- O que disse?
Indaga, me interrompendo quando volto a repetir meu enunciado. Limpo a garganta, chutando um pouco da grama que ficara presa na ponta dos sapatos, sem jeito, a noite caia aos poucos, porém, a varanda da casa era o lugar mais privado que teríamos para finalmente conversarmos sobre o assunto em questão, mesmo no escuro:
- Você quer adiar o casamento? Questionou elevando um pouco seu tom. Suspiro, Christian era péssimo em disfarçar seu temperamento ás vezes. Ao levantar a cabeça, percebo a silhueta de meu pai na janela da cozinha, estava a nos observar pela cortina fina, logo, sendo afastado pela silhueta feminina, minha mãe, que lhe desferiu um pequeno tabefe na nuca.
- Você poderia falar um pouco mais baixo? Christian esfregou uma das mãos no rosto. – Por um estágio? Comentou quase como contar uma piada sarcástica. – Sabe como é difícil encontrar oportunidades por aqui e Débora estará no grupo. Rolou os olhos. – Poderia ser sua turma toda. Gargalha se levantando, estava dando fim na conversa como sempre fazia, me dando as costas, porém não desta vez.
Vira-se surpreso, ainda subindo os degraus da varanda. – Não ouse! Resmungo mais séria, a coisa toda ficaria, caso não me ouvisse. Depois que me formei, ele, de todos, sabia como havia sido complicado encontrar empregos na área, ou empresas que investissem, contudo, aqui estava uma boa oportunidade. Débora, uma de minhas professoras da faculdade, que tinha se tornado uma amiga de longa data, havia recomendado meu trabalho a uma empresa pequena e nova de design, com qual ela mantinha contato nos últimos meses, fora do país.
Começo a rir, lembrando de uma das possibilidades de Christian não esta confortável com a ideia. – Ah, espera um pouco. Chris pacientemente espera me recompor. – É por causa dele? Você não pode- Christian, Norm- A pergunta parece cair como uma luva no silêncio desconfortante que se segue entre mim, e o homem ciumento a minha frente, que mal preciso terminar meu comentário.
- Você não precisa ir para lá. – É Georgia! Atlanta! Acha que ele é o motivo de querer ir? – Não interessa! – CHRIS! - - NÃO ME INTERESSA DANNA! Você-não-vai. Murmurou baixinho, como para acalmar meu pequeno borbulho de excesso de raiva. – Não vamos adiar. Retiro suas mãos. – Não pode agir dessa maneira. – Dann- - Não Christian, não faça isso comigo. – Danna quer se acalmar?! – NÃO! Exclamo irritada, ele realmente não ia ser compreensivo?
Christian coloca as palmas das mãos no rosto, sentando nos degraus da varanda. – Tem ideia do quão irracional soa? Esfrego as têmporas, sentindo o estresse aumentar. – Christian, não é como se tivéssemos tudo marcado, n-nem temos um plano ainda, n-não organizamos nada, não marcamos uma data, nem sequer... Percebo que andava de um lado para outro, tropeçando nas palavras, respiro fundo, me acalmando. – Não temos nada pra ser cancelado, a não ser uma pilha de papéis com ideias que guardo na gaveta do quarto, e você nunca sequer me perguntou sobre. Murmuro baixinho, percebendo pela primeira vez o quão vago a coisa toda do noivado parecia, não tínhamos nada para ser cancelado, ou adiado a não ser uma lista de desejos meus em uma gaveta, papeis que poderiam ser rasgados ou perdidos, em seguida me veio em mente o quão desnecessária essa conversa poderia ser. Por alguma razão, a realidade pareceu cair sobre Christian ao mesmo tempo. – Você comentou uma viagem com sua família e nunca sequer começou a planejar ou me falar sobre, comentou sobre datas e nunca sequer manifestou interesse em uma.... Christian mantinha seu olhar baixo, como quem não tem coragem de olhar para os fatos a sua frente.
- Chris... Pela primeira vez em um bom tempo tenho oportunidade de algo concreto, e você quer que deixe passar?
- Nosso noivado, não é?
- Diga-me você... Se levanta mais uma vez, e como antes, dando-me as costas. – Tanto faz Adriana, faça como quiser. Murmurou indiferente, adentrando a casa, fechando a porta atrás de si, deixando-me sozinha como todas as outras discussões que já tivemos.
- É Danna aproposito...
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