História War Hero - War Hero

Apenas um tiro, dê apenas um tiro Taeyeon...

Dezenove horas antes...

- Nós teremos apenas quarenta minutos para entrar, colocarmos as bombas e sairmos daquele prédio com o Martinez antes que toda aquela região seja ocupada por iraquianos fortemente armados, sigam à risca o plano pois não deve haver falhas, qualquer ato precipitado pode acabar com a missão, estão vendo esses pontos vermelhos no mapa? São onde potencialmente haverá guardas, evitem ao máximo chamar atenção, evitem também passar por perto de áreas expostas como janelas e portas... – A major interrompe sua explicação passando suas mãos pelo próprio cabelo fitando todos nós em silencio. - Eu sei que todos estão tensos com isso tudo, vocês estão pondo seus pescoços em risco e qualquer erro pode tirar-lhes a vida... eu como major general, possuo um enorme orgulho por tamanha coragem, a nação e as vidas que podem ser salvas agradecem pelo trabalho de vocês e seja o que acontecer conosco amanhã, quero dizer que é um imenso prazer chamá-los de colegas de equipe. – Ela termina seu discurso me fitando, desvio o olhar para o mapa, que está em cima da mesa, serrando minhas mãos em punho. – Hamham, por hoje é só, descasem bastante, amanhã será um dia longo e complicado. – Ela diz se afastando da mesa, me curvo junto aos outros e me viro logo saindo cômodo. Abro minha farda sentindo um calor insuportável. Não devo negar, ficar na presença da Hwang está sendo insuportável, toda vez que a vejo eu sinto raiva, quando ela sorri me lembro de suas mentiras, sua voz revira meu estomago, seu olhar me faz lembrar de como ela me deixou à beira da morte... E o pior de tudo é que meu coração ainda acelera quando a vejo, quando ela sorri, quando escuto sua voz, quando nossos olhares se encontram e ele se aperta pela falta e a magoa que eu sinto pela mesma. Droga! Eu não posso pensar nessas coisas, isso vai me atrapalhar... eu preciso beber alguma coisa. Entro em uma das salas do corredor que estou, logo encontro um filtro e assim coloco um pouco d’água para mim. Eu não posso amar alguém que me enganou esse tempo todo, eu não posso...

- Taeyeon. – Me assusto ao escutar a major me chamar.

- Já estava de saída. – Digo sem rodeio indo até a porta, porém, ela me impede fechando a mesma.

- Eu preciso falar com você. – Ela diz protegendo a porta com seu corpo.

- Se for sobre a missão, não se preocupe, sei muito bem separar o profissional do pessoal, se depender de mim, nada irá dar errado. – Digo tentando ao máximo ser indiferente, olho para minha mão, já amaço o copo de plástico que seguro.

- Não, não é sobre a missão-

- Então não temos nada para conversar, deixe-me passar major. – Peço a ela interrompendo-a.

- Você pensa que sou um monstro, não é? – Ela pergunta se aproximando de mim.

- Não. – Digo dando passos para trás, logo sinto algo frio em minhas costas fazendo meu coração acelerar ao que não tenho mais como me afastar da Hwang.

- Você acha que não me arrependo do que fiz? – Ela pergunta segurando na mesa me prendendo entre seus braços. – Eu passei doze anos me torturando por ter matado um homem inocente, por ter deixado uma garotinha sem o seu pai. Eu queria ter te contado no dia seguinte Taeyeon, procurei por você e te encontrei deitada em uma cama sobrevivendo através de maquinas, eu vi o estado da sua mãe naquele dia, vi a Hayeon que mesmo pequena chorava por você e aquilo me destruiu, eu não conseguia mais dormir, nem comer. Quando você acordou, eu tentei te ver de novo, eu queria te contar, mas eu não tive coragem de dizer que matei seu pai e que te deixei daquela forma. Eu voltei para o exército como uma covarde e conheci a Sunny, ela não sabia, mas meu irmão... ele sempre teve raiva de mim pelo papai me dar mais atenção. Porém, ela cuidou de mim mesmo sabendo de tudo... Mas sempre que eu voltava para casa, eu ia tiver, pelo menos em sua escola quando brincava com seus amigos, eu tentei parar por um tempo, estava decidida em superar tudo, mas... Quando Sunny descobriu brigamos feio, não porque eu ainda ia tiver, mas sim porque eu estava apaixonada por você...  acabei brigando com minha família, então depois que terminei tudo com minha noiva nunca mais voltei para casa, pelo menos até semanas atrás. Eu fiquei quatro anos sem notícias sua, mas não teve um dia se quer que eu não pensasse em você, em como você poderia estar, no quanto seu cabelo poderia ter crescido, sentindo inveja da Juniel por ela estar com você. Quando me informei que você tinha entrado para o exército, imediatamente fui a sua procura, eu te vi de cabelo cortado, foi uma surpresa para mim, mas você ainda estava linda, tentei me aproximar de uma maneira profissional, apenas para ter certeza que nada iria acontecer com você, mas aí a Gal morreu, foi inevitável, eu me liguei a você mais do que o que eu considerava seguro, tudo que eu sentia por você há quatro anos atrás veio a mim mais uma vez mostrando que eles só estavam acomodados em meu coração apenas esperando uma brecha.... Porém, a cada dia que se passava ficava mais difícil de te contar a verdade e só de pensar que você iria se afastar de mim quando soubesse, me deixava... eu queria que você soubesse por mim e não pelo meu irmão.

- E quando eu iria saber? – Pergunto debochada. O que ela quer me contando tudo isso? Que eu a entenda?! Que eu a perdoe?!

- Nunca. – Ela praticamente sussurra tentando escorar sua cabeça em meu ombro, mas me desvencilho dela indo à porta, paro de frente a mesma, passo minha mão pelo meu rosto limpando o mesmo.

- Escuta Hwang, e se eu não tivesse sobrevivido, hum? – Pergunto me virando a ela, a Hwang me fita chorando em silencio, ela não diz nada e abaixa a cabeça. – O que faria, heim Tiffany? Daria em cima da minha mãe? Da minha irmã?! É isso?! – Continuo me aproximando dela irritada.

- Não Taeyeon, não! O que eu sinto por você não tem a ver com o que eu fiz, foi de verdade, você me fez te amar, eu não queria você por culpa, eu te amo de verdade! – Ela diz segurando em meu rosto. Eu não consigo mais ver a verdade no que ela fala, não sei mais o que é real ou apenas uma ilusão feita por essa mulher.

- Eu também te amei Tiffany... – Seguro em suas mãos tirando-as do meu rosto. – Mas eu amei a mentira que você criou. – A solto, seus olhos se curvam deixando suas lagrimas caírem com mais intensidade, tento me afastar, mas ela segura na manga de minha farda e escora sua cabeça em meu peito, me controlo para não chorar ou pior... você destruiu tudo Tiffany, mas ainda me faz te amar mesmo eu sabendo da verdade, você só me machuca...

- Se eu te contasse a verdade naquela noite quando você me prometeu continuar no treinamento, você ainda iria me amar se eu tentasse? Iria deixar-me aproximar de você? Nós estaríamos juntas agora? – ...

- ...

- Foi o que eu pensei... – Saio fechando a porta. Não Tiffany, nós não iriamos sofrer como estamos agora.

~~~~~~~~~

- Yuri? Ainda está acordada? – Pergunto ao acordar com uma forte luz, abro e fecho meus olhos me acostumando com a iluminação vindo da lanterna dela.

- Desculpa Tae, eu to sem sono... – Ela diz tampando a luz com a mão.

- Quem iria conseguir dormir uma hora dessas? –Pergunto sorrindo fraco me ajeitando sobre a cama. – É a Jessica e a Krys? – Pergunto me referindo a fotografia que ela segura.

- É sim... – Ela funga um pouco, só agora eu percebo que ela está chorando. – Eu to com medo Tae... Eu ainda quero ver a Krystal se formar.

- Ei ei, para com isso, você vai ver Yul. – Digo me sentando na cama. – Vai dar tudo certo, depois dessa vamos pedir um aumento de salário! – Brinco fazendo-a rir soprado.

- Hum, eu vou pedir as minhas férias isso sim! – Ela também brinca me fazendo rir. – Eu sinto tanta falta delas duas... escuta, se algo acontecer comigo, não to dizendo que vai, mas se...

- Pode deixar Yuri. – Digo me levantando batendo em seu ombro.

- Obrigada Tae... – Ela diz sorrindo fraco. – Aish, é capaz da Jessica me ressuscitar só para me matar de novo. – Ela diz rindo soprado.

- Você tem sorte Yuri. – Digo voltando a me deitar. – Jessica deve ser incrível. – Digo fitando a cama de cima.

- Ah sim, ela é. – Yuri concorda, olho para a morena, vejo ela sorrir estridente, rio disso. – Mas você e a Tiffany, como estão lidando com isso? Eu não comentei nada porque achei que era pela missão, mas está acontecendo alguma coisa? – Ela pergunta guardando a fotografia por debaixo de seu travesseiro, me deito de lado a fitando.

- Tiffany e eu não estamos mais juntas Yul, só não te contei porque não achei conveniente. – Digo, ela tenta não tomar uma expressão surpresa, apenas ignoro sorrindo fraco.

- Eu sinto muito Tae, espero que vocês se resolvam. – Ela diz apagando a luz da lanterna. – Sei o que sente por ela.

Uma hora antes...

- Abaixem as armas! – Mike esbraveja ao entrar no cômodo, Sooyoung, Luan e eu entramos tomando as beiradas, os homens não vão contra o que Mike diz logo jogando as armas ao chão, tiro uma das seringas de meu bolso injetando o liquido da mesma no pescoço de um dos homens, ele cai no chão segundos depois.

- Graças a deus vocês vieram! – O Dr.Martinez diz se levantando da cadeira depois que Dylan o desamarrara.

- Depois você agradece doutor, temos poucos minutos para sairmos daqui. – A major diz lhe passando um colete. – Vista-o, Sooyoung e Dylan cuidará de você. Caio.

- Não a ninguém major, está livre.  – Caio que está de guarda na porta diz.

- Vamos antes que eles acordem. – Ela fala passando por caio saindo do cômodo. – Taeyeon, tome a frente. – Ela ordena e assim logo saio partindo pelo mesmo caminho que entramos.

- Mike. – O chamo e ele passa a minha frente assim que passamos pelo corredor que nos leva para a janela que entramos, saímos por lá, avisto dois homens armados, chamo a atenção de Steven, nós dois chegamos por trás enforcando-os logo injetando o liquido dopante nos mesmos fazendo-os dormir, arrastamos eles para uma área menos exposta. Assim passamos pela área próxima a um armazém, nos escondemos atrás de um dos caminhões esperando um grupo de iraquianos passar.

- Caminho livre. – Yuri diz e assim agachados nos movimentamos para o outro caminhão. – A muitos por essa área, não podemos nos locomover sem ser vistos.

- Ainda temos quantos minutos? – A major pergunta.

- Nove minutos major. – Yuri responde.

- Podemos passar pelo armazém, a poucos guardas- O Dr.Martinez é interrompido por uma sirene. – Eles já sabem! – Ele diz assustado.

- Sim, vamos pelo armazém. – A major diz seguindo na frente, Dylan e Sooyoung junto ao Dr.Martinez vão logo depois, em seguida Caio, começam a atirar no mesmo, eu e Yuri nos levantamos para dar guarda a ele. Me espanto ao ver que já a muitos aqui, mas continuo firme, me agacho ao que começam a atirar em mim. Logo Steven também passa para o outro lado.

- Vai vai vai vai! – Mike diz a Luan que sai para o outro lado, ele leva um tiro na perna, tento sair da proteção do carro, mas alguns tiros próximos a mim me impedem, Luan leva um tiro na cabeça. – MERDA! – Mike esbraveja correndo para o outro lado.

- Vai Yuri. –Digo a ela me levantando passando a atirar nos inimigos, quando me abaixo, solto um suspiro de alivio ao vê-la do outro lado. – Vai você consegue. – Digo a mim mesma e corro para perto dos outros, com minha chegada pulamos a cerca que separa o lugar, encontramos mais terroristas, por isso entramos em um dos prédios quase destruídos.

- A muitos aqui! – Dylan diz ao que se abaixa.

- Não, vamos conseguir, estamos a alguns metros dos carros! – A major diz. – Mike e Sooyoung, venham aqui. – Ela ordena, eles vão até ela se escorando na parede, subo e atiro em alguns inimigos. – Me dê suas bombas de fumaça. – Eles logo as dão, ela amarra as bombas de fumaça a uma granada de mão e faz duas fitas com a farda dela e da Sooyoung. – Quando eu falar já, você joga isso aqui para cima deles, depois disso passamos por essa porta, teremos mais ou menos dois minutos para sairmos daqui antes que a fumaça acabe. – Ela diz entregando as bombas para Mike. Agachada ela vai para um dos pilares destruídos do prédio, ela amarra sua M4A1 rente ao pilar e passa a segunda fita no gatilho amarrando a mesma, porém, sem apertar. – Um... Dois... Três! – Mike tira o pino da granada e no mesmo instante joga as bombas para longe, assim que escutamos a explosão, Tiffany aperta o laço fazendo a arma disparar sem parar para cima, com isso corremos para fora do prédio indo para as primeiras casas da pequena cidade passando por trás das mesmas, escutamos outras grandes explosões mostrando que o tempo das bombas que implantamos acabou, nos jogamos para o chão, protejo minha cabeça com os braços. – Estão todos bem? – A major pergunta se levantando, ela ajuda a Sooyoung a se levantar.

- Mike, você ta bem? – Pergunto levantando-o.

- Estou sim. – Ele diz mas o seu braço está arrebentado.

- Vamos. – A major diz e assim eu e ela entramos na casa próxima a onde deixamos os carros, seguido dos outros. Ajeitamos os carros o mais rápido possível.

- Vamos antes que eles cheguem aqui... Cadê a major? – Steven pergunta ao perceber a falta dela.

- Está na casa. – Digo indo para dentro da mesma, encontro a major sentada nas escadas. – Major, estamos indo... – Digo chamando-a, mas ela não responde e nem se levanta, me aproximo dela, vejo a parte rasgada de sua farda ensanguentada. – Droga. – Digo me agachando em sua frente, tento tocar em seu machucado, mas ela geme de dor. – Calma Tiffany, vai ficar tudo bem. – Digo tentando acalmá-la, ou pelo menos a mim mesma.

- Tudo bem, não é nad- ah! – Ela geme de dor ao tentar si levantar, não caindo por eu estar segurando-a.

- AAAAAAAAH SEU MALDITOS AMERICANOS! – Um homem com seu rosto tampado joga algo parecido com uma mochila para dentro da casa, Mike atira nele, vejo dá mochila sair algumas granadas, pego Tiffany no colo e corro em direção a porta, não tendo tempo o suficiente me jogo para o chão protegendo Tiffany com o meu corpo. Escuto várias explosões em segundos, logo depois um forte zumbido, aperto Tiffany contra mim ao sentir pedras e pedras me atingirem. Consigo levantar meu tronco, olho para trás, abro e fecho meus olhos várias vezes tentando limpar minha vista que foi prejudicada pela poeira que subiu, vejo metade de meu corpo soterrado, volto meu olhar para Tiffany. Ela está bem. Tiffany se senta e começa a falar comigo segurando em meu rosto, não sinto nada da minha cintura para baixo, não escuto nada. Yuri tenta me puxar, mas apenas me faz sentir dor, logo ela começa a escavar os escombros junto a Tiffany e os outros. Quando minha audição volta, escuto o barulho de carros. Olho para trás e vejo uma de minhas pernas prensadas por uma parede que caiu, já minha outra perna está praticamente esmagada por um pedaço da parede.

- Vão logo! – Digo ao ouvir tiros.

- Não Taeyeon, a gente não vai sem você! – Tiffany diz segurando em meu rosto, de seus olhos caem algumas lagrimas, meu olhar vai para seu machucado. Ela perdeu muito sangue.

- Vão logo, levem o doutor para AAAAAAH! – Esbravejo por dor ao que Yuri e Mike tentam levantar uma das paredes, minha perna está perfurada por um dos ferros de sustentação da mesma. – PARA PARA PARA PARA! – Suplico chorando de dor.

- Aguenta Tae, p-por f-favor, você tem que ir com a gente! – Tiffany pede me abraçando, me desvencilho de seus braços.

- Yuri por favor, vocês vão morrer se ficarem aqui e tentarem me ajudar! – Imploro socando o chão.

- O ferro está entortado, não iremos conseguir tirar ele da perna dela sem arrancar junto um pedaço. – Minha visão fica turva ao que Martinez diz.

- Não não não não, tem que ter outro jeito, tem que ter outro jeito! – Tiffany fala desesperada.

- Vocês voltam para me buscar, eles não vão me matar, tem sim um jeito. – Digo segurando por cima da mão da Tiffany que segura em meu rosto. – Vai Yuri, tira ela daqui. – Peço a morena que me olha com os olhos marejados. Ela sabe que não é verdade.

- Não Taeyeon, eu não- Beijo-a calando-a. Esse é o nosso último beijo Fany-ah...

- E-eu irei te esperar. – Digo com certa dificuldade ao que nos separo. – Tire ela daqui. – Peço a qualquer um, Mike nos separa, Tiffany se debate chorando, mas por perder muito sangue, todos seus movimentos são fracos e lentos.

- Droga Taeyeon! – Sooyoung esbraveja tentando conter suas lagrimas que mesmo assim caem livremente.

- Vamos. – Steven também a tira de perto de mim, logo os outros também saem ficando apenas a Yuri.

- Me perdoe Taeyeon... – Ela diz chorando.

- Pelo quê? Só prometa para mim que irá cuidar da minha família. – Digo e ela assente mordendo o lábio inferior, Yuri estende sua pistola a mim, a pego, escuto o barulho dos carros se tornando maior. – Vá logo. – Digo gesticulando com a mão. Ela se levanta se contendo e corre para o carro. – Yuri! – A chamo, ela me olha já dentro do carro. – Cuide da Tiffany. – Ela mais uma vez assente, me sinto mais aliviada assim, os carros partem pela a direção contraria dos que veem.

Olho para a arma que seguro, aponto-a para minha boca. Apenas um tiro, dê apenas um tiro Taeyeon e tudo vai acabar, seus problemas irão acabar, seu sofrimento irá acabar, sua vida irá acabar...

- AAAAAAAARG! – Sinto uma forte pancada em minha cabeça.

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- Olha! A dorminhoca acordou... – Escuto alguém dizer, minha visão está embaçada, sinto uma luz forte em meu rosto. Fecho meus olhos com força ao sentir uma pontada em meu abdômen, quando abro-os de novo, já consigo enxergar algumas coisas, estou em uma sala escura, a única iluminação é uma lapada que está pendurada por um fio, a um homem sorrindo a minha frente. Então ainda estou viva... Ele começa a falar com outro homem em uma língua que não consigo entender, olho para meu corpo, estou presa em uma cadeira de ferro, entro em estado de choque ao ver uma de minhas pernas amputada. – Eu te falei que dormir por tanto tempo ia acabar te deixando desse jeito. – Ele diz em minha língua em um tom irônico, ele e mais dois homens presentes ali riem disso.

- Quem é você? – Quase não consigo mexer minha boca, sinto uma forte dor de cabeça.

- Infelizmente não é de seu interesse, mas irei lhe fazer algumas perguntas sobre o ocorrido há algumas semanas atrás e espero que você colabore... – Faz tanto tempo assim? Merda...

- E se eu não quiser colaborar? – Pergunto tombando minha cabeça para o lado, não porque quero, mas sim por eu não ter o movimento do meu pescoço.

- Bom... – Ele começa a bater na própria mão um alicate. – Você vai ver, ou melhor, irá sentir. – Ele diz e ri soprado se aproximando de mim. – Vejamos, como conseguiram a localização de nossa base? – Ele pergunta, mas não digo nada, não irei dizer nada. O homem ri se agachando ao meu lado, ele coloca o meu mindinho entre a boca do alicate, fecho meus olhos com força respirando pesado. – Irei fazer outra pergunta, como conseguiram pegar nossos planos? – Não digo nada.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Grito quando ele quebra o meu dedo. – D-deus! – Mordo meu lábio inferior respirando ofegante.

- Vamos lá, me responda. – Ele pede colocando mais um de meus dedos entre a boca do alicate, não digo nada. Ele quebra o meu polegar, grito sentindo uma dor insuportável. – Vejo que não vamos nos dar bem.

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Ele me torturou por horas ao ponto de eu não sentir mais meu corpo, e quando isso aconteceu ele parou e me largou em um quarto escuro com um cheiro de carne podre, algumas horas passaram e eles me deram um pouco de comida e água, no dia seguinte, eles repetiram o mesmo processo, e isso durou por dias ou semanas, eu já não sei há quanto tempo estou aqui... eu sentia tanta dor que assim que o chão frio e duro daquele quarto escuro se chocava contra meu corpo, eu acabava desmaiando. Mas chegou um momento que eu não aguentei mais passar por tudo aquilo, por isso tentei morder minha própria língua, mas eles me impediram colocando uma mordaça em minha boca e isso foi o suficiente para que eles percebessem que de mim, eles não conseguiriam tirar nada.

Eu fui levada para um quarto diferente dos outros dias, nele tinha mais duas pessoas encapuzadas ajoelhadas no chão na frente de uma câmera, logo também me obrigaram a me ajoelhar de frente a câmera.

Escuto um homem com seu rosto tampado por panos falar e falar em sua língua, provavelmente está fazendo um discurso defendendo a sua causa. Olho ao redor, a homens de guarda no local, consigo escutar as duas pessoas ao meu lado chorarem, olho no visor da câmera, nem mesmo eu consigo me reconhecer, meu rosto está todo desfigurado, meu cabelo raspado, meu corpo cheio de cortes. Não é uma boa visão...

- Diga suas últimas palavras. – O homem diz engatilhando a arma em minha direção.

Então esse é meu destino... irei partir sem ao menos poder ser reconhecida, longe de minha família... hum, parece que eu não vou poder cumprir minha promessa para a Hayeon, não vou poder comer o bolo da minha mãe, não irei poder te esperar Tiffany... Minha vida fez sentido? Passei por tudo isso para chegar a esse ponto? Morrer pela pátria não me parece mais tão heroico... As lembranças passam pela minha cabeça como um filme... Deixo as minhas lagrimas caírem, estarei deixando muitas outras coisas para trás, lagrimas não irão mudar nada.

- Mianamnida.

Eu teria outro caminho?

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