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História Watamote - Amiga e inimiga


Escrita por: JeffsMoresco

Notas do Autor


Fui rápido, não?

Capítulo 8 - Amiga e inimiga


Estava em frente a escola, olhei para a entrada e dei um suspiro.

Minha saia estava acima dos joelhos, não quis exagerar encurtando muito. Diminuí o tamanho da blusa também, estava tudo em perfeito estado.  Escovei os cabelos direitinho e passei a maquiagem do jeito que Yuu me ensinou, além de que coloquei minha meia nova até a metade da coxa, como ela costumava usar.  

Levantei a cabeça e comecei a andar com uma bela postura,  e assim fui recebendo olhares curiosos de vários meninos e algumas meninas também. Convenhamos, eu estava gata e nem um pouco vadia. Estou muito satisfeita com esse resultado final.   

Sentei em meu lugar de sempre e não prestei atenção na aula. Kosaka não tinha vindo nesse dia, preciso dizer que eu queria muito, tipo muito, que ele estivesse aqui. Sei lá. Só queria que ele me visse assim.  

Eu estava comendo o meu almoço e foi quando uma garota chegou e sentou na cadeira vaga ao meu lado. Ela ficou me fitando como se esperasse que eu dissesse "Oi".  

A encarei e aquilo já estava me deixando meio sem graça e incomodada.  Ela levantou a sobrancelha e disse:  

-Você é a namorada do Kosaka?  - Engasguei com a comida e cuspi em um lenço de papel que eu tinha colocado em cima da mesa.  Ela riu.  - Foi mal.  É que,  tipo,  você está muito diferente do que de costume.  Não que tenha perdido a sua aura  gótica.  Só que agora você está uma gótica meio sexy.   

A olhei e ela ergueu a sobrancelha de novo, esperando que eu a respondesse. Os cabelos pretos dela eram amarados com duas chuxinhas e tinha as pontas pintadas de vermelhos, além de ter uma franja desfiada.    

-N-não. - Respondi. - Não sou namorada dele.   

-Sério? Eu podia jurar que vi ele te dando um selinho semana passada. Bom,  se ele não é seu namorado então é melhor esclarecer isso.  

-Esclarecer?   

-Tipo assim,  a "Putiane Suprema" gosta dele e quer acabar com a sua raça. - Disse com um sorriso no rosto,  mascando o chiclete sem parar. - Cá entre nós... - Ela fez um aceno com a mão para eu me aproximar e foi o que eu fiz. Sussurrou logo depois. - Você é bem mais bonita do que ela.    

-Obrigada. Quem é essa garota que não gosta de mim?   

-Reiko.  Cabelos e olhos castanhos,  alta e com uniforme mais curto que a minha paciência. - Rimos juntas.  - Ah!  Sou a Akira.   

-Tomoko.  

-Devo te dizer que você ficou ótima assim. Mas se você não está namorando com ele por que se beijaram?   

-Não se assuste, fofinha.  Ela é inconveniente assim.  - Nossa conversa foi interrompida.   

-Ai meu Deus, do que adianta rezar se as assombrações continuam aparecendo?  - Akira disse,  em um tom sarcástico. Elas se encararam, e a garota de cabelos castanhos se aproximou de mim.   

-Sou a Reiko - Ah,  é ela.  Meio relutante eu estendi ao mão para encontrar com a dela. - Como eu disse,  não se importe. Ela é tagarela mesmo.   

-Fofa,  não está vendo que está interrompendo o papo? Seja educada uma vez na vida, por favor. - Nisso,  elas duas começaram a falar muito e eu me perdi no meio da conversa/discussão. Levantei rápido, peguei meus materiais e saí correndo. Não sei se elas perceberam que eu fui, mas não importa.  

Estou surpresa comigo mesma. A mudança de visual realmente me ajudou,  mas ficar perto das pessoas ainda me assustava.  

Bom,  não vai ser se uma hora pra outra que vou perder esse medo.  Sempre estive sozinha, não vai ser fácil me relacionar agora. Mas com certeza não vai ser com gente como elas.   

  

 (...) 

  

 Cheguei em casa cedo, como de costume e Tomoki não estava. Claro.  

Em casa eu vesti a minha roupa de sempre: short e camisa larga. Me joguei na cama e ouvi um bipe vindo do meu celular.    

"Oi!"  

Olhei no canto para ver a foto de perfil e era a mesma garota que tinha falado comigo na sala mais cedo,  a de cabelos com pontas vermelhas. Como era o nome mesmo?   

A respondi, meio relutante,  com um "Oi". Como ela conseguiu meu número?  

"Por que você saiu correndo? Eu ia te convidar pra sair comigo, mas não deu nem tempo de falar." Ela mandou outra mensagem,  com um emoji triste no final da frase.  Me chamar pra sair?  Ela quer ser minha amiga?   

"Eu tinha algumas coisas pra fazer." Respondi. 

"Com seu irmão? " - Arregalei os olhos. Como ela sabe que eu tenho irmão?!  

"Como você sabe do Tomoki? "- Não resisti.  Ela me dava um pouco de medo.  Ela ficava me observando enquanto eu não prestava atenção?   

"Eu te vi com ele.  Aí como vocês eram parecidos,  eu cheguei a essa conclusão."   

Não sei porque,  mas aquilo não me entrava na cabeça. Como ela sabia tantas coisas de mim?  

"Não se assuste.  Eu sei de tudo o que acontece naquela escola. "  

"Como?"  

"Tenho minhas fontes. Mas então,  você está sempre sozinha e eu acho que é uma boa pessoa.  Podemos sair juntas?  Eu também não sou de me misturar muito.” - Eu li a mensagem e esperei muito tempo, pensando em uma resposta. Antes mesmo de eu responder ela enviou outra, dizendo: “Podemos ser amigas? Acho que você não é uma vadia, que nem a maioria das garotas daquela escola."  

"OK. Vamos a algum lugar depois." - Eu disse 

"Legal!  Então até mais! "  

Ela me assusta um pouco com o seu jeito energético, mas talvez seja bom. Eu preciso mesmo de uma amiga.   

-Tomoko! - Ouvi batidas na porta do meu quarto.    

-Entra. - Ele o fez, Tomoki estava com seu uniforme preto.   

-Vamos,  precisamos fazer compras pra semana. - Ah, é. Nossos pais viajaram ontem. Lembro que quando desci para acompanha-los ao aeroporto minha mãe me elogiou e disse que aquelas roupas me caíram muito bem e que eu continuasse assim.  

-Ah, não! Vá sozinho.  

-Para de graça. Se arruma.  - Me levantei, batendo os pés e tirei minha camisa na frente dele,  eu estava sem sutiã. - O que está fazendo?!  - Ele virou de costas.   

-O que? Estou no meu quarto.  - Sorri sarcasticamente.    

-Tá. Vou te esperar lá embaixo então. - Ele disse,  fechando a porta do quarto.   

Peguei um vestido azul escuro simples,  arrumei meus cabelos e coloque um colar com um "K" de Kuroki. Calcei minhas novas sapatilhas e passei batom claro nos lábios.   

Desci as escadas rápido, fazendo barulho.   

-Não faça isso!   

-Para de ser chato, maninho. - Ele me encarou - Que foi?  

-N-nada.    

Ele calçou os mesmo tênis que usou pra ir pra escola,  mandou eu sair primeiro e trancou a casa, guardou a chave no bolso.    

Os carros estavam passando rápido, sem olhar para os lados eu dei um passo a frente mas fui impedida por Tomoki, que segurou minha mão firme.  

-Não me trate  como se eu fosse uma criança!  

-Pare de agir como uma então. - Droga.  Esse negócio de proteção, mesmo eu sendo a irmã mais velha,  é tão irritante.  É tão chato. É tão...   

Fofo.   

  

   

(...)  

  

  

Entramos no mercado de mãos dadas. Recebi olhares de alguns garotos que passavam por ali, um se aproximou de mim mas Tomoki me puxou pra mais perto. O garoto devia ter pensado que ele era meu namorado e por isso se afastou. Sorri.  

-Não precisa ter ciúme, maninho. Se quer me namorar é só pedir logo, hein? A fila tá aumentando. - Ironizei, por que né? Não consegui ficar de boca fechada. Ele me encarou e soltou minha mão.  

-Você não presta. - Ele andou antes de mim. Dei um risada e apressei os passos para acompanha-lo. - Fique aqui, não vou demorar.   

Então ele desapareceu em um dos corredores e eu me sentei em um banco vazio, longe das pessoas.  

Ter olhares masculinos sobre mim era algo completamente novo, e não tão bom quanto eu pensava que fosse. Na maioria das vezes incomodava.   

Algum tempo se passou e eu fiquei impaciente. Tomoki estava demorando muito, seja lá o que ele tivesse ido fazer. Me levantei e fui em direção ao mesmo corredor que ele havia ido, mas quando o vi meu coração acelerou.  

Ele estava lá longe. Conversando e rindo com uma garota. A reconheci na hora que a vi. Os cabelos azuis, a mesma garota que foi a nossa casa. Me aproximei e fiquei ao lado dele, de cabeça baixa.  

-Oi. Tomoko, não é? - levantei e a encarei, ela tinha um sorriso simpático em seu rosto. Afirmei com a cabeça de que sim, era eu. - Ah, sim. Me desculpe mesmo por ter ido em uma hora errada na sua casa outro dia. - Pensei naquele dia e fiquei constrangida ao lembrar do que eu havia dito pra ela. Mentir que Tomoki tinha problema de intestino só para afasta-la. É, eu sou muito sem noção. Mas não me arrependo, dei umas boas risadas por causa disso.   

-Eu disse pra esperar lá, não foi? - Tomoki quebrou o silêncio. Sua frieza era a de sempre. Senti meu sangue ferver e disse:  

-É que você estava demorando muito, sabe? Mas eu já vou indo embora.  

 -Você já vai? - Ela disse, alegre.  

-Já. Por que? - Respondi, rude.   

-É que eu estava convidando o Tomoki pra sair comigo, mas ele disse que não podia porque estava com você. - Fiquei em silêncio e logo depois o sorriso no rosto dela se desfez e ele colocou a mão na boca para abafar seu gritinho. - Ah! Desculpe se soei inconveniente.   

-Não. Imagina. – Me virei para ele - Não se preocupe comigo, irmão. Vai com ela. - Disse, o empurrando para perto da garota.  

-Tomoko, mas...   

-Vai. Não a deixe sozinha por minha causa. - O cortei.   

-Obrigada, Tomoko. - Ele disse, agarrando o braço dele. Eu apenas acenei com a cabeça, não tendo forças pra dizer mais nada. Sem nem ao menos olhar para ele, eu me virei e fui caminhando em direção a saída.   

Quando estava fora, senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e comecei a correr. 

  

  

(...)   

  

  

E pensar que depois da mudança de visual, algum milagre ia acontecer. Eu fiz tudo e mesmo assim continuava a mesma garota de sempre. Sem amigos, sem vida, sem nada. Nem alguns sorrisos eu conseguia arrancar de Tomoki. A frieza dele continuava a mesma.   

O vento forte e gelado bateu e senti um calafrio subir pelo meu corpo. Estava sentada em uma praça perto de casa, olhava para baixo. Brincava com a areia, movimentando os pés.  

-Por que fez isso? – Ouvi uma voz familiar atrás de mim, me virei e fiquei perplexa.  

-Por que? – Por que você está aqui? Não deveria estar com aquela garota?  

Eu o acompanhei com o olhar, ele se sentou ao meu lado.  

-Por que me jogou pra cima daquela garota? 

-Não era o que você queria? – Disse, com a voz baixa.  

- O que eu queria era ficar com você. – Ele olhou pra baixo e deu um pequeno sorriso. O primeiro que ele deu comigo em anos. – Você tá sempre fazendo bobagem. – Já ouvi isso antes. – Quer um pouco? – Ele disse, estendendo um copo com café dentro. Até aqui isso te acompanha? – Você parece estar com frio. 

Peguei o copo e o senti quentinho. Tomei um pouco e fiz careta, devolvendo pra ele.  

-Como você consegue gostar de algo tão ruim?! – Ele tomou o resto do café em só um gole e deixou o copo no canto do banco. Depois pegou em minha mão eu veio pra mais perto, me envolvendo em um abraço. 

-Assim fica mais quente. – Eu senti meu coração acelerar. Retribui o abraço e fechei meus olhos pra aproveitar aquele momento. – Vamos pra casa, Tomoko. 


Notas Finais


Bom, por hoje é tudo pessoal. Boa madru.


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