Suppose you’ve got up to what you gotta do
Suponha que você tem até o que você tem que fazer
We just weren’t feeling how we wanted to
Nós simplesmente não estávamos nos sentindo como queríamos
You sit and try sometimes but you just can’t figure out what went wrong
Você se senta e tenta algumas vezes, mas você simplesmente não consegue descobrir o que deu errado
Then outta nowhere somebody comes and hits you with an
Então, do nada alguém vem e te acerta com um
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Tóquio nunca parava. Eram duas da madrugada, havia alguns centímetros de neve acumulada no chão, uma chuva constante de floquinhos brancos cobriam o horizonte como uma cortina maciça, baixando a temperatura até os 6°C segundo o termômetro embutido ao semáforo e ainda assim havia quem não se intimidava por isso.
Havia tantas pessoas e consequentemente, tantos sons que… Céus! Akashi só queria que tudo aquilo desaparecesse! Todas as pessoas e seus risos, todas as estúpidas músicas natalinas, todas as propagandas, todos carros que cortavam a avenida… E pro inferno com as bonitas luzes de Omotesando que se enroscavam nas árvores tornando o cenário tão mágico! Ele sequer gostava delas, preferia observar o brilho sutil das luzes de Meguro infiltrando-se pela janela do quarto de um certo alguém.
Só queria que aquele caos sumisse como num passe de mágica… O caos de Tóquio e também o caos em sua mente — que nem os fones de ouvido no volume máximo tocando sua música favorita era capaz de ludibriar.
Akashi inalou profundamente o ar frio da madrugada sentindo o mesmo gelar seus pulmões. Quando exalou, sua respiração condensada tornou-se uma nuvenzinha cinzenta pairando próxima ao nariz antes de esvair-se. O ruivo enfiou as mãos no bolso da calça — amaldiçoando-se por ter saído de casa sem agasalho — e desceu para as entranhas de Tóquio, mergulhando na semi-escuridão do metrô.
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Doze minutos depois ele estava se aventurando pelas ruas silenciosas e praticamente vazias de Nakameguro, estupidamente andando de forma lenta ao lado do muro que margeava o rio e observando o quão belo era o reflexo das luzes na água escuro — como se houvesse luzes dentro água em vez de sobre ela.—enquanto seu nariz congelava no frio.
No parcial silêncio matutino, a canção que já estourava seus tímpanos antes parecia ter duplicado de volume, enviando as batidas tão fortemente que o ruivo tinha a impressão de que todo seu corpo pulsava por dentro.
Era alucinante. Tudo mais havia sido bloqueado de sua mente, nem mesmo conseguia ouvir seus próprios pensamentos! Isso era tão relaxante para Akashi que ele poderia apenas sentar-se no muro e continuar observando a água a noite inteira — isso se já não tivesse um destino e mente e não soubesse que morreria de hipotermia se o fizesse.
Não demorou muito mais para avistar seu destino: as paredes roxo pastel um tantinho desbotadas, o sino de vento tilintando na porta independente da estação e o ar condicionado se tremendo todo debaixo da única janela aberta em toda a residência.A janela que sempre estaria aberta para ele.
Com os dedos duros de frio, Akashi desligou a música e retirou os fones de ouvido preparando-se para sua escalada. Era um tanto idiota, ele sabia, mas sentia-se como o Spider-Man quando estava arranhando a parede roxo pastel com as pontas dos tênis e agarrando-se ao ar condicionado com Parkinson ficando de pé sobre ele por um segundo antes de segurar o peitoral da janela do segundo andar e se içar para cima adentrando à zona de guerra de Murasakibara Atsushi chamava de quarto.
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Akashi sorriu ao se sentir envolto pela atmosfera do lugar. O quarto de Murasakibara cheirava fortemente à chocolate, perfume masculino amadeirado e suor. Havia roupas espalhadas pelo chão e transbordando do guarda-roupa, uma escrivaninha abarrotada de Action Figures e algumas pelúcias do Bob Esponja, snapbacks pendurados na parede, uma bola de basquete ao lado do celular carregando no chão, embalagens de doces para todos os lados e uma montanha dos mesmos ao lado da maior cama que Akashi já vira.
Sentiu-se instantaneamente relaxado, embora o quarto de Murasakibara se assemelhasse ao quarto de uma criança — uma criança de mais de dois metros de altura — Akashi nada podia dizer, afinal era ele quem atravessava Tóquio para dormir ali.
Exatamente como uma criança que levanta no meio da noite para dormir com a mãe, exceto que Murasakibara Atsushi não era sua mãe. A bem da verdade, Seijuro já nem sabia o que o grandão enroscado nas cobertas significava para ele, mas não se importava com rótulos desde que pudesse estar junto do arroxeado.
Fechou a janela impedindo que o vento frio invadisse ainda mais o quarto, deixou o celular sobre a escrivaninha e se livrou das próprias roupas para se enfiar numa camiseta azul-clara de Murasakibara.
Então, confortável em seu pijama o ruivo meteu-se debaixo das cobertas aconchegando-se junto de Murasakibara que instintivamente e sem sequer abrir os olhos passou o braço ao redor de sua cintura.
— Você está frio, Aka-cchin — disse com sua voz preguiçosa deslizando o indicador pela coxa exposta do amigo — veio sem agasalho de novo? Desse jeito vai pegar um resfriado!
— Desculpe — murmurou o ruivo apertando a camiseta de Atsushi entre os dedos gélidos.
— Francamente — murmurou e então puxou Seijuro para mais perto de si, praticamente soterrando-o com as cobertas e seu corpo gigantesco — Fica quietinho aí e dorme. Eu vou te esquentar.
— Hai… — assentiu e deixou estar.
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You got those mad sounds in your ears
Você tem esses sons loucos em seus ouvidos
They make you get up and dance
Eles farão você levantar e dançar
Mad sounds in your ears
Sons loucos em seus ouvidos
They make you get up and dance
Eles farão você levantar e dançar
Don’t they make you get up?
Eles não fazem você se levantar?
Don’t they make you get up?
Eles não fazem você se levantar?
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Não, não faziam. Porque quando estava aconchegado junto ao peito de Murasakibara os sons loucos em sua cabeça que o atormentavam e não o deixavam dormir, não mais existiam.
Nada mais existia a não ser as batidas daquele coração e a sensação de segurança que aquele braço em torno de si lhe proporcionava.
Nada mais existia a não ser Atsushi.
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