e percebeu a raiz de seus cabelos mudando de cor, enquanto ele deixava pender a cabeça para frente, gemendo alto. Saiu de dentro dela devagar e se deixou cair sobre o leito, levando a mão ao rosto da noiva querida.

— Oh... Minha Rin... — murmurou Sesshoumaru, cansado, com uma expressão divertida no rosto. — Não sabia que você tinha essa disposição... Gozou por quatro vezes...

— Err... Tenho? — indagou a moça, envergonhada e confusa. — Eu... Não sabia, amor...

— Tudo bem... Depois conversaremos sobre isso, doce Rin.

— Sesshoumaru... Me perdoe por tudo que lhe disse... Eu... — bocejou. — Não queria jamais que aquilo acontecesse... Mas me descontrolei...

— Eu é quem lhe devo muitos pedidos de perdão, meu doce anjo...

— Me abraça...? Esta nossa manhã foi louca...

— Louca, mas com o melhor dos desfechos, Rin. Vamos descansar...

Ambos, exauridos, ainda trocaram um último beijo antes de dormirem nus e abraçados. O corpo de Sesshoumaru voltou ao normal ainda durante o sono, bem como todos os seus poderes.

 

ѼѼѼ

 

¹ — Dappa Suiraisen: Trovão de Água Dappa.

 

ѼѼѼ

 

 

 


Notas Finais


POSTAAADOOO! \o/ \o/ \o/

Sesshoutransão: vira humano, se estressa, grita, seduz, acha o ponto G da Rin com seu pinto de japonês, gargalha, dá crise de choro, tudo isso em menos de duas horas. Uau. #TodasAplaudeEsseCara
O pênis dos asiáticos é pequeno mesmo? Leia: http://www.muitointeressante.com.br/pq/por-que-dizem-que-penis-de-japones-e-pequeno
E isso importa na hora do rala-e-rola? Leia: http://mdemulher.abril.com.br/amor-e-sexo/viva-mais/o-tamanho-do-penis-influencia-no-prazer

E, a título de informação, neste universo de "Vulneráveis", o báculo budista e a Bakusaiga não ultrapassam os 16cm, e são absolutamente normais! Toda essa conversa de pinto pequeno reflete apenas a eterna insatisfação masculina com o tamanho do documento. ;-)
#Okaasan também é informação útil! ;-) kkkkkkkkkkk

Quanto à Rin, eu a vejo dessa forma - destemida! Afinal, galera, por quem a baixinha foi criada? Oxe. Essa é cabra porreta! A briga dela com o Sesshoumaru foi pra acabar com o pequi de Goiás, Minas Gerais e Bahia! #SoAcho

Sesshoumaru, loiríssimo e de olhos azuis, porque SIM! A imagem do capítulo é de Shaka de Virgem, o divo do 'Tenbu Rorin', de Saint Seiya (pra variar) #EuSouSHAKETE <3
O Sesshoumaru humano seria o rosto de Shaka e o corpo bonitoso do Christian Howard, esse abestado aqui, ó.
http://www.therobotsvoice.com/wp-content/uploads/2014/05/sfafken.jpg
http://br.web.img2.acsta.net/r_x_600/newsv7/14/04/25/17/35/4023191.jpg
Ma oeeee!

Beijos, seus malégnos. Agora chega, eu tô tão cansada como a Rin, e não é por causa de orgasmos múltiplos (quem me dera) e sim porque ando trabalhando pra caramba. Não sei quando poderei atualizar, mas garanto que estarei por aqui em breve... :*

~Okaasan


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...