Maju e Malu trocaram um olhar, com se conversassem, mas a distância. Seus rostos tomaram uma expressão preocupada.
– Maju? Está tudo bem? – Edmundo quebrou o abraço, estranhando a feição da garota.
– Ah, está sim. Tudo ótimo. – Balançou a cabeça sorrindo. – É coisa minha. Mas, não se preocupe, vamos comemorar a sua "não-morte".
Edmundo gargalhou. Maju diminuiu o sorriso, se perguntando se o que pensava era verdade.
– Temos de abandonar este lugar de imediato. Iremos acampar na margem do Beruna. – Aslam disse e todos concordaram de imediato.
Todos queriam, também, saber que acordo foi feito para a Feiticeira sair correndo dali, mas ninguém ousou questionar o Leão.
Então, foram todos almoçar. Depois de meia hora, já estavam desmontando as barracas, juntando alimentos ou armas.
Cada um dos irmãos estava com uma pequena mala nas costas, levando armas, comida e outras coisas. Maju andava atrás dos irmãos porque, como era Guardiã destes, sentiu-se obrigada a isso. Mas, Malu a acompanhava.
E, assim, partiram para o lugar – não muito distante – antes das duas horas da tarde.
– É provável que, após terminar o que precisa fazer, a Feiticeira volte ao seu castelo, preparar-se para algum ataque ou algo do tipo. Por isso, é melhor prepararmos o vosso exército. – Aslam falou à Pedro, que estava do seu lado direito.
– Meu exército? – Estranhou.
– Sim. Você é o Rei, não?
– Acho que sim...
– É, ou não?
Pedro encarou o Leão, que o encorajava pelo olhar, apesar de demonstrar dureza nestes, também.
– Sou. – Disse, por fim, com tom de voz corajoso.
Depois disso, Aslam deu algumas dicas de luta para o garoto. "Você terá mais vantagem com os centauros em tal lugar", e coisas do tipo.
– Aslam, não entendo, você ficará conosco, não? – Dessa vez todos prestavam atenção na conversa, menos, os narnianos, que estavam mais atrás.
– Não garanto-lhe nada.
E, continuou a dar instruções. Pedro ouvia atentamente.
– Malu, e se for isto mesmo que estou pensando? – Maju olhou aflita para a irmã, que ficou com o semblante pensativo.
– Bem... Poderemos contar à Pedro, já que ele parece ser o Grande Rei...
– Não!
– Oras, por que não?
– Porque Pedro já deve estar ocupado com o assunto do exército. Também, com aquela Feiticeira...
– Do que falam? – Lúcia apareceu no meio das duas. Elas se encararam repentinamente e, como se pudessem ler pensamentos, disseram juntas, ao mesmo tempo:
– Precisamos falar com você e Susana.
O vale se alargava e o rio corria num leito mais amplo. Aquele era o Passo de Beruna.
– Acamparemos deste lado. – Aslam declarou a todos, que começaram a montar as barracas e coisas do tipo.
– Aslam, não acha que seria melhor acamparmos do outro lado? – Maju perguntou. – A maldita pode atacar-nos a noite.
– Como? – Ele virou-se para encará-la.
– Ela perguntou se não é melhor acamparmos daquele lado. – Pedro repetiu sua pergunta.
– Não. – Respondeu ele, com a voz indiferente. Como se aquilo não fosse de muita importância. – Ela não irá atacar hoje a noite.
Os dois estranharam tanta certeza, mas resolveram ignorar a curiosidade no momento.
– Enfim, foi bem pensado, de qualquer forma. Só não vale a pena. – E saiu dali.
Mais uma vez, Maju e Malu trocaram olhares. Esta última assentiu positivamente, como se tivesse entendido o que a outra queria dizer.
– Ham... Maju? – Pedro chamou-a.
– Sou eu! – Sorriu, rindo depois. O loiro riu fraco.
– Posso te perguntar uma coisa?
– Se já não perguntou. – Riram. – Claro que pode.
– É... É que...
– Desembucha! Eu vou ter que dar uma de Susana aqui? – disse alto demais e Susana ouviu, lhe lançando um olhar mortal.
– Você sabe se a... Malu... gosta...
– Para tudo! – Ela berrou. Pedro lhe lançou um olhar de reprovação. – Já entendi tudo, tudinho... Você gosta dela, não?
– Gosto. – Ele abaixou a cabeça, corado.
– Não fica com vergonha, não. Mas... Espera um pouco... Tive uma ideia! Um ideia brilhante! – Saltitou de alegria. – Edmundo! – Berrou, o chamando.
Segundos depois, ele apareceu de seu lado.
– O que aconteceu?
Ela cochichou algo em seu ouvido. Ele riu e concordou com a cabeça. Depois, avançou para Pedro, segurando em seu braço, puxando-o para um lugar mais distante de onde estavam. Enquanto isso, Maju foi atrás da irmã. Mas, antes disso, pegou uma corda na bolsa de Edmundo.
– Malu! Malu! Vem aqui! – Ela fez a melhor cara de desespero possível.
– O que aconteceu? – Ela chegou afobada.
– Você precisa vir comigo, rápido! – Puxou-a, correndo.
– Espera, o que está acontecendo? Você pode me falar?
– Não dá para explicar, vem logo!
Depois de um tempo curto correndo, chegaram no tal lugar.
– O que aconteceu?
– Edmundo! – Maju chamou-o, e o mesmo apareceu com Pedro ao seu lado, que estranhava tudo, também.
– Maju... – Antes que pudesse completar a frase, foi surpreendida por uma corda amarrando seus dois braços. E, não tempo de reagir, pois já estava presa com Pedro.
– Mas o que é isso?! – Pedro falou, tentando se soltar.
– Ele gosta de você, você gosta de dele. – Edmundo começou.
– Agora, se amem! Fiquem juntos, namorem, sei lá! Esse é um favor que será cobrado no futuro! – Maju terminou.
– Mas eu preciso planejar a guerra! – Pedro rebateu.
– Deixe que eu cuido disso. – Edmundo fez uma reverência e, então, os dois saíram correndo, rindo.
Quando estavam meio distantes dos dois, pararam de correr.
– Cupidos? – Edmundo perguntou, ofegante.
- Cupidos!
O jantar foi, digamos, desanimado. Aslam estava quieto e com semblante triste, fazendo com que todos ficassem do mesmo jeito.
– Onde está Pedro? – Susana estranhou. Somente agora havia percebido que seu irmão sumira.
– E Malu? Não a vejo desde... – Lúcia pensou alto.
Edmundo e Maju trocaram olhares desesperados. Eles haviam, completamente, esquecido-se dos dois.
– Licença... – A garota levantou da mesa, juntamente de Edmundo. Os dois recebiam olhares das irmãs.
E, então, correram para o lugar onde haviam deixado os dois. Mas tudo estava um breu.
– E agora? Não conseguimos enxergar nesse escuro. – Edmundo segurou na mão da menina.
– Ah, conseguimos, sim. – Ela esticou a mão que estava solta – a direita, no caso – à frente de seu corpo, com a palma para cima. Fechou os olhos, concentrando-se. Depois de uns segundos, um fogo roxo surgiu em sua mão. Pequeno, mas o suficiente para iluminar o campo de vista dos dois.
– Uau.
– Estou me acostumando com essa ideia de Guardiã de Nárnia e dos Reis. – Zombou. – Agora, vamos. Se a ceia está servida por ali, e corremos para o Norte, acho que eles estão por lá.
Correram na direção falada. A intuição de Maju estava certa, mas eles chegaram na hora errada.
– Ai. Meu. Deus. – Maju falou pausadamente, de boca aberta. Edmundo estava do mesmo jeito. Eles se olharam felizes.
Enfim, o motivo de tal felicidade, era: Pedro e Malu se beijavam, mesmo com a corda atrapalhando, pouca coisa.
– O sangue de Jesus tem poder! Tem poder, tem poder! _ Maju berrou em português, fazendo uma dancinha feliz. O "casal" se separou, assustado. Edmundo riu como nunca. Não sabia se era da dança que Maju fazia, ou da cara de assustado de seu irmão.
– O que você disse? – Pedro começou a conversa, já que a outra estava completamente envergonhada.
– Eu disse que o sangue de Jesus tem poder, oras. – Parou a dança e cruzou os braços. – Vamos. Esquecemos de vocês.
– É. Isso está bem claro. – O loiro fuzilou o irmão, que segurou o riso.
– Mas até que resultou, não é? – Edmundo acrescentou.
– Podem nos soltar?
– Com prazer.
Edmundo soltou o irmão. Maju fez o mesmo com Malu.
Em seguida, os quatro estavam correndo em direção da ceia.
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