Após tamanha vergonha que eu passei, Kai decidiu conversar melhor comigo. Para isso, fomos até o terraço do colégio. Acabei desembuchando tudo de uma vez para ele. O que ia adiantar tentar mentir? Ele praticamente conheceu metade da minha vida...
– Hmm... então sua família é tão pobre assim? – disse ele apoiando as costas e os braços na grade do terraço. Ele olhava para o céu.
– Sim – concordei.
Estava sentada no chão abraçando meus joelhos, e sentia uma leve brisa bater em meu rosto.
– Posso perguntar uma coisa? – disse ele olhando para mim. Eu olhei para ele.
– O que é?
– Por que você esconde dos seus amigos onde você mora? Ou onde trabalha?
– Não tenho amigos aqui dentro do colégio – disse seca.
– Hein?! Mentira, né? – disse ele.
– Não tem o porquê de eu mentir sobre isso.
— Mas que desgraça, hein? – ele riu. Olhei séria para ele. – Quero dizer... o povo não ser seu amigo. Posso saber o por quê que você não tem amigos?
Eu suspirei. Encolhi-me mais, afundando a boca e nariz no meio dos braços e pernas. Após um tempo decidi falar.
— Justamente por causa da minha condição financeira... – percebi Kai virar seu corpo para mim nem um ato de surpresa. – Desde quando era pequena tinham crianças que queriam brincar comigo ou me convidar para a festinha de aniversário, mas nunca pude ir por falta de dinheiro. Então as crianças começavam a me deixar de lado pelo simples motivo de eu não ter dinheiro. Então prefiro não aproximar-me novamente das pessoas, porque a separação machuca.
– Hmm... desculpe por não saber disso tudo.
– Não é sua culpa. Eu que não conto.
– Deve ser triste... em meu caso, na verdade, sou bem contrário de você - ele sorriu olhando para o céu. - Sempre tive tudo ao meu redor. Sempre tive amigos e tudo que eu quisesse. – Ele acabou soltando um fio de riso. – Caraca... agora que eu olho vejo o quão insolente eu sou – ele riu mais um pouco. Olhei para ele confusa. – Bem, mas já que você não quer que ninguém saiba sobre sua condição financeira, eu vou te ajudar a manter esse segredo – disse ele sorrindo para mim e estendendo a mão para eu levantar.
Fitei seus olhos escuros – os mesmos olhos brilhantes de sempre – e lancei um sorriso tímido. Segurei sua mão e ele puxou-me para mim, abraçando-me em seguida.
– Eu guardo o seu segredo – continuou ele falando baixinho próximo do meu ouvido – se você me prometer que confiará mais nas pessoas e as conhecerá melhor.
Arregalei meus olhos surpresa com a ação. Novamente tive a oportunidade de escutar seu coração. Um cheiro forte e bom de colônia masculina tomou conta do meu olfato. Ele desfez o abraço e, segurando em meus ombros, fitou diretamente em meus olhos castanhos também.
– Você promete? – Após certa hesitação, balancei a cabeça em afirmação. – Ótimo.
Ele novamente lançara um sorriso e escutamos o sinal do colégio tocar. Meu coração deu um pulo.
– A aula! Estamos atrasados! – disse ele olhando em seu relógio de pulso. – Vamos!
Ele havia pegado em minha mão e descemos as escadas avoados. Quando... por um momento de vacilo meu, meu pé direito tropeçou em meu pé esquerdo e vi caindo por cima do Kai. Após isso, só lembro de uma escuridão.
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