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História Watching You - O Hábito Que Devo Perder


Escrita por: findyoursong

Notas do Autor


Oie oie oie ~
No primeiro capítulo eu nem falei nada pq tava postando rapidinho, mas aqui eu vou abrir a matraca!
Mentira, não tenho nada pra dizer não, só o quanto estou agradecida pelos favoritos e comentários, vocês são os melhores <3
Eu to postando pelo celular, então se tiver algum erro de formatação ou de digitação, pelo amor de Deus relevem, assim que eu tiver o meu pc de volta eu arrumo qualquer coisa ;)
E assim gente, poderia ter um final melhor? Poderia. Poderia ter um lemon? Poderia. Mas é aquele ditado né :)
boa leitura ~

Capítulo 2 - O Hábito Que Devo Perder


 

 

Eu sabia que esse dia ia chegar, eu me preparava todo dia para o momento em que eu te perderia, mentalizando que eu não poderia fazer nada para impedir.

Mas tudo foi em vão, porque estou há mais de três horas chorando como uma criança, e sei que é tudo real. Vocês são reais, Jimin e Jungkook, e eu estou sofrendo por isso. Quero parar de te amar, mas se penso nisso choro mais, porque sei que essa alternativa não é possível para mim.

A minha cama virou meu melhor amigo nessa noite. E no resto da semana também. Não fui para a escola, porque aquele lugar estava impregnado de você, e Jimin, me perdoe por ser fraco, mas se eu ver o rosto do Jeon eu vou bater nele, e o pior é que não vou me arrepender, tenho certeza.

Jin e Namjoon me ligaram milhares de vezes, mas não atendi nenhuma. Jongin apareceu aqui em casa, mas não abri minha porta para ele, mesmo que ele tenha ficado cerca de 1 hora em pé, batendo na porta. Meus pais não perguntaram o que aconteceu; acho que eles entendem isso por drama adolescente e não se metem.

E assim se passou minha semana, entre lágrimas e lenços de papel. Sexta-feira eu tentei não pensar em você Jimin, tentei voltar a ser o velho Yoongi que não amava alguém, o cara que nem me lembro mais que eu era, porque era isso o certo a se fazer. Mas não consegui, porque você invadia meus pensamentos de uma forma assustadora, então minha mente viajava até os seus lábios, seus olhos, sua mão me segurando pela cintura, seu cheiro doce, fazendo-me arrancar mais suspiros e lágrimas.

Então voltava o Yoongi apaixonado, o Yoongi que sofre e que está em pedaços.

Sábado amanheceu chuvoso, e de alguma forma eu me senti acolhido, porque parecia que o céu estava complacente com a minha dor, e então ele chorava junto comigo. Me senti melhor naquele dia, como se o meu coração tivesse dado um basta e decidido se reconstruir sozinho. Eu sei que isso vai demorar, mas é uma notícia boa. No domingo eu continuei assim, nem tão ruim, mas nem tão bom.

Hoje é segunda e estou me arrumando para a escola. Não quero ir, mas é melhor enfrentar essa situação agora do que simplesmente fugir para sempre. Quando chego lá, vejo de longe você com ele, mas Jungkook está agarrado em você do jeito de sempre. Você olha para os lados procurando algo, e quero parar de pensar no que você está procurando, por isso saio andando escada a cima o mais rápido que posso. Quero desativar o botão automático que sempre me faz olhar para você, porque você não é mais o meu sol, é do Jungkook.

Quando chego na sala, Hoseok está conversando com Jin e Namjoon. Assim que eles me veem, saltam para cima de mim e me enchem de perguntas.

— Um de cada vez, calma. — falei um pouco cansado. Me arrependi em parte de ter saído de casa.

Hoseok me abraça e me olha preocupado.

— Por deus, Yoongi! — ele quase grita. — Onde você se meteu? Todo mundo te ligava desesperado e você não atendia! 

— Precisava relaxar Hoseok, não se preocupe.

Jin me olhava com aquela expressão de quem sabe tudo. Ele sempre soube me ler muito bem. Mas não disse nada sobre isso.

Agradeço mentalmente, porque também não quero falar.

Eles fizeram mais perguntas, mas não estava a fim de responder nenhuma, só sentei no meu lugar e fique calado o resto do dia. Eu tentei o máximo não olhar para você Jimin, eu juro, mas tinha horas que batia uma nostalgia e vinha aquele sentimento, o que eu tento evitar a todo custo agora, porque não quero ficar pensado em você.

É difícil, mas estou tentando. 

No intervalo, decidi olhar para a minha comida e não para o fato de você ir e vir pelas mesas da cantina, falando com quase todo mundo junto com Hoseok. Vocês são populares, conhecem quase todo mundo, e isso me dói, porque eu sou único que não tentou se aproximar. Mas também é um alívio, porque se eu visse você com o Jungkook de novo, eu iria vomitar. Prefiro ficar no meu canto. 

Por que você tinha que ser tão... você?

Quero ir pra casa.

Jin e Namjoon não perguntaram o que aconteceu comigo, só queriam saber se eu estava bem. Respondi que sim, apesar que não. Eu os amo por saberem quando eu preciso de espaço.

— Yoon! — Jongin apareceu do meu lado, me abraçando. Jin e Namjoon sempre fugiam quando Kai vinha. Acho que eles pensam que estamos distraídos demais para perceber que eles somem. Eu sempre vejo, eles acham mesmo que me enganam? — Nunca mais faça isso, seu idiota! Eu quase pus a sua porta abaixo, porque você não me respondia!

Tentei esconder o sorriso que queria aparecer em meus lábios. Era impressionante o fato de Jongin me alegrar nessas horas, por isso eu o amo também.

— Calma, não foi nada.

Pelo menos é o que eu quero acreditar.

— "Nada" teu rabo! — confesso que gargalhei, só um pouco. — Fica rindo aí, mas não sabe como eu me descabelei, pensando em você! Tomara que morra rindo também.

Ri mais alto, porque sério, o que ele tem na cabeça? Jongin, eu te amo.

— Para com isso. — apertei suas bochechas com a palma das mãos, e ele ficou parecendo um peixe. — Eu to bem agora. — sussurrei: — Obrigado.

Ele sorriu daquele jeito encantador de sempre. Isso me lembra quando éramos crianças, e todos gostavam de Jongin, por ele tinha um sorriso de preencher os corações e eu era o garoto distante da sala, confesso que as outras crianças tinham medo de mim. Mas naquele dia de verão, onde todos aproveitavam o pouco sol que tinha no pátio da escola e eu, como boa pessoa que não gosta de sol, fiquei na sala observando os outros, eu descobri que nem todos tinham medo de mim. Eu realmente não sei até hoje o motivo de Jongin não ter ido no pátio com os outros. Nós dois ficamos no silêncio, os observando pela janela da sala. O sorriso que ele me deu, quando virei a cabeça para olha-lo, foi o começo de tudo.

Ninguém sabe o por que de duas pessoas com personalidades tão distintas ficarem tão próximas. Eu também não sei, não me pergunte.

— Suga. — me chamou pelo apelido que ele mesmo me deu. — Não faz mais isso, não estou brincando.

— Ok Kai, tudo bem. — eu o abracei. Quando Jongin me olhava assim, eu via a real preocupação em seus olhos. Sussurrei: — Desculpa, mas eu estava muito mal. Não conseguia falar com ninguém. Desculpa, de verdade.

Ele me abraçou de volta.

— O que aconteceu?

— Eu... Eu vi os dois se beijando. Foi demais pra mim.

Jongin me abraçou mais forte.

— Era o Jungkook?

Só percebi que tinha voltado a chorar, quando funguei.

— S-Sim...

Então afundei minha cabeça em seu pescoço e deixei as lágrimas saírem de novo. Eu queria bloquear elas, fazer as mesmas secarem, mas elas vêm, e isso me deixa com raiva. Um ódio de ter me tornado essa pessoa fraca e chorona. Caramba, quando isso foi acontecer? Quer dizer, eu detestava esses típicos adolescente que sofrem por amor, e onde eu estou agora? Que merda.

— Ei, vamos sair daqui e ir pra um lugar mais tranquilo. — Jongin disse calmamente. Ele enganchou um braço no meu e me arrastou para algum lugar, que não sei qual é porque estava de cabeça baixa tentando tirar as lágrimas dos cantos dos olhos com as pontas dos dedos.

Quando chegamos, o lugar estava vazio. Era a enfermaria e a enfermeira estava de folga hoje. Deitei em uma das camas e Jongin se deitou ao meu lado. Ficamos assim por um bom tempo, sem dizer uma palavra. Eu não estava muito a fim de falar, mas a presença de Jongin me tranquilizava e me trazia uma paz muito boa.

Jimin vinha de vez em quando me visitar nos meus pensamentos, e então eu apertava a mão de Jongin e colocava a frase "Está tudo bem, vai ficar tudo bem" para funcionar, num espécie de mantra mental. Talvez eu esteja me acostumando com o "Jimin e Jungkook" ao invés de só o "Jimin". Juro que está funcionando. Acho que estou melhor, estou superando. É um pouco cedo pra dizer isso, mas é o que sinto. 

Kai e eu ficamos deitados naquela enfermaria pelo resto do período, tenho certeza que ele vai levar uma advertência fodida, mas o mesmo não parecia se preocupar.

— Yoongi. — me chamou em alguma hora.

— Hm. — estava de olhos fechados e continuei assim.

— Sabe o Kyungsoo?

— Hm.

— Só vai falar "hm"?

— Hm.

Dei risada enquanto ele me batia no braço.

— É sério!

— Então fala logo.

— Bom, semana passada... A gente meio que...

— Que...? — incentivei a continuar.

— É... Nós meio que começamos algo sério...

Abri os olhos e o encarei.

— Algo sério?

Ele sorriu envergonhado.

Jongin não tinha nada sério desde Sehun. Ele tinha pego um certo trauma de relacionamentos, depois de descobrir que estava sendo traído.

— É, algo sério. — ele afirmou.

— Tem certeza?

— Sim.

— E está feliz?

O sorriso dele era brilhante. Lembrei de Jimin, mas tratei de varrê-lo da minha cabeça.

— Estou.

Voltei a fechar os olhos.

— Então tá. Traga Kyungsoo para que eu possa dar a minha bênção.

Jongin riu de novo, aquela risada bem estranha que nunca mudou. Depois de tantos anos, até que a gente se acostuma com ela.

— Como se eu precisasse da sua permissão.

— E não precisa?

— Na verdade, não.

— Você só tem dedo podre Jongin, eu tenho que cuidar de você.

Jongin me bateu de novo.

Ele quer me deixar roxo? 

Que saco.

— Para de falar isso, rabugento.

Sorri.

— De qualquer forma, Kyungsoo parece uma pessoa legal, um pouco esquentado, mas legal.

Sei que Jongin está sorrindo.

— É, ele é. Igualzinho a você. Mas Yoongi...

— Ih, lá vem.

— Para de ser chato e me deixa falar.

— Hm.

— Para com esse "hm" o tempo todo!

Gargalhei alto.

— Diz logo, caralho.

— Como vai ser de agora em diante, vendo os dois juntos?

Suspirei.

— Não sei.

— Você vai ficar bem mesmo?

Jongin me abraçou, colocando uma de suas mãos na minha cintura.

— Eu tenho que ficar bem, não posso chorar pra sempre né?

— Gosto da sua confiança, Yoongi.

— Não é confiança, é só a vida jogando algo que já estava na minha cara.

— Nunca pensei que Jimin iria dar uma chance de verdade pra ele.

Minha garganta fechou um pouco, mas continuei imóvel.

— Muito menos eu.

Jongin ficou quieto por um minuto, como se pensasse no que falar.

— Quando... Quando você soube?

Franzi o cenho em confusão.

— Soube o que?

— Que você gostava do Jimin.

Houve um barulhão quando a porta do consultório abriu com tudo, batendo na estante atrás dela com força, e fazendo duas pessoas — que provavelmente estavam escoradas na porta, ouvindo nossa conversa — caírem no chão.

Foi aí que percebi que eram Hoseok e Jimin.

...

Deus.

Não.

Sério.

Sacanagem.

Diz que é um sonho e eu vou acordar na minha cama transpirando.

Por favor.

1,2,3.

Acorda, Yoongi.

Senhor, eu juro nunca mais tomar o leite direto da caixinha. Juro não roubar comida de madrugada da geladeira. Juro que não vou fazer mais maratona de Game of Thrones de noite.

Mas não.

Não faz isso comigo.

Ai meu Deus, já to sentindo a falta de ar.

Jongin estava tão impressionado quanto eu. Quero mexer minha bunda estúpida e sair o mais rápido daqui, mas não consigo. Fico parado, como uma anta que eu sou, com a boca aberta. Meu cérebro processa as informações devagar, enquanto vejo os dois estranhos ali se levantaram do chão.

— Nossa, fodeu muito. — ouvir Jongin falar baixo, ou talvez tenha sido eu, não tenho certeza.

Meu rosto está muito, mas muito quente. Quero muito desaparecer. É muito azar pra uma pessoa só.

— É, hm, e-eu... — Jimin tentou começar, o seu rosto transbordando vergonha. Eu acharia lindo se não estivesse com medo do meu coração estourar a qualquer momento.

De repente Hoseok explode gargalhadas, de onde? eu não sei também, não tem graça.

Alguém faça ele parar.

— Eu disse Jimin! Eu disse! — Hoseok estava gritando. Meu Deus, alguém mata ele. — Eu disse que o Jongin estava com o Kyungsoo, mas você não me ouvia, eu sempre te disse "Jimin, o Yoongi gosta de você, não esquenta", mas nããããão, você ficava o tempo todo "Ele nunca iria olhar pra mim, Hoseok, o que eu tenho de especial? Ele nega todo mundo, por que comigo vai ser diferente?" — a voz de Hoseok tentando imitar a de Jimin é hilária, pena que estou paralisado demais para rir. — Viu agora? Eu sempre estive certo, seu trouxa. Não acredito que você me encheu tanto o saco por causa disso.

Nunca vi Jimin mudar tanto as cores de seu rosto, ou como os olhos dele arregalaram tanto que quase estavam saindo de seu rosto.

Queria rir.

Mas né.

Paralisado e tals.

Querendo se enfiar num buraco e tals.

Desejando que o superman entre pela janela e me tire daqui nos seus braços e tals.

— Parece que hoje é o dia de esclarecemos as coisas. — disse Jongin se levantando da cama. Fiquei imóvel, com medo do que ele iria fazer.

— Esclarecer? — perguntou Hoseok.

— Quer dizer que vamos deixar os dois sós, idiota. — Jongin revirou os olhos. — E que história é essa de ficar espionando a conversa dos outros?

A sós?

Oi?

Antes de eu ou Jimin falarmos qualquer coisa, Kai empurrou Hoseok para fora e trancou a porta pelo lado de fora.

Voei para a porta e bati nela, e gritei "Jongin, maldito" assim como Jimin também gritava "Hoseok, desgraçado" e socava com toda a sua força a madeira, mas ninguém ouvia, ou pelo menos não respondia.

Não acredito que eles trancaram a porta.

Repito: eles trancaram.

Pelo lado de fora.

Quer dizer que eu estou preso com Jimin.

É, com Jimin.

O mesmo que eu observo há quase um ano. O que me deixa nervoso e totalmente patético, que me faz sofrer e chorar sem saber de nada, que faz meu coração bater mais rápido do que é permitido para uma pessoa cardíaca.

O Jimin que eu amo, e que nem sei como comecei a ama-lo.

Voltei para a cama, me sentei, juntei minhas pernas e as agarrei, tentando esconder o fato de estar tremendo. Vi Jimin pegar uma cadeira e se sentar, desconfortável com a situação.

Não quero ficar aqui.

Sinto uma tontura, mas tento me concentrar em outra coisa. Vem a tontura de novo. Respiro fundo. Vem de novo, e de novo, e de novo.

Que horas são? Preciso tomar meu remédio. Preciso sair. Sinto um pânico entrar em minhas veias, mas tento respirar e ficar calmo.

Aqui é a enfermaria, tem o remédio que eu preciso desde que eu entrei nessa escola, não deve ser difícil de achar. 

Tento ficar em pé, mas outra tontura me abate.

— Você está bem? Ei, Yoongi? — não sei quando Jimin decidiu deixar a vergonha de lado e se preocupar comigo, mas agradeço mentalmente.

Também não sei onde enfiei a minha vergonha, mas puxei seu braço com um pouco de desespero e disse:

— Remédio... Preciso do comprimido...

Jimin correu para a porta de novo.

— Hoseok, abre a porta, não é brincadeira! — gritou. — Kai, você tá aí? O seu amigo tá passando mal! Tem alguém aí? Abram a porta, porra!

Nunca vi Jimin tão bravo.

Outra tontura chegou como um soco.

— Ok, ok, vamos achar nós mesmos. — ele voltou, me puxou pela cintura e colocou meu braço em seus ombros. Estava assustado, percebi, um pouco pálido. — Preciso de sua ajuda Yoongi, conhece o nome.

— A enfermeira coloca em um lugar separado... Porque só eu... Só eu uso... — estava ofegando, sentindo minhas forças serem drenadas.

Ele me colocou de volta na cama e começou a vasculhar em todos os frascos que tinham ali, quando remexeu nas gavetas da escrivaninha da enfermeira ele achou o potinho. Assim que vi o frasco, acenei o mais desesperado possível e ele veio rapidamente em minha direção.

Tomei os comprimidos tão rápido que nem senti eles passando na minha garganta.

Minutos depois, veio uma sensação de alívio indescritível. Deitei na cama ainda ofegante. Meu coração se acalmou e minha respiração soava normal.

Fechei os olhos e deixei o sentimento de calmaria me invadir, não sei por quanto tempo fiquei imóvel, mas só voltei a consciência quando senti algo na cama.

Jimin deitou do meu lado.

Respira.

Finge indiferença.

Ele pegou o meu braço e se abraçou nele.

Respira.

Finge indiferença.

— Eu gosto de você. — ele disse baixo.

Respira.

Finge indiferença.

Não o encarei, mas sei que está me olhando. Não sei se quero rir, porque é algo que nunca imaginei que iria acontecer, ou se quero chorar pelo mesmo motivo.

Respira. 

Finge indiferença.

— Eu e Hoseok... Nós ouvimos a conversa de vocês dois. Eu nunca dei uma chance para o Jungkook.

Respira.

Finge indiferença.

— Naquele dia, em que você viu nós dois... — ele hesita e não quero que continue falando, porque não quero lembrar. — Bom, naquele dia eu estava um pouco mal porque pensei que você e Jongin... Que vocês... Vocês dois estavam, hm, estavam... 

Acho engraçado o fato de não conseguir se expressar. E fofo também. 

Não consigo respirar e fingir indiferença mais. Porque ele está aqui, comigo, falando que gosta de mim. Quer dizer, onde nessa galáxia, Park Jimin iria gostar de mim?

Ele é o claro e eu sou o escuro. Somos tão diferentes. Mas eu o amo tanto. É difícil de acreditar.

— Jongin e eu somos amigos.

— Eu sei disso agora, mas... É que naquela hora, sabe, eu pensei que vocês tinham alguma coisa, então Jungkook veio dizendo que era melhor eu desistir... E eu não sei quando aconteceu... Mas numa hora estávamos conversando e no outro ele avançou em mim e aí você-

— Aí eu passei e interrompi vocês dois, entendi.

Eu devia saber. É claro que tudo que é bom dura pouco, ainda mais para pessoas fodidas como eu.

Jimin não é pra mim.

Nunca foi.

Nunca será.

Eu não sei porque continuo insistindo em tê-lo,  nós não fomos feitos para ficarmos juntos. Ele deve estar confundindo os sentimentos, só pensando que gosta de mim. 

— Não, não, não. — a mão dele aperta o tecido da minha blusa nervosamente. — Isso foi bom. Eu te vi passar por nós, e foi como um despertador, eu estava cometendo um erro muito grande, porque eu não gostava do Jungkook, não é por ele que eu vinha contente pra escola. — Jimin virou minha cabeça para encara-lo e descubro que a boca dele está muito perto. Os meus olhos se fixam nela por um bom tempo. — Não é por ele que eu sinto arrepios, não é por ele que eu fico nervoso e me sinto um idiota, falando coisas idiotas. Caramba, eu pensei que fosse morrer na primeira vez que percebi você me olhando, porque tipo, você é conhecido por toda escola por não ficar com ninguém, e eu, hm, pensava o tempo todo "por que ele iria se importar com alguém como eu? Por que eu teria uma chance?", sabe, e então vinha...

Não estava mais o ouvindo, só me concentrava em sua boca tão convidativa. Então eu ganhei e Jungkook perdeu? É tão surreal. Quero beijar tanto Jimin, que quase me sufoca essa desejo. Tem uma hora que ele morde o lábio inferior e sinto uma corrente elétrica passar pelo meu corpo. 

Porra Jimin.

Ele parou de falar. Levanto —mesmo que obrigado — meus olhos para os castanhos dele. Sua mão não está mais em meu rosto, ela desce e sobe pela pele do meu braço, sinto seus dedos me acariciarem, sinto sua respiração contra o meu rosto. E não me sinto nervoso, pela primeira vez em meses desde que assumi para mim mesmo que gosto dele, sinto uma calmaria sem tamanho.

Tudo está tão... Bem.

Talvez seja o efeito colateral do remédio.

Talvez não.

— Jimin. — chamo.

Ele me olha apreensivo.

— S-Sim..

Eu gosto de você também.

— Eu gosto de você também. — minhas palavras saem automaticamente.

Fico vermelho, mas não ligo porque o sorriso que Jimin me dá é a única coisa em que consigo pensar.

Ele junta nossas mãos e a textura dos dedos dele nos meus é agradável. O encaixe é quase perfeito, como se as mãos dele tivessem sido moldadas para se encaixarem na minha. Me sinto idiota por pensar isso, mas não evito sorrir.

Olhamos o teto da enfermaria, um pouco envergonhados para nos encararmos.

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas um acariciando a mão do outro.

Então nós dois viramos a cabeça no mesmo instante, e nossos lábios se encostam suavemente. Não foi algo proposital, tanto que eu e Jimin arregalamos os olhos ao mesmo tempo e demos um pulo na cama. Depois do susto, rimos como se fossemos crianças que acabaram de dar o primeiro beijo.

Jimin se aproxima e eu não impeço, na verdade, tomo um pouco de liberdade e trago ele mais perto, e nossos lábios se chocam propositalmente agora. Sinto sua maciez e inalo seu cheiro doce, guardando na memória como algo precioso.

Entreabro a boca, e Jimin permite minha língua na sua. O beijo começa a ficar um pouco intenso a partir daí, porque quando nossas línguas se tocam e se entrelaçam, o gosto é tão bom e a sensação de que só nós dois importamos no mundo se faz presente, então eu não consigo mais parar. E nem Jimin. Nos apertamos um contra o outro, buscando mais contato, beijamos como se tudo fosse explodir, nossas bocas se movimentam uma contra a outra, uma sugando a outra, uma lambendo a outra. Eu não sei se foi ele quem mordeu o meu lábio inferior, ou se fui eu quem mordeu o dele, talvez tenha sido os dois. Ele agarra meus ombros, eu aperto seus fios de cabelo por entre os meus dedos. Tudo muda, tudo gira e eu não consigo pensar em um momento em que eu tenha me sentido tão vivo. 

Nos separamos ofegantes, meus olhos encontram os dele e ficamos vermelhos ao mesmo tempo, porque sei que foi intenso demais para duas pessoas que nunca se falaram.

Então Jimin sorri, eu sorrio de volta, e recomeçamos tudo de novo.

As mesmas bocas se tocam, as mesmas línguas se acariciam, o mesmo ato acontece. Mas parece que nunca nos encostamos, tudo parece novo e diferente, apesar de termos nos separados por alguns segundos, mas gosto da sensação, porque sei que nunca vou me cansar. 

Sinto falta de ar e nós terminamos o beijo de novo com selinhos demorados.

Nos deitamos de novo e olhamos o teto, agora muito mais próximos. Nossas mãos ainda estão entrelaçadas. Nossos pensamentos ainda estão conectados.

Me sinto feliz.

Completo.

— Eu posso... — uma coisa vem na minha cabeça e tento falar, procurando palavras. — Perguntar uma coisa?

— Po-Pode. — Jimin ainda está ofegando.

— Quando você, hm, começou a m-me... Notar?

Sério Yoongi?

Vocês estavam na maior agarração agora há pouco, e está gaguejando?

Ótimo, Yoongi.

Maravilhoso.

Perfeito.

— Boa pergunta. — ele ergue uma sobrancelha. — Quando você começou a me notar?

Soltei uma risada meio anasalada, porque eu não sabia. Começou com pequenas olhadas de canto, que viraram grandes olhadas de canto. Depois deixaram de ser olhadas de canto, para ser encaradas. Eu poderia passar o dia inteiro apenas vendo os movimentos de Jimin.

— Não sei. — respondi. — Eu apenas comecei a... Olhar você.

— Eu também ficava... Olhando você.

Sorri.

Jimin e eu nos beijamos de novo, e ficamos assim, entre conversas e tocar de lábios. Eu não sabia o que éramos naquele momento, ficantes ou namorados, nem se éramos amigos ou não, mas não fazia questão de saber mesmo. Ficamos falando de coisas que gostamos e desgostamos até Jongin lembrar que tinha que destrancar nós dois.

Então demorou um pouco até ele voltar.

Demorou muito, quero dizer.

Mas Jimin estava comigo, então né, quem se importa?

Eu que não.

 

 

 


Notas Finais


Relendo a 2shot inteira, eu percebi que poderia ter uma versão Jimin (já que tem coisas que eu não expliquei, eu vi que poderia ter mesmo). Mas só se vocês quiserem ok?
Deixem um comentário por favor, pra eu saber que eu arrasei (não) nisso aqui <3
Tchau *3*


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