História Watermelons - Autocontrole

Já havia completado duas semanas após o incidente com as galinhas. Soonyoung estava deitado em sua cama lembrando do que aconteceu e tendo crises de risos e espasmos por lembrar que não conseguiu sequer começar uma conversa com Jihoon. Soonyoung ainda não conseguia acreditar como aquilo aconteceu, involuntariamente as imagens de todos se levantando da sala e indo em direção a cozinha para conseguir domar todas as galinhas surgiam em sua mente.

No início foi bem engraçado, até começar a ficar assustador devido a quantidade de galinhas que existiam naquele quintal. Procurou saber qual o motivo de uma pessoa ter galinhas de Angola no quintal. "As pessoas colecionam" foi o argumento que Seungkwan utilizou para justificar o ocorrido. Também falou que sua mãe as criava devido a carne que era considerada muito suculenta para comércio. Soonyoung já não conseguia pensar em qual situação criar para poder expressar seu amor por Jihoon.

O ano já estava acabando e o encerramento estava próximo, com certeza Jihoon não toparia sair novamente, pois precisava se manter focado. Teria que arrumar um jeito de não atrapalhá-lo e seguir com todos os planos que estavam em sua mente. O alarme tocou. Já eram seis e quinze da manhã e precisava se levantar, pois os últimos ensaios ocorreriam naquela semana. Lembrou de como Jihoon tinha se dedicado para tudo e notou um choque de adrenalina percorrer todo seu corpo o fazendo levantar rapidamente da cama e se arrumar para aula. Assim que chegou no pátio do colégio, minutos antes dos alunos se reunirem para entrar nas salas, avistou Jihoon de longe sentado em um dos bancos da praça perto da cantina junto a seu violão. 

Estava lindo. Usava um jeans diferente essa manhã: era levemente rasgado nos joelhos com um all star simples de cano médio em conjunto com o uniforme tradicional do colégio. Notou como tinha organizado o cabelo para trás dando mais ênfase ao seu rosto. As mechas rosas em seu cabelo, já desbotadas, davam lugar a fios mais escuros. Estava dando os últimos ajustes nos arranjos da música que iam apresentar, por isso, estava com seu violão e uma palheta entre os lábios. Aquela cena conseguiu deixar Soonyoung em êxtase por tempo suficiente para que Jihoon o notasse.

— Bom dia!

— Hã? — Falou despertando do êxtase que estava — Ah! Bom dia, Jihoon!

 — Tudo certo pra os últimos ensaios?

 — Sim, estava fazendo os detalhes finais da coreografia. — Soonyoung falou tentando desviar seu olhar que estava tão focado no outro garoto — Você já decidiu o nome da música?

— Não. Ainda estou pensando em qual nome dar para ela. Queria algo que mostrasse todo nosso esforço em planejar essa música.

— Tenho certeza de que você vai conseguir escolher um bom nome! — Soonyoung terminou a conversa dando um sorriso e ajudando Jihoon a guardar o violão e os rascunhos dentro da capa. Pegaram-na ao mesmo tempo e um leve toque entre seus dedos ocorreu, fazendo-os recuar rapidamente. Caminharam juntos em direção a sala de aula conversando sobre os ensaios e de como queriam que tudo acabasse do melhor jeito possível.

Jihoon sentou-se na cadeira a frente de Soonyoung que logo vibrou com aquilo; poderia apreciar o pequeno durante toda aula. O que mais gostava era quando uma coluna de ar que entrava pela porta arastava todo perfume que Jihoon estava usando, causando delírios no maior. Por vezes, teve que sair da sala de aula para parar de pensar no garoto e relaxar toda a tensão que sentia, pois tudo era externado em seu corpo da cabeça aos pés, e principalmente, no volume de sua calça. Voltava do corredor que dava para o banheiro caminhando lentamente e tentando pensar em qualquer outra coisa, porém, quando via que estava se aproximando da sala, notava o seu estado e continuava a caminhar. Naquele dia em especial tudo havia se intensificado mais: não conseguia parar de pensar em Jihoon e teria dado três voltas no corredor do colégio.

Viu que não conseguiria controlar seu corpo e por isso entrou no banheiro masculino adentrando no último dos sanitários. Sabia que Jihoon estava longe, mesmo assim, sentiu todo seu perfume novamente e logo foi tirando a parte de cima de seu uniforme. Levou suas mãos em direção a seus mamilos os estimulando, permanecendo lá por alguns instantes até não aguentar mais toda a tensão de seu membro e abaixar a calça. O Manipulou levemente passando seus dedos pela extremidade em um ritmo lento que aos poucos foi aumentando. Quando sentia que seu ápice estava próximo, não o manipulava. Esperava alguns instantes e recomeçava os toques de forma mais agressiva. Continuou assim durante alguns minutos até ouvir passos dentro do banheiro. Era Jihoon. Ele havia notado que Soonyoung estava demorando um pouco mais do que o normal.

— Soonyoung? Você está aí?

— Si-sim. — Falou interrompendo tudo que estava fazendo com o susto.

— Tá tudo bem? Você saiu da sala e até agora não voltou.

— Sim... Tá tudo bem, eu só acho que comi algo que não deveria. — Tentou justificar enquanto se vestia.

            Viu que não seria fácil sair dali em perfeitas condições, ainda mais ao lado de Jihoon. Pensou em como seria bom ter um botão para desligar a circulação sanguínea que ia para aquele lugar e relaxar, mas a cada palavra que ouvia da boca do garoto, que estava a poucos centímetros de distância, só piorava a sua situação. Notou que a melhor forma de se safar seria se entregando ao momento e assim o fez. Continuou a conversa com Jihoon e se estimulou ao mesmo tempo, voltando aos movimentos de vai e vem com a mão direita e depois com ambas as mãos.

— Hey, eu não te agradeci pelo dia na casa do Seungkwan. Aquilo foi muito louco, eu realmente não sei de onde aquelas galinhas vieram.  — Jihoon falava intercalando suas frases com risos ao lembrar daquela tarde. — Eu realmente precisava de uma pausa e vi o quanto estava fissurado no encerramento graças a você. Obrigada!

— Ah... Err... Você sabe que... que sempre vou te ajudar a não se matar psicologicamente. — Afirmou Soonyoung em êxtase com o elogio soltando frases longas e ofegantes sentindo que estava prestes a alcançar um orgasmo.

— O que você comeu pra ficar tão mal assim? Tá difícil aí, em? — Jihoon soltou uma gargalhada bastante espontânea ao imaginar o amigo tendo complicações intestinais e correndo para o banheiro. Mal imaginava o que aquele sorriso alto e estrondoso causou a Soonyoung que se contorcia dentro do banheiro tentando abafar seus gemidos de prazer. Esperou sua respiração se normalizar para poder dar qualquer desculpa avisando que voltaria a sala de aula enquanto Jihoon ainda ria.

— É sério, eu já estou acabando. Não ri da minha cara Jihoon!

— Certo vou fingir que acredito... Cuidado pra não matar todo mundo quando chegar na sala, é bom que tudo fique aqui nesse banheiro. — Disse Jihoon voltando para sala e pensando nos próximos ensaios

— Cala boca! Eu já tô indo. — Disse Soonyoung tentando limpar suas mãos sujas.

            Depois das aulas, todos combinaram de se encontrar numa sala do primeiro andar. Soonyoung foi o primeiro a chegar por volta das doze horas. Jogou sua bolsa em uma cadeira que estava perto, depois de pegar o pen drive que continha a música que Jihoon produziu, e o colocou na caixa de som que estava próxima à parede. Começou a repassar a coreografia dançando com bastante intensidade ao colocar agressividade em alguns movimentos, porém, alternando-os a passos mais suaves de seus pés e mãos. Tentava passar toda a onda de emoções que sentia através da coreografia e sempre foi elogiado por conseguir fazer isso. Contudo, aquela música em particular, fazia com que cada passo fosse mais acentuado, pois esbanjava toda a personalidade do garoto que tanto admirava.

Jihoon subia as escadas para o primeiro andar quando ouviu sua música. Foi se aproximando lentamente até notar que era Soonyoung que havia chegado. Se escondeu atrás da porta da sala e se esticou todo para tentar observar o garoto dançar pela fresta da janela. Como não consegui ficar na mesma altura que a vidraça, pegou um banquinho que estava ao lado para ver. Adorava de vê-lo dançar e sempre escapavam sorrisos quando o observava. Estava tão concentrado no que via que ao apoiar suas mãos na janela se desequilibrou e deu de cara com o chão, empurrando o banquinho, causando barulho e fazendo com que Soonyoung o notasse.

— Jihoon? Há quanto tempo você está aí? — Falou ajudando o menino de mechas rosadas a levantar.

— Eu acabei de chegar.

— E por que não entrou?

— Não queria te atrapalhar. E queria ver as partes novas da coreografia.

— Se você queria ver era só pedir, ué — Disse sorrindo.

 — Cheguei e já vou falando as novidades! — Disse Seungkwan interrompendo o diálogo dos dois.

— O que foi? Qual é a fofoca dessa vez? — Falou Mingyu entrando junto com o namorado na sala e colocando sua mochila em uma cadeira.

— Ele insiste em dizer que Seungcheol e Jeonghan estão juntos. — disse Seokmin.

— Mas Seungcheol não está namorando o Jisoo? — Indagou Soonyoung.

— E está, mas, né... — Seungkwan insinuou sendo interrompido pela chegada de Seungcheol e Jeonghan que vinham subindo as escadas e se debruçando em gargalhadas.

— Olá, boa tarde gente! — Disse Seungcheol se recuperando de um longo sorriso causado por algo que Jeonghan falou.

— Oi, gente! — Disse Jeonghan com um sorriso tímido.

— Boa tarde pra vocês dois. Jeonghan, você sabe se Jisoo vai vir? — Perguntou Jihoon com um tom ameaçador.

— Não sei. Acredito que sim. — Respondeu rapidamente.

— Hum... Ok. Vamos começar o ensaio assim que Hansol e Junhui chegarem. Quem está faltando além deles?

— Estou aqui! — Dino chegou ofegante seguido de Hansol, Junhui e Minghao.

Ensaiaram por bastante tempo para que nada saísse do padrão no dia do encerramento. Jisoo chegou quase que ao fim do ensaio e deu de cara com Jeonghan e Seungcheol conversando. Aproximou-se aos poucos do namorado.

— Oi. — Disse Jisoo em um tom seco olhando em seguida para Jeonghan.

— Oi. Você não atendeu o telefone ontem à noite. — Respondeu Seungcheol com a mesma entonação.

— Sim porque você sabe como estão as coisas lá em casa. Minha mãe ainda não se recuperou da cirurgia. Os médicos disseram que o aneurisma é grave.

— Eu sei disso Jisoo, sei o que você está passando. Mas você não me liga desde terça da semana passada e hoje já é segunda. Nem se quer tem vindo aos ensaios ou ao colégio.

— Que saco Seungcheol! — Gritou, fazendo eco em toda sala e chamando atenção do resto do grupo.

Jihoon foi se aproximando junto com Soonyoung.

— Tá tudo bem, galera? — Perguntou Soonyoung.

— Está sim. Está tudo ótimo. — Falou Jisoo grosseiramente.

— Não é o que parece. — Disse Jihoon.

— Está tudo bem. Só uns problemas com a minha mãe. Ela ainda não se recuperou da cirurgia e precisa de mim para as tarefas rotineiras. Daí meu motivo do atraso.

— Tudo bem, eu compreendo. Mas por favor, avise antes. Não temos notícias suas desde sábado. — Disse Jihoon preocupado.

— Viu só... — Falou Seungcheol.

— Não enche! Para de me tratar como se eu fosse uma criança!

— Então me trate como seu namorado!

Todos ouviram aquela resposta seguida de um silêncio vasto.

— Você está sendo ridículo Seungcheol! Sabe que não fiz isso de propósito!

— Eu não sei de mais nada. Não sei como você está, nem quando vou te encontrar. Eu não sei nem mais o que eu sinto por você.

— Claro que não sabe! Você só quer saber de uma coisa, ele.  — Jisoo apontou para Jeonghan.

— Quer parar de ser tão idiota? — Disse Seungcheol se aproximando de Jisoo.

Mingyu se aproximou entrando no meio dos dois e segurando Seungcheol.

— Gente, vamos parar vocês estão muito nervosos. — Disse Mingyu.

— Quem está sendo idiota é você! — Jisoo falou quase gritando.

— Chega vocês dois! Se quiserem discutir saiam da sala, nós temos muito trabalho a fazer e vocês não estão ajudando. — Disse Jihoon.

— Ele não precisa sair, eu saio. Não precisa mais me procurar Seungcheol e nenhum de vocês também. — falou Jisoo saindo a passos largos do ensaio.

O clima estava tenso, mas mesmo assim conseguiram terminar o ensaio por volta das dezoito horas. Todos estavam saindo do colégio. Jihoon saiu junto com Soonyoung e ainda estavam preocupados com o que aconteceu mais tarde. Caminharam até a saída, falando da discussão de mais cedo; não sabiam o que iria acontecer, mas tinham certeza que Jisoo não apareceria nos ensaios por um bom tempo. Conversavam sobre como mudariam a coreografia, já que agora teriam doze pessoas no grupo, e de como a saída de Jisoo afetaria a todos. Chegaram na esquina da casa de Jihoon que fez um convite para que Soonyoung entrasse.

— Já está tarde, não quero te incomodar. — Respondeu Soonyoung colocando as mãos no bolso.

— Não vai. Vem entra! A gente pode ver algum filme. — O garoto de mechas rosas sugeriu, empolgado.

Soonyoung não conseguiu recusar aquilo, notou que o menor estava programando algo e por isso aceitou. Ao entrar Soonyoung cumprimentou os pais do garoto que estavam na cozinha jantando Bibimbap (um prato que contém uma mistura de arroz, legumes, ovos e cogumelos) junto com Kimchi de nabo (prato em conserva superpicante). Foram bastante amigáveis e ficaram felizes ao receber Soonyoung.

— Faz tempo que você não aparece Soonyoung! Não fique tanto tempo sem aparecer! — a Sra. Lee disse com um tom de voz empolgado.

— Estávamos sentindo sua falta! — Falou o Sr. Lee.

— Também senti falta de vocês! — Disse Soonyoung abraçando os dois.

Juntaram-se a eles para o jantar. Jihoon não comeu grandes quantidades, pois estava pensando no que acontecera a tarde. Foram até o quarto de Jihoon que com o objetivo de esquecer tudo o que houve, sugeriu um filme e perguntou se Soonyoung gostaria de tomar um banho.

— Eu gostaria, mas não tenho roupas e as suas... Bem... — Falou quase sorrindo.

— O que você está insinuando? O que tem minhas roupas? — Jihoon disse cruzando os braços.

— São pequenas! — Jogou as palavras rapidamente e logo recebeu a resposta com um travesseiro na cara. Era incrível como Soonyoung conseguia fazer seu humor melhorar de uma hora para outra. Jihoon achava aquilo tão estranho quanto colecionar galinhas da Angola. Mas assim como o incidente na casa de Seungkwan, aquele fato conseguia arrancar sorrisos de sua face e fazer com que quisesse a companhia de Soonyoung ainda mais.

— Devem ter roupas suas aqui. Achei! — Jihoon comemorou ao achar as roupas em seu armário.

— Quando eu esqueci roupas aqui?

— Quando você não esquece? — Jihoon falou entregando as roupas para Soonyoung que foi se dirigindo ao banheiro. Jihoon procurava algum filme enquanto o mais alto estava no banho. Pensou em comédia porque Soonyoung gostava, mas logo mudou de opinião ao ver a capa de um de seus filmes favoritos: Invocação do Mal. Imaginou Soonyoung se assustando com as cenas que apareceriam no filme e logo o escolheu. Estava concentrado colocando o filme quando ouviu a porta do banheiro se abrir e ver Soonyoung sair do banho com a toalha no ombro e sem camisa. Ainda haviam algumas gotas de água em seu corpo que desciam sobre seu abdômen semi definido. Jihoon ficou alguns segundos observando aquela cena até Soonyoung começar a falar.

— Meu Deus que filme é esse? — Soonyoung falou assustado com o menu do filme por ter uma mulher  enforcada numa árvore de frente a uma casa.

— Invocação do Mal.

— Me diga um bom motivo pra eu assistir isso.

— Quero ver você se assustando. — Disse Jihoon indo até a cama se deitar.

— Eu não me assusto assim tão fácil.

— Haham sei. Então não há motivo pra ter medo, certo?

— Correto... — Soonyoung confirmou desconfiado se juntando a Jihoon na cama.

O filme começou com uma trilha sonora tensa mostrando alguns casos baseados em histórias reais. Aquilo fez Soonyoung ter com calafrios e algumas reações estranhas, o que fez Jihoon rir. Assim que se passaram as primeiras cenas, a vinheta do filme foi exposta acompanhada de uma música assustadora e estrondosa. Soonyoung deu um pulo da cama e levou suas mãos até seu peito. Jihoon dava gargalhadas tão altas que sua mãe veio até seu quarto pedir que risse mais baixo, pois já estava se preparando para dormir. Passaram-se alguns longos e tensos minutos de filme e o mais alto notou que as horas já eram bem avançadas; teria que dormir ali.

Observou Jihoon dormindo e notou o quanto gostava de estar ao seu lado sem fazer absolutamente nada. Teria acordado algumas vezes o pequeno com os sustos que levava, mas este logo voltava a dormir depois de alguns segundos. Virou-se para o lado em que ele estava dormindo, ficando frente a frente com seu rosto a uma distância considerável. Queria tê-lo em seus braços e imaginou a reação do menor se um possível beijo ocorresse. Com o passar das horas seus olhos estavam pesados, mas tentou ficar acordado para terminar de ver o filme. Entretanto, foi atingido por um sono intenso em que sonhava ter falado tudo que sentia por Jihoon.