História W i n g s [Hiatus] - I

O anjo encontrava-se sentado em cima de um prédio observando o tempo, estava frio - ele sabia pelos casacos que os humanos usavam na rua - logo iria começar a nevar. Ele gostava da neve, gostava do jeito que a neve deixava tudo esbranquiçado, era lindo para ele.
Seu livro brilhou intensamente e ele o abriu na pagina que brilhava.

Jung Kwang Ho

42 anos

Ele olhou a foto, mentalizou e em um milésimo de segundo já estava na esquina da rua onde o tal Kwang Ho havia falecido por um ataque cardíaco.

Viu uma multidão de pessoas em volta do corpo, um garoto estava abaixado no chão, ele não chorava, então deduziu que ele o não era um familiar do homem, ele tentava, em vão, fazer o coração do homem voltar a bater, mas desistiu quando percebeu que já não tinha jeito.

O garoto se levantou e saiu de lá, o anjo ficou observando ele, o garoto olhava para o chão tentando esconder a tristeza, ele parecia desapontado por não ter conseguido ajudar, um homem que corria na calçada em que o anjo estava ia passar por ele, mas ele se desviou, porém, no mesmo instante o garoto passou pelo anjo, o garoto nem notou que tinha ultrapassado algo como um fantasma, já o anjo sentiu uma forte dor em seu coração.

Um anjo não deveria tocar em um humano, muito menos ser ultrapassado por um, ele sentiu uma dor tão forte que o fez cair no chão,  era a primeira vez que sentia algo assim em todos os seus 250 anos de existência.

- Oppa, você esta bem? - Uma garota baixinha de cabelos negros que usava um vestido preto, um anjo também, se abaixou para ajuda-lo.

- Dongsaeng o que esta acontecendo? - o anjo perguntou para a menina.

- É por isso que não podemos encostar em humanos, sentimos o que eles sentem quando fazemos isso. - ela disse preocupada.

- Aquele garoto... deve estar morrendo então!  Meu coração doi! - ele disse segurando em seu peito, a garota riu.

- Isso se chama tristeza, é só mais um dos sentimentos humanos... logo passará, não dura pra sempre. - a garota olhou para o local onde haviam aquelas pessoas reunidas e logo avistou o espírito do homem que havia morrido. - Vai ficar me devendo uma. – ela disse e saiu em direção ao espírito.

O anjo ficou olhando de longe sua amiga indo até o homem que acabara de morrer, ela falou com ele, eles deram as mãos e sumiram em uma leve névoa, tudo imperceptível para os olhos humanos.

Por alguns minutos ele permaneceu no chão, até que a dor foi passando aos poucos, ele conseguiu se levantar e desviou de uma mulher que quase passou por ele.

- Nunca mais quero sentir essas coisas... - ele murmurou.

Fechou os olhos e quando os abriu estava em uma loja de móveis e eletrodomésticos, na sessão de TVs. Era a melhor hora do dia, estava passando um programa esportivo que ele adorava assistir, principalmente quando o foco do programa era basquete. Ele amava basquete, mesmo nunca tendo jogado, achava que era a melhor coisa que os humanos ja inventaram.

- Yaaa! Sai da frente! - Ele gritou com uma mulher que parou bem em frente a enorme TV de 52 polegadas.

Obviamente a mulher não a ouviu, e continuou lá observando a TV até que um vendedor se juntou a ela e ficaram os dois na frente.

O anjo bufou de frustração e desistiu, começou a prestar atenção na TV ao lado, passava um drama qualquer. Quando finalmente a mulher e o vendedor sairam ele voltou sua atencão ao jogo.

Porem algo tirou sua atenção e ele olhou novamente para a TV ao lado.

Um casal brigando, depois se reconciliando finalizando com um beijo... por que ele estava prestando atenção naquilo? Ele não entendia o por que, mas achou fofo?

- Assistindo isso de novo? - a pequena anjo que o ajudou mais cedo apareceu ao lado dele.

- Oi Dongsaeng. - ele disse com um sorriso. - Não é fofo isso? - disse apontando para o casal abraçado na tela da TV.

- Achei que estava assistindo ao jogo e não um drama... - ela comentou rindo.

- Eu estava, mas... o amor é bonito não é? Não é a primeira vez que presto atenção em cenas assim...

- Não oppa... Amor humano é algo ruim... - a garota disse. - sempre um sofre com isso. Sempre um se machuca... - ela disse com uma certeza que deixou o rapaz intrigado.

- Você já sentiu o amor? - ele perguntou.

- Sim, assim como você sentiu a tristeza hoje... ja encostei em um humano que sofria de amor.

- Hum... e foi tão ruim assim? - perguntou curioso.

- Foi... - ela disse olhando para a TV a sua frente.

O livro na mão dela brilhou, o dele segundos depois brilhou também. Ambos abriram seus livros e encontraram cada um uma pessoa, no dele um homem de pouco mais de 30 anos, no dela uma mulher com quase a mesma idade... morreram juntos, acidente de carro.

Eles se olharam e segundos depois estavam no local do acidente, uma avenida movimentada, que no momento estava tudo parado devido ao acidente.

Algumas pessoas saiam de seus carros e iam para perto do acidente pra ver se haviam sobreviventes e assim começou a juntar mais e mais pessoas envolta do carro que havia batido em um poste.

O casal de espíritos sairam de dentro do carro e ambos se olharam assustados, a mulher chorava, o homem a abraçou.

- Sua vez. - a garota disse para ele e sumiu.

Ele se aproximou dos dois que o olharam.

- Vamos? - ele estendeu as mãos para eles.

Os dois se olharam, olharam para o garoto, olharam em volta vendo o acidente, as pessoas em volta, a ambulancia que chegava as pressas... o garoto permaneceu com as mãos estiradas esperando que eles a segurassem, eles por fim deram as mãos e assim os três sumiram.

***

Em uma escola do outro lado da cidade, o garoto que havia tentado ajudar o homem na rua estava sentado em sua carteira olhando para o nada, apenas ouvindo as garotas falando da sua tentativa falha em salvar o homem.

- Hoseok oppa! - Uma das garotas o chamou balançando as mãos na frente de seu rosto. Ele olhou para a garota. - Você foi incrivel hoje!

- O homem morreu, não pude fazer nada... - ele disse. – Você acha isso incrível?

As garotas ficaram sem graça, Hoseok era o popular, o palhaço da turma, mas devido ao acontecimento daquele dia ele estava pra baixo, só queria voltar para casa logo, queria ficar deitado ouvindo suas músicas.

Logo a aula começou, todos se sentaram e fez-se um silêncio absoluto durante a aula da professora mais severa da escola, ela lecionava ética... a matéria era odiada por todos os alunos, por ser monótona e chata.

No fundo da sala Jimin, mexia em seu celular, ignorando completamente a aula e as palavras da professora.

- Jimin? Posso ver que não está prestando atenção na aula... pode me responder o que acabei de explicar para a sala? – Sr. HiTa disse chamando a atenção do rapaz.

- Não estava prestando atenção mesmo. – ele apenas disse e voltou a mexer no celular, dessa vez conectando o fone, colocando uma musica qualquer e colocando os em seus ouvidos.

Todos observavam a professora andar a passos rígidos até a última carteira da sala, de onde Jimin a olhava sem muita expressão. Ela parou ao lado do rapaz e estendeu a mão pedindo o celular.

- De o celular ou saia da sala. – ela disse ríspida.

Jimin apenas se levantou e saiu, sem nem olhar para ela.

Sr. HiTa apenas respirou fundo olhando para a mesa vazia do garoto com uma certa melancolia no olha e logo voltou a frente da sala, retornando suas explicações monótonas.

Assim que o sinal bateu dando início ao intervalo, metade da sala saiu, outra metade ficou na sala mesmo conversando ou ouvindo música em seus fones, Hoseok fazia parte dessa metade que permaneceu na sala.

- Hope o que você tem hoje? Tá pra baixo. Nem sequer fez uma piada! – Hoseok apenas encarou o amigo, logo voltando a olhar para o seu celular. – Tudo por que não conseguiu salvar uma pessoa? Todo mundo vai morrer um dia sabia, pra que ficar se lamentando?

- É... você tem razão, Jun. – ele tirou os fones e se levantou. – Que tal uma corrida até o refeitório? – Mal deixou o amigo se preparar e disparou pra fora da sala. – Quem chegar por ultimo paga! – Gritou ainda correndo.