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História Guerreiro Das Neves (Sendo Reescrita) - Laços de uma nova vida (SENDO REESCRITO)


Escrita por: Kosef

Capítulo 6 - Laços de uma nova vida (SENDO REESCRITO)


As nuvens que pairavam sobre snow-line indicavam uma tempestade. O vento trazia todo o frio e angustia que se já não fosse o suficiente para aquela cidade, dava ainda mais a sensação de um ambiente sempre habitado pelo eterno inverno.

- Oh droga, aonde foi que eu deixei aquele pedaço de farrapo velho... - indagava Lúcio, um velho simpático que cuidava da enfermaria da cidade.

- Você não pôs ali em cima? - perguntava Merine, apontando para uma prateleira suspensa na parede.

- Não... Na verdade eu não deixo as minhas coisas... Bom não é impossível... - Lúcio, tomado pela curiosade que contradizia sua memória, arrastou uma banqueta perto da parede, e subiu para ver o que achava. - Ahá! Sabia que estava aqui! - exclamou o velho, sorridente.

- Hehe... Claro... - disse Merine, com um leve e acusador sorriso.

Até que:

- Ai ai ai! - Lúcio perde o controle de suas pernas e cai ao chão, levando consigo suas poucas esperanças de caminhar alguns kilometros.

- Lúcio! - gritou Merine. - Você se machucou muito?

- Haha, como se um tombinho desses fosse me pa... - e quando foi se levantar, um "TRÉC" ocupou a sala. - Ai ai ai ai ai!

- Ah, claro. Você pode até não parar, mas sua coluna gritou um não bem alto!

- Ai, filha... eu não to muito bem. Hehehe. - dizia Lúcio. - Será que você pode fazer esse favor pra mim?

- Como se todos os favores não fossem eu quem fizesse. - brincou Merine, com um sorriso no rosto e pegando o farrapo da mão do velho.

- Hehe... Bom, pegue esse farrapo e leve pra senhora que mora perto da fazenda de porcos. O filho dela está enfermo, e esse pano ajudará a espalhar um óleo especial sobre sua testa. É só isso. Ah e, leve também esses comprimidos para o menino, são doces e ele vai gostar depois que sarar.

- Espero que ajude-o. - disse Merine, e foi se retirando. - Estou indo, até daqui a pouco.

- Ta bem. Não demore muito. Preciso de você ainda.

Merine, já com os objetos guardados em uma bolsa de couro para não ter perigo de danificá-los, seguiu caminho. A estrada em que percorria era logo de encontro com a enfermaria em que trabalhava, que por sua vez era ao lado de sua casa. Ao percorrer o trajeto, ia vislumbrando toda a paisagem que a neve moldava ao ambiente. As árvores cobertas com vestígios de neve, as casas, todas cobertas por uma grossa camada de gelo, e as ruas de terra, que jaziam transformadas em passarelas de gelo, das quais davam espaço para as crianças brincarem de esquiar e fazer pequenas guerras entre os seus reinos. Era um verdadeiro palco de histórias que só as crianças viviam.

Quando Merine chegou aos aposentos do tal garoto, bateu na porta e esperou ser atendida. A casa não era muito atraente, mas não parecia ser um lugar desagradável de se viver. A porta era de madeira, com boa parte já tomada pela podridão. Gotículas de gelo que cresciam a cima da porta formando pequenos sabres afiadíssimos, e os musgos que enfeitavam o parapeito das janelas. Uma casa rústica, comun naquela região.

- Merine, querida, por favor entre. - disse a dona que atendeu a porta.

- Obrigada. - respondeu num tôm caloroso. - E o seu menino, onde está?

- Está no quarto dele. - respondeu a moça, já com a expressão do rosto mudada pela preocupação e fadiga.

- Bom vamos vê-lo então.

- Por aqui. - disse, guiando Merine pelos corredores, enquanto enxugava o nariz entupido e os olhos lacrimejados.

- Querido. Tem visita pra você.

- Quem é? - perguntou o menino.

- Oi. Você não deve me conhecer, mas eu sou uma amiga lá da enfermaria.

- Enfermaria?

- Sim, mas não se preocupe, não vou amputar nenhum braço seu, ta? - disse sorrindo.

- Hehe. - sorriu, quase sem forças, o garoto.

- Então, qual é o seu nome?

- Rayne.

- Hum, que nome bonito. - disse, enquanto examinava Rayne com cuidado.

Enquanto o examinava, percebeu que sua garganta estava inflamada, e junto disso, seus olhos pareciam inchados. O garoto estava com febre alta, e quando tocia parecia que toda a sua saúde saía com ela.

Merine pôs o pano que Lúcio havia lhe entregado. O humedeceu no óleo, e colocou-o sobre a testa de Rayne.

- Agora está um pouco melhor. - disse Merine, sorrindo. - Não tire esse pano da sua testa ta? E tente não se mexer muito.

- Ta. - respondeu o garoto.

Merine saiu do quarto de Rayne, e falou com sua mãe.

- Rayne está com um tipo forte de gripe. Ele precisa de cuidado e atenção moderadamente. À partir de agora, você deve dar a ele somente sopa ou qualquer tipo de alimento líquido. E é importantíssimo que você troque o pano que está sobre a sua cabeça uma vez ao dia, nem antes nem depois. E quando ele mostrar melhoras, dê isso a ele.

- Doces? - perguntou a senhora, enxugando as lágrimas.

- Sim. São um pequeno presente que o Dr. Lúcio mandou pra ele.

- Muito obrigada. Merine, muito obrigada! - dizia, abraçando Merine.

- Tudo bem, de nada! - respondeu.

Depois de algum tempo ter passado, Merine se retirou dos aposentos do menino, e foi indo em direção ao hospital. Mas no caminho, lembrou-se de algo. Queria visitar Dayson.


Uma densa nuvem de fumaça se dissipava pelo vasto campo aberto. O sol matinal perto de seu auge iluminava o palco, e atrás daquela névoa grotesca, um ser aparecia lentamente. Tinha uma fisionomia humanoide, perto dos 2,30 de altura, e com um par de pequenos chifres na testa. Seus braços e pernas eram relativamente tênues, com os tornozelos virados do lado contrário aos joelhos, e os pés eram compostos por três dedos revestidos de garras. Os braços eram longos e tinham grandes espinhos que saiam dos cotovelos, e as mãos eram magras, com espinhos saindo das articulações maiores, semelhante ao dos cotovelos. Sua face era esculpida, com o queixo curvo e os olhos afundados. Sua mandíbula era composta por vários e imensos dentes amarelos, parecidos com enormes espinhos, que se fechavam junto com a boca em uma sequência de numerosas presas. E sua cor era negra, que cobria todo o corpo. Apenas os seus olhos que cintilavam um vermelho ardente se destacavam de toda a fisionomia negra.

Um rugido ecoou por todo o campo quando Kirian, em sua forma "bestial", saiu de dentro da névoa. Ele olhou fundo nos olhos de Dayson, e permaneceu daquele jeito. Até que Dayson resolveu atacar. Com um pulo imediato, Dayson lançou-se em direção a Kirian, mas antes que pudesse alcançá-lo, o braço longo de Kirian o arremessou a vários metros de distância. Dayson se recompôs, e atacou novamente, dessa vez, criando um clone e atacando Kirian em sua reta guarda, e novamente, Dayson foi frustrado. Kirian virou-se para Dayson, pegou-o pela cabeça e o jogou contra o clone, que por sua vez se desmanchou quando ambos caíram.

Kirian se aproximou mais, e uma cauda amarrou os pés de Dayson. O suspendeu no ar, e começou a espancá-lo de diversas maneiras. Dando socos como um saco de pancadas, arremessando de um lado para o outro, lançando-o para cima e o rebatendo com um chute certeiro, e usando sua magia negra que no momento estava muito mais forte. Até que se cansou, e largou-o ao chão.

Já imóvel, Dayson não podia fazer nada, a não ser agonizar de dor. Mas Kirian rapidamente foi envolto na mesma névoa obscura, e pôs-se a falar com Dayson.

- Com toda a sinceridade do mundo, não pensei que precisaria usar isso contra você, mas fazer o que. Acontece.

- Grr... - Dayson agonizava.

- Não se surpreenda. Você veria isso uma hora ou outra. Eu só adiantei as coisas.

- Agrrr...

- Hum? Ah, eu sou lindo não sou? - dizia Kirian, olhando para Dayson e passando a mão em seu cabelo... enquanto estava despido.

- Grrr...

- Ainda bem que você não gosta, senão mataria você. Falando nisso, você ainda é virgem? Eu sei que uma garota vai visitar você de vez em quando. Me diga, você já tranzou com ela né?

- Grrr...

- Puta que pariu. Você ainda é virgem? Seu viadinho. Sabe pra que serve isso aqui Dayson? - gritava Kirian, enquanto apontava para sua virilidade. - Isso mesmo. Pra usar. Ah mas enfim... - Kirian sentou em cima das costas de Dayson, que por sua vez estava deitado. - Sempre quando eu retorno daquela forma, eu volto sem roupas. Mas isso é normal eu garanto.

O brilho do sol alcançava cada parte do campo, e um leve calor aquecia toda a região.

- E agora que você não tem outra escolha a não ser ficar esticado me servindo de assento, deixa eu te explicar melhor as coisas.

Uma leve brisa soprava ao seu redor.

- Por onde eu começo... - Kirian olhava para cima enquanto se decidia. - Ah foda-se, vamos do começo. Tudo começou quando você tinha cinco anos. Você deve lembrar dessa época.

- Grrr...

- É, isso mesmo. Bettulier ainda era o chefão da merda toda, e naquela época ele ainda estava procurando as essências primordiais para o plano escroto dele. Mas uma dessas essências era meio, diferente, por assim dizer. Era um tipo de magia que podia acabar com tudo, em um piscar de olhos. Ou seja, a minha.

Dayson gemeu mais alto do que antes.

- Cala a boca, ainda não terminei. - disse Kirian. - A minha essência é o que você pode chamar de "luz do inferno", ou "essência oculta". É aquilo que você viu na entrada do forte, e o que você viu agora pouco. Acontece que todos nós que somos "portadores" carregamos um mesmo tipo de magia oculta, e essa magia é o que sustenta aquilo que tem dentro de nós. O Ancestral.

Dayson prestava atenção em cada palavra.

- Basicamente, todos os magos puros, ou aqueles que herdam a magia, possuem um ancestral dentro deles. Mas esse ancestral só se manifesta quando a magia alcança o seu ápice. Quando um mago consegue usar 100% da magia, o ancestral passa a ser sustentado pela essência que há dentro do mago, como se fosse a fonte de tudo. E mesmo que o mago consiga esse máximo, o seu poder só pode ser usado por um curto período de tempo, graças a linha de compartilhamento. Que é aquilo que eu já expliquei. Todos que tem um clã compartilham da mesma magia, etc etc etc. Mas no nosso caso, a magia pode ser acumulada a ponto de demorar a esvair, fazendo assim com que o ancestral dure por muito mais tempo. E não. O seu ancestral não é igual ao meu. Todos tem um tipo diferente. Variando do elemento e da personalidade. Ou sei lá o que.

Dayson estava com os olhos abertos, prestando atenção em tudo que Kirian havia dito.

- Mas voltando ao assunto. Quando Bettulier veio atrás de mim, eu morava com a sua família. É, por incrível que pareça. Eu fui meio que adotado por eles. E eu me lembro muito bem, da sua mãe Yasemi, do seu pai Daref, do mestre Ignner... De todos eles. E eu me lembro também... do massacre que aconteceu. Você tinha cinco anos, e eu dez. Eu me lembro de ter visto você ao lado deles... mortos na neve. E de quando Ignner levou você para a montanha e te criou. Eu ajudei a cuidar de você até os seus 15 anos, nunca deixei que me visse, e depois disso fui cuidar da minha própria vida. E olha, que ironia, estou te contando tudo isso. Mas isso é pra você saber um pouco mais sobre a sua verdade, e pra te esclarecer algumas coisas também, eu confesso.

Kirian se levantou...

- E a partir de agora, meu pacto será cumprido. Minha responsabilidade por você acabou.

Dayson olhava para Kirian, com os olhos cheios de dúvida e surpresa.

- Eu voltarei pra te visitar, Dayson. E é bom que até lá você esteja mais forte. Caso o contrário, eu vou te matar.

Kirian foi se retirando. O tempo foi passando vagarosamente, até que as únicas coisas a restarem foram Dayson e uma imensa cratera no meio do enorme palco esverdeado.

Dayson então, ainda mancando pela surra que havia levado, foi se retirando. Depois de algumas horas, conseguiu chegar a salvo na cidadezinha onde morava. Mas ao chegar lá, no vale onde morava, viu que estava cercado de pessoas, plebeus e pacatos camponeses. E bem atrás deles, Merine se aproximava.

- Quieta. - ordeneu Dayson, logo que alcançou Merine furtivamente e colocou sua mão sobre a boca dela. - Vamos sair daqui.

- O que ta acontecen... Ummff!! - Exclamava Merine, com sua voz abafada pelas mãos de Dayson.

- Agora.

- Ta... - Merine, sem entender muito bem o que estava acontecendo, acatou as ordens de Dayson e o seguiu. Até chegarem em sua casa.

- Entre, e fique aí. Não saia até amanhã, e não vá me procurar. Caso alguém perguntar sobre mim, diga que não sabe de nada. Só isso.

- Mas pelo menos me explique o que está... - um grupo de pessoas se aproximava de sua rua. E imediatamente, Dayson empurrou Merine a dentro de sua casa. Até que todas as pessoas passassem... e Dayson perceber que estava colado peito a peito com Merine, com sua respiração acariciando os lisos cabelos dela, e segurando Merine contra a parede.

- Dayson... Pode me soltar agora... - disse Merine, mais vermelha que uma pimenta.

E meio sem jeito, Dayson saltou para trás, largando os braços de Merine e olhando de leve para o lado... Enquanto também estava um tanto vermelho.

- Acho que você não tem outra opção a não ser ficar aqui por um tempo. - fez notar Merine.

- Tem razão.

- E bom, você poderá construir novos laços com pessoas diferentes agora que se mudou. - disse, sorrindo.

- Talvez.



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