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História Wanted - Finais e Despedidas - Parte 1


Escrita por: RafaelaRuna

Notas do Autor


Oiii pessoal *---*
Antes de tudo, leiam a minha one-shot Jaspis. Se chama Tempestade >u<
Então, eu tive que dividir o capítulo final em duas partes kkkkk Estava com quase 8 mil palavras o.O
Agora, sobre este capítulo: eu não consegui falar muito das outras personagens, foquei mais na Jasper e na Lápis. Acho que dá para entender que todo mundo foi feliz e tals :x
E eu fiz outro desenho, claro <3 <3 <3
Espero que vocês gostem! E já postarei a continuação.
Beijões, se cuidem e até mais o/

Capítulo 25 - Finais e Despedidas - Parte 1


Fanfic / Fanfiction Wanted - Finais e Despedidas - Parte 1

Seis longos e excruciantes meses se passaram desde a explosão na ponte. E neste tempo, muitas coisas aconteceram.

Peridot fora convocada para voltar a chefiar a conclusão da linha ferroviária em que atuava quando os trabalhadores foram levados por Yellow Pearl. Inclusive, para a sua surpresa, os trabalhadores desaparecidos retornaram para lá e continuaram seu serviço do ponto em que estavam quando foram levados, mesmo sem supervisão, em dedicação à causa da linha ferroviária e os benefícios que ela traria.

Com estes de volta, as obras puderam continuar, o que deixou a mestra em tecnologia bastante satisfeita. Faltava pouco para a conclusão.

E Ametista, que teria que viver no porão de seu amigo xerife, fora convidada por Peridot para morar com ela. Após aceitar a proposta, as duas se acomodaram no alojamento, dividindo espaço com as invenções da inglesa.

Pelas cartas com notícias que Peridot enviava frequentemente aos amigos, as duas pareciam estar finalmente assumindo um namoro.

Porém, com toda a sua dedicação durante os seis meses que se passaram, a construção fora concluída, e com muito sucesso. Com isto, Peridot mandou uma carta dizendo aos demais que ela e Ametista logo iriam para o Distrito, a fim de fazer uma visita por tempo indeterminado.

A notícia deixou Garnet e Pérola radiantes. As duas também estavam namorando, porém não foi custo algum para elas assumirem isso.

A xerife, que chegou ao Distrito como uma verdadeira lenda por ter trazido Pérola, Steven, Greg, a carruagem e os cavalos em perfeito estado, caiu na graça dos habitantes.

Com isso, o posto do xerife Dewey logo se tornou o seu, e ela imediatamente convidou a ruiva para ser sua assistente, proposta que imediatamente fora aceita. Elas formaram uma formidável dupla combatente da violência. O senhor Dewey foi trabalhar na funerária, e não perturbou mais Pérola.

Blue Pearl acabou substituindo Pérola em seu magistral ofício anterior, na escola. Ela estava muito satisfeita com o seu trabalho. Era ótimo poder ter uma vida digna e livre de culpa longe do crime.

E no salão de Rose, cuja hospedaria continuava funcionando no andar de cima, a rotina não mudou muito com a presença de seu marido e seu filho, exceto que ela se sentia mais amada do que nunca por sua família.

Para compensar o tempo em que esteve longe, Greg fazia uma apresentação de banjo num modesto palanque do salão, toda quinta-feira, que a maioria dos habitantes do Distrito assistiam.

Nestes eventos, a clientela normalmente se embriagava até não aguentar mais, e no dia seguinte dormiam o dia inteiro. Por isso, as sextas-feiras eram sempre tranquilas, ao menos até o anoitecer, em que o salão era preenchido por uma multidão para participar de competições de jogos.

Era justamente uma tarde de sexta-feira, em que o movimento do recinto ainda estava longe de começar. Rose Quartz observava as mesas e cadeiras vazias, sentindo falta de seus fregueses. Perdida em seu pensamentos, não percebeu a aproximação da figura que a envolveu com os braços, beijando-lhe na bochecha.

- O que preocupa a minha esposa maravilhosa numa linda tarde como esta? - Era Greg, que lhe sorria apaixonadamente.

- Não importa, já que você está aqui. - Rose puxou o marido para um doce beijo nos lábios, que fez ambos corarem.

- Então...é hoje que a Ametista e a Peridot chegam?

- Segundo as cartas, sim. A Garnet e a Pérola foram busca-las na estação ferroviária recém-inaugurada. Daqui a pouco todas se reunirão conosco.

A atenção de Rose foi desviada para a pessoa que se moveu atrás do balcão. Estava limpando garrafas de vidro âmbar com um pano úmido, e aquela expressão facial de desânimo parecia ser permanente.

Ela nunca mais fora a mesma desde que retornara da viagem. E mesmo sem motivo, ela insistia em passar o tônico ineficiente contra piolhos que deixara seu cabelo azul.

- Você está bem, Lápis? - Rose perguntou, atenciosa com a amiga.

- Claro. - A jovem assentiu, como sempre fazia, apenas para evitar mais perguntas.

- Estávamos falando da vinda de Peridot e Ametista! Não está ansiosa?

- Muito.

Rose e os demais tentaram de tudo para ajudar Lápis, porém ela permanecia em luto. Nada a fazia superar ou seguir em frente, nada.

Lápis simplesmente não tinha mais perspectivas. Ainda se sentia rodeada pela mesma angustiante atmosfera fúnebre de quando Jasper se foi. Ela se forçava a acreditar que a dor, supostamente, poderia melhorar com o tempo. Mas nada parecia adiantar. Nada poderia recuperar a parte dela que fora perdida.

Desde aquele fatídico momento da explosão, ela não se sentia vivendo, apenas existindo. Vagava dias e noites, sozinha, desnorteada e sombria como um espectro, e mais condenada à desolação a cada instante.

O mundo sem Jasper parecia uma carcaça do mundo espantoso que, ao lado da loira, ela gostaria de ter passado a eternidade admirando. Tudo com ela era inebriante e, agora, a mesma sensação lhe parecia um mito ou um sonho inalcançável.

O único que, às vezes, a fazia se sentir melhor era Steven. Ela se perguntou onde o garotinho poderia estar naquele momento. Provavelmente com Connie, na escola. E ela estava certa.

Quando o sinal da escola tocou, indicando a liberação dos alunos, a professora Blue Pearl se despediu de seus alunos. Todos correram apressados para fora, incluindo Steven e Connie. A dupla era inseparável.

- Steven, você sabia que amanhã é aniversário do Peedee? - A garota com feições indianas, muito parecida com a mãe, checou o seu bloquinho de anotações, contendo todos os aniversários dos colegas de classe. Era sempre precisa e metódica.

- Sério? Ah... - O jovem não ficou satisfeito com a notícia. O único dinheiro que tinha guardado fora juntado com muito sacrifício, e ele pretendia destina-lo à compra de um novo Cara, já que aquele que Greg lhe dera ficou na fazenda. O dinheiro que tinha não permitiria que comprasse algo mais, e ele não contava que necessitaria presentear um amigo.

- Qual o problema?

- Desde de que deixamos a fazenda no Arizona, a situação financeira da minha família não é das melhores. Mesmo depois das Mineradoras estragarem o lugar, ainda dava para vender boa parte da colheita. Mas o meu pai optou por deixar tudo para trás e ficar aqui no salão e na hospedaria junto com a minha mãe, o que é ótimo...só que trouxe consequências.

- Eu faria a mesma coisa no lugar do seu pai. Esse problema financeiro é passageiro, já a família é para sempre.

- É verdade. Parece que terei de esperar pela nova coleção dos Caras.

- É por uma boa causa! O Peedee vai ficar tão feliz com um presente!

- Tem toda razão! Um amigo é sempre uma boa causa!

- Bom, eu tenho que ir agora, preciso ajudar o Jamie com a lição de casa do Ensino Médio.

- Ele me disse mesmo que talvez não fosse aprovado...

- Ele é repetente recorrente. Meus pais não estão muito felizes com isso, então me pediram para ajuda-lo.

- Com a sua ajuda, ele certamente será aprovado! Mande um abraço para ele!

- Pode deixar! Até mais tarde, Steven!

- Tchau, Connie!

O jovem observou a amiga, que lhe arrancava suspiros, partir. Era muito bom poder conviver com ela, agora que estava em Oklahoma.

Parado na frente da escola, de onde todos os demais já haviam partido, o garoto escutou um barulho de cascos, acompanhado por passos pesados. Em seguida, percebeu que alguém estava ao seu lado.

Ao olhar para ver de quem se tratava, Steven viu uma figura muito alta e musculosa, com o rosto escondido por um sombrero laranja, mexicano, gigante, e boa parte do corpo coberta por um xale vermelho também mexicano.

Ao lado da figura, um simpático bode, que ficou encarando o garoto. Presas ao animal, estavam duas mochilas abarrotadas. E sendo carregado em seu focinho, um pedaço de pergaminho.

Steven estranhou as circunstâncias da permanência do indivíduo de sombrero perto de si, porém decidiu não olhar para ele, mesmo ciente que o estranho estava o observando. Era bem assustador.

A pessoa então desviou o seu olhar, deixou algo cair e se apressou em se afastar de lá, deixando o seu bode para trás.

Assim que o jovem olhou o animal, que sacudiu o rabo para ele, um sorriso nostálgico veio-lhe ao rosto.

- Você me lembra muito um bode que conheci. Ele também usava um sininho no pescoço. - Comentou com o animal, que prestou total atenção.

Distraindo-se do quadrúpede, Steven reparou que a pessoa suspeita deixara cair alguma coisa.

- Senhor, você deixou cair o seu... - Ao pegar a peça do chão, percebeu que tratava-se de um Cara exatamente igual ao que ele deixara na fazenda.

Somente quando conferiu o que havia sob a bota do Cara Patrulheiro em suas mãos, viu uma identificação do nome do proprietário: S.U..

Aquele não era somente um Cara Patrulheiro igual ao seu. Aquele era EXATAMENTE o seu. Ao olhar para o bode novamente, seu coração gelou.

- Steven Junior? Filho? - O garoto perguntou ao animal, ávido por uma reação, que lhe respondeu arremessando-lhe terra com as patas traseiras. Sim, era ele mesmo.

- ENTÃO ISSO QUER DIZER QUE A PESSOA DE SOMBRERO É A... - Antes de concluir sua frase, ele pegou o pergaminho do focinho do bode.

Com lágrimas escorrendo por todo o rosto, após ler o que fora escrito, atrás de um cartaz de procurada de Jasper, e verificar o conteúdo das bolsas, Steven correu para contar as maravilhosas novidades a Greg, somente. Ninguém mais poderia saber, senão reportariam a descoberta a Garnet, que tentaria prender a foragida uma vez mais.

Enquanto Steven corria para chegar ao salão, no recinto o som da porta se abrir chamou a atenção dos presentes. Era Blue Pearl, já encarando a jovem de coração partido. Apesar de ter se tornado mais respeitosa em suas abordagens, a professora estava longe de ter desistido de conquistar a bela moça de cabelos azuis.

- Ah...você de novo. – Lápis revirou os olhos, desejando ser a dona do recinto para bani-la permanentemente.

- Como está hoje? Parece melhor. – Blue Pearl se aproximou do balcão e se sentou no banco mais próximo a onde sua paixão estava.

- Impressão sua.

- Será que eu posso ajudar em alguma coisa?

- Olha, Blue, sei que suas intenções são boas...mas eu não quero nada disso. Apenas siga a sua vida e deixe que eu siga a minha.

- Lápis, a quem pensa que está enganando? Você não está seguindo com coisa alguma!

- Eu vou amar a Jasper enquanto eu viver, Blue. Não quero outra pessoa.

- Sei que ainda mudará de ideia.

- Se você diz.

Lápis sempre se enfezava com a presunção da outra. Ela já estava começando a desejar a partida da companhia indesejada, porém algo aconteceu para lhe salvar: Garnet, Pérola, Ametista e Peridot entraram no salão, fazendo as portas sacudirem com sua passagem.

- Gente! – Ametista correu para abraçar Blue Pearl, Rose, Greg e, em seguida, pulou pelo balcão para abraçar Lápis.

Ela agarrou-se à cintura da jovem de cabelos azuis, conforme sua altura lhe permitia, e Lápis acariciou os cabelos da menor contente por sua chegada. Porém, repentinamente, um calafrio percorreu o seu corpo. A textura de seus cabelos, rebeldes e lindamente bagunçados, a lembrou muito dos cabelos de Jasper.

Lápis deu um passo para trás, assustada. Ametista pareceu compreender o que acontecera, então apenas sorriu e pulou pelo balcão, de volta para onde as demais amigas estavam.

Peridot, mesmo sem vê-los há mais tempo que a namorada, apenas deu um aperto de mão gentil em cada um deles. Garnet e Pérola, que moravam na hospedaria, estavam habituadas a ver todos diariamente, então apenas acenaram.

Rose, se aproximando do grupo, foi perguntar para Ametista e Peridot detalhes sobre a viagem de trem. Em seguida, a dona do salão recomendou a melhor mesa do recinto para elas, que se aconchegaram e já começaram a adiantar as novidades.

Enquanto Lápis as observava, ainda sentia o calafrio percorrer seu corpo. Fazia tanto tempo que não tocava cabelos como aqueles...mas não eram dos de Ametista que ela sentia falta.

Jasper. Era inacreditável a falta que sentia de absolutamente tudo nela. Seu cheiro, os gestos apressados, os olhares obscenos, as gargalhadas, a forma com que ela sempre discordava de tudo, suas manias inconvenientes e histórias de seu passado sombrio e seus cabelos, claro...cada pequena coisa, cada minúsculo detalhe deixara um imenso e irremediável vazio no peito de Lápis.

Todas aquelas preciosidades guardadas em sua memória passaram a ser apenas fragmentos de uma esperança por amor, felicidade e completude. E tudo se foi para sempre, tudo fora arrancado sem piedade de seus braços.

- Está muito bonita hoje, Lápis. – Pérola comentou, trazendo a atenção amiga de volta para a realidade, e ao grupo na mesa.

- Muito obrigada. – Lápis sorriu, timidamente.

Ela observou Garnet se esticar até a mesa ao lado, onde havia um jornal do dia. A xerife o tomou nas mãos e abriu-o para ver as notícias, surpreendendo-se com muitas delas.

- Vejam só, mesmo depois de todos esses meses, ainda publicam notícias sobre nós: “As vendas do telégrafo superam as expectativas, graças à nova ferrovia que transportou as máquinas através de muito Estados do Sudoeste”.  Parabéns, Peridot! – Garnet tirou seus óculos espelhados, presente do ferreiro do Distrito que acreditava que ela ficaria muito intimidadora com eles.

- É, os créditos são meus mesmo. – A inglesa aceitou a fama, lisonjeada com o reconhecimento.

- Tem outras sobre nós! “O dinheiro arrecadado com as vendas dos diamantes e do ouro extraídos ilegalmente em minas clandestinas do Arizona é destino a melhorias para o povo”. Graças a nós! E...nossa.

- O que foi? – Pérola estranhou a reação da maior.

- Lembram-se do Ronaldo? Aquele que queria escrever uma matéria sobre as Mineradoras para entrar num Jornal?

- Claro!

- Pois bem, tem uma matéria dele aqui. Ouçam!

“As identidades do grupo de viajantes, liderado por uma xerife, responsável pelo fim da gangue das Mineradoras, continuam um mistério. Porém, a gratidão por seus feitos é unânime por todo o Oeste, já que a incidência de crimes caiu praticamente pela metade.

As estradas estão muito mais seguras do que antes, e as pessoas finalmente se sentem à vontade. A Lady Profterolouise, habitante de uma cidade alvo das Mineradoras no ano passado, e seu mordomo, Sir Bigot, contam o drama que passaram:

“O Sir Bigot – afirma a Lady – assumiu o posto de cocheiro naquela data, pois o talco do meu cocheiro oficial havia acabado, e o pobre homem estava arrasado demais para sair de casa. Conforme avançamos pela estrada, uma criminosa nos abordou e roubou nossas vestes refinadas e nossos pertences particulares. É indescritível a minha indignação com isso, afinal levaram o dinheiro que consegui num leilão de dentaduras de ouro.

Sim, – confirma o Sir – porém graças a estas misteriosas forasteiras, nada de ruim acontece por aqui há bastante tempo. Inclusive, não há mais observadores dos roubos. Não me conformo com a estranha garota de cabelos azuis que observou nosso sofrimento e, estranhamente, parecia não estar entendendo nada. Que cúmplice incomum.”

Os rumores que as justiceiras estão relacionadas com o desaparecimento da foragida Jasper não foram confirmados, porém acredita-se que estas corajosas moças podem voltar a qualquer instante para eternizarem sua glória e nos revelarem os nomes pelos quais devemos ser gratos.

Obrigado, senhoritas. Espero que a Vidália não as tenha encontrado”.

Quando Garnet concluiu a leitura da matéria, o quarteto estava radiante. Realmente fizeram algo incrível juntas, e que melhorou muito a vida das pessoas.

Rose, Greg e Blue Pearl aproveitaram para parabeniza-las, enquanto Lápis disfarçava que os entrevistados se referiam a ela.

- Veja só o que ESTE grupo foi capaz de fazer! – Ametista apontou para a parede de recordações do salão, onde fotografias tiradas com a câmera de Peridot ficavam fixadas com pequenos pregos.

Em um lugar de honra, bem no centro das demais, estava a tirada na mina que explodira no Texas, onde encontraram Yellow Pearl. Foi a primeira que tiraram juntas, como um grupo verdadeiramente unido, e foi para esta foto que a jovem apontou.

- Ela representa o surgimento da nossa amizade! - Pérola tinha um brilho intenso nos olhos, derivado à admirável conquista que fora se tornar uma heroína.

- É uma bela foto. – Lápis comentou, reconhecendo o local como o mesmo do qual a pedra pendurada ao calor em seu pescoço viera.

- Oh, Lápis...você também esteve lá, não é mesmo?

- É claro.

- Poderíamos voltar lá algum dia, com todas nós juntas, para batermos uma nova fotografia!

- Eu agradeço, mas não acho uma boa ideia. Acho que uma ida até lá trará mais lembranças do que já tenho.

- Deve ser difícil para você. Não só pela sua perda, mas também pelo que poderia ter acontecido se as coisas tivessem sido diferentes... – Garnet comentou, vendo o semblante da menor evocar um dilacerante desejo de fugir de lá.

- Eu penso nisso todos os dias, Garnet. Lembro das promessas que fizemos...ela disse que voltaria para mim. E eu às vezes tenho a impressão que isso vai acontecer, e que tudo vai ficar bem.

- Sabe, Lápis, eu não te conheci muito bem antes de toda aquela confusão, e mesmo assim sinto falta do pedaço do seu coração que foi perdido. Todas sentimos. Gostaríamos que houvesse algo que pudéssemos fazer para ajudar.

- Por que você não dá uma chance para a Blue Pearl? Ela tem te cortejado há meses! Te faria tão bem sair com alguém. – Pérola incentivou, aproveitando o rumo que o assunto estava tomando.

- A Jasper se foi, Lápis. Isso é irreversível. Mas não é tarde demais para você ser feliz ao lado de outra pessoa.

- Lápis, pense bem, tem muito peixe nesse mar! E camarão que dorme a onda leva! – Ametista piscou para ela, em tom de conselho.

- E convenhamos: ela nem era essa coisa toda! – Peridot comentou, sarcástica.

- Eu agradeço a vocês todas por tentarem me animar...mas eu só preciso ficar um pouco sozinha. – Um sorriso desencorajado demais para se abrir por completo projetou-se no rosto de Lápis. Era como se ela tivesse medo de se esquecer, por um segundo sequer, de tudo que passara, então recusava-se a sorrir plenamente.

Sob a custódia vigilante dos olhares das demais do grupo, ela se afastou da área social do salão, e se dirigiu até o pequeno corredor que levava ao estoque. Lá se encostou à parede lisa com tábuas de madeira dispostas verticalmente, deixando as lágrimas escorrerem por seu rosto.

Suas saudades de Jasper eram tão grandes que as lágrimas nunca pareciam bastar para lamentar sua ausência. Ao olhar para baixo e ver o seu colar, cuja pedra ela logo apertou com a mão, um desespero imenso veio ao seu peito. A malaquita de sua amada nunca fora devolvida.

Lápis carregava-a em um dos bolsos de sua saia para todo lugar que ia. Ela sempre se sentia na iminência de encontrar Jasper e, quando acontecesse, ela teria que retornar a malaquita para a sua dona.

Além da pedra, ela levava consigo a outra única lembrança que a fazia acreditar que o tempo que teve ao lado da foragida não fora apenas um sonho: a fotografia tirada por Peridot no hotel.

Ao olhar aquele pedaço de papel, cuja imagem nele retratada já estava desbotada por causa das lágrimas derramadas ao longo dos árduos e sofridos meses, seu coração se partiu em ainda mais pedaços.

Ela mantinha todo aquele amor vivo, mesmo sem esperança ou motivação, e ao olhar para aquela foto, a razão lhe parecia muito clara.

Ao ver a espetacular mulher que se encontrava em seus braços na foto, toda a aventura que viveram juntas passava diante de seus olhos. Cada risada, cada momento de pânico, cada segundo se tornava real de novo, e sua agonia era amenizada.

Rever aquele momento congelado no tempo, onde estava mais feliz que palavras possam descrever, a fazia sentir que tudo permaneceu. Que Jasper permaneceu.

Era deste sentimento que Lápis se alimentava para compensar a extrema necessidade de ter sua amada de volta. Ela beijou a foto, lembrando-se dos doces beijos que trocava com a maior sempre que estava triste, e o quanto isso a acalmava.

Neste momento, Steven entrou em sobressalto pela porta. Ele pretendia chamar o pai, porém quando viu este entretido com o grupo do qual Garnet era membro, ele se intimidou em chamar Greg. Ao invés disso, viu seus pés se afastando cada vez mais do chão, e alguém erguê-lo.

- Como foi a aula do meu campeãozinho? – Rose beijou a bochecha do filho, que tentou disfarçar seu nervosismo para comunicar a Lápis sua descoberta.

- É-e-eu aprendi muito hoje. E amanhã será o aniversário do Peedee. Parece que terei de quebrar o meu porquinho para lhe comprar um presente. – Ele riu cinicamente, porém sendo extremamente convincente.

- Oh, que pena, querido! Você queria tanto aquele bonequinho.

- Não tem problema, mãe.

- Então, veio aqui para que eu lhe faça aquele suco de laranja que você ama? Geralmente você está com a Connie neste horário.

- Vim para falar com a Lápis.

- Achou outra coisa que combina com a concha que seu pai deu a ela?

- Mais ou menos.

- Ela está lá dentro, querido. É bom que esteja aqui, ela está muito triste de novo.

- Obrigado, mãe!

Rose acariciou os cachos negros do filho e o colocou no chão, enquanto o garotinho correu para falar com a jovem de cabelos azuis. Ao adentrar o corredor e vê-la chorando, Steven nem sequer pensou em ser cauteloso em sua abordagem. Não importava se ela se assustaria com a sua presença ali, ela apenas precisava sair de lá e reencontrar Jasper.

- LÁPIS! – Gritou, agarrando-se ao braço da jovem.

- Steven? – Ela estranhou o quanto o garoto estava estupefato.

- ELA ESTÁ LÁ FORA!

- O que?

- VAI LOGO!

- Quem?

- Você sabe muito bem!

- Steven, ela está...

- Você sempre soube que não está! Vá logo reencontra-la e viver com a mulher que você ama!

Lápis se perguntava se Steven se confundiu com alguma outra desconhecida que passara na rua, contudo algo em seu peito se chacoalhou violentamente com a notícia. Era a confirmação que ela precisava.

Ela agradeceu, se despediu do amiguinho, e em saiu apressadamente pela porta dos fundos. A jovem correu pela rua, observando todas as pessoas ao seu redor.

Na desesperada tentativa de encontrar Jasper, ela continuava procurando pelas ruas. Ao se aproximar da esquina da barbearia com o relojoeiro, braços fortes a puxaram abruptamente.

No pequeno espaço desnivelado entre uma construção e a adjacente, Lápis foi beijada com urgência e saudades. As lágrimas de felicidade e alívio logo começaram a escorrer por seu rosto.

Sentira uma falta inexplicável daquele beijo, e mais ainda da mulher que lhe dava...aquela mulher que ela amava insanamente. E que fora uma tortura ficar tanto tempo longe...ela não queria ficar afastada de Jasper nunca mais.

Ela estava um pouco diferente. O formato do nariz mudara um pouco, por ter se quebrado, porém isso a deixava ainda mais atraente. Sua pele também revelava algumas cicatrizes, pouco perceptíveis.

As mãos grandes lhe seguravam o rosto, enquanto ela envolveu os braços ao redor do pescoço e cabelos da maior. O mesmo perfume, o mesmo calor nos lábios e a mesma respiração emocionada e ofegante. Como era bom estar de volta.

Jasper também estava encontrava-se resplandecente, aliviada por finalmente provar outra vez do frescor dos lábios de sua amada, do toque afetuoso de sua pele e do seu olhar apaixonado.

- Eu te amo tanto, pirralha... - Jasper murmurou em meio ao beijo, trazendo um gigantesco sorriso ao rosto de sua garota.

Os lábios logo se encontraram outra vez, e seus corpos se abraçavam fortemente. Até as almas pareceriam se cumprimentar, experimentando um estado de serenidade há muito tempo perdido.

- Eu sempre soube que você não tinha morrido! Senti tanta saudades! Não quero nunca mais passar um dia longe de você! - Lápis chorava freneticamente, radiante por reencontrar a sua metade.

- Eu tive tanto medo de chegar aqui e descobrir que tinha te perdido... - Jasper chorava também, em semelhante proporção.

- Jamais!

- Tem certeza? Quero dizer...eu vou entender se você não me amar mais...

Lápis riu da forma que Jasper tentava bancar a durona sobre seus sentimentos, enquanto mergulhava na amargura só de imaginar o que sentiria caso os sentimentos não fossem mais recíprocos.

- Eu te amo mais a cada dia! E...tem uma coisa que eu preciso devolver. Para você se lembrar que estamos ligadas para sempre. - Lápis colocou a mão dentro do bolso de sua saia, tirando o colar com o pingente de malaquita de lá, e o passando pela cabeça de Jasper.

A loira abriu um sorriso enorme, e logo observou o colar pendurado a seu pescoço. O olhar de felicidade de Lápis por finalmente devolvê-lo à sua amada contagiou a loira, fazendo-a pegar Lápis no colo e rodopiar com ela em seus braços. Por fim, se beijaram novamente, desta vez até se sentirem como se fossem uma só.

Jasper levou a menor até Estrela Galopante, acomodando-a na sela, montando também no cavalo logo em seguida. Com Lápis na sua frente, a maior aproveitou para beija-la no topo da cabeça, enquanto esta se lembrava de algo que gostaria de ter perguntado há muito tempo...

Continua na parte 2... ----> 



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