História We Are Made Of Stardust. - A Morte.

Durante milênios, eu existo. Na verdade, eu meio que sempre estive aqui.
Meu nome sempre muda. Já fui chamada de " Salário do Pecado" , " Anjo da Escuridão", entre outros; mas sempre gostei de Amélia. Conheci uma garota com esse nome, certa vez. Infelizmente, como toda a raça humana, ela não existe mais hoje em dia.
Se não gostar de Amélia, me chame do que quiser. Qualquer nome está correto. Mesmo que meu nome verdadeiro seja outro, eu não me importo. Não gosto de ser conhecida como A Morte.
Estive observando o mundo desde os primórdios. Sempre nas sombras, esperando meu momento. Antigamente, eu era o terror. Ninguém me queria por perto, até inventaram maneiras de me afastar; não que alguma funcionasse de verdade. Uma hora ou outra, eu teria que aparecer e levar mais uma alma.
Eu realmente não gosto da imagem que as pessoas tem de mim. Sério que um esqueleto envolto numa capa preta e carregando uma foice é mais assustador do que, sei lá, um tubarão?
Aquela forma já me foi útil no passado, mas se tornou desconfortável. E era realmente irritante eu ter que me esconder nas sombras, enquanto ele passeava naturalmente por aí. Um anjo te perseguir é bem mais aceitável do que uma figura encapuzada. Então eu mudei. Observei, absorvi, utilizei.
E então é assim que estou hoje. Uma mulher com aparência angelical, mas que tem um trabalho considerado um tanto quanto desagradável.
Não vou mentir, ceifar almas é terrível. Ver aquela gente chorando por um ente querido ter ido embora, ou ver as almas tristonhas que me acompanham até o salão do julgamento. É muito triste, mas você se acostuma.
Se o Universo tivesse me dito qual seria o preço do meu trabalho, eu jamais teria aceitado.
Eu fui a primeira de todas a ser criada. Naquela época eu era só um aglomerado de estrelas, poeira estelar para ser mais exata. Dois minutos depois, o Universo criou ele.
- Tu, primeira poeira, gostas mais de preto ou de branco? - o Universo perguntou a mim.
- Preto, senhor.
- Preferes noite ou dia?
- Noite, senhor.
- Andarás só ou acompanhada?
- Prefiro só, meu senhor.
- Então tu serás Morte, ceifará a alma daqueles em que a Vida não reside mais. Levarás para o Salão do Julgamento. Trabalharás nas sombras, nunca notada até os dias finais da alma daquela pessoa. Desça a Terra e comece tua jornada - Ele me disse, entregando aquela maldita foice e o manto negro - Governará a noite, regerá a Lua. As Trevas serão teu lar, sejás tua foice uma ponte entre o mundo e o submundo. O manto te protegerá contra a Luz do Dia, para que andes sobre a Terra como um deles - Disse por fim. E então, um vento forte soprou contra meu rosto.
Num piscar de olhos, eu estava aqui, na Terra. E comecei meu trabalho.
Agora você deve estar se perguntando quanto a Vida. Bem, ele é um cara realmente irritante. Não sei ao certo o porquê, mas ele sempre faz piadinhas ou diz coisas idiotas quando eu e ele nos encontramos.
Seu nome é Brian, e ele é realmente um anjo.
O meu único amor, ao qual jamais será correspondido.