História Waiting for you to remember - I call your name, you look right through me

—  Eu juro que não estou entendendo mais nada. - Zayn disse, impaciente.

— Zayn, se acalme. - Perrie pediu.

—  Você não disse que ele estava desaparecido? Que estava em perigo? - Zayn perguntou. - Como ele pode estar se preparando, neste exato momento, para uma entrevista? Não faz...

—   Zayn! - Perrie o repreendeu. - Se você não consegue entender, imagine ela! Nós vamos ter que esperar para ver.

—  Eu… eu vou ao banheiro.- me levantei, deixando os dois para trás.

Meu estômago parecia se contorcer, minhas mãos suavam e eu sentia que vomitaria a qualquer momento. Meu coração batia a mil e eu sentia meu corpo inteiro tremer.

Tentei aumentar o ritmo dos meus passos, até chegar ao meu camarim. Me preocupei em apenas fechar a porta e corri até o banheiro, buscando pelo sanitário e liberando tudo aquilo que parecia dançar em minha garganta. Eu não me sentia bem. Por mais que eu devesse estar me sentindo melhor agora, mais calma, talvez, não era como eu me encontrava. Parecia tão... errado... aceitar e acreditar na possibilidade de estar tudo bem.

Eu estava atordoada, sendo a casa de mil pensamentos que pareciam disputar atenção e, a cada briga, eu vomitava mais e mais.

— Emma? - ouvi a voz de Perrie um tanto quanto baixa, acompanhada por duas batidas fracas na porta. - Está tudo bem?

Tentei responder, mas minha última ação se recusava a dar uma pausa.

Sem resposta, eu só ouvi a porta sendo fechada e seus passos se aproximando.

—  Perrie… Eu não estou bem. - No segundo seguinte eu me via chorando.

Ela se abaixou do meu lado, segurou meus cabelos com uma das mãos, enquanto com a outra massageava minhas costas levemente.

—  Está tudo bem, nós estamos aqui. - ela sorriu. - Nós estamos com você, tudo bem?

— Como ele pode estar aqui? Digo, a única explicação para tudo isso é…

— Não tem explicação! E não vamos sofrer por antecedência, vamos esperar eles aparecerem, vamos apreciar isso. Eu sei do que você estava com medo, então vamos dar graças a Deus por ele aparecer, porque isso significa que ele está bem. - apenas a encarei, percebendo que ela tinha razão. - Ele está bem!

— Eu estava pensando… - ela ficou séria, me ouvindo com atenção. - Talvez ele tenha simplesmente se afastado porque não quer mais ficar comigo. Digo, é mais fácil do que terminar, não é? E, na verdade, nós nem tínhamos algo direito, ele estava tão confuso em L.A., talvez eu tenha o pressionado e agora que ele ficou um tempo sozinha, ele percebeu que isso não é o que ele quer. - ela apenas negou com a cabeça. - Eu entenderia, sabe? É tão mais fácil simplesmente se afastar do que terminar. Depois de tudo que passamos, ele deve ter ficado com medo de terminar comigo e eu fazer alguma merda. Eu sempre fui a desestruturada da história, a confusão, a bagunça. Eu não o julgaria.

—  Emma, pare! Primeiro: Harry jamais faria isso! Jamais! - ela sorriu. - Segundo: você nunca foi a bagunça. Você sempre esteve no meio, mas nunca foi a bagunça. Tem, sim, uma explicação para tudo isso, mas não é espaço. Ele não está te evitando, está evitando todo mundo. E uma coisa que eu posso te garantir: Harry, ou qualquer um dos meninos, não ousaria perder tantas reuniões, principalmente em um momento crítico como esse. Eu trabalho com a mesma empresa que eles, eu posso te garantir que ele não mexeria com aquelas pessoas se tivesse escolha.

— Eu só queria entender, juro! - pus-me a ficar de pé, uma vez que o vômito havia cessado. A garota me acompanhou.

— Todos nós. - ela sorriu amarelo. - Agora escove os dentes enquanto eu vejo se tem alguma maquiagem aqui para retocarmos, tudo bem?

[...]

— Desculpe por termos atrasado, Jonathan. - Perrie se desculpou após nos sentarmos novamente no sofá. Eles estavam apenas nos esperando. - Sabe como é, né? Gravidez, enjoos, não pude segurar. - ela sorriu sem graça.

— Sem problemas, minha querida. - ele sorriu, gentil. - Podemos voltar? - apenas assentimos, e então ele anunciou o retorno do programa.

— Já vamos começar com nossa primeira pergunta: Zayn… - ele revezou o olhar entre seu iPad e o garoto. - Você postou uma foto de um jantar íntimo entre você e Perrie, dias depois, ela foi vista com um anel. Deduzimos, logo, que vocês reataram o noivado, certo? Foi por causa do bebê?

— Eu disse, não disse? - ela sussurrou, se aproximando do ouvido do garoto.

Zayn não pareceu ao menos ver malícia na pergunta. Ele permaneceu calmo, sereno. Deu apenas um sorrisinho e pôs-se a responder:

— Como você deve ter visto, esse jantar foi há algumas semanas atrás. E, sim, foi nele que eu a pedi em noivado. Eu não gosto do termo “reatar”, porque somos pessoas diferentes agora, nosso relacionamento é algo novo. Não somos como antes. E não, não foi por causa do bebê, foi porque eu percebi que a única coisa que ainda faltava na minha vida era a ela, era nós. O bebê foi uma novidade recente, eu só fiquei sabendo ontem.

Perrie deu um sorriso largo, recebendo um beijo no ombro de Zayn.

— Fofos! - Jonathan imitou uma “mulherzinha”. - Próxima pergunta é para Perrie: na vida dos meninos, você foi quem chegou primeiro, assim como na nossa. Quem os meninos preferem: você, ou Emma?

— Como assim? A pergunta é para mim, mas querem que eu fale por Liam, Louis e Niall? - ela riu. - Gente, por favor, né! Eu vou responder, ou tentar, porque é o que vim fazer, mas não é o mais apropriado. - Zayn riu. - Acho que eles não precisam escolher, porque não disputamos nenhuma posição. Eu estou com eles como namorada de Zayn…

— Noiva. - Zayn disse, entre tossidas forçadas. Todos riram.

— Eu estou com eles como noiva de Zayn - ela olhou para ele, que tinha um sorriso orgulhoso. - Emma está como namorada de Harry. Eles não precisam escolher.

— Certo. - ele pareceu não satisfeito. - A próxima também é para você: Perrie: como você nunca reagiu à Emma tentando roubar Zayn de você?

Zayn começou a rir e logo eu o acompanhei.

— Essa é interessante! - ele disse.

Perrie parecia nervosa, provavelmente se perguntando o que fazer.

— Ela reagiu! - respondi. Zayn gargalhou e Perrie segurou, mas logo caiu na gargalhada. - Nossa primeira briga foi a pior de todas… Ela reagiu!

— Agora até eu fiquei curioso! - Jonathan disse, rindo. - O que ela fez?

— Ela me deu um tapa, mas tinha todo o direito! - respondi, Perrie corou.

— Mas ela revidou, então meio que anula o meu, certo? - ela perguntou. - Eu estou com tanta vergonha!

— Zayn! Não fique quieto, conte-nos sobre a experiência de ter duas lindas mulheres brigando por você! - Zayn gargalhou.

— Eu nem posso dizer que foi por minha causa. Elas se estranharam por antipatia mesmo.

— Modéstia! - ele riu. - Nossa próxima pergunta é para Emma: recentemente, você assinou um contrato com a grande rede de roupas da Inglaterra, F&F, mas semanas antes havia saído uma nota não oficial dizendo que a modelo seria Kendall Jenner. Você tem algo a dizer sobre isso? Houve, de fato, esse conflito?

Eu permaneci estática por um tempo. Eu lembrava de ter lido e relido o contrato, tanto sozinha, quanto com Luísa e Sam. Não havia, em lugar algum, o nome de Kendall.

— Eu nem mesmo sabia disso. - ele me olhou surpreso. - Eu apenas recebi o contrato, li as cláusulas e assinei.

— Então é um boato?

— Eu não sei, eu não entendi sequer o que aconteceu. - ele riu. - O que estão dizendo? Que nós brigamos?

— Estão dizendo que Kendall se recusou a dividir o trabalho com você.

— Eu não sei nada sobre isso. Juro. No contrato, no que eu recebi, pelo menos, veio a informação de que eu não seria a única modelo, até porque são várias categorias diferentes, mas que na minha categoria, seria só eu. Eu li e reli, minha amiga, que cuida dos meus trabalhos, fez o mesmo. Até Sam leu comigo. Posso dizer que não continha o nome de Kendall, e creio eu que não continha o meu no dela.

— Então isso é mentira mesmo?

— Eu não sei por parte dela, mas eu garanto que não ouve discussão entre nós duas. A última vez que eu a vi, foi no aniversário de Harry.

— Certo. - ele assentiu. - Próxima pergunta também é para você: enquanto Harry estava com Kendall, vocês tiveram algum tipo de relacionamento? Rolou um beijo, alguma coisa?

— Eu não sei a situação dos dois enquanto estávamos em L.A., mas antes disso, não.

— Vocês moravam na mesma casa e não rolou nada? Como isso é possível?

— Ele não falava comigo e passava a maior parte do tempo com ela. Evitava ficar em casa e, quando ficava, levava ela. Não tivemos nenhum momento romântico, se é o que quer saber.

— Tem várias perguntas chegando para você agora, uma delas é: você acha que se não fosse pela viagem de vocês até Los Angeles, vocês voltariam? Honestamente, nós não acred… - ele engoliu seco, olhou para mim, depois Zayn, e forçou um sorriso. - Essa é a pergunta.

— Eu aguento, Jonathan, pode ler tudo. - soltei um riso forçado.

— Não é importante. - ele reforçou.

— Eu insisto. - sorri amarelo.

Ele respirou fundo enquanto encarava Zayn, como se esperasse uma aprovação.

— Você acha que se não fosse pela viagem de vocês até Los Angeles, vocês voltaria? Honestamente, nós não acreditamos que você ainda valesse alguma coisa para Harry depois que Kendall aceitou ficar com ele.

Respirei fundo, sorrindo amarelo.

— Eu não sabia quem eu era ou quem ele era, então, acredite, em momento algum eu acreditei que eu valesse mais. E, não, eu não acho. Antes da viagem, eu estava disposta a ir morar com meu pai, bem longe de todo mundo. Mas não era justo com Megan que eu fosse antes de celebrar o aniversário dela, então eu fiquei.

— Então você ia o deixar?

— Eu não tinha ninguém para deixar. Harry nem mesmo queria que eu ficasse lá, para começar.

— Mas isso é porque ele estava sofrendo com tudo o que aconteceu, Em. É como se não fosse ele, entende? - Zayn disse.

— Ele estava feliz com ela, ou então fingia muito bem. Mas eu percebia o quanto ele estava chateado e, principalmente, o quanto a minha presença ali deixava tudo ainda pior.

— O que mudou tudo isso? - alguém na platéia perguntou. Uma garota, devia ter seus quinze, dezesseis anos. - Como vocês mudaram da noite para o dia? É isso que ninguém entende, nós já sabemos agora que ele te odiava, te menosprezava, te repudiava. E então vocês viajaram e reataram o namoro. Como? Como, Emma? - ela praticamente gritou sua última pergunta.

— Eu não gostei do seu tom. - Perrie disse, aparentemente intimidada.

— Emma? - Zayn me encarou.

— Tudo bem. Deixe-me lhes contar o meu ponto de vista; Ele esteve do meu lado durante meu tempo em coma. Se você olhar o registro de visitas, verá o nome dele escrito em cada linha daquelas folhas, porque ele ia lá todos os dias e ficava cada segundo possível comigo. Quando eu acordei, eu não sabia quem ele era. Ou quem eu era. Eu não sabia de nada. - respirei fundo. - Eu vi o quanto ele ficou desolado no momento que eu disse “eu não sei quem você é”. Eu vi. E então ele não voltou mais. Megan e Niall me levaram para a casa deles, a casa de Harry. Eu o vi chegando bêbado em casa, às vezes bravo, às vezes triste. E então eu comecei a observar tudo que ele fazia e tudo que ele fazia me parecia tão familiar. Eu o via assistir musicais até cair no sono, o via ser bondoso com tudo e todos que estavam presentes quando, em sua vista, eu não estava. Eu o via comprar diversas barras de Cadburry e Prestat e o via colocá-las ao lado do meu cereal toda semana, na esperança de que eu pegasse e perguntasse a ele qual era a melhor, como no dia que nos conhecemos. Eu o via ouvindo nossas músicas preferidas, cantando. Eu o via rindo de coisas sem graça, algumas vezes, chorando com coisas engraçadas. Eu estava ali, eu o via, e eu não podia fazer nada. Eu só sentia o mal que eu trazia para ele toda vez que eu saia do quarto e seus olhos me acompanhavam. Ou quando eu o ouvia. Eram os piores momentos: quando eu o ouvia. - eu então percebi que chorava. - Eu o ouvia ouvindo sua caixa postal de madrugada, eu ouvia minha voz e, de fundo, eu ouvia cada copo, garrafa e vaso que ele quebrava. Então, quando você me pergunta “como?”, eu digo: “porque eu o via”. Nós estávamos ali. Ninguém mais importa, porque nós estávamos ali e eu o via.

— Vocês estavam ali e nada mudou? Por que apenas se assumiram em Los Angeles? - ela questionou, mais uma vez.

—  Porque foi quando ele me beijou e, finalmente, ele me viu. -sorri- Ele me viu.