Naquele dia era pra ser só mais um dia comum. O diretor da Yonsei School tinha organizado um passeio para os alunos até o Museu Nacional da Coréia a pedido dos professores, que iriam passar um trabalho no futuro relacionado sobre. A visita seria feita pelos alunos do segundo ano da Yonsei, todos estavam animados com a visita, visto que o Museu era um lugar grande e agradável.
Os alunos saíram no segundo período, os ônibus que levariam até o Museu estavam estacionados na frente da Yonsei já prontos para partir, estavam apenas esperando os alunos entrarem e se acomodarem nos devidos lugares.
Pouco a pouco o corredor do segundo ano foi se enchendo de adolescentes, todos devidamente vestidos com a fada de cor azul real do colégio. Cada sala levava consigo um professor responsável. No meio dos alunos barulhentos e empolgados, Jeongguk andava rápido, passando habilidosamente entre os alunos inquietos. Sua cabeça explodia de dor, não sabia se aguentaria ficar naquela imensidão de barulhos e de calor que os inúmeros corpos juntos alí proporcionavam.
Foi andando, esbarrava uma vez ou outra em alguns alunos. Estava exausto e nem mesmo sabia ou se lembrava do porquê de tal cansaço. Seu plano inicialmente era ir até a diretoria, falar com o diretor e dizer que não tinha as mínimas condições de ir no passeio, mas seus planos foram completamente mudados quando sentiu ser puxado para o lado oposto. Olhou para a mão que o segurava e subiu o olhar, encontrando uma cabeleira rosa desbotada que conhecia muito bem.
Suspirou cansado. A pessoa que lhe puxou era nada mais nada menos que seu melhor amigo, Namjoon.
Jeongguk apenas deixou Namjoon o arrastar para que canto fosse, sabia que no momento que o moreno de cabelos rosas desbotados o achou não teria mais escapatória: Ele iria de um modo ou outro para o bendito passeio até o bendito Museu.
O rosado andava rápido, obrigando Jeon a ter que aumentar a velocidade dos passos para lhe acompanhar. Em momento algum Namjoon largou a mão do garoto, fazendo Jeon ficar levemente incomodado com aquilo.
Namjoon era assumidamente gay, não que Jeongguk tivesse algum tipo de preconceito, longe disso, mas o amigo vinha agindo de forma afetuosa demais consigo, fazendo que Jeongguk tivesse medo que o Kim venha nutrindo sentimentos por sí.
Não era novidade pra ninguém que Jeongguk sempre tratou todos bem, principalmente os amigos com quem sempre andava, e Jeon tinha um certo medo de que Namjoon confundisse as coisas.
Jeon era hétero, e todos sabiam.
As centenas de alunos de farda azul passavam tranqüilamente pelo jardim da Yonsei, enquanto o barulho das conversas ainda pairavam no ar Namjoon puxou o moreno para um canto do jardim, Jeongguk o olhou confuso, até ver o amigo lhe lançar um sorriso fraco e apontar para um lugar mais afrente deles.
Hoseok, o mais velho dos amigos, estava ao lado de Taehyung e Jimin conversando animadamente sobre o passeio. Park, o último citado, desviou o olhar para sua direção e logo acenou, chamando atenção de Hoseok e Taehyung para a mesma direção. Namjoon e Jeongguk chegaram perto dos outros três, cumprimentaram-se e logo seguiram as centenas de alunos conversando entre sí, com exceção de Jeon que ficou calado o tempo todo até chegar no ônibus que levaria sua sala.
Namjoon já havia percebido o quanto o amigo estava calado, o que era uma meia-novidade.
Jeon não era do estilo que falava pelos cotovelos, como Hoseok e Taehyung que conversavam ate sobre o vento. Jeongguk conversava o necessário, a não ser que o assunto fosse de seu extremo interesse.
A verdade era que: Apesar da aparência solta, Jeon era tímido, alguém naturalmente quieto e que se envergonhava fácil. Era completamente atrapalhado quando o assunto era sentimentos e é bem reservado.
Olhando para o amigo calado, e com aparência levemente abatida, Namjoon saiu do lado de Jimin calmamente, que conversava com Taehyung e Hoseok no banco de trás, e se sentou ao lado de Jeongguk, que tinha a cabeça apoiada no vidro do ônibus.
– Ei, você tá bem Kookie? Está mais calado do que o normal _ O rosado falou manso, chamando a atenção de Jeon pra sí.
– Eu... Nada não Namjoon, é só uma dor de cabeça e uma indisposição boba. Já vai passar _ Por outro lado, a voz de Jeon saiu fraca, arrastada.
O moreno voltou a olhar para janela, vendo a paisagem passar rápido por sí, visto que o ônibus já tinha começado andar a alguns minutos. O moreno de cabelos rosados suspirou, olhando pro lado e vendo Jimin olhar a cena com um olhar preocupado. O Kim mais velho apenas sorriu fraco para Park, e voltou seu olhar para a janela.
Depois de tortuosos minutos, os ônibus finalmente tinham chegado ao seu destino: O Museu Nacional da Coréia. Depois de descerem dos ônibus, cada professor reuniu seus alunos, e em grupos, começaram a andar em direção a entrada do grande Museu.
A cada minuto, Namjoon parava sua conversa com Taehyung para olhar o Maknae do grupo, este que andava sincronizadamente ao lado de Park. Observar a forma que Park conseguia arrancar sorrisos fracos e bobos do Maknae com algumas piadas fazia o coração do Kim se apertar minimamente, visto que claramente seus sentimentos pelo Maknae já estavam ultrapassando a linha da amizade.
Aquilo era um problema, mas não tinha como controlar o coração. Mesmo gostando de Jeongguk, Namjoon preferia guardar o sentimento para sí e continuar com a singela e longa amizade que já possuía com o garoto.
O grupo andou por cerca de dez minutos. Após entrarem no Museu logo um rapaz loiro foi de encontro com o professor da classe, trocaram breves palavras, e logo o rapaz se apresentou para a turma como guia.
– Olá, sou Lee Chung-ho e serei o guia de vocês durante esse passeio no Museu. Aqui nós temos algumas regras que eu peço encarecidamente que todos sigam. Primeiro, por favor, não comam qualquer tipo de comida e nem bebam nada aqui dentro das dependências do Museu. Segundo, fiquem perto uns dos outros, o Museu é grande e quem se afastar muito pode se perder. Terceiro, para evitar qualquer tipo de barulho que vá incomodar outros visitantes, peço também que deixem o celular de vocês no silencioso, ou se preferirem, desligar o aparelho também é uma opção _ Após Chung-ho terminar de falar, boa parte dos alunos pegaram seus celulares e fizeram o que o loiro pediu. Poucos desligaram o aparelho.
Jeongguk apenas desligou seu celular e guardou no bolso novamente. Estava completamente desanimado, e sua dor de cabeça não colaborava nada com o momento.
O passeio pelo Museu deu inicio, alguns alunos tinham em mãos pequenas agendas, para anotações. Jeon apenas andava conforme o guia avançava pelo grande espaço do Museu, Taehyung e Hoseok andavam ao seu lado, tentando puxar conversa e falhando miseravelmente na missão. Jimin e Namjoon andavam um pouco atrás, olhando preocupado para o Maknae do grupo.
Tudo estava dentro dos conformes, o passeio tinha começado de forma tranquila. Alguns alunos faziam pergunta ao guia, outros conversavam entre si e alguns apenas olhavam as diversas peças históricas do local, sem prestar atenção de fato em alguma coisa que Chung-ho falava. Para Jeon tudo estava um extremo tédio, raramente abria a boca pra falar algo, apenas observava alguns quadros que lhe chamavam a atenção.
Tudo ocorria de forma normal até Jeongguk ver algo que chamou completamente sua atenção.
Era um homem, estava parado em um lugar mais afastado. Encontrava-se encostado na parede e olhava diretamente para Jeon. Seus olhos eram cinzas opacos, sua roupa era toda preta, tirando o boné branco que se encontrava virado para trás na cabeça do rapaz.
O homem olhava de forma intensa para Jeon, como se estivesse o chamando, convidando-o a chegar mais perto de si.
Curioso como era, Jeongguk se afastou sorrateiramente de seus amigos, ficando mais atrás. Enquanto todos prestavam a atenção em alguma coisa que Chung-ho dizia, Jeon se esgueirou pelas obras de artes históricas do local. Após ter certeza que ninguém tinha visão alguma sua, mirou a parede em que o homem estava encostado e teve uma pequena surpresa:
O homem não estava mais ali.
Começou a andar em frente, não conseguia entender como aquele homem tinha desaparecido de forma tão rápida. Após andar alguns metros, viu um corredor e uma placa indicando que somente funcionários podiam entrar ali. Aquele homem, estava parado de frente a esse corredor, olhando diretamente para si e movendo a boca como se quisesse dizer "venha".
Jeongguk começou a andar de forma rápida em direção ao homem de preto, que entrou no corredor sem mais nem menos.
Jeon se sentiu observado, mas não ligou para a sensação estranha que apoderava de si e continuou seu caminho ate o corredor. Virou e entrou no corredor, vendo uma porta aberta no final deste. Mesmo tendo uma sensação ruim sobre aquilo, trilhou o caminho ate a porta aberta com passos lentos e hesitantes.
Um sentimento estranho começou a correr pelo corpo, estava nervoso, ansioso. Suas mãos começaram a suar, e sua curiosidade para saber o que lhe esperava atrás daquelas paredes somente aumentavam.
Assim fez, passou pela porta aberta em passos rápidos. Na mesma hora que entrou no cômodo, ouviu a porta ser brutalmente fechada. O barulho fez com que Jeongguk colocasse as mãos no ouvido, como forma de proteger o ouvido do barulho extremamente alto, e que se curvasse levemente para frente. Sentiu uma mão em seu ombro, e logo um sussurro em seu ouvido. Uma dor latejante no pescoço se fez presente nos segundos seguintes, e logo Jeongguk apagou dentro daquele cômodo desconhecido.
"Fac bonum usum eius virtutem, puer."
E aquela foi a última frase que ouviu, antes de apagar completamente.
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