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História Wait, What!? - Wait, So Damn Emotional


Escrita por: cosmichanbaek

Notas do Autor


Ola manasss

Lembram que eu disse que não sabia que dia da semana eu iria postar? Então... eu continuo sem saber ~risos~ mas talvez seja as quartas msm, só talvez kkk minha aula acaba mais cedo nesse dia e se eu não tiver ocupada tentando entender algum texto doido que os professores mandam eu irei postar kkk

Bom... sem mais delongas, espero que gostem ^^

Capítulo 2 - Wait, So Damn Emotional


Fanfic / Fanfiction Wait, What!? - Wait, So Damn Emotional

Acordei naquele dia fatídico já pensando na idiotice que fiz no dia anterior, e acreditem, quando  você acorda pensando em Park Chanyeol, não é um bom sinal, diria até que era um mau presságio.

 

Voltei a me enrolar nos cobertores, não queria sair daquele lugar quentinho e protetor que era a minha cama, para encarar o mundo lá fora. Mas parece que meu despertador natural de pelos brancos e olhos amarelos não me deixou ter esse prazer. Bunny andava de um lado para o outro da cama - pisando em mim é óbvio - deixando aquela voz nada harmoniosa entrar no meu ouvido na forma de um miado chato, fazendo questão de se esfregar na minha cara. Uma maneira bem efetiva de me fazer acordar aos espirros.

 

Suspirei fundo e fiz uma carinho atras de suas orelhas, me levantando em seguida e deixando que ele roubasse o meu lugar na cama, aproveitando do quentinho que ainda estava ali. Não resisti a sua fofura como de praxe e deixei um beijinho em sua cabeça só pra ver ele fechar os olhinhos de forma fofa, indo em direção ao banheiro logo em seguida. Tomei um banho quentinho e voltei para meu quarto, coloquei o jeans rasgado no joelho que usei no dia anterior, e um moletom mais fino cinza com "HBA" escrito nele.

 

Nós estávamos no começo do outono e mesmo que não estive mais tão quente, ainda não estava tão frio.

 

Vi meu celular em cima do criado-mudo piscando, indicando que eu tinha novas mensagens, então apenas me joguei na cama de novo do lado do Bunny, e peguei o aparelho, desbloqueando a tela, passando os olhos rapidamente pelas mensagens, vendo que a maioria delas eram do Chanyeol, o que me tirou um resmungo descontente. Mas quando vi que tinha mensagens do Sehun também, meu humor voltou a ficar bom e logo tratei de abrir as dele, ignorando totalmente o orelhudo.

 

Hun~

Hey gatinho, dormindo? Preciso de sua ajuda, vou fazer uma tatuagem nova e queria que você me emprestasse seu talento mais uma vez, é possível?

 

Sorri com a mensagem, a verdade era que a maioria dos rabiscos que Sehun tinha pelo corpo foi exclusivamente desenhado por mim. Ele sempre foi o fã número um dos meus desenhos, e sempre tatuava os que mais gostava em seu corpo, me deixando muito feliz com toda a admiração que ele jogava em cima do meu trabalho.

 

Baekhyun~

Acordei agora, bom dia.

Desenho sim, o que você tem em mente?

 

Esperei ansioso a próxima mensagem, já que ele estava online, e não demorou muito a responder.

 

Hun~

Boa noite, você quis dizer. Hahaha.

Eu estava pensando em uma carpa, uma tattoo no estilo asiática. Queria uma carpa preta e uma branca com vermelha.

Você sabe o significado das carpas, gatinho? Simplesmente magnífico.

 

 

Baekhyun~

Eu esqueço desse maldito fuso horário, hahaha.

Vai ficar lindo. Já consigo imaginar o desenho na minha mente. Você quer preto e branco ou colorida?

Não sei não, me fala.

 

Sehun~

A carpa preta significa o triunfo após uma época de mudanças difíceis. Assim como o esforço feito durante um momento delicado da vida

E a vermelha simboliza o amor, e também a coragem e energia para superar os problemas.

Ao tatuar uma carpa apontada para cima, ela estará simbolizando a força para lutar e alcançar os objetivos. Já quando ela está apontada para baixosimboliza os objetivos e sonhos que já foram realizados.

Então eu queria a preta apontada para baixo e a vermelha para cima.

Você quem manda, eu confio em você

 

Eu li a mensagem sentindo aquele aperto no coração mais conhecido como saudades.

 

Morria de saudades desse estilo profundo do Sehun, e deixei um sorriso passar lembrando da época que ele me convenceu a fazer a minha única tatuagem. Conseguia ouvir com clareza as palavras que ele disse num sábado a tarde, quando estava jogado na minha cama, jogando algum jogo enquanto eu choramingava de medo por ter uma sessão de tatuagem marcada dali a algumas horas:

 

Flashback on

 

"Gatinho, é uma dor que vale a pena, Eu quero que você faça isso não só por mim, mas por você, Se você não quiser não faça."

 

Eu parei de andar pelo quarto só para olhar para ele e prestar mais atenção em suas palavras.

 

"Aliás, é uma tatuagem pequena e você fez o desenho, nem vai doer."

 

Olhei mais uma vez o desenho na minha mão. Era realmente um desenho pequeno, e eu realmente queria tatuá-lo, porque ele realmente tinha a ver comigo. Não era nada comparado aos significados profundos das tatuagens do Hun, mas olhando pra ele eu conseguia lembrar de tudo de mais importante que eu tinha na vida.

 

O desenho chibi de um gato enfeitava o papel, tão pequeno e arisco quanto eu. Os gatos sempre foram os animais preferidos da minha avó, e assim que eu vim morar com ela eu peguei paixão por tal animal tão parecido comigo.

 

"Esse é um desenho perfeito pra você", levei um susto quando ouvi a voz dele tão perto de mim, e olhei pra cima vendo que ele tinha largado o jogo e agora estava do meu lado, vendo o papel que estava na minha mão. "Os gatos são fofos, gostam de um cafuné, mas não se entregam para qualquer um. Muitas vezes são ariscos e solitários, mas a verdade é que sempre precisam de alguém para que lhes façam carinho, não é, gatinho?"

 

Ele sorriu e se aproximou mais de mim, selando nossos lábios, sua língua lambeu meu lábio inferior buscando a minha aprovação para aprofundar aquele contato, e eu apenas cedi como em todas as outras vezes.

 

Meus olhos se fecharam automaticamente assim que nossas línguas se encontraram dentro de nossas bocas. O beijo foi calmo e não durou muito, mas foi o suficiente para me dar a tranquilidade que eu precisava. Me afastei sorrindo para ele, e olhei mais uma vez para o desenho em minha mão.

 

"Eu vou fazer, não vou mais fugir."

 

Flashback off

 

 

Sorri com a lembrança de Sehun, e me permiti rir mais um pouco, lendo a mensagem que ele me mandou mais uma vez, e só então percebendo os reais significados daquela explicação. Aliás, porque ele queria tatuar alguma coisa que signifique superar problemas? Franzi as sobrancelhas, preocupado, enquanto digitava rapidamente uma justificativa daquilo.

 

Baekhyun~

Hey, aconteceu alguma coisa com você? Você passou por algum problema que não me contou?

 

Sehun~

HAHAHAHAHA Fica tranquilo aí, gatinho, eu estou bem.

As carpas são para me lembrar dessa dificuldade que foi mudar de país tão rapidamente, por ter abandonado parte da minha família e você. Sinto saudades da Coreia.

Mas como eu já disse antes para você, no começo foi pior, agora as coisas já estão mais tranquilas, por isso quero a preta apontada para baixo.

 

Baekhyun~

Entendi...

Tá, eu vou fazer, quando estiver pronto eu te mando, ok?

 

Sehun~

Ok, agora é melhor você ir antes que se atrase para a faculdade, não é? hahaha Aposto que nem tá olhando o relógio, tsc.

Boa aula, gatinho.

 

Olhei meu relógio assustado assim que eu acabei de ler a mensagem, e vi que passei quinze minutos ali conversando com Sehun, ou seja, quinze minutos a menos para o meu precioso café da manha. Suspirei cansado, peguei minha mochila de sempre e desejei um bom dia ao Bunny antes de sair do quarto e descer as escadas, encontrando minha avó - a única pessoa que morava comigo - na cozinha, preparando o café da manhã.

 

"Bom dia", desejei, pegando uma xícara no armário e enchendo do café fresco que ela tinha acabado de preparar.

 

"Bom dia querido", sorriu feliz deixando um beijo na minha testa. "Fiz panquecas hoje."

 

"Sério?" Mostrei meus dentinhos para ela em forma de agradecimento.

 

Eu morava com a minha avó desde que virei órfão há exatos 14 anos atrás. Meus pais morreram em um acidente de carro, e eu fiquei aos cuidados da mais velha. Foi meio complicado para mim na época, um garoto de cinco anos sem pais, e foi por causa disso que as implicâncias dos meus colegas de classe começaram, e eu me fechei.

 

Bom, eu sou eternamente grato pela minha avó e tudo o que ela fez por mim, e sempre que eu podia eu a ajudava a fazer as coisas, seja limpar a casa, seja comprar coisas para ela no mercado, e isso fez com que minha fama entre as pessoas idosas começasse.

 

Eu conhecia praticamente todos da vizinhança, e modéstia parte, todos me amavam. Essas são as vantagens de ter uma avó que gosta de falar bem de você para os amigos.

 

No final das contas, eu me orgulhava muito por ser querido por eles, o que me rendeu alguns mimos na minha conta. Não que eu seja mimado, mas não sei como viver sem os pãezinhos que a Senhora Kim me dá aos domingos, ou aos pirulitos que o Senhor Nam me "obriga" a levar como brinde por apenas ser eu. É, às vezes eu me gabava desses privilégios.

 

"Eu vou passar a tarde com a NaeHae hoje, então não sei se vou conseguir fazer o jantar", depositou as panquecas na mesa, indo atrás da geleia logo em seguida.

 

"Não se preocupe, vovó, eu janto antes de voltar para casa." Comecei a comer rapidamente, afinal tinha aula dali a pouco e o caminho para a faculdade era grande.

 

"Se alimente bem e não esqueça de se agasalhar." Sentou ao meu lado, começando a comer também.

 

"Pode deixar."

 

"E como está o Kyungsoo?"

 

A vovó Byun tinha uma estranha afinidade com o meu amigo corujinha, eu realmente não sei como isso aconteceu. Às vezes eu ainda suspeito que ele tenha colocado alguma coisa no chá da tarde dela na primeira vez que esteve aqui, mas a verdade é que ela gostava muito de qualquer pessoa da minha idade que eu levasse para casa.

 

Sempre dizia que era bom eu ter amigos, e sempre os tratava muito bem, e levando em consideração que as únicas pessoas que já visitaram minha casa foram o Sehun e o Kyungsoo, não tinha muito com quem ela comparar.

 

"Bem", disse simplista, bebendo do conteúdo negro da minha caneca.

 

"Traga ele para cá de novo um dia desses."

 

"Sim", sorri levantando da mesa. "Bom é hora de ir", depositei um beijo na testa dela. "Tenha um bom dia e mande um beijo para NaeHae."

 

"Sim filho, boa aula."

 

Sai de casa e cumprimentei alguns idosos que me conheciam, ganhando vários sorrisos em troca. Isso de certa forma alegrou o meu dia, bom… até eu chegar no portão da faculdade e um orelhudo estar ali.

 

Chanyeol estava encostado no muro, vestindo uma blusa branca simples e por cima dela o casaco do nosso curso. Aí que vem a pergunta: que tipo de pessoa compra o casaco do curso no segundo período? Pois é... este é Park Chanyeol. E pra completar estava com um headphone branco tampando suas orelhas grandes, e aquela máscara de ursinho que ele vira e mexe usava. Aposto que era para combinar com os cachinhos e se fazer de fofo, disfarçando todos aqueles três metros de altura que ele tinha.

 

Ele mexia a cabeça no ritmo da música que ouvia, e estava tão concentrado que eu jurava que conseguiria passar por ele sem ser visto. O que não aconteceu, é claro.

 

"Baekhyun." Andou até mim assim que me viu, tirando os fones e começando a me acompanhar na caminhada. "Bom dia", disse abafado por causa da máscara.

 

Apenas ignorei ele, pensei que assim ele se tocaria e iria embora de uma vez, mas eu estava enganado, e ele começou a me cutucar sem parar, para que eu desse atenção a ele.

 

"O que você ainda está fazendo aqui?"

 

"Não seja grosso, eu te mandei mensagens falando que ia te esperar aqui."

 

Tsc, as mensagens. Se eu soubesse que era sobre uma coisa ruim que eu poderia evitar, teria aberto e lido elas.

 

"Você não pode andar comigo Chanyeol, se o Kyungsoo ver a gente juntos é o fim."

 

"Como assim? Pensei justamente o contrário. Se eu andar com você, logo estarei andando com o Kyungsoo, já que vocês só andam juntos."

 

"Por favor, ele sabe que eu… não me dou com você, se ele ver nós andando juntos do nada, com certeza vai achar estranho."

 

"Oh, você tem razão", bateu com sua mão na testa se repreendendo. "Mas que droga, pensei que iria me aproximar mais dele assim", reclamou.

 

"Vai ter que pensar em outra coisa então."

 

"Mas você tem que me ajudar."

 

Mas eu não quero.

 

"Eu sei." Suspirei cansado, parando de andar. "Olhe, me encontre na biblioteca no final das aulas, vamos conversar sobre essa situação lá, tudo bem?"

 

"Sim", sorriu feliz, ficando para trás enquanto eu continuava meu caminho para a sala. "Mas… hey Baekhyun", me alcançou ficando do meu lado mais uma vez. "Eu tenho a mesma aula que você agora, nós podemos ir juntos, não é?"

 

"Pode ser", disse  desinteressado, sentindo meu celular tremer no bolso.

 

Peguei o aparelho vendo "Kyungsoo" piscar na tela indicando uma ligação, o que me fez olhar para Chanyeol na hora, que também olhava para meu celular e logo subiu seu olhar para mim, me mostrando aquele sorriso enorme, e me empurrou me incentivando a atender.

 

Levei o celular ao meu ouvido e vi a curiosidade já estampada nos olhos grandes do gigante.

 

"Alô."

 

"Oi Baekhyun", ouvi a voz doce e rouquinha pelo sono do outro lado. "Você já está na faculdade?"

 

"Sim, porque você quer alguma coisa?"

 

"Na verdade sim", ouvi um suspiro sair de seus lábios. "Eu estava pensando em ficar a manhã adiantando um trabalho que eu tenho aí na biblioteca, já que eu só tenho aula a tarde hoje, mas acabei perdendo a hora. No final vou ter que ficar nela a tarde para adiantar esse trabalho. Enfim, você pode pegar um livro para mim? Tenho certeza que alguém vai pegar ele antes que eu chegue."

 

"Sim, sem problemas. Mas vai ter que ser daqui a uma hora porque tenho aula agora é já estou no laço." Olhei de esguelha para Chanyeol, que ainda me olhava curioso.

 

"Tudo bem, vou te mandar uma mensagem com o nome do livro. Valeu Baek, até poderia dizer que não seria nada sem você, mas estaria mentindo."

 

"Desgraçado", rimos juntos. "E minha avó ainda está com saudades de você. Coitadinha, não conhece você de verdade."

 

"Sou muito legal, ok?! Agora deixa eu voltar para meu sono de beleza, você está me atrapalhando."

 

"O quê? Mas foi você que me ligou."

 

Olhei para a tela do meu celular, indignado quando ouvi o "tu, tu, tu" característico do final de uma ligação, e logo uma mensagem do garoto chegou com o nome de um livro e o autor do mesmo, com um emoticon de coração logo em seguida.

 

"Coruja desgraçada", reclamei colocando o celular de volta no bolso.

 

"O que ele falou?" O orelhudo perguntou, chamando minha atenção para ele. Eu certamente não vou me acostumar com a presença dele tão rápido.

 

"Nada que te interessa", respondi e entrei na sala, me acomodando em uma das últimas cadeiras, vendo o gigante sentar na minha frente virado para mim. "A única coisa importante é que não vamos poder nos encontrar na biblioteca mais tarde."

 

"Ah, mas que droga", deitou a cabeça na minha mesa me dando visão daqueles cabelos cacheados castanhos claros, e eu tenho quase certeza que consegui sentir o cheiro adocicado do xampu dele. "Você só me deu notícias ruins hoje", choramingou, olhando para cima, tentando encontrar meus olhos naquela posição, só para me mostrar a melhor carinha de cachorro sem dono que eu já vi na vida, e eu até tentei ignorar, mas por algum motivo desconhecido, meu coração amoleceu e eu tentei pensar em alguma coisa boa para dizer a ele.

 

"Olha, você pode passar o almoço com a gente como você sempre faz, e eu posso começar uma conversa com o Kyung e você pode entrar nela, sabe?!" Levantou a cabeça da minha cadeira animado, concordando.

 

"Assim ele não vai achar estranho", constatou sorrindo.

 

"Sim. E quanto aos planos futuros… A gente pode discutir eles em outro lugar, eu vou ter que jantar fora hoje, podemos fazer isso lá, depois das aulas."

 

"Ótimo, pode ser."

 

Ele sorriu mais largo ainda, como se aquilo fosse possível, e adivinhem? Isso mesmo, ele começou a tagarelar sem parar, enquanto é claro que eu o ignorava.

 

Peguei meu caderno de desenho, afinal eu tinha que fazer o desenho da tatuagem de Sehun, e eu já tinha várias ideias na cabeça prontas para saírem para o papel. Por algum milagre, antes mesmo de eu começar a desenhar, o orelhudo parou de falar, e só assim que eu percebi que o professor tinha acabado de entrar na sala. Não que isso mudasse alguma coisa, já que eu não dei muita atenção a ele e muito menos a sua aula.

 

Os traços saíam instantaneamente no papel, formando aos poucos a imagem que antes só estava na minha cabeça. Fiquei tão distraído desenhando que nem me dei conta que todos da turma começaram a falar, e só fui acordar para a realidade quando o gigante na minha frente gritou meu nome junto ao dele, e quando todos os olhares da turma caíram em mim, principalmente o dele.

 

Olhei para o professor tentando adivinhar o que estava acontecendo, e enfim vi escrito no quadro sobre um trabalho em dupla sobre uma animação que deveríamos fazer, e só então eu juntei todos os pontos e entendi o que estava acontecendo.

 

Parece que o Chanyeol já tinha colocado sua parte do acordo em prática.

 

Me senti um pouco incomodado por todos aqueles olhares estarem em mim, mas acabei relevando quando o professor continuou perguntando as duplas, e quando ouvi a voz do Chanyeol me chamando.

 

"Está magnífico, Baekhyun." Tentei impedir que ele pegasse meu caderno, mas quando vi já estava em suas mãos, enquanto ele avaliava o desenho. "incrível, você desenha muito bem mesmo."

 

Eu apenas dei de ombros, porque sabia que ele apenas estava sendo gentil. Eu já tinha visto alguns desenhos de Chanyeol, quando ele resolveu mostrar seu trabalho para Kyungsoo em um dos almoços desses que ele nos seguia, e sabia que o garoto também era muito bom.

 

"Ainda não está pronto", peguei o caderno de suas mãos de novo, voltando a me concentrar no desenho, e resmungando um presta atenção na aula, para que o orelhudo parasse de me olhar desenhando e se concentrasse no professor.

 

 

 

 

 

 

Assim que pisei no refeitório pude ver Kyungsoo sentado na mesma mesa de sempre, enquanto começava a comer seu almoço. Caminhei até ele e entreguei o livro que ele tinha pedido, que eu peguei na biblioteca antes da minha segunda aula começar, essa que milagrosamente Chanyeol não fazia comigo.

 

"Obrigado, coisinha." Pegou o livro, o avaliando para ter certeza que eu peguei o certo.

 

"De nada", joguei minha mochila sobre a mesa e fui pegar meu almoço também, logo voltando a sentar com ele. "Você vai matar aula pra fazer esse trabalho?", perguntei curioso lembrando do que ele me disse mais cedo.

 

"Na verdade não, meu professor das 4h cancelou a aula de hoje, e eu vou aproveitar para ficar na biblioteca para adiantar o trabalho."

 

Eu abri a boca pra continuar a nossa conversa, mas mal tive tempo de falar alguma coisa porque no segundo seguinte um orelhudo estava sentado na nossa mesa com o almoço dele, sorrindo com todos seus dentes brancos enquanto intercalava o olhar entre mim e o Kyungsoo, e eu juro que vi meu amigo revirar os olhos.

 

Bom, apenas ignorei a presença alheia e comecei a comer, mas quem disse que eu tenho paz quando o assunto é Park Chanyeol?

 

Mal tinha levado a comida na boca e já levei um puta chute por baixo da mesa.

 

Eu podia jurar que a cara que eu olhei o poste foi a mais mortal possível, porque ele se segurou muito para não rir, esse otário. Ele fez uma leve reverência como pedido de desculpa pelo chute, e logo apontou com a cabeça para o lado onde Kyungsoo estava sentado.

 

A sorte dele era que o corujinha estava lendo, e ele realmente se concentrava muito, senão seria fácil notar o super discreto Chanyeol, que só faltava falar o que queria, porque ele já estava até gesticulando, visto que eu não dei muita importância para ele.

 

E eu até riria da cara dele se não fosse trágico.

 

Pigarreei, fazendo com que a vontade de rir passasse, o que fez Kyungsoo levantar o olhar do livro pra mim, tentando entender porque fiz aquilo. E droga, eu tinha que pensar em alguma coisa para falar que os dois conhecessem, mas eu não sabia nada sobre Chanyeol. Desviei o olhar para ele, e a única coisa que me veio a mente foi que ele deveria ser aquele tipo de pessoa que se masturbava vendo hentai. Lamentável.

 

"Então Kyung, eu preciso da sua opinião sobre um desenho meu." Tive que apelar para desenho, aliás é a única coisa que eu sei que o orelhudo gosta.

 

Ele me olhou com aquele famoso olhar de "o que você está fazendo, idiota?", e me desculpa corujinha, nem eu mesmo sei o que eu estou fazendo. Chanyeol provavelmente envenenou meu chá assim como você fez com a vovó, e agora estou ajudando ele.

 

Puxei meu caderno da mochila, e abri na página do desenho da tatuagem do Sehun, o entregando a ele, que assim que pegou abriu um sorriso doce.

 

"Está lindo."

 

"Eu também gostei muito", Chanyeol disse afobado, tentando entrar na conversa, atraindo o olhar pesado de Kyungsoo, que levou um baita susto.

 

Isso, com certeza, não vai dar certo.

 

"Você sabe o significado das carpas, Baekhyun?" Meu amigo ignorou completamente o garoto no seu lado.

 

"Sim, Sehun me explicou hoje."

 

"Mas eu não sei."

 

"Elas são para o Sehun?"

 

E Chanyeol foi ignorado de novo, e com isso temos Kyungsoo 2 x Chanyeol 0. E eu quase fiquei com pena da carinha desolada do elfo. Quase.

 

"Depois a gente fala sobre isso. Explique o significado das carpas para ele."

 

O corujinha me olhou desconfiado, e eu engoli em seco com medo dele ter descoberto tudo que eu estava tramando com Chanyeol. Não que isso fosse possível, mas eu não posso duvidar de nada vindo dele. Mas ele apenas olhou pro lado e começou a explicar.

 

"A carpa é um peixe que tem uma ligação muito forte com a cultura japonesa, acredita-se que ter uma criação de carpas traga prosperidade e alegria. De acordo com a cultura japonesa, a carpa é um animal que precisava atravessar toda a China para conseguir pôr os seus ovos. Eram corredeiras, pedras e cascatas que precisavam ser superadas pelo peixe. Ao final, se ela sobrevivesse, iria se transformar em um belo e poderoso dragão." Ele sorriu, começando a se animar com o que falava, fazendo eu e o grandão sorrirmos também, enquanto mastigávamos a comida. "Alguns acreditam que as cores das carpas representam, cada uma, um significado diferente. Por exemplo, quando a carpa é retratada no azul, ela significa a masculinidade e a reprodução; quando ela é retratada no preto, significa o triunfo após uma época de mudanças difíceis; e finalmente no vermelho, que significa o amor, a coragem e a energia necessárias para passar pelos momentos difíceis. A carpa vermelha é considerada a mais forte."

 

"Uau, isso é realmente incrível. Você é muito inteligente, Kyungsoo."

 

"Obrigado", o corujinha agradeceu gentilmente, e logo olhou seu celular e se levantou. "Eu tenho aula agora, tenho que ir. Até depois, Baek e...", olhou para Chanyeol não sabendo como deveria se dirigir a ele. "Tchau", se curvou, e finalmente deu as costas, indo embora.

 

O poste suspirou meio tristonho seguindo com o olhar meu amigo, e eu apenas voltei a comer. Quando acontecia essa situação do Kyung precisar sair antes de mim, eu apenas comia ignorando ao máximo o Chanyeol até ele se tocar e sair, ou eu mesmo me levantar e me retirar, mas agora eu tenho que aprender a conviver com ele dirigindo a palavra a mim.

 

"Foi tão rápido."

 

"Pelo menos ele não te ignorou. Bom... não cem por cento."

 

"Você tem razão", ele voltou a se animar, abrindo seu mega sorriso de coringa. "Positividade é a chave de tudo."

 

Apenas concordei desinteressado. Às vezes não entendia como esse garoto conseguia ser tão feliz sempre, era meio chato e eu realmente não ligava para as loucuras felizes do Chanyeol. E como sempre, eu ignorei o monólogo que ele fazia sobre alguma coisa como ser positivo ajudava na vida das pessoas.

 

"Hey Baekhyun, você realmente se distrai fácil, não é?!" Ele perguntou rindo, e eu descobri mais uma coisa sobre ele. É mais ingênuo que uma criança. "Que horas acaba sua última aula? Pra gente se encontrar para jantar."

 

Droga, já tava me esquecendo sobre isso. Por que eu fui ter pena da carinha de cachorro dele mesmo?

 

"As seis."

 

"Hmm... a minha acaba as sete, você me espera?"

 

"Ah não."

 

"Ahh vamos, você prometeu."

 

Ele fez aquela cara de novo, mas dessa vez eu não vou cair nela. Aquilo já era de mais, já estava me submetendo aquela situação maluca e ainda teria que ficar esperando uma hora por ele? Sem chances, Chanyeol realmente não conseguia enxergar os limites, acho que pessoas sociáveis de mais tendiam a ser assim, achar que qualquer um que sorria para elas já lhe davam intimidade o suficiente para que elas começassem a o tratar como amigo de anos. Mas aqui não.

 

Estava pronto para dar o fora nele e marcar aquele jantar para o outro dia, de preferencia no dia 31 de fevereiro, mas mal abri a boca para recusar e ele fez algo que eu realmente não esperava dele, não de um marmanjo daquele tamanho, mesmo com os cachinhos.

 

Ele tinha se jogado no chão, aos meus pés, ficando de joelhos e segurando minhas mãos de forma dramática, fingindo um choro forçado. Eu tentava a todo custo tirar minhas mãos daquelas mãos quentes e gigantes, enquanto olhava para os lados, sentindo todos os olhares e cochichos do refeitório voltados para nós.

 

"Por favorzinho", murmurou com aquela carinha de cahorrinho sem dono.

 

"Tá, tá, mas me solta e se levante", puxei minhas mãos mais uma vez, dessa vez tendo sucesso, por ele as ter soltado.

 

"Obrigado", agradeceu sorrindo, voltando a se sentar.

 

Desgraçado de uma figa.

 

"Francamente, quantos anos você tem?" Esfreguei minhas mãos na calça, tentando me livrar do suor e dos germes que provavelmente tinha na mão de Chanyeol. Eu sei lá quando foi a última vez que ele lavou aquilo.

 

"Vamos nos encontrar no portão da faculdade às sete então, tudo bem?"

 

"Não é como se eu tivesse escolha."

 

E ele sorriu como sempre.

 

 

 

 

 

 

Dez minutos, esse era o tempo que Chanyeol estava atrasado.

 

Eu já estava começando a ficar irritado, estava um frio do cão aqui fora e se eu soubesse que ele iria demorar tanto teria continuado na sala vazia, em que eu estava terminando meu desenho. Mas eu tive a decência de chegar na hora, e ele faz o favor de me deixar esperando.

 

Olhei para o celular vendo que já eram 7:12 e olhei para frente de novo, vendo finalmente o gigante correndo até mim. Eu até poderia comparar ele com um titã, se não fosse aqueles malditos cachinhos que o vazia parecer um cachorrinho. 

 

"Desculpa o atraso, o professor prendeu a gente, mas eu sai o mais rápido possível, já estava até com o material arrumado e..."

 

"Tá bom, tá bom, vamos logo que eu estou com frio e com fome." Comecei a andar, sendo seguindo por Chanyeol, que ficou do meu lado e antes mesmo dele abrir a boca para falar já fui interrompendo. "Só por causa disso eu vou escolher onde vamos comer."

 

"Sem problemas", ele disse animado.

 

"Você tem alergia a alguma coisa?" O olhei de esguelha, vendo o exato momento que ele cruzou os braços e olhou para cima pensativo.

 

"Eu acho que não, mas não gosto muito de comidas muito apimentadas."

 

"Certo, vamos em um restaurante que eu gosto muito. Eu sou amigo do dono, e ele sempre me dá a sobremesa de graça", sorri e bati as mãos animado, mal podia esperar pra comer a comida do Sr. Choi.

 

"Você é fofo", sorriu levando sua mão para meus cabelos, bagunçando eles.

 

"Você tem algum problema com contato, não é mesmo?" perguntei ajeitando meus cabelos.

 

"Sim", riu. "Eu gosto de tocar as pessoas, é bom." Deixou que sua mão escorregasse para o lado, me puxando para um abraço desajeitado de lado. "Quentinho."

 

 "Ok, já entendi" Tentei empurrar ele, mas acabei rindo da sua risada escandalosa, e de como ele me apertava e balançava como se eu fosse um ursinho. "Tá, já deu", disse por fim, conseguindo me afastar.. "É ali, amém", apontei para a entrada do restaurante e apressei o passo, fazendo Chanyeol me acompanhar e rir da minha pressa.

 

Abri a porta ouvindo o típico sininho do restaurante tocar, os garçons pararam o que estavam fazendo, e se curvaram desejando boa noite para nós dois.

 

Olhei em volta, e respirei fundo sentindo aquele cheiro maravilhoso de comida. O restaurante do Senhor Choi não era muito grande, muito menos famoso, mas ele tinha uma comida maravilhosa e era muito aconchegante. O Senhor Choi é um conhecido da vovó, ou seja, eu já o conhecia há bastante tempo. Tempo suficiente para ele me dar sobremesas de graça.

 

"Baekhyun, meu filho", ouvi a voz grossa me chamar e olhei em direção ao balcão, vendo o Senhor Choi sair de lá e vir até mim, me abraçando bem apertado.

 

Eu sorri feliz entre o abraço, e o retribui falando que estava com saudades. Não era para menos, eu já estava há bastante tempo sem o ver.

 

"E quem é o seu amigo?" perguntou olhando para Chanyeol, que sorriu gentil.

 

"Eu sou Park Chanyeol, e faço o mesmo curso que o hyung na faculdade. Prazer em conhecê-lo", ele se curvou educadamente, e eu ri da forma que ele tinha me chamado.

 

Eu fiquei mais algum tempo conversando e colocando as novidades em dia com o senhor Choi, mas logo ele nos encaminhou a uma mesa, com os cardápios na mão. Ele me fez prometer voltar lá mais vezes para nós conversarmos, já que era horário de jantar e o restaurante estava bem movimentado, o fazendo ter que voltar ao trabalho.

 

Me acomodei na mesa junto com Chanyeol, sentando de frente para ele. Apoiei o cotovelo na mesa, e encostei minha cabeça na mão, dando uma olhada em volta e acenando para alguns garçons que eu já conhecia. Estava tão distraído e tão feliz por finalmente reencontrar aquelas pessoas que eu gostava tanto, que nem percebi que o gigante me encarava, só me dando conta desse fato quando ele me chamou.

 

“Baekhyun”, finalmente dirigi meu olhar para ele, vendo seu sorriso grande enquanto tinha o cardápio aberto sobre a mesa em uma página qualquer. “Você é um pouco diferente de como eu pensava.”

 

“Como assim?”

 

“Sei lá, eu pensava que você era um grosso com tudo e que odiasse qualquer coisa que respirasse, mas pelo visto é só comigo”, alegou com um tom triste na voz no final da frase.

 

“Com você e a maioria da nossa idade. Me dou mais com pessoas mais velhas”, dei de ombros e desviei o olhar vendo a Hyerin noona se aproximar de nós.

 

“Noona”, sorri animado, enquanto ela colocava um copo de suco de morango com iogurt em cima da mesa, meu preferido.

 

“E aí, Baek?! Vejo que trouxe um amigo dessa vez”, assenti confirmando o óbvio.

 

Hyerin noona era a filha mais velha do Senhor Choi, ela devia ter por voltar dos trinta anos e trabalhava em uma revista infantil conceituada. Ela era uma mulher muito simpática e generosa, tanto é que sempre que podia ajudava o Senhor Choi no restaurante.

 

Seu marido era sócio do seu pai e cuidava da parte administrativa do restaurante, e sempre que podia ajudava na parte de atendimento também. A família deles era muito bonita de se ver, apesar de ter suas desavenças de vez em quando também, como na vez que a Hyerin noona perdeu seu bebê. Foi uma época muito triste e nublada para todos, mas ela já vinha tentando engravidar de novo.

 

“Esse é o Chanyeol, e ele estuda comigo.”

 

“Prazer em conhecê-la, noona”, o grandão respondeu de forma educada, se curvando como podia.

 

“O prazer é meu. Faz tempo que o Baekhyun não traz algum amigo para cá. Falando nisso, como está o Sehun?”

 

“Ele está bem, já está mais acostumado com os Estados Unidos agora.”

 

“Fico feliz”, sorriu docemente, virando para Chanyeol em seguida. “E você, garotão, já escolheu o que vai beber e comer?”

 

“Hã?” Olhou para mim meio perdido. “Você já pediu, Baekhyun?”

 

“Eu sempre peço o de sempre, bulgogi.”

 

“Eu vou acompanhar ele então”, respondeu olhando para a noona. “E um suco de limão, por favor.”

 

“Certo, uma porção para dois de bulgogi e um suco de limão?”

 

Chanyeol confirmou e entregou o cardápio para ela, que foi embora logo em seguida.

 

“Parece que todos gostam muito de você”, comentou contente. “Afinal, quem é esse Sehun que todo mundo fala?”

 

“É o meu melhor amigo, ele está nos Estados Unidos agora, por causa do trabalho de seus pais, mas nós somos realmente muito próximos.”

 

“Entendi, deve ter sido difícil para você”, comentou enquanto a noona voltava para a mesa depositando o suco de limão ali, recebendo um agradecimento de Chanyeol.

 

“Foi sim, mas não estamos aqui para falar de mim, vamos falar de você e do corujinha. Precisamos de um plano, mas para isso eu preciso conhecer mais você, porque naquela hora no almoço eu não sabia que assunto em comum entre vocês eu podia falar.”

 

“Ah sim, do que ele gosta?”

 

“Hm.....” Tentei puxar na mente do que o corujinha gostava mais. “ele ama livros, ama filmes antigos e ama cozinhar. Mesmo que não pareça, ele é bem carinhoso e protetor, mas tem uma língua afiada”, ri lembrando daquele garoto menor do que eu - vale ressaltar - me xingando por ter tirado do filme chato de romance que ele assistia para colocar no Homem de Ferro.

 

“Aish, assim fica difícil, não gosto de nada disso”, resmungou abaixando a cabeça, mas logo levantando o olhar para mim de novo. “Ele não gosta de jogos? Tipo LOL?”

 

“Ele odeia LOL”, ri lembrando das vezes que ele reclamara de eu sempre estar jogando aquele jogo enquanto estava em casa. “Ele sempre reclama quando eu estou jogando.”

 

“Você joga? Qual é seu nick? Vamos marcar de jogar um dia desses”, disse eufórico, quase se atropelando nas palavras.

 

“Vou pensar”, acabei rindo da cara de cachorro sem dono dele.

 

“Para de ser mau comigo.”

 

“Se eu fosse mau com você, a gente nem estaria aqui agora. Aliás, eu estou achando que estou muito bonzinho com você hoje, e que você teve sorte de me pegar em um dia bom, por isso eu acho que você deveria pagar a conta.”

 

“Eu já ia pagar porque eu sou muito cavalheiro.” Olhei para ele incrédulo, e acabei rindo.

 

Conversamos sobre alguns dos gostos do Chanyeol, e acabei descobrindo que ele era até bem parecido com o meu. O tempo passou rápido, e quando vi a noona já estava voltando para a mesa com o bulgogi, atraindo toda a minha atenção para aquele cheiro maravilhoso. Afinal, quem liga para o Chanyeol quando tem comida na sua frente. Com certeza não era eu.

 

Comecei a comer ignorando totalmente o grandão, que ainda levou alguns minutos para comer, provavelmente estranhando minha devoção e minha cara de quem acabou de gozar. - Sehun sempre dizia isso, e eu não discordava, já que ele viu meu rosto nas duas situações, e provavelmente deve ser parecido mesmo - quando levei aquele pedaço do céu para minha boca. E nossa, estava divino, até esqueceria da presença do orelhudo, se ele não voltasse a tagarelar algo sobre como ele iria conquistar o Kyungsoo, se eles não tinham nada em comum.

 

“Você pode ler algum livro que ele goste e depois comentar com ele, você viu como ele fica quando fala de alguma coisa que ele gosta”, sugeri bebendo meu precioso suco de morango.

 

“É CLARO”, ele gritou mesmo, escandaloso. “É perfeito, isso irá aproximar a gente, com certeza.”

 

Apenas concordei, voltando a comer.

 

“Mas tem que ser um livro pequeno, porque eu não gosto muito de ler”, revelou fazendo uma careta.

 

“Eu sempre fico com sono.”

 

“Eu também, o máximo que eu consigo ler são mangás.”

 

Concordei com ele, porque era exatamente assim. O máximo que eu lia era alguns mangás que eu comprava quando estava muito entediado. A arte era bonita, e era justamente os desenhos que me prendiam a história. O único mangá que eu não comprei por causa da arte, foi um mangá yaoi na época que eu descobri que gostava de garotos. Era um mangá com uma arte bem mais ou menos, mas eu o comprei pra saber, bom... como funcionavam as coisas, já que eu me recusava a ver pornô.

 

“Hey, Baekhyun, você ouviu o que eu falei?”

 

“Não, o que foi?”

 

“Eu disse que estava pensando em chamar o Kyungsoo para o cinema. Você acha que ele vai aceitar?”

 

“Não”, fui bem sincero mesmo.

 

“Por que você é tão indelicado comigo?” Ele fez aquela famosa cara de cachorro sem dono.

 

“Acho que você esqueceu a situação em que você está. Nós dois não gostamos de você, e você só piora tudo quando perturba a gente todo o santo dia. Se você chamar ele pra sair agora, ele vai certamente te dar o fora do ano, assim como eu daria também”, fui falando, me lembrando de todos os dias em que o orelhudo irritava a gente, e nossa, ele é muito chato mesmo.

 

“Mas você já aceitou sair comigo, tanto é que estamos jantando agora e eu vou pagar a conta. Então tecnicamente estamos em um encontro.”

 

Olhei para ele com a sobrancelha arqueada. Ele acabou de dizer que nós estamos em um encontro? Ele anda comendo cocô? Não é possível.

 

“Primeiro, que fui eu que te chamei para jantar, por pena dessa sua cara de cachorro que acabou de cair no caminhão de mudança. Segundo, que você só tá pagando a conta por eu ter que te aturar por tanto tempo assim. Aliás, esse dinheiro não paga nem a metade da paciência que eu tenho que ter para te aturar. E terceiro, que eu nunca aceitaria ir em um encontro com você.” 

 

Ufa, suspirei cansado e um pouco irritado, as vezes eu era direto de mais, me sentia até um pouco mais aliviado. Mas isso passou assim que eu olhei para seus olhos, e vi a expressão mais desolada que eu já vi na vida.

 

Eu não tô exagerando.

 

Era tão estranho ver o Chanyeol sem aquele sorriso de coringa dele, com aquela cara de decepcionado que meu coração se apertou. Nossa, eu falei besteira. Ele era todo grandão com seus dois metros, mas ele era muito sensível, talvez mais que eu.

 

Então, pela primeira vez eu me coloquei no lugar dele. Se alguém me dissesse aquele tipo de coisa eu iria chorar assim que chegasse em casa, e ia me odiar por alguns pares de semanas. Não deve ser fácil para ele gostar de alguém que o odeia e que sempre o ignora, ainda mais ele que costuma falar com todo mundo, trocando sorrisos por aí.

 

“Er... Me desculpa, eu não queria ter dito isso, tudo bem?”

 

E ele me ignorou. Sim, senhoras e senhores, pela primeira vez Park Chanyeol ignorava alguém, e esse alguém era justamente eu, a pessoa que tem coração mole mas se finge de durão.

 

Péssimo dia para ser Byun Baekhyun.

 

Ele olhava pro lado com aquela carinha, e eu jurava que ele abriria o berreiro ali mesmo. Ele olhava para todos os lados menos para mim, e quando eu ia abrir a boca para me desculpar de novo pelas verdades que eu joguei na cara dele, a noona apareceu na mesa mais uma vez, tirando nossa sujeira, e colocando a torta de morango que o Senhor Choi sempre me dava quando eu ia ali.

 

Eu acho que ela percebeu o clima ruim que tinha se instalado, porque eu pedi a conta e ela apenas assentiu em silêncio, dando um sorrisinho de conforto para mim.

 

Eu olhei da torta para o Park, e eu juro que aquela foi a decisão mais difícil que eu estava tomando na vida.

 

Afinal, eu nem gostava muito dele assim. Ele sempre me irritou, e era o tipo de pessoa popular que eu mais odiava, que era cercado de amigos, mas que na verdade não tinha nenhum melhor amigo. Ele falava sem parar, e não parava de sorrir nunca, sua altura me irritava, suas orelhas me irritavam e ainda tinham os malditos cachinhos. Mas – sim, sempre tem esse 'mas' chato que ferra a vida das pessoas -, ele estava se esforçando e sendo legal comigo, e eu só agradecia dando patada.

 

Foram poucas as pessoas que tentaram ser legais comigo, e elas se resumiam em Kyungsoo e Sehun, que conseguiram ultrapassar a minha máscara de isolado. Mas ali estava o grandão, pedindo minha ajuda, e aturando toda a chatice e antipatia gratuita que eu jogava nele.

 

“Toma”, estendi a torta para ele, “pode ficar com a torta e me desculpa tá bom? Eu vou te ajudar a sair com o Kyungsoo.” Ele me olhou, finalmente, com um traço de curiosidade no olhar, esperando que eu continuasse. “Eu vou chamar o Kyungsoo para ir no cinema comigo, então por uma coincidência você vai estar lá, e olha que mágico, você terá comprado a mesma sessão que a gente. Mas você vai ter que levar um amigo com você, para não ficar tão óbvio.”

 

Chanyeol ficou animado, e finalmente voltou a falar comigo me desculpando.

 

Perguntou porque eu odiava pessoas populares, e eu apenas disse que tinha meus motivos. Tentou tirar uma resposta a todo custo de mim, mas no final desistiu e disse que ele não era popular, e sim uma pessoa simpática demais, e que por isso atraía as outras pessoas. Eu apenas dei de ombros, como sempre, e ele começou a tagarelar sobre como seria legal o nosso megaencontro, e como ele conheceria mais o corujinha assim.

 

Elogiou também as ideias maravilhosas que eu tinha, e disse que se sentia um mafioso assim. Vai entender.

 

 

 

No final nós acabamos dividindo a torta, e eu paguei a conta.

 

 


Notas Finais


Bulgogi >> http://cdn2.koreanbapsang.com/wp-content/uploads/2010/05/DSC_0797-e1426734660853.jpg

Desenho da tatuagem de carpas >> http://tattoaria.com.br/blog/wp-content/uploads/2014/07/joey_02.jpg

Park maravilhoso Chanyeol com a mascara de ursinho > https://cdn.shopify.com/s/files/1/1057/3486/products/2015-New-Arrival-Fashion-Kpop-EXO-Chanyeol-Same-Style-Chan-yeol-Lucky-Bear-Black-Mouth-Mask_6c9ef330-20c9-464a-8404-6aca9a8ac044.jpeg?v=1449868664

Ufaaa.... não estava brincando quando eu disse que os próximos caps estavam gandinhos viu kkkkk
Foi nesse cap que vcs conhecem um pouco da história do baek, mas não se preocupem que ele vai explicar mais durante a fic~ e é nesse cap que temos a primeira "aparição" do nosso best friend vida loka Oh Sehun, cheio de suas tatuagens, seus piercings e suas taradisses kkk não vou mentir, adorooo kkkk
Espero que tenham gostado desse Baekhyun se rendendo a carinha fofo do Park orelhudo pq eu acho que ninguém com suas faculdades mentais saudáveis resistiria kkk
É isso pessoas lindas, até o próximo ~XOXO

OBS: as capas dos caps falam um pouco sobre eles, então seria legal se vcs vissem antes de ler kkkk
OBS2: O QUE SÃO ESSAS FOTOS CHANABEK NO HAVAI GENTE, NÃO SEI SE VCS ESTÃO VENDO MAS ESSES DOIS SÓ ME ARRASAM PQP


Reclamações, xingamentos e até declarações ~não custa nada sonhar né?~kkkk podem me chamar no twitter > @hysadorothy


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