História Wake me up - Jikook - Messages

*Algumas semanas depois*

 

Jimin começou a namorar Yoongi. E nem preciso dizer o quanto eu estava triste com isso.

Quando ele me contara, todo alegre e saltitante, tive vontade de sumir, ir para algum lugar, tirar esse sentimento e enterrá-lo. Jimin não tinha noção do quanto isso me fazia ficar triste.

E o pior de tudo era que Jimin estava cada vez mais distante. Agora ele saía praticamente todas as tardes com Yoongi e quando conversávamos, ele sempre falava daquele cara.

Eu estava não apenas triste, mas com raiva também.

As nossas conversas na janela se tornaram mais ocasionais. Agora ele ficava até tarde conversando com o Yoongi. E ás vezes, nem dormia em casa.

Eu estava odiando isso. Odiava a ausência dele. Odiava ele estar namorando Yoongi. Odiava o fato de Jimin não gostar de mim e o fato de não conseguir me livrar desse sentimento.

Admito que ás vezes chorava por causa disso, por mais que não quisesse. Mas não durava muito tempo, pois eu dizia para mim mesmo que aquilo não resolveria.

Então comecei novamente a ir em festas com Taehyung. Antes, eu não bebia; agora o que mais fazia era ingerir álcool. Taehyung me contava depois que eu não parava de dançar e ficar com um monte de pessoas, mas que depois dos meus momentos de êxtase, me isolava num canto e ficava me perguntando por que Jimin não me queria.

Puta que pariu, que vergonha de mim mesmo!

Mas eu não parava de agir assim. Porque queria esquecer Jimin, pelo menos por algum tempo.

Naquele momento, estava me arrumando para uma festa que aconteceria na casa de um amigo de Taehyung que todos chamavam de "Bambam", pois o nome dele era difícil de pronunciar. Quando terminei, desci as escadas em seguida, meu pai murmurando um "Cuidado" para mim e eu saí, o vento frio da noite bagunçando um pouco meus cabelos.

Aparentemente, Jimin iria sair também, como sempre. Havia um carro - que eu já sabia que era do Yoongi - parado em frente a sua casa e Park andava em direção à ele.

Jimin olhou para mim, acenando. Parei, enquanto observava ele andar até mim.

- Kookie! Está indo pra onde?

- Para uma festa.

- Pensei que não gostasse muito de festas.

- Bem, não gosto - sorri - Mas estou indo muito ultimamente.

- Por quê?

- Preciso me divertir um pouco, hyung.

Ele sorriu e meu coração pareceu derreter um pouco.

- Você não tem que sair, hyung? - falei, tentando me controlar para não transparecer o que estava sentindo.

- Ah, tenho - ele olhou para o carro e depois para mim novamente - Mas queria vir falar com você primeiro.

- Isso por que não tem falado comigo esses dias? - não consegui me conter. Estava me sentindo bastante chateado.

- Eu tenho estado ocupado...

- Tudo bem - suspirei - Você precisa ir agora. E eu também.

- Kookie...

- Tchau hyung - abri um pequeno sorriso e comecei a caminhar até a casa de Taehyung, sem olhar para trás.

Eu sei que fui um pouco frio com Jimin. Mas não conseguia não demonstrar o quanto estava chateado.

Mesmo que eu não estivesse conseguindo esquecer Jimin, não pararia de tentar. Não havia mais esperança. Ele estava com Yoongi agora.

Bufei, balançando a cabeça. Não queria mais pensar nisso.

 

Algum tempo depois, cheguei até a casa de Taehyung, mas não fiquei muito tempo lá, pois Hongbin, um amigo do Tae veio nos buscar.
A festa aconteceu como todas as outras. Chegamos na casa do Bambam e logo comecei a beber, Taehyung dizendo para que eu não exagerasse. Mas não liguei. Em pouco tempo, já estava bêbado, dançando ao som da música eletrônica que tocava.

As coisas que aconteceram a partir daí não passaram de um borrão: lembro-me de ter ficado com um monte de garotos e garotas que mais tarde nem lembraria do rosto, a bebida sumindo rapidamente do meu copo.

Esta parecia ficar melhor cada vez que bebia um novo gole. Eu não ligava se iriam falar de mim pelos corredores no dia seguinte. Não ligava se estavam me olhando ou não. Eu só me importava com a música que tocava e em não pensar em nada.

E isso funcionou por algumas horas; até eu subitamente me lembrar de Jimin.

Toda a tristeza, raiva e frustração que tentara ignorar me atingiram como um tsunami, inundando-me por completo. Meus pensamentos foram invadidos por memórias com Jimin: nossa primeira dança juntos, o jeito como me incentivara na batalha de dança, nosso primeiro beijo...

Nosso primeiro beijo.

Essa lembrança preencheu minha mente e pude sentir novamente aquela sensação dos lábios dele nos meus. Esse era um sentimento que adoraria ter de novo.

E claro, comecei a relembrar tudo o que ele me dissera. E toda a tristeza veio de uma vez.

Sentei-me no chão, em um canto afastado, escondendo a cabeça entre as mãos.

- Por que Jimin? - eu perguntava - Por que você está... Está fazendo isso comigo?!

Eu estava gritando, mas ninguém prestava atenção em mim; estavam bêbados demais para isso.

Bem, menos uma pessoa.

Taehyung me viu, andando em minha direção e sentando-se ao meu lado.

- Por que ele faz isso, Tae? Por quê?!

- Calma Jungkook - Taehyung suspirou - Vem, vamos embora.

- Não quero ir embora. Eu quero o Jimin!

- Eu sei! - suspirou - Mas por favor, tenha um pouco de dignidade!

Ele pegou seu celular, digitando alguma coisa e depois guardando-o, enquanto eu continuava a murmurar coisas sobre Jimin.

- Eu costumava olhar o céu... Com ele - minhas palavras saíram arrastadas.

- É mesmo? Que romântico.

- Muito romântico mesmo - abri um sorriso bobo - Ele é muito fofo.

- Já ouvi isso milhões de vezes.

- Eu só falo isso... Porque é a verdade!

Ele bufou.

- Você precisa esquecer o Jimin.

- Eu não consigo... Ele não sai daqui, ó - apontei para minha cabeça, rindo em seguida.

Ele sacudiu a cabeça. Fiquei um bom tempo balbuciando coisas desconexas, todas elas relacionadas a Jimin de alguma forma. Taehyung ria de mim, mas logo me fitava com uma expressão preocupada.

- Ainda bem que decidi não beber hoje. Sabia que iria ficar assim - ele pegou o celular novamente, guardando-o em seguida - Vamos.

- Para onde?

- Para casa - ele colocou um braço ao redor da minha cintura, levantando-me e guiando-me até a porta de entrada.

Hoseok esperava do lado de fora, dentro de seu carro. Taehyung abriu a porta de trás para mim, colocando-me lá dentro, e se sentou no banco do carona em seguida. Vi quando ele deu um selinho em Hoseok.

- Só você mesmo para me fazer vir te buscar a essa hora da madrugada - Hoseok deu um risinho.

- Esse é o seu castigo por não ter vindo a essa festa comigo.

- Já falei que tive que sair com minha família hoje, amor.

- Sim, eu sei - eles deram outro selinho.

- Shippo muito... Vocês dois! - falei, gargalhando em seguida - Sabe o que eu shippo mais? Eu e o Jimin. Mas... O Jimin... Não quer tornar nosso shipp real!

- Que merda, hein? - Taehyung sacudiu a cabeça enquanto Hoseok ligava o carro.

- Ele está péssimo - Jung comentou.

- Jura, Hobi? - Tae revirou os olhos.

- Não tô não! Tô ótimo! Não tá vendo?! - gargalhei.

- Estou vendo sim, Jungkook - Hoseok riu.

- Por que o Jimin não me quer? O que aquele Yoongi tem que eu não tenho?!

- Swag - Hoseok respondeu.

- O quê?

- Nada - ele riu.

- Você conhece o Yoongi, Hobi? - Taehyung franziu o cenho.

- Um pouco. Ele vai lá no clube ás vezes - ele deu de ombros.

- Bolinhos se casam com bolinhos! Eu sou um bolinho, Jimin é um bolinho, então nós deveríamos casar!

- O que diabos você está falando, Jungkook?

- Sobre o casamento de bolinhos! - falei, como se fosse óbvio.

Taehyung riu.

- Hobi, me lembre de nunca mais deixar o Jungkook beber.

- Por quê? É engraçado quando ele fica bêbado - Hoseok estava rindo.

- Hobi!

- Estou mentindo?

- Não - Taehyung riu.

Pouco tempo depois, chegamos em frente à casa de Taehyung, que saltou do carro, abrindo a porta de trás e me retirando de lá. Hoseok também me segurou e ambos me guiaram até a sala da casa dos Kim, jogando-me no sofá e sentando-se cada um ao meu lado.

- O que a gente faz?

- Não sei. Ele não pode dormir aqui, por causa do pai dele. E também não pode chegar em casa bêbado - Taehyung suspirou, pensando um pouco - Acho que vou ter que dar um banho nele...

- A única pessoa que quero que me dê banho é o Jimin! - falei, um tanto alto.

- Xiu! Fala baixo! Quer que meus pais acordem?!

- Você não vai dar banho nele, TaeTae - Hobi falou, parecendo preocupado.

- Qual é o problema?

- O problema é que vai ter que tirar a roupa dele para colocá-lo embaixo do chuveiro!

- Ah, grande merda! Já vi tanta gente pelada na minha vida...

- Mas o único que você pode ver agora sou eu!

- Ciúmes agora, Hobi? Olha o estado do Jungkook!

- Aish! Só não quero que você veja outro cara pelado!

- Eu não vou ver o Jungkook pelado! Só vou tirar a roupa dele e colocá-lo embaixo do chuveiro!

- E tirar a roupa dele não vai fazer você vê-lo pelado?

- Eu fecho os olhos!

- Pervertido do jeito que você é?

- Hobi, eu não vou pegar o Jungkook, se é o que pensa! Se eu quisesse, já teria feito isso há muito tempo!

- Não vai pegar? Um cara bonito que nem o Jungkook? - Hoseok cruzou os braços.

- Ah, então você acha o Jungkook bonito?

Eu observava a expressão de cada um, aquela discussão parecendo uma partida de tênis. Não conseguia parar de sorrir. Porém, enquanto acompanhava aquela cena, meus olhos começaram a pesar e o som de suas vozes se tornaram cada vez mais distantes.

- Pensei que fosse só eu que você achasse bonito!

- Mas é só você, amor!

- E o que você acabou de falar do Jungkook?

- Foi só uma observação...

E então meu olhos se fecharam e caí em um sono profundo.
 

***

 

O som de pessoas falando despertou-me, meus olhos abrindo-se devagar e incomodando-se um pouco com a forte luz do ambiente.
Minha cabeça parecia que iria explodir e levantei-me devagar, sentando-me. Massageei minha testa, tentando em vão melhorar aquela dor.

- Bom dia - Jin apareceu à minha frente, estendendo uma caneca branca cheia de café.

- Que horas são?

- Sete da manhã.

- O quê?! Meu Deus, meu pai vai me matar!

- Ele vai, mas antes tome café - Jin falou, calmamente - É melhor morrer de barriga cheia.

- Engraçadinho - tomei um gole da bebida.

- Vem, tome café com todos.

Levantei-me devagar, seguindo-o até a cozinha, onde Taehyung, Hoseok, Namjoon e o Sr. e a Sra. Kim tomavam café da manhã.

- Oh, Jungkook! Dormiu bem, meu filho? - perguntou-me a Sra. Kim.

- Dormi sim, Sra. Kim - sorri envergonhado, enquanto sentava-me em uma cadeira.

- Não precisa ficar envergonhado, Jungkook. Seokjin já chegou bêbado em casa. E não foi só uma vez - o Sr. Kim balançou a cabeça.

- Não se esqueça que o Taehyung também chegou bêbado uma vez, appa.

- Cala a boca, Jin!

- Vem calar!

- Eu vou mesmo!

- Ok, ok! Chega! Todo mundo já chegou bêbado em casa alguma vez na vida! - o Sr. Kim tomou um gole de café - Agora parem com essa briguinha.

- Coma um pedaço de bolo, Jungkook - a Sra. Kim colocou um pedaço em meu prato.

Sorri. O Sr. e a Sra. Kim eram os pais mais liberais e mente aberta que eu conhecia. Jin e Taehyung não tiveram nenhum problema quando assumiram sua sexualidade. Seus pais deixavam Namjoon dormir em sua casa. E agora o Hoseok também.

- Não posso demorar muito. Meu pai deve estar uma fera - suspirei, enquanto comia rapidamente o pedaço de bolo.

- Coma mais devagar, Jungkook. Vai ficar tudo bem, ok? - Namjoon sorriu.

Assenti, sorrindo minimamente. Porque sabia que não iria ficar tudo bem.

- Eu mandei uma mensagem para seu pai pelo seu celular dizendo que você dormiu aqui - Taehyung falou.

Suspirei. Meu pai realmente iria me matar.

Após o café, tomei um rápido banho, vestindo uma roupa que Taehyung me emprestou, levando as que eu estava vestido em uma sacola.

Despedi-me rapidamente de todos, entrando no carro de Hoseok, que me levou até em casa. Conversamos pouco durante o caminho, pois estava com uma dor de cabeça horrível.

Assim que cheguei em casa, despedi-me de Hoseok, saindo do carro e observando-o sumir da minha vista.

Caminhei rapidamente até a porta, abrindo-a. Meu pai estava sentado em uma poltrona na sala, como se estivesse me esperando.

- Pensei que não iria voltar mais.

- Olha pai, me desculpe...

- Não acredito que dormiu na casa daquele viadinho! - ele me interrompeu, levantando-se em um supetão.

Suspirei, tentando ignorar o que acabara de ouvir.

- Pai, o Taehyung é meu amigo...

- Será que é só seu amigo mesmo? Vocês só vivem juntos o tempo todo! O que fizeram lá?

- Nada! Eu só dormi lá!

- Não duvido nada que ele esteja fazendo sua cabeça, tentando... Sei lá! Te recrutar!

- Me recrutar?! Do que o senhor está falando?!

- Aposto que ele quer que você vire viado também!

- Eu não acredito que estou ouvindo isso...

- Jungkook, você precisa andar com companhias boas! Com pessoas que agem da maneira correta...

- Quer dizer que o Taehyung não é uma boa companhia só porque é gay?

- Meu filho, convenhamos! É nojento pensar que um cara pode gostar de outro - ele suspirou - Eu não quero que se misture com essa gente.

Eu já estava cansado daquilo. Cansado de tudo o que estava ouvindo. Me sentia mal por meu pai pensar daquela forma. Aquilo significava que ele nunca poderia saber sobre minha sexualidade.

Sentia que minha cabeça iria explodir.

- Quer saber? Eu vou para o meu quarto - comecei a subir as escadas.

- Volte aqui! Essa conversa ainda não terminou!

- Acabei de terminar com ela!

- Você está de castigo, Jeon Jungkook! Uma semana sem video-game e sem celular! Me dê seu celular!

Bufei, parando de subir a escada, tirando o celular do bolso e entregando para ele.

- E um mês sem sair para lugar nenhum! É de casa para o colégio, e do colégio para casa! Entendeu?

- Sim senhor.

- Não vai poder nem ir na casa do Jimin!

- Já entendi. Posso ir para meu quarto agora?

Ele bufou, assentindo, enquanto murmurava algumas coisas que não consegui entender. Subi rapidamente para o meu quarto, fechando a porta com força e jogando-me na cama. Não queria pensar em nada, pois minha cabeça estava doendo de uma maneira insuportável.

Então, eu só respirei fundo diversas vezes, me acalmando, ficando um bom tempo fitando o teto do meu quarto até cair no sono. Dormi praticamente o dia inteiro.
 

***

 

No dia seguinte, descobri que eu era o assunto do momento no colégio. Taehyung me contara que as coisas que eu andava fazendo nas festas fez com que me tornasse conhecido. Agora, várias pessoas acenavam para mim no corredor, algumas meninas vindo falar comigo e me entregando seus números de telefone.

Para um cara tímido como eu, foi bem difícil lidar com isso. Essa situação estava me forçando a ser sociável. De uma hora para outra, não era mais invisível e estava no centro das atenções.

Ouvi diversas brincadeiras dos amigos de Taehyung do tipo: "Jungkook, pensei que você fosse todo santinho, mas é pior do que eu!", "Pegou todas e todos na festa! Garanhão hein?", "Me diz qual é o seu segredo para conseguir ficar com tanta gente?".

A minha vontade era de me enterrar em algum lugar.

- Pelo visto, você não precisa mais da minha ajuda para fazer um esquema - Taehyung falou, sorrindo, enquanto eu sentava ao seu lado no jardim, com um novo número de telefone que um cara me dera.

- Nunca falei com tantas pessoas em toda a minha vida! - suspirei - Não me deixe mais beber.

- Não vou mesmo. Você dá muito trabalho! - ele balançou a cabeça - E fica choramingando pelo Jimin.

Suspirei, não dizendo coisa alguma.

- Você precisa esquecer esse cara, Jungkook.

- Eu sei, mas não consigo...

- Consegue sim. Não seja trouxa. Agora você tem muitas opções - ele apontou para o número de telefone escrito em um pedaço de papel em minhas mãos.

- Não quero ninguém. Nem sei porque fico com tanta gente quando estou bêbado - bufei - Fico fora de mim.

- Você se transforma, meu caro. Do santinho para o diabinho.

- Aish, que vergonha... - escondi minha cabeça entre as mãos.

- Não sei por que você tem vergonha. Só está se divertindo, como nunca fez na sua vida. Você precisa viver, Jungkook! - ele riu - Nem sei como conseguiu dançar naquela batalha de dança no clube.

Foi por causa de Jimin, pensei, suspirando. Park sempre me incentivava a fazer essa coisas, perder a timidez.

Bufei, afastando esses pensamentos. Tinha que esquecer Jimin de uma vez por todas.

 

***

 

Na volta para casa, encontrei Jimin irrigando as plantas do seu jardim. Ele escutava música pelos fones de ouvido, totalmente absorto no trabalho que fazia.

Entrei no jardim, tirando um fone de seu ouvido, assustando-o.

- Ah, oi Kookie! - ele sorriu.

Ah, aquele sorriso acabava comigo.

- Você não viu nenhuma das mensagens que te mandei ontem.

- Estou de castigo, hyung. Sem celular e sem video-game. E sem sair para lugar nenhum. Isso inclui sua casa.

- Nossa, por quê?

- Porque dormi na casa do Taehyung.

- E isso é problema? Você dormiu na minha casa e tudo ficou bem.

- Meu pai não gosta do Taehyung.

- Por quê?

- Porque o Tae é gay.

 

 

Ele arregalou um pouco os olhos.

- Mas ele gosta de mim...

- Ele não sabe sobre você.

Jimin ficou um tempo em silêncio.

- E quando ele souber sobre você?

Suspirei.

- Não vai saber. Nunca - suspirei - Bem, tenho que ir...

- Kookie, sobre a conversa de ontem... - ele me interrompeu - Você tem razão. Não tenho falado muito com você. Me desculpe.

- Está tudo bem, hyung... É que eu sinto sua falta. Só isso - abaixei os olhos.

- Também sinto a sua, dongsaeng. Prometo que tudo vai voltar a ser como antes.

- Não sei como. Não posso nem vir na sua casa. Nem deveria estar no seu jardim.

Ele deu uma risadinha.

- Vamos dar um jeito.

Sorri e despedi-me dele, sentindo meu coração ficar acelerado. Iria ser bem difícil deixar de gostar de Jimin.
 

 

***

 

Mais tarde, depois que terminei um jantar silencioso com meu pai, subi para o meu quarto, andando imediatamente até minha janela, debruçando-me sobre o batente. Tudo parecia extremamente tedioso. Até o céu não estava tão bonito quanto antes.

Algum tempo depois, a janela da outra casa se abriu e Jimin apareceu através dela, acenando para mim. Fiz o mesmo, desejando imensamente poder conversar com ele.

Então, Jimin fez um sinal com a palma da mão aberta, falando um "espere aí", sem pronunciar nenhum som e sumiu para dentro do quarto. Não demorou muito tempo até estar de volta segurando um caderno de desenho e uma canetinha. Ele escreveu alguma coisa e depois virou a folha para que eu olhasse. Lá, estava escrito em letras garrafais:

 

"Você tem algum caderno de desenho?"

 

 

 

Ele virou a folha.
 

"Nós poderemos conversar assim"

 

Sorri e também fiz um sinal para que ele esperasse, indo até minha escrivaninha e pegando meu caderno de desenho, que as vezes utilizava para rabiscar algumas coisas. Voltei para a janela e na folha em branco, escrevi:
 

"Essa ideia foi muito boa, hyung"

"Qualquer sacrifício para falar comigo, hein?"

 

Ele sorriu e começou a escrever.
 

"Quem quer dá um jeito, quem não quer dá uma desculpa"
 

"Lispector, Jimin - 2017"

 

Jimin gargalhou.
 

"Senti falta das nossas conversas de janela"
 

"É mesmo? Não parecia"

"Só quer saber do Yoongi agora"
 

"Ciúmes, Kookie?"
 

"E se for?"

 

Olhei para Jimin, percebendo que ele estava sem jeito.
 

"Controle seu ciúmes, dongsaeng"

 

Sorri.
 

"Você não deveria estar falando com seu namoradinho agora?"
 

"Ele pode esperar"

"Senti falta de falar com você"

 

Ele sorriu e escreveu mais alguma coisa.
 

"Acho que estou falando muito isso"
 

"Continue falando"

"Sei que me ama"
 

"Convencido"

 

Sorri. O simples fato de estar falando com Jimin me fazia ficar feliz.
 

"O que acha da noite de hoje?"
 

"Antes de você chegar, ela estava tediosa"

"Mas depois que você apareceu"

"Tudo pareceu ficar mais bonito"

 

Vi ele sorrindo do outro lado.
 

"Você gosta de me ver envergonhado, não é?"
 

"Na verdade, gosto de te ver sorrindo"

"Você fica muito fofo"
 

"Para!"

 

Ele estava rindo de nervoso.
 

"Nunca vou me cansar de dizer essas coisas para você"

 

Jimin ficou mais encabulado, sorrindo e cobrindo a boca com a mão.
 

"Não sei lidar com você, dongsaeng"

 

Antes que eu pudesse escrever alguma coisa, vi ele olhando para trás e depois escreveu algo rapidamente.
 

"Vou ter que ir dongsaeng"

"Minha mãe está me chamando"

"Amei conversar com você assim"

"Tchau, Kookie"
 

"Também amei"

"Tchau Jimin-hyung"

Ele acenou para mim, fechando a janela.

Suspirei, ficando ali mais um pouco e sorrindo, pensando nas minhas conversas com Jimin. Como eu queria que ele gostasse de mim também...