História Wake Me Up ((Short fic -- Yoonmin -- Yoonseok)) - Min Yoongi

Acordo no meio da madrugada, olho o relógio em cima do criado mudo e vejo que são 04:46. Encaro o teto por algum tempo e dou um longo suspiro, ao meu lado, deitava o ser humano mais lindo do mundo.

Park Jimin, meu namorado a dois anos. Ele era um pouco mais baixo que eu e dois anos mais novo, havia se formado no ensino médio a algum tempo e agora começaria sua faculdade de educação física. Seus olhos negros se encontrava fechados, mergulhados em um sono profundo, e seus cabelos rosados se bagunçavam sobre seu rosto infantil e fofo. Ele era tão lindo.

Não consegui conter o riso irônico ao imaginar o que havíamos feito a algumas horas, ele era incrível, depois de todas as loucuras que fazíamos ele continuava com sua inocência e infantilidade.

Me levantei, vesti minha samba canção e meu moletom, meu apartamento não era tão grande, na verdade não se passava de um quarto com banheiro, um dormitório de faculdade normal, porém fora do campus, eu odiava as lembranças que aquele lugar me causava.

Andei até o computador e o liguei, precisava terminar os trabalhos de música, deveriam ser feitos em grupo, mas eu sempre trabalhei melhor sozinho. Me sentei e esperei a máquina ligar, sem nem perceber estava fazendo uma vídeo ligação.

- Porque eu insisto nisso? – Me perguntei encarando a tela, que mostrava o rosto de um velho conhecido – Talvez eu ainda tenha esperanças de você atender, o que posso fazer? Você me acostumou assim.

Eu falava sozinho, como se ele tivesse me atendido, sem nem ao menos perceber, já conversava com Jung Hoseok, sem que o mesmo tivesse me atendido. Ele nunca me atendeu, durante todos esses três anos desde o nosso término, ele nunca atendeu se quer uma ligação, nem ao menos respondeu uma mensagem.

- Hyung – Chamou Jimin atrás de mim – Volta pra cama, por favor.

- Estou um pouco ocupado ChimChim – Falei encerrando a ligação e abrindo o trabalho – Em alguns minutos estou aí.

Algum tempo se passou no silêncio, deduzi que o mais novo havia voltado a dormir e me surpreendi quando vi o mesmo aparecer na minha frente e se sentar em meu colo. Ele estava apenas com sua box, sua boca rosada se aproximava da minha e seus olhos escuros me encaravam profundamente.

- Você disse o nome dele de novo – Disse se jogando contra mim, apoiando sua cabeça em meu ombro, como uma criança.

- Disse é?

Ele apenas confirmou com a cabeça, eu sei que ele se sentia frustrado, mas nunca dizia nada. Todos sabiam o quanto meu término com Hoseok havia sido difícil, Jimin simplesmente aceitou isso.

Sei que é difícil para ele, me ver correr atrás de alguém que nunca vou ter de volta, mesmo que inconscientemente. Ainda mais que Jimin faz tudo para me agradar, ele me ajuda muito e me mima mais do que minha própria mãe.

Jimin era um poço de compreensão e carinho, coisa que nunca posso contribuir, porque mesmo sempre estando com ele, involuntariamente minha mente viaja para o passado, para Hoseok.

Sem querer, acabo chamando Jimin de Hope, falando com Jimin como se fosse Hoseok e, as vezes, na cama, acabo gemendo esse maldito nome em vez do seu. Eu era um péssimo namorado e sabia disso, mas Jimin fazia eu me sentir menos horrível.

Desliguei o computador, deixando o trabalho para lá. Ele havia dormido em meu colo, me ajeitei e o carreguei até a cama, onde o coloquei delicadamente e me deitei ao seu lado. Eu tinha tanta sorte por ter Jimin e ele tanto azar por estar apaixonado pelo cara mais otário e melancólico de Seul.

...

Acordo com o barulho do chuveiro, abri meus olhos e vi o vapor saindo pelas frestas da porta, olhei ao meu lado e não vi Jimin ali, ele estava no banho.

- Nossa, Min Yoongi, o gênio – Falei irônico para mim mesmo.

Era sábado, dia 10 de outubro, 10:03 da manhã. Jimin iria viajar com a família, para comemorar seu aniversário que seria em três dias, eu gostaria de ir com eles, mas o mais novo ainda não havia dito para os pais. Não me preocupo com isso, eu mesmo pedi para que não contasse.

Sinto algo quente tocar meu corpo e quando percebo, o vapor que saía do banheiro me atingia, agora que a porta fora aberta. No meio daquela nuvem de água evaporada, ele surge, vestido de jeans e sua blusa listrada favorita, ele adorava roupas assim, era fácil escolher coisas para ele.

Sorri ao vê-lo, tão lindo. Ele sorri de volta e vem até mim, se sentando por cima de minhas pernas e me encarando, dou-lhe um beijo na testa e acabo encostando em seus cabelos ainda molhados.

- Vai ficar doente – Falei brincando com seus fios rosados – Vá secar.

- Se você quiser, eu falo com eles – Disse me ignorando – Hyung, eu quero passar meu aniversário com você.

- O Hyung vai estar ocupado esse fim de semana – Menti, eu passaria o fim de semana perdido em pensamentos – Não quero que brigue com a sua família por isso.

- Yoongi – Choramingou fazendo bico, ele era tão fofo – Você sempre diz isso, já falei que meus pais são tranquilos.

- Mas isso não é passar a noite fora para “fazer um trabalho” – Falei sério – É coisa séria e eu também preciso estar pronto, coisa que não estou, você entende né?

- Entendo – Respondeu desapontado.

Eu sabia que ele queria contar, sabia que ele se sentiria melhor se não tivesse que esconder esse segredo, mas eu não estava pronto para outro papo desses. Já passei duas vezes por isso, e nunca acontecia do jeito que as pessoas imaginavam.

Segurei seu queixo e o fiz me encarar, sorri fechado e ele retribuiu forçado. Peguei suas bochechas e as apertei, fazendo o mesmo me empurrar emburrado, acabei rindo.

- Você fica muito fofo assim, bravinho – Falei segurando seu rosto com as duas mãos.

- Aish – Reclamou – Você nunca me leva a sério.

- Claro que levo! Eu faço tudo que você pede – Me defendi.

- Quando?

- Bem, quando a gente... – Caminhei meus olhos por seu corpo em quanto mordia o lábio, até que sou empurrado.

- Você só pensa nisso – Falou emburrado.

Ri um pouco, ele era tão fofo quando estava assim. O abracei apertado, apoiando minha cabeça em seu ombro, eu sentiria tanta falta dele nesses dias, gostaria que ele soubesse disso, mas as palavras simplesmente ficam presas em minha garganta.

Ele segurou meu rosto e os aproximou até selar nossos lábios, começando um beijo calmo. Sua boca tinha gosto de cereja, odeio essa fruta, mas quando vinha dele, eu nunca reclamava, poderia entrar para minha lista de gostos preferidos.

Nos separamos e eu passei a mão pelo seu cabelo, ainda úmido, e fiz uma careta, ele realmente ficaria doente se não secasse o cabelo.

- Eu realmente queria comemorar com você dessa vez – Disse se levantando e, finalmente, indo até o banheiro secar o cabelo.

- Já comemoramos ontem – Brinquei insinuativo.

- Você me entendeu – Respondeu birrento – Seria diferente se “comemorássemos” no dia.

- Você fala de mim, mas também não tira essas sujeiras da cabeça – Falei rindo, ele xingou baixo.

- Peguei essa doença de você, branquelo.

- Nossa, grosso – Me levantei e fui ligar o computador.

- Falou a flor delicada – Ironizou.

Não respondi, não consegui responder, meu cérebro havia travado. Flor, era esse apelido que as garotas do ensino médio deram para Hoseok, ele era gentil e alegre como uma flor, trazia paz a todos que estavam a sua volta e... Até conseguiu iluminar essa escuridão, chamada Min Yoongi.

- Desculpe – Disse o mais jovem caminhando até mim – Foi sem querer.

- Porque você se desculpa por isso? – Perguntei retoricamente – A culpa foi minha, você não tem nada a ver.

- Sei que não gosta de lembrar disso – Respondeu acariciando meu rosto – Não foi culpa sua.

Eu sei que Jimin só dizia isso para me aliviar, era culpa minha, todos diziam isso, eu mesmo já havia aceitado o fato. Eu queria abraça-lo, dar-lhe um beijo e premia-lo por sempre me fazer sentir bem e especial.

- Já pode ir agora – Disse retirando suas mãos do meu rosto – Eu... Preciso terminar isso aqui.

- Claro – Respondeu sem graça, pegou sua mochila e saiu.

“Vá atrás dele”, ouvi uma voz no fundo da minha cabeça dizer. Eu queria, mas meus pés simplesmente não se moviam. Porque eu sou assim? Porque não consigo ser gentil com quem amo.

- É tudo culpa sua – Falei olhando meu celular, cuja foto de fundo era uma foto de Hoseok – Não... É tudo culpa minha.

...

- Você sabe que não pode enrolar para sempre – Disse Namjoon pelo telefone – Vocês estão juntos a dois anos, ele vai querer contar para os pais.

- Obrigada Namjoon, está ajudando muito – Ironizei – VOCÊ ESTÁ DO LADO DE QUEM?!

- Do lado de ninguém – Respondeu indiferente – Só estou dizendo o que você precisa ouvir. Você é um completo babaca com o menino e ele sempre foi um amor com você.

- Eu sei – Falei bufando.

- Você precisa superar Hoseok, eu sei que ele foi o grande amor da sua vida e mimimi... – Disse debochado – Mas é passado, deveria tentar resolver isso.

- Falou a criança que tem medo do escuro até hoje – Falei já sabendo que iria ouvir um monte.

- Vá se foder, seu viado do caralho – Acabei rindo desse comentário, como se ele fosse o hetero do grupo.

- Desculpa, machão – Falei entre risos e ele acabou rindo também – E Jin Hyung, como está?

- Ele volta essa semana – Respondeu animado, Jin e Namjoon eram muito colados e super fofos um com o outro, era uma meta de relacionamento ser como eles.

- Será que um dia vou ser tão bobão com alguém? – Perguntei avoado.

- Você era com Hoseok – Respondeu calmo – Um mais bobão que o outro, pareciam duas crianças.

- Porra Namjoon, tu é um puta amigo. Está ajudando pra cacete – Reclamei.

- Só estou dizendo a verdade – Retrucou sincero, prometo que quando o encontrar lhe dou um belo soco – Você não é um babaca, Hyung. Você se tornou isso que é, para afastar as pessoas de você, e você sabe disso.

- Eu sei – Suspirei – E por algum motivo, Park Jimin se interessou por esse babaca que eu me tornei.

- Park Jimin é um anjo na sua vida, se ele te suporta dessa forma à dois anos, é porque te ama... Tenho que ir, olha... Resolva isso antes que o garoto vá em bora – Disse por fim e simplesmente desligou.

Passei o resto do meu dia deitado, olhando para o teto. Eu não era a pessoa mais ocupada do mundo, eu poderia assistir séries ou ouvir música, mas fazer nada é mais meu estilo. Evitei me afogar em pensamentos ou me recordar de momentos, eu tinha que superar.

- Porque, depois de três anos, você ainda não saiu da minha cabeça? – Murmurei entediado – Eu preciso fazer alguma coisa.

...