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História Wandering Season - Família


Escrita por: JaroldOS

Capítulo 20 - Família


 



"Eu concordo que devemos ter a virtude da bondade independente da indole alheia, mas não compactuo com uma injustiça impune. Mesmo em meio a meu estado laico, se algo me faz mau eu me afasto disto...A não ser que seja um algo que vicie!"
 

O vento batia no rosto de Satoshi, deixando seu cabelo para trás.
Imaginei o que teria acontecido na tarde anterior, enquanto eu dormia. Minha irmã não quis me dizer nada. Quanto a seu lábio cortado ela disse:
"Quando se beija alguém sob o efeito de muita adrenalina, pode se rasgar a boca"
"Mas você não planta bananeira de madrugada para diminuir a adrenalina no sangue e pensar melhor?" Retruquei, ao que, ela não deu resposta.
Agora estavamos de volta aquela cidadela além da serra, vizinha de Kamiyama.
Satoshi não parava de pedalar, curtia a velocidade na bicicleta.
De repente, me atentei a algo que não havia visto antes e freiei.
Satoshi, quando percebeu minha parada, deu uma volta e parou ao meu lado.
Olhavamos por cima do muro de outra mansão da região.
Apesar do frio que fazia, haviam vários empregados carregando caixotes nos ombros.

-Não é aqui, Oreki!-Satoshi me alertou.-Estas terras pertencem ao inquilino dos Chitanda, Shin Chan!

-Eu sei!-Gritei, enfatizando minha ciência.

Agarrei uma pedra que estava no chão e taquei por cima do muro.
Ploc...O som oco de sua queda.
Como já tinha observado o que queria, continuei pedalando, e Satoshi me seguiu confuso.
Não muito a frente, trombamos com uma figura familiar.
Chitanda caminhava na mesma direção que pedalavamos, acompanhada por alguém que passava o braço por seus ombros. Chitanda ria mais alto do que nunca do que quer que ele estivesse contando. Parecia muito feliz.  Um adulto vestindo calça social e colete cinzas, camisa vermelha de manga comprida, sapatos sociais pretos e bicudos, e com um relógio de ouro no pulso direito.

-Oh, estes são seus colegas, Eru!?-Fingiu surpresa.

-Sim, são hóspedes em casa hoje!-Respondeu Chitanda.

-Prazer, sou Shin Chan, o inquilino dos Chitanda!

Estendeu sua mão e o cumprimentei, mas ele usou muita força, quase ferindo meu pulso.
Chitanda, Satoshi e Shin enrolaram mais um pouco. Não ouvi nada de sua conversa pois me concentrei em observar a postura do tal Shin Chan por mais um pouco.
Chitanda pediu que continuassemos, pois em breve já estaria lá.
Continuei pedalando, cabisbaixo.

-Tudo bem com você, Hotarou?-Satoshi questionou.

-Estranho…

-O que?

-A sensação de estar sendo observado!

Satoshi esbugalhou os olhos mas não disse nada. Permanecemos quietos até chegarmos na mansão Chitanda.
Ibara já estava lá dentro, sentada a mesa, em cima da qual, se encontrava uma pilha de papeis, uma caneta tinteiro e um grampeador.
Estavamos ali para uma reunião sobre Hyouka e a Feira Kan'Ya que seria no mês seguinte.
Tudo ocorreu como planejado, decidimos algumas coisas, e fizeram muitas piadas sobre o argumento cujo escrevi.
Não respondi a nenhuma delas, porém.
O evento mais surpreendente da tarde foi quando uma mulher de pele mais escura, corpo forte, cabelos longos e olhos em tom violeta se aproximou de nós já se desculpando.
Usava um avental, o que indicava que tinha saído da cozinha.
Cochichou algo no ouvido de Chitanda, e a garota lhe respondeu entregando um pequeno bilhete de papel em suas mãos.
Não muito depois, a mulher reapareceu apoiada no umbral da porta e chamou por Chitanda.
Chitanda pediu licença e foi ter com ela mas também voltou rápido.
Ninguém perguntou nada, mas todos estranharam.
Pensando mais um pouco, me lembrei a quem pertencia aquele rosto.
Era Chitanda Nagisa, mãe da família Chitanda. Ainda assim, não entendia o que aquilo significava.
Terminada a reunião, Chitanda parecia diferente. Falava bem menos do que antes e parecia muito séria.
No lado de fora alguém nos esperava…

Tomoe esperou que todos fossem embora, só sobrando eu, ela e Chitanda.

-Chitanda-Chan...Suponho que já saiba o porquê de eu estar aqui!-Ela pronunciou.

-Descobriu o que aconteceu com meu tio?-Chitanda se animou.

-Sim...Foi uma investigação intensa…

-Oreki-San te ajudou? Hehe…

-Não, além de autodidata ele é autonomo!

-Não force...Eu sou um lixo em investigações!-Me posicionei.


-Você nem teve tutor!-Minha irmã simulou pena.

 

-Eu ter aprendido comigo mesmo e ser um merda só enfatiza o fato de que eu sou um merda e não serve como desculpa…-Tentei explicar.

-Não se importe, Chitanda, Oreki é grosso assim mesmo!-Tomoe se virou a garota.

-Sou invisível?...-Falei a mim mesmo, percebendo que estava sendo excluído da conversa.

-Ainda assim, creio que tenha um bom coração!-Chitanda opinou.

-Ah, então eu sou invisível!-Conclui.


-Antes de mais nada...Chitanda...Seu tio, Daichi, tem mesmo 52 anos?-Tomoe indagou.

-Ahm...Sim...Por quê?-A garota ficou curiosa.

-Bizarro! Ele me disse ser 15 anos mais novo e eu acreditei! Seria o mesmo de você me dizer que tem um ano de idade...Mas, enfim….

Tomoe fez um resumo breve de suas aventuras no casarão dos Sekitani e depois nos mostrou a gravação de audio que havia feito. Disse ter escondido o gravador discretamente sob a mesa no início de sua conversa com Daichi e tê-lo recolhido fingindo cair na mesa após a luta que houve.
Chitanda parecia tensa ao ouvir cada vírgula de sua tese.

-Me desculpe pelo transtorno...Eu realmente torcia para que não fosse nada grave...Mas seu tio está sendo preso hoje!-Tomoe terminou.

Chitanda agradeceu pelo apoio e então nos retiramos. Ao chegar em casa, me joguei no sofá e fiquei brincando com a bolinha de tênis que minha irmã usava para treinar Jeet Kune Do. Jogava a bola na parede e ela voltava em minha mão.
Foi um dia cansativo e eu não conseguia deixar de pensar no que aconteceu.

 

-Algo de errado com você Hotarou?-Tomoe me chamou da cozinha.

"Maldita telepata!" Grito mental.

-Que nada, estou totalmente bem e satisfeito com os resultados de sua investigação…-Respondi.


-Hmmm..."O cão culpado ladra"...

Sem problemas, afinal, sempre tive o dom de me incriminar.

Bandoh Yen's POV:

Em quase uma decada de trabalho, nunca vi nada tão peculiar.
Uma mulher chamada Oreki Tomoe havia investigado por si própria e concluído que Sekitani Daichi era um assassino e politico corrupto. Cada detalhe se encontrava no arquivo a minha frente.
Haviam provas, em sua maioria circunstanciais. A Senhorita Oreki não o acusou em vão entretanto. Chegou na delegacia com uma confissão em suas mãos. Um arquivo de som é incontestável. Ela veio procurando por mim. Disse que eu era um bom detetive e que acompanhou meu caso em Bangkok. Oreki tem um curriculo invejável. É spalla em uma orquestra local, formada em Relações Internacionais e apaixonada por criminologia. Poderia passar com facilidade na academia, graças a sua experiência e dedicação, sem contar que está desempregada.
Infelizmente, eu não sou do RH.
Meu caso já estaria feito, podemos prosseguir com o processo. Porém, quis conduzir um último interrogatório antes do julgamento. Assim, avaliei alegações dolorosas.
Abri o botão do meio de meu paletó e me sentei em frente ao réu, jogando a pasta sobre a mesa.
Sekitani Daichi estendeu suas mão algemadas e sorriu ironicamente, como se dissesse:
"Não vai me soltar, filho da mãe?"

-Senhor Sekitani...Serei franco e justo...Não há mais o que eu possa fazer, então...O que tens a dizer em sua defesa?-Fui direto.

-Senhor policial...Serei franco e justo...Eu confesso!...Eu cometi crimes, sim!...Eu soneguei impostos? Sim!...Mas...Não fiz aquilo que essa paranoica está me acusando!...Assassinar meu irmão? Me poupe!-Daichi se defendia.

-Por favor, facilite para nós dois! Você comparecerá diante de um júri! Será um massacre público! Me deixe te por na cadeia de uma vez…

-Eu não tenho medo de você, detetive! Eu já vi homens que diziam corajosos como você fraquejarem! Não passa de um metido! Não existem provas, e eu não confessarei um crime que não cometi, mesmo que você considere que tal solicitação se adeque a conduta de um policial exemplar...Agora, com licença...Vou aproveitar de meu direito de permanecer calado enquanto meu advogado não chega!

Daichi se encolheu. Não consiguiria descrever o ódio em seu olhar nem em mil reencarnações.
O jogo começa.



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