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História We Are Young - O quadro.


Escrita por: comradetori e vickyskywalker

Notas do Autor


Sejam bem-vindos à segunda temporada! Espero que consigam captar umas ideias sobre a Maju dessa temporada - ou devo dizer Maria?

Bonne lecture et au revoir, mon amie!

Capítulo 22 - O quadro.


CAPÍTULO 1 – O quadro

 

Internato C. S. Lewis

 

Querido diário, se é assim que devo te chamar. Querido.

Todas as minhas pessoas queridas se foram. Meus pais, minha irmã e... Edmundo.

Não que ele tenha me deixado, mas já se passou um ano desde tudo aquilo. Um ano sem seus beijos, seus olhares, seus abraços, seus sorrisos, de todos os nossos momentos juntos. E, por mais clichê que isso possa parecer, eu estou apaixonada, e isso é uma droga.

Tudo o que eu mais preciso agora é reencontrá-lo, e dar um abraço apertado junto de um beijo apaixonado, daqueles descritos em livros românticos. Mas eu nem sei quando voltarei a Nárnia, nem quando voltarei a vê-lo. Aliás, vê-los.

Susana, Pedro e Lúcia... Eles são os irmãos que nunca vi. Susana, a minha melhor amiga e eterna companheira; Lúcia, a caçula que me conquistou com um sorriso; e Pedro, o irmão mais velho que consegue ser idiota quando quer, mas não deixo de admirá-lo por causa disso. 

Mas a falta que Eddie me faz é insuperável. Ele vem em meus pensamentos, e me pergunto como ele está, se ele esqueceu de mim, se seguiu com sua vida... Perguntas vagas e sem respostas, é tudo que eu tenho.

O maior desejo da minha mísera existência nesse mundo – que já fora ter minha mãe de volta – é voltar a vê-lo. Nem que seja por milésimos. Um desenho mal feito não mata saudades nenhumas.

Eu daria tudo por ele. E isso inclui a minha vida.

 – Senhorita Freitas? Posso saber o que você escreve tanto, que nem presta atenção na aula? – o professor de geografia falou, e sua irritação era perceptível. A garota sentiu os olhares das colegas de classe queimarem em seu corpo, enquanto encarava tediosamente o homem rechonchudo, cerca cinco passos de sua carteira.

 – Ah, senhor Howard, se metendo na vida particular dos alunos? – sorriu debochada. Aquela não era a primeira vez dela em situações desse tipo.

 – Desde que a sua vida particular não esteja atrapalhando a minha aula, a senhorita é livre para cuidar de sua vida o quanto quiser. 

 – Eu não estou atrapalhando sua aula. Eu estou escrevendo coisas particulares, que não interessam nem ao senhor, nem a ninguém. – a essa altura, já tinha fechado o caderno azul, pois sabia que alguma das alunas bisbilhoteiras acabaria lendo.

Antes de o professor responder alguma coisa, o irritante barulho do sinal tocou pelo colégio, indicando o fim das aulas e fazendo com que as alunas levantassem e começassem a sair da sala. As aulas haviam acabado mais cedo pois, a tarde, receberiam o diretor da escola e seu filho, num tipo de festa. Coisa-mega empolgante para as garotas fúteis do colégio, que iriam dar em cima do pobre garoto, um dos únicos a entrar naquele internato para garotas.

Maria só sabia revirar os olhos para esse assunto. Para que se arrumar inteira para receber alguém que nem conhece, ainda mais se esse alguém for tio da sua inimiga? 

Seguiu para o seu quarto, se trancando lá. As garotas tinham duas horas e pouco para se arrumar.

 – Que coisa mais ridícula. – falou para si mesma. Como não demorava a se arrumar, tirou um tempo para fazer os deveres do dia seguinte. 

Passado uma hora, resolveu ir arrumar-se. Tomou um banho curto, secou-se e foi pegar o vestido. Segundo as regras de vestimenta da escola, ele deveria ser preto. A única cor que havia em seu armário, então a tarefa de achar um vestido não foi difícil. Escolheu um com as mangas longas e a saia batendo um dedo depois do joelho. Usou um cinto preto que apertava a sua fina cintura e um pequeno salto da mesma cor.

O seu cabelo ondulado estava preso com dois grampos na parte traseira da cabeça, fazendo algumas mechas caírem sobre seu rosto. A maquiagem era o básico do básico, já que não tinha a mínima vontade de passá-la.

Ao terminar de se arrumar, deitou-se em sua cama e começou a ler um livro. Faltavam dez minutos quando bateram em sua porta.

– Senhorita Freitas? Compareça ao salão principal, você tem um minuto! – era a inspetora Cooper.

– Tudo bem, senhora Cooper. Já estou lá. – respondeu olhando seu reflexo no espelho. Mesmo com aquela maquiagem toda, era possível notar seus olhos meio inchados devido as noites de choro.

Suspirou pesadamente e colocou o colar com pingente de diamante – sua única lembrança.

Caminhava rapidamente para o salão principal, apesar de querer estar deitada em sua cama. “Quanto mais rápida eu for, mais rápido terminará”, era o que pensava.

No entanto, enquanto seguia o corredor esquerdo, viu um quadro que lhe chamou a atenção. Um leão, não um qualquer, um leão grande, e sua juba era majestosa. Seu olhar era sério e sua feição era digna. Ao seu redor, flores de todas as cores e uma coroa – feita de ouro, encrostada de pérolas e pequenos diamantes – estava repousada em sua cabeça.

Ela ficou perdida admirando o quadro por minutos. Aquela pintura lhe emanava alguma coisa, talvez uma sensação de calma e harmonia, não soube interpretar bem o que era. Então lembrou-se de que deveria estar no salão e praguejou, logo correndo para o local. Abriu a porta com toda a sua força, ofegante, e soube que não deveria tê-lo feito. 

Tanto o diretor quanto o seu filho, estavam fazendo um tipo de discurso. Quero dizer que somente o senhor Doyle falava e seu filho estava logo atrás, bocejando. O impacto das portas com a parede foi alto o suficiente para todos os presentes olharem para Maria, fazendo o diretor interromper seu discurso. As alunas a olhavam de um jeito debochado; os professores, de um jeito repreensivo; e tanto o diretor como o seu filho ficaram surpresos.

Ela sentiu seu braço ser puxado e viu a senhora Cooper, que a lembrava – vagamente – a dona Marta. Todos encaravam-na em silêncio, até agora.

– É ela, tio! Ela que tem falado sobre outra terra, em que ela é guardiã de quatro reis, sendo que um deles supostamente é seu namorado, e o criador é um leão falante! – a voz de Claire ecoou por todo o salão, e puderam se ouvir algumas risadas.

O senhor a olhou com desdém. Para Maria, não era nada novo. Sempre que contava a história, as pessoas riam e tiravam sarro da cara dela. E isso foi motivo para uma briga que foi mais além do que devia. Claire Cassandra Doyle era a típica patricinha com sua vida perfeita. No momento em que ela chamou Maria de louca – depois de longas gargalhadas, Maria perdeu a paciência e acabou lhe dando um tapa. E isso foi o suficiente para as duas se odiarem de um jeito mortal.

E, como estava acostumada com todos aqueles olhares e risadas, apenas deu de ombros e pensou em outra coisa. O quadro do leão totalmente familiar à ela.

“Será que é Aslam?”, pensou. “Não, o qu um quadro dele estaria fazendo nesse mundo? Ah, para me lembrar de que estou aqui, não lá”, ficou cabisbaixa.

A senhora Cooper voltou a puxar o braço dela, mas dessa vez, para ficar ao lado dela. Pediu desculpas ao diretor, que voltou com seu discurso.

A garota sentiu alguém a olhando e julgou que fosse a inspetora, e soube que estaria ferrada assim que a festa acabasse. Porém, era o filho do diretor, que ficou extremamente interessado na rival da prima.

– ...e eu queria agradecer por nos receberem tão bem, com esta maravilhosa festa. Muito obrigado a todos.

“Realmente maravilhosa. Maravilhosamente chata, entediante, desnecessária...”, Maria ironizou mentalmente.

Todos aplaudiram, enquanto a garota apenas revirou os olhos, cruzando os braços. 



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