Ao chegarmos à sala do Diretor, ninguém ocupava o cômodo. Decidimos entrar e esperar. Sentei na cadeira e o menino no sofá de couro do ambiente. O único barulho que havia lá dentro era do relógio, com incansáveis tique-taques, e do garoto à minha frente tentando ficar confortável no sofá, fazendo o couro ranger com o contato de sua calça. Após um silêncio insano senti ele fitando-me. Decidi olhá-lo. Assim que nossos olhos se encontram ele desviou o olhar e logo perguntou:
- Ainda dói?
- Hein?
- Sabe... – ele apontou para a bochecha – a sua bochecha.
- Ah, um pouquinho, mas nada tão grave assim. Está muito vermelho?
- Hmm... – ele desviou o olhar.
- Está muito vermelho ainda?! – disse eu procurando por alguma coisa que desse reflexo.
Ele acabou se levantando do sofá e aproximou-se de mim. Muito perto! Comecei a sentir uma ruborização passar pela minha face. Ele levantou a mão esquerda e tocou em minha face machucada. Fez uma espécie de carinho e disse:
- Realmente... está bem inchado. Eu sinto muito, de verdade... Eu machuquei um rosto um tanto belo... Desculpa.
E então corei de vez. Retirei sua mão do meu rosto e disse um pouco nervosa.
- A-ah, não tem nada não... É só colocar um gelo e uma bandagem que está tudo O.K. haha...
- Então vamos fazer isso logo – disse pegando no meu pulso.
- Hein?
- Onde fica a enfermaria?
- A-ah, é sério... Não precisa. E o Diretor talvez chegue...
- Não insista. Depois falamos com o Diretor.
Sendo assim, ele me levou, ou melhor, me arrastou até a enfermaria – onde eu tive que mostrar o caminho. Ele fez eu sentar e esperar pela enfermeira.
- Sabe que casos assim simples nós mesmos podemos nos tratar, né?
- É sério?
- Sim... – eu estranhei, pois em todos os colégios do Japão essa regra é válida.
- Ah, então, vou pegar o medicamento.
Ele abriu os armários e pegou um monte de medicamentos, mas em sua face havia expressão de dúvidas. Olhava para uma caixinha e para outra. Levantei-me e fui lá.
- Este daqui está bom – disse eu apontando para uma caixinha escrito “Tira Dor”.
Peguei com copo com água, o comprimido e antes de engolir ele segurou meu braço.
- Mas não podemos tomar algum remédio sem conselho médico!
Arqueei uma sobrancelha. Queria rir, mas ele estava tão sério...
- Besteira – disse eu tomando o comprimido rapidamente. Olhei para o garoto e ele estava com os olhos arregalados. – O que foi? Só tomei um que tira dores oras... agora ajude-me a procurar a bandagem.
- A-ah, ok...
Após um tempo procurando eu cheguei à conclusão mental que poderia ter acabado. Ia falar isso, mas ele logo disse na frente agachado mexendo nos armários:
- Kai.
- Oi? – disse eu fechando a porta do armário.
- Meu nome. Pode me chamar de Kai.
- A-ah! Pra-prazer... Eu sou Tamiko Seiko. – Um silêncio constrangedor tomou conta de nós, então decidi falar das bandagens. – Ah, provavelmente as bandagens acaba...
Fui interrompida com Kai prensando-me no armário e dando-me um beijo nos lábios.
O que... Diabos?!
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