História War Hero - Decisão

-Taeyeon?

-Hum?

-Assine.

-Oh,me desculpe.Estava meio perdida.-Peço desculpas ao homem a minha frente.

-Tudo bem...É uma decisão difícil a se tomar...-Ele diz compreensivo.Mas duvido que alguém consiga entender como me sinto de verdade.

-Sim,mas necessária.

Quatro dias antes...

-Aqui está,Taeyeon.-A senhora Martinez me entrega um envelope marrom.-Eu realmente sinto muito meu anjo,seu cabelo era lindo...-Ela bagunça minha franja,a mesma sorri de uma maneira acolhedora.

-Foi por uma boa causa.-Digo sorrindo singela.

-Sim meu anjo e é por isso que tenho muito orgulho de você.-Ela diz abrindo a porta do estabelecimento para eu poder ir embora.-Volte mais vezes para me visitar,sua presença é muito bem vinda.-Ela escora o próprio corpo na porta de entrada.

-Volto sim,tia.-Ela não é minha tia,mas a considero muito por ajudar minha família e eu.-Quanto deu o corte?-Pergunto.

-Por conta da casa.

-Eu não posso tia...-Digo sem jeito.

-Mas eu quero,isso é por você ter ajudado a pegar o satanás da arvore.-Ela diz divertida.Esse é o nome do gato de estimação dela.Dá pra imaginar o quanto ele é travesso...

-Mas aquilo não foi trabalho nenhum.-Argumento. 

-Muito menos cortar o seu cabelo,agora não insista!-Ela fala e dá um leve tapa em meu ombro junto a uma expressão séria que logo se torna alegre.

-Tudo bem.-Digo me dando por vencida.-Mande um beijo para o Ricardo e um abraço para o Senhor Martinez.-Digo e beijo a testa da mulher que sorri ao contato.

-Pode deixar,diga a sua mãe que quando ela melhorar venha aqui pra gente fofocar!Mande um beijo pra sua irmã também.-Ela diz me fazendo rir.

-Digo sim.-Assim nós nos despedimos.Coloco o envelope no bolso de meu macacão e subo em minha bicicleta,pedalo pelas ruas de Nova Jersey ansiosa para mostrar a surpresa que tenho para minha mãe.Quem iria imaginar que quase doze anos deixando meu cabelo crescer seriam jogados fora por míseros oitocentos dólares?Mas tudo bem,tinha gente querendo pagar quatrocentos por ele,então não posso reclamar.Com esse dinheiro irá dar para eu pagar pelo menos os novos remédios da minha mãe.Ela vai ficar muito brava comigo, por eu ter feito um corte masculino,ela sempre gostou do meu cabelo,adorava penteá-lo todas as manhãs antes de eu ir a escola.Posso até imaginar como ela vai reagir,vai me xingar até umas horas,dizer que sou uma filha ingrata por ter feito isso e talvez se culpar,coisa de mãe...

Antes de voltar para casa, passo na padaria local e compro alguns pães que ela pediu.Depois de quinze minutos pedalando chego na frente da minha casa.Jogo minha bicicleta no jardim da frente e saio correndo para abrir a porta,a primeira coisa que encontro é o meu cachorro desesperado pulando para cima de mim.

-Ginger,para com isso,não coloquei comida pra você mais cedo?Aquieta o rabo.-Começo a dialogar com meu cachorro que só faz latir e arranhar minhas canelas.Abro a sacola de pães e tiro um pedaço da comida,jogo o pão para longe,Ginger vai atrás como um foguete.-Não conta pra sua vó que eu dei comida humana pra ti,ela me mata!-O aviso e rio de mim mesma por estar falando com um cachorro.Vou para a cozinha,deixo a sacola e o envelope em cima do balcão,olho para a mesa e a mesma está toda bagunçada com contas espalhadas por ela.-Aish...Além de bagunçar,não arruma,depois ela diz que sou eu a criança...-Digo enquanto ajeito aquele amontoado de papeis.Aproveito para ver as contas que tenho que pagar do mês passado,suspiro pesado ao ver os valores das contas de luz.Quando termino de me torturar, guardo-as em uma caixa que estava em cima da geladeira,abro a ultima e de lá tiro uma garrafa que está pela metade,bebo o leite contido na garrafa e quando termino limpo minha boca com a manga de minha blusa.-MÃE,CHEGUEI!-Tinha me esquecido de avisar a ela que já voltei para casa,a mesma não reponde,dou de ombros,sempre temos falha de comunicação quando ela está no segundo andar.Pego a garrafa de leite para colocá-la de volta na geladeira,aproveito e  de lá tiro um pote de pasta de amendoim.Pego dois pães e os corto,passo a pasta em cada um deles, logo depois os coloco em uma vasilha e assim subo lá pra cima,Ginger me acompanha,o mesmo sai em disparada para o quarto de minha mãe,segundos depois ele começa a latir desesperadamente.-Para de atazanar sua vó!Que coisa feia!-O repreendo de longe,chego a porta e a mesma está entre aberta,quando a abro automaticamente deixo a vasilha com os pães cair.-Meu deus mãe!-A porta do banheiro é de frente a porta do quarto,minha mãe está caída e aparentemente desmaiada no mesmo,corro e me ajoelho do lado dela,a abraço e a ajeito em meu colo,seguro em seu rosto,o mesmo está pálido e no canto de sua boca vestígios de vomito.Pego meu celular e disco o numero da emergência.Ginger late alto começando a me irritar.-Para Ginger!-O repreendo, mas ele continua a latir.Pressiono o celular contra  o meu ombro usando minha cabeça deixando assim minha mão livre e com ela alcanço a toalha de mão.Limpo o rosto de minha mãe. Finalmente alguém atende do outro lado da linha.

-Emergência,como podemos ajudar?-Uma moça pergunta.

-Minha mãe desmaiou,por favor mande uma ambulância,rápido!-Digo tentando manter a calma.Passei por isso algumas vezes, mas sempre bate o desespero e quem em sã consciência  não ficaria abalado?

-Sim senhora,qual é o endereço?-Ela pergunta.

-É xxx xxx xxx!-Digo apertando minha mãe mais ao meu corpo.

-Já estamos a caminho!-Ela diz e assim desligo o telefone.Encosto minhas costas na parede e ajeito minha mãe para repousar a cabeça dela em meu colo,Ginger apóia a cabeça em minha canela e me olha como se estivesse sofrendo junto a mim por minha mãe.Cinco minutos depois a ambulância chega.

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-Oi mãe...-Digo assim que vejo seus olhos se abrirem lentamente,beijo sua mão que à horas seguro esperando-a acordar.

-Oi veia!-Minha irmã Hayeon diz segurando sua outra mão.

-Como você pode dar um susto desses na gente?-Digo divertida mas com uma vontade de chorar.

-E-eu só passei mal,p-para de d-drama.-Ela diz com dificuldades tentando rir mas acaba por fazer careta e tossir fortemente.

 -Drama vai ser quando eu te impedir de assistir a novela,isso sim!-Hayeon diz divertida me fazendo rir e minha mãe chiar e tossir em uma tentativa de gargalhar.

-Falando em d-drama,o que diabos é isso na t-tua cabeça?!Diz que é peruca menina,se não...-Ela pergunta séria,nem parece que a minutos atrás estava em estado instável...

-Gostou?Ta na moda agora.-Brinco com ela,a mesma levanta uma das sobrancelhas.

-Moda vai ser quando eu te deixar careca,sua ingrata!Quem disse que era pra fazer uma coisa dessas em teu cabelo?Daqui a pouco sua irmã vai te chamar de Oppa!-Ela diz revoltada, começo a rir descontroladamente.Minha mãe é incrível,mesmo em uma situação dessas consegue me fazer rir.

-E eu já não chamo?!-Hayeon pergunta confusa.

-Aish...Onde foi que eu errei nessas crianças,isso é internet demais!-Ela fala.-Por que tu fez isso filha?Seu cabelo era tão lindo...-Ela diz triste.-Ai,calma aí que essa cama ta ruim demais.-Ela tenta se ajeitar na cama mas acaba desistindo,pego o controle da mesma e aperto um dos botões fazendo a cama se inclinar um pouco.-Oia,obrigada filha.-Ela agradece.

-De nada.-Digo rindo.

-Vejo que Sra.Kim já acordou...-O medico aparece com uma prancheta.

-Pra você é Hyuna,querido!-Minha mãe diz piscando para o medico que sorri divertido.

-Então Hyuna,posso roubar sua filha rapidinho,depois nós dois teremos uma conversa,hum?-Ele pergunta divertido.

-Tudo bem,mas volta viu?-Ela diz rindo,ele assente sorrindo.Nós dois saímos do quarto indo para uma área relativamente longe de onde minha mãe está.

-Diga doutor.-Falo assim que paramos.

-Você sabe o estado de sua mãe,certo?-Ele pergunta e eu infelizmente assinto.-Nós precisamos iniciar a quimioterapia antes que o câncer se alastre para os outros órgãos.-Ele diz sério.

-Eu sei...-Digo pensativa,a questão é que não temos condições para arcar com esse tratamento.-Em quanto tempo?-Pergunto.

-O mais rápido possível,quanto antes iniciarmos mais chances teremos de acabar com essa doença.-Ele diz segurando em meu ombro.-Taeyeon,não é?

-Sim,doutor.-Assinto.

-Conheço a historia de vocês,sei que você é muito querida entre as enfermeiras e médicos daqui,também sei que sua família tem poucas condições,mas sei que podemos dar um jeito.-Ele diz tentando me consolar.

-Sim,doutor...-Digo cabisbaixa.Ele bate três vezes em meu ombro de leve e sai me deixando a sós.Sento em uma das cadeiras e lá fico por minutos pensando no que vou fazer. Não existe emprego que pague tão bem assim,não tenho nenhuma formação profissional...Estamos no vermelho,temos contas para pagar,só não nos expulsaram daquela casa porque com os bicos que faço, consigo pagar o aluguel e quase não sobra dinheiro para nos alimentarmos.Eu acho que vou ter que vender o meu rim pra poder pagar pelo menos as duas primeiras parcelas.

-Com licença.-Um homem pede me tirando de meus pensamentos.

-Desculpe.-Me levanto da cadeira dando espaço ao homem.Ele está fardado,deve ser militar,o mesmo prega no quadro um cartaz dizendo “Aliste-se no exercito”.Seria destino?Duvido muito...-O que é isso?-Puxo papo.

-Alistamento militar.-Ele diz simpático.-Interessada?

-Um pouco.-Digo sendo bem vaga.-A quanto tempo você...Tu sabe...Bom...-Digo meio sem jeito.

-Há quanto tempo sou militar?-Ele pergunta com um sorriso engraçado,assinto sem graça.-Dois anos.Mas e você,vai querer se escrever?-Ele pergunta.

-Pretendo.

-Faça,é uma profissão muito honrosa,-Ele diz orgulhoso.-Bom,eu vou indo,foi um prazer te conhecer...

-Taeyeon.-Estendo a mão para ele.

-Heechul.-Ele aperta minha mão,se curva e vai embora.Fico lá encarando aquele cartaz pensando.Isso pode ser a solução de meu problemas e a salvação de minha mãe...

Dias atuais...

...

-Mas é necessário.-Digo suspirando pesado.

-Necessário?Quer mesmo se alistar,Taeyeon?-O homem pergunta.

-Sim.-Digo firme,mas por dentro estou receosa ao ponto de querer sair daqui correndo.Pego a caneta e a guio até o “x” marcado na inscrição,escrevo o meu nome lentamente como se minha vida fosse acabar depois disso.Realmente,minha vida vai mudar,mas é necessário...É o que eu coloco na minha cabeça à dias.

-Bem vinda ao exercito dos Estados Unidos da America.-O homem estende a mão para mim assim que entrego o papel assinado com o meu nome e com as minhas informações  pessoais.

-Obrigada.-Aperto sua mão firmemente.

"O que faria por aqueles que você ama?"