História We are young. - (Alma gêmea)

6 meses depois...

Meio do ano, uma breve folga da faculdade, mas em compensação a loucura da mudança e arrumação do apartamento de Leo e Reyna no qual estavam decidindo como seria o quarto do bebê.

Reyna estava de quase 9 meses agora, sua barriga enorme se destacava em seu corpo, ela não havia ficado desproporcional ou algo assim, estava simplesmente perfeita. Seu rosto havia adquirido uma cor mais rosada e o formato mais redondo a deixando mais “fofa” do que “durona” como geralmente era. Seu humor estava aquela loucura já esperada e Leo estava ainda mais insuportável com a espera e ansiedade da chegada da pequena Nyssa.

Sim, uma menina. O que só fez ele ficar ainda mais bobão.

Não vou falar muito, também estava caído pela ideia de ver minha afilhada logo.

Estávamos no apartamento simples e não muito grande deles. Tinha dois quartos razoáveis, um com banheiro e o outro banheiro ficava no corredor, a cozinha era menor e a sala mais espaçosa.

Havia acabado o chá de bebê da Reyna agora. Leo, Luke, Nico, eu e Jason havíamos acabado de chegar de uma reunião forçada entre meninos. Encontramos na sala muitas meninas, algumas um pouco indesejáveis.

Avistei Thalia e Zoe nos olharem analíticas, Reyna sorriu para nós (apesar de eu achar que era só para Leo, devido ao tanto de presente que havia ganhado), ali estavam também Hazel, Rachel e Calipso (o que foi um pouco estranho, mas acho que estava mais para uma bandeira branca). Meus olhos vagaram pela sala e eu enrijeci ao encontrar um par de olhos cinza em mim.

Fazia tanto tempo que eu não a via, que olhar para Annabeth a fez parecer tão distante e apagada, mas ao mesmo tempo nova, como se eu nunca a tivesse visto antes ou namorado com ela.

Piper estava ao seu lado como já esperado. Aquelas duas não desgrudavam. Parece que apesar do que Jason contou a ela no boliche daquela vez não as separou afinal. Fiquei feliz por isso. Era algo fútil e passado.

Parece que Reyna não tinha ressentimentos de Annabeth afinal, ou gostava muito de Piper para convida-las.

- Ei garotos! – Reyna nos anunciou. Depois se virou para mim e Jason que estava ao meu lado. – Achei que tinham ido longe demais. – disse baixo para nós.

Antes de sairmos Reyna pediu para entretermos Leo e não deixar ele voltar antes da hora, já que ele não queria desgrudar da mãe de sua filha por nada.

- porque sempre sobra para mim? – perguntei para Jason disfarçado quando ela já estava se afastando e puxando Leo para mostrar não sei o que.

- porque você é o mais idiota. – Jason zombou quase serio me fazendo o olhar cínico.

- menos idiota que você eu garanto. – falei sorrindo e ele deu nos ombros sem se importar.

Percebi que ele também estava tenso com a presença daquelas duas ali, mas jamais demonstraria isso.

- você é o mais lerdo. – Nico resmungou de perto me provocando com um copo na mão.

- Droga. – Ouvi Luke resmungar ao lado de Jason que agora estava a minha frente. Olhei para ele antes de o ver colocar uma mascara simpática. – Thalia! – ele disse a garota que agora se aproximava de nós.

Thalia olhou para ele de uma forma estranha o que me fez franzir o cenho.

- Luke! – ela retribuiu seu tom... sarcástico? Eles deram um abraço rápido. – Presumo que conheça minha noiva, Zoe. – Thalia indicou e Luke abriu a boca surpreso, mas depois sorriu tentando disfarçar.

- Noiva? Uau! Olá Zoe. – ele cumprimentou a menina ao lado de Thalia com relutância depois se voltou a ela. – Parece que você prefere as morenas afinal.

Ela sorriu e deu nos ombros.

- espera ai. Vocês se conhecem? – Jason perguntou o que eu estava prestes a perguntar.

Eles o olharam, Thalia divertida, Luke tentando esconder o incomodo e Zoe neutra, apenas observando.

- ah sim. Luke e eu já namoramos. – Thalia respondeu com um aceno de “não importa”.

Meu queixo quase caiu, percebi que de Jason também. Luke desviou o olhar.

- você já namorou minha irmã!? – Jason disse sem acreditar. – quando?

- isso foi a uns 7 anos atrás, se não mais. – Luke disse fingindo indiferença, mas é claro que ele estava incomodado.

- então Luke, você se casou mesmo? – Thalia perguntou, parecia estranhamente divertida com aquilo.

- ãhn... não. Não era a pessoa certa. – Luke respondeu vago.

Houve um breve silencio incomodo.

- Luke, posso falar com você? – Nico disse para ele surpreendendo todos.

Luke pareceu aliviado por conseguir escapar dali, mas não tanto se tratando de Nico. Eles saíram da rodinha e foram para fora do apartamento. Observei-os sair.

Quando é que ele ia dizer o que sentia?

Jason começou a fazer perguntas para Thalia sobre Luke e eu acabei ficando de fora. Avistei a escada de incêndio pela janela do quarto futuro de Nyssa e fui até la subindo nela e me sentando. Dali a visão era para o beco sem saída entre os prédios, a frente passava carros e pessoas rapidamente na avenida movimentada. Estava em um fim de tarde claro e quente.

Me peguei girando e rodando a pulseira de couro preto e marrom que eu tinha igual de Jason, era quase como um simbulo de nossa amizade e eu realmente gostava dela então quase não tirava, mesmo depois de tudo. Ele fazia o mesmo, quando não estava olhando eu fitava a pulseira escura em seu pulso e me sentia bem por isso. Ainda significava algo.

I thought that I've been hurt before

But no one's ever left me quite this sore

Your words cut deeper than a knife

Now I need someone to breathe me back to life

Got a feeling that I'm going under

But I know that I'll make it out alive

If I quit calling you my lover

Move on

Eu achei que tinha sido machucado antes

Mas nunca ninguém me deixou tão ferido

Suas palavras cortam mais do que faca

Agora preciso de alguém para me trazer a vida

Sinto que estou afundando

Mas eu sei que conseguirei sair vivo

Se eu parar de te chamar de meu amor

E seguir em frente

- Percy Jackson sozinho e isolado. O quanto estranho isso é? – a voz feminina e doce veio da janela, de dentro do quarto.

Olhei rapidamente vendo Piper sorrir para mim. De todas as pessoas, ela era a ultima que eu esperava que viesse conversar. Sorri de volta gentil.

- não é tão estranho assim. – falei com desdém.

Ela subiu na escada e se sentou ao meu lado. Tinha seus cabelos cor de canela escura de lado preso com algumas mechas escapando, suas roupas como sempre na combinação mais estranha possível, mas ainda assim ficava natural nela. Um short jeans rasgado, uma camisa verde musgo com estampa indígena e um colar dourado.

Seus olhos castanho-esverdeado me olharam estudando.

- na verdade é bem estranho, ainda mais porque o Jason está la dentro. – comentou tranquilamente.

Franzi o cenho para ela.

- e o que tem? Não nasci grudado nele. – resmunguei um pouco irritado por sempre me assimilarem a ele.

“os inseparáveis”, “aonde um está o outro também está”. ARGH! Isso não existia! Não mais...

Claro que ainda eramos amigos, mas não era a mesma coisa a muito tempo.

Ela riu baixo.

- quanto estresse. – suspirou. – qual motivo da depressão?

- nenhum. – dei nos ombros e a encarei por um momento. – e você Pips como anda? – tentei jogar o assunto para ela que não pareceu se incomodar.

- bem. A faculdade está dificultando, mas estou levando. – contou com o olhar distante.

- eu entendo isso. – concordei com um sorriso leve que a fez me olhar por um momento seria e depois corar desviando os olhos. – que foi?

Ela riu baixo, para si mesma antes de se voltar para frente e responder sem me olhar.

- nada, só que o jeito como sorriu me fez lembrar de uma coisa.

Fiquei a analisando por um momento. Ela parecia bem, feliz e tranquila, mantinha uma expressão serena o tempo todo como se a vida fosse calma e passível.

- porque estou achando que você não vai me contar? – ironizei e ela riu.

- porque não vou mesmo. – confirmou e eu fiz bico.

- maldosa.

Ela riu.

- você não muda Percy. – comentou enquanto riamos, mas logo nossos sorrisos foram sumindo e ela se virou para mim novamente. – na verdade tem uma coisa que mudou em você.

Levantei uma sobrancelha para ela.

- ah é? O que?

Ela mordeu o lábio um instante e depois falou em tom suave.

- como você olha para ele. Como você olha para ela e até como você olha para mim. – falou como se isso explicasse tudo.

- Traduz McLean. – revirei os olhos e ela sorriu.

- Como você olha para mim agora é como se visse uma irmã mais nova, não tem mais malicia nem nenhuma outra intenção escondida. E para Annabeth a mesma coisa, na verdade não como uma irmã no caso dela, mas como uma outra pessoa qualquer. – explicou observadora, me mantive a encarando e absorvendo suas palavras enquanto ela olhava o nada. Depois suspirou e apontou para a pulseira em meu braço. – eu me lembro disso.

Sorri involuntário.

- é outra. – comentei.

Ela ficou em silencio um momento.

- é disso que estou falando. Vocês mudaram, um com o outro.

Fiquei quieto por um instante encarando a pulseira com tristeza.

Uma pulseira nova, uma amizade nova? Isso significa que a antiga já não significa nada? É bom ou ruim?

You watch me bleed until I can't breathe

Shaking, falling onto my knees

And now that I'm without your kisses

I'll be needing stitches

Tripping over myself

Aching, begging you to come help

And now that I'm without your kisses

I'll be needing stitches

Você me vê sangrar até que não possa mais respirar

Eu estou tremendo, caindo de joelhos

E agora que estou sem seus beijos

Vou precisar de pontos

Estou tropeçando em mim mesmo

Pedindo, implorando pela sua ajuda

E agora que estou sem seus beijos

Vou precisar de pontos

- o que você quer dizer? – perguntei por fim.

- que vocês não tem mais “aquele” olhar. – falou expressiva me fazendo a olhar confuso.

- que olhar?

- aquele que mostrava que vocês eram cúmplices, irmãos. – destacou. – aquele olhar que fazia eu e a Annie se roer de ciúmes. – ela riu para si mesma com a lembrança. – mas agora... vocês não tem mais isso. Parecem apenas, amigos.

Fiquei ainda olhando para ela e segurei o riso.

- nós tínhamos aquele olhar? – perguntei rindo do quanto ridículo era e ela me seguiu.

- sim, tinham. – riu mais um pouco então suspirou. – o que foi que aconteceu entre vocês?

Senti uma onda incomoda de dor e nostalgia me percorrer, minha mão foi para a pulseira a girando em meu pulso.

- nada, só... passou. – falei simples.

- duvido que o que vocês tinham ou tem seja algo que passe. – ela comentou em um resmungo quase inaudível me fazendo a olhar intrigado, então ela sorriu gentil. – seja o que for não acho que vá mudar totalmente vocês. São os mais verdadeiros que já conheci.

Foi impossível não sorrir para ela com afeto. Eu sempre gostei dela, apesar de tudo Piper sempre foi gentil e atenciosa não só comigo, mas com Jason também e até Annabeth. Eu a admirava por sempre conseguir levar a vida tão tranquilamente.

- não sei porque, mas estou com vontade de te agradecer por tudo. – falei sarcástico e ela riu me dando um empurrão.

- é porque eu mereço besta! – falou sem jeito e nós rimos.

- atrapalho? – a voz de Jason veio de dentro do quarto nos fazendo enrijecer e o olhar.

Ele estava com as mãos no bolso da calça e o olhar neutro e entediado em nós.

- Oi Jay. Claro que não. – ela respondeu serena como sempre.

- Annabeth está te procurando. – ele disse para ela e seu tom pareceu ficar mais frio desta vez.

Piper percebeu a mudança e apertou os lábios se voltando brevemente para mim.

- Até mais Per. – disse me chamando pelo apelido o que fez um arrepio estranho correr pela minha espinha.

Piper se virou e desceu da escada pela janela e saiu pela porta passando por Jason que não se mexeu, apenas a viu passar e seu olhar voltou para mim.

Ele ficou serio por um momento, pensativo e depois subiu na escada ocupando o lugar no qual Piper estava antes.

- do que estavam falando? – perguntou inocente. – não me diga que quer dormir com ela de novo. – brincou, mas eu sabia que ele estava considerando aquilo.

Sorri incrédulo e puxei a mão dele que se surpreendeu enrijecendo de leve. Indiquei nossas pulseiras. A minha na mão direita e a dele na esquerda, se completando como tinha que ser, como era a intenção.

Jason era canhoto, loiro, dos olhos azuis... quase tudo nele era o oposto de mim e por isso sempre dizíamos que eramos irmãos de alma, como alma gêmea que se completavam. O que um não tinha o outro tinha e vice-versa.

- estávamos falando disso. – indiquei a pulseira e ele ficou olhando sem entender.

- Porque?

Sorri sem humor o soltando e olhando para frente.

- Piper acha que estamos diferentes um com o outro e que não temos mais “aquele” olhar. – contei tentando ser indiferente.

Senti seus olhos em mim, mas não me virei.

- você concorda? – perguntou por fim me fazendo gelar brevemente.

Apertei os lábios e o olhei, seus olhos encontraram os meus e eu me perdi em seu céu acinzentado.

- você não? – rebati cauteloso.

Ele manteve o olhar em mim e suspirou.

- as coisas mudam o tempo todo Per... mas tem coisas... - balançou a cabeça desviando o olhar de mim com um leve sorriso de lado. – tem coisas que não podem ser mudadas.

- o que isso quer dizer? – perguntei confuso.

- quer dizer que podemos mudar nossas atitudes, nosso jeito e nossa convivência, mas não vamos mudar nossos sentimentos. Pelo menos não para mim. – falou suave se voltando para mim, agora seus olhos estavam mais claros e brilhantes nos meus. Jason me olhou de perto, podia sentir sua respiração e seu hálito de bala de hortelã. Estremeci levemente. – você sempre vai ser meu irmão Percy. Minha alma gêmea, de um jeito ou de outro. – disse devagar e firme para mim.

Seus olhos não saíram dos meus por nem um momento, seu rosto estava cada vez mais perto como se estivéssemos sendo puxados um para o outro por alguma energia. Não consegui pensar no que dizer, no que pensar ou em como agir.

Apenas me mantive parado o olhando. Jason encostou seus lábios nos meus levemente me causando um calafrio familiar e intenso.

Just like a moth drawn to a flame

Oh, you lured me in, I couldn't sense the pain

Your bitter heart cold to the touch

Now I'm gonna reap what I sow

I'm left seeing red on my own

Got a feeling that I'm going under

But I know that I'll make it out alive

If I quit calling you my lover

Move on

Assim como uma mariposa é atraída pelo fogo

Oh, você me atraiu, eu não podia sentir dor

Seu coração amargo e frio ao toque

Agora vou colher o que eu plantei

Estou sozinho com a minha raiva

Sinto que estou afundando

Mas eu sei que vou conseguir sair vivo

Se eu parar de chama-la de meu amor

E seguir em frente

Antes que eu pudesse fechar os olhos Leo gritou la de dentro.

- Ei vocês dois venham aqui! – chamou sem nem aparecer na porta.

Jason se afastou lentamente com um suspiro irritado e eu não pude deixar de ficar decepcionado.

Neste seis meses ele vivia me jogando indiretas, chegando perto demais, falando coisas estranhas, mas parecia receoso. Jason parecia viver constantemente com medo.

You watch me bleed until I can't breathe

Shaking, falling onto my knees

And now that I'm without your kisses

I'll be needing stitches

Tripping over myself

Aching, begging you to come help

And now that I'm without your kisses

I'll be needing stitches

Needle and the thread

Gotta get you out of my head

Needle and the thread

Gonna wind up dead

Você me vê sangrar até que não possa mais respirar

Eu estou tremendo, caindo de joelhos

E agora que estou sem seus beijos

Vou precisar de pontos

Estou tropeçando em mim mesmo

Pedindo, implorando pela sua ajuda

E agora que estou sem seus beijos

Vou precisar de pontos

Agulha e a linha

Tenho que tirar você da minha cabeça

Agulha e a linha

Vou acabar morto

- vamos ver o que esse projeto de ferreiro quer. – ele resmungou já se levantando e para dentro do apartamento.

Fui atrás dele sem ter muita escolha.