História We Don't Talk Anymore. - Part III - Camren

Pov Narrador.

 

"I can't get you out of my brain, oh, it's such a shame that we don't talk anymore, like we used to do, we don't love anymore. What was all of it for?" 

 

O dia amanheceu ensolarado em Savannah, era um lindo dia naquela bela cidade no estado da Géorgia. Já era final de Abril, o tempo passava se arrastando para Lauren, mas pelo menos passava. Dessa vez, Lauren andava calmamente pelo Forsyth Park, era um dos seus lugares preferidos em todo país, era uma das poucas coisas que a prendia na cidade, era seu refúgio, e levando em consideração as várias pessoas no parque, também era o ponto de refúgio de muita gente. Os olhos esmeraldas estavam apagados e um pouco marejados, o nó na garganta e a vontade de chorar tomavam conta de todo o corpo da morena. 

 

As palavras duras de seus pais ecoavam em sua mente, nunca se odiou tanto por ser tão descuidada e esquecer o diário embaixo do travesseiro, em um fácil acesso para sua mãe ler. Quase todas as páginas eram sobre Camila, sua ex namorada, que nunca saiu de sua mente, chegava a ser vergonhoso. Seus pais queriam a 'curar', e Lauren, mesmo em seus quase 19 anos, estava tão assustada que simplesmente deixou que eles lhe atacassem com palavras e promessas de 'cura'. Ela não conseguia se lembrar de tudo que disseram, sua mente no momento só estava nas palavras que Camila lhe disse certa vez.

 

"Eu estou com você, Laur, e sempre vou estar, ok" 

 

Mesmo depois de tudo, de Camila terminando com ela sem explicações que sua mente entendesse, mesmo depois de brigas bobas e de saber que Camila a superou tão rápido para três dias depois de terminar com ela, já estava se agarrando com a Steinfeld no cinema, Lauren ainda acreditava naquelas palavras, ainda se acalmava apenas se lembrando de momentos com a sua pequena. 

 

A morena não foi a faculdade hoje, não iria conseguir prestar atenção em nada nesse momento, com as palavras de seus pais na noite anterior tão vivas em si, ainda a machucava, ainda doía. Ela sabia que só tinha duas opções, mentiria para seus pais, os deixando fazer o que quisessem e lhe jogando de volta ao armário, ou, bater de frente com eles e ser expulsa de casa, era a realidade, ela já era maior de idade e seria uma "má influência" para seus irmãos, mesmo ela sendo a caçula. 

 

Seu celular pesava em sua mão enquanto Lauren se sentava em um dos bancos da praça, em frente ao chafariz, todo aquele espetáculo de água acalamava sua mente. Mente esta, que estava em um grande conflito interno.

 

"Chamo ela, ou não? Eu preciso dela, dessa vez é necessidade, meu coração não está bem, eu não estou bem, e meu coração ainda é dela, só ela pode me fazer me sentir melhor." 

 

Lauren hesitou, antes de pegar o celular, indo diretamente no contato que lhe trazia tanta paz e tanta dor, a conversa ainda intacta, mesmo após tantos meses que elas não se falavam, seus dedos digitaram uma mensagem curta, e ela suspirou antes de enviar.

 

"Preciso de você..." 

 

Os olhos verdes se perderam entre os pássaros que voavam no céu, durante alguns minutos, sem saber que há 400km dali, uma latina de olhos castanhos, sentia o coração se apertar ao ler a mensagem da ex namorada, e sem demorar se afastou dos braços de Bella, a ruiva que ficou algumas vezes após seu aniversário, e que no momento a abraçava de lado durante o intervalo da faculdade. 

 

— Ei, o que foi? — a ruiva perguntou confusa, vendo Camila se levantar depressa.

 

— Eu preciso resolver algo — Camila respondeu rápido, já se afastando e começando a digitar uma resposta, preocupada com a garota que ainda era apaixonada, mas que ninguém precisava saber. 

 

"Eu estou aqui, o que houve?" 

 

Sua cabeça turbilhava com milhões de ideias que poderiam estar acontecendo. Terminar um namoro, tentar seguir em frente com outras pessoas, não falar mais com Lauren, não foi o suficiente para deixar de se preocupar com a morena, para deixar de amá-la. A sua resposta veio depressa, a deixando com um nó na garganta ao ler o conteúdo.

 

"Meus pais descobriram, baixinha, e eu estou realmente assustada." 

 

Camila nem ao menos conseguiu sorrir pelo apelido carinhoso, que mesmo há meses sem falar com Lauren, ela ainda usava como se ainda se falássem todos os dias. A latina sabia como aquele assunto era delicado para a morena, como aquilo a machucava e tirava seu sono tantas vezes. Ela não pensou duas vezes antes de se dirigir ao seu carro no estacionamento, enquanto digitava algo rápido para Lauren e em seguida entrava no site de uma companhia aérea, Camila odiava voar, mas no momento era sua melhor opção. 

 

"Estou indo pra aí." 

 

A mensagem curta e rápida chegou no celular de Lauren, a deixando com os olhos arregalados enquanto o coração batia descontroladamente em seu peito, a esperança de ver sua garota depois de tantos meses, e sim, sua garota, porque para Lauren, Camila sempre seria sua Camz. Apesar que sua mente ainda não conseguia processar que Camila viria até sua cidade. Eram 9:40 da manhã, ela só chegaria aqui quase ás 6 horas da noite, afinal, a latina odiava aviões, morria de medo de viajar, a vez que viajaram juntas, Lauren teve de quase entúpi-la de calmantes. A lembrança fez a morena rir, respondendo apenas um "OK" para Camila, e levantando, caminhando por alguns minutos, até se deitar na grama, em uma área mais afastada, embaixo de uma árvore, colocando seus fones de ouvido, revirando os olhos ao ouvir a música começar.

 

"I hate you, I love you, I hate that I love you, don't want to, but I can't put nobody else above you..."

 

Ela fechou os olhos, sabendo o quanto aquela música era totalmente a sua vida no momento, afinal, ela teve um péssimo dia, péssima noite, e a primeira pessoa que chama é sua ex namorada, a ex namorada que lhe conhece melhor do que si mesma. Seus olhos fechados, a concentração na letra da música, que acabou lhe dando um leve dejá-vu quando o repertório mudou e Blank Space começou a tocar, sua mente lhe levando automáticamente há mais de um ano atrás, dezembro, férias de inverno do seu último ano escolar, em agosto do ano seguinte ela já começou na universidade...

 

*Pov Lauren - Flashback* 

 

"Me mexi desconfortável na cama, a idiota e nem um pouco inteligente da minha irmã mais velha deixou a luz acesa, além de falar alto. Meio ás cegas peguei meu celular, para ver as horas. 6:40am, em meios ás férias e esse ser vivente loira tem que me acordar?

 

— Apaga a luz, Tay — reclamei, tentando me cobrir com a coberta.

 

— Shiu aí, Lauren, eu tô atrasada, meu carro quebrou e eu tenho que ir trabalhar com Chris, nem todo mundo tem uma vida boa como você — minha irmã reclamou e eu apenas revirei os olhos.

 

Claro, ótima vida. 

 

A garota que eu gosto mora em outro estado. Eu não posso dizer que sou lésbica para vocês, e para completar, a garota que eu gosto está sem falar comigo, porque ela também está gostando de mim e agora se assustou.

 

Ótima vida. 

 

— Pelo menos liga o wi-fi então — pedi, desistindo de dormir, e pegando meu celular, ouvindo minha irmã gritar, pedindo para meu irmão ligar o wifi. 

 

Foi só minha internet conectar para que uma chuva de mensagens caísse. Franzi o cenho ao ver mensagens de Camila, ela pediu um tempo pra pensar. Senti meu coração errar uma batida enquanto eu abria a nossa conversa.

 

'Oi, é eu sei que pedi um tempo pra pensar mas foda-se. Eu vou viajar, e estou criando uma playlist de músicas para ouvir durante a viagem, e cada música me lembra você! Uma frase, uma melodia, tudo me lembra você! Tem noção disso?'

 

'Porra, eu gosto de você, Lauren, tanto que até uma música eletrônica me lembra você. Eu estava ouvindo Blank Space daquele sua cantora loira pela qual você é apaixonada *revirando os olhos*, e eu só conseguia pensar em você, porque eu sou louca por você, e foda-se que eu nunca te vi pessoalmente.'

 

'Só importa que eu gosto de você, e eu quero te deixar sem fôlego e não com uma cicatriz horrível como diz a música. Eu gosto de você, meu anjo." 

 

Senti meus olhos marejarem ao ler as mensagens seguida, sorrindo ao constatar aquilo, ela gosta de mim. Camila Cabello gosta de mim. Sorri largo, digitando uma resposta.

 

'Eu também gosto de você, Camz, e você já me deixa sem fôlego, álias'

 

Sorri ao enviar, nada de cicatrizes horríveis por aqui." 

 

Lauren negou com a cabeça, afastando as lembranças, ainda se lembrando como depois daquele dia, fez tudo para que o relacionamento funcionasse, guardava todo o dinheiro da mesada, fazia alguns trabalhos para o pai nos fins de semana, ganhando dinheiro e sem gastar. Até que em Fevereiro do ano seguinte, em um final de semana, teve a autorização dos pais para viajar com Normani, até Miami. Ela pediu Camila em namoro. Foram ótimos oito meses de namoro, sempre dando um jeito e uma desculpa para sair de casa e ver a namorada, parecia funcionar. Até terminarem. Mas Lauren não podia dizer que era uma cicatriz, para ela ainda era uma ferida aberta, na qual ela ia se acostumando com a dor ao invés de fechá-la.

 

Em algum lugar nas nuvens de Miami, Camila estava apreensiva, ela nunca fazia coisas impensadas, sempre eram previamente decididas, nunca fazia algo no calor do momento. Exceto aquilo. Nunca dirigiu tão rápido, parando em casa por poucos minutos jogando algumas roupas numa bolsa e chegando no aeroporto em 25 minutos. Para sua sorte, um voo para Savannah saíria em 15 minutos, e agora, ali estava ela, dentro de um avião, no ar, a caminho da cidade onde sua ex namorada estava, sem ter noção nenhuma de como seria recebida.

 

"Lauren precisa de mim, ela precisa de mim."

 

Repetia em sua cabeça sem parar durante os 50 minutos que permaneceu naquele avião, até finalmente pousar os pés no aeroporto de Savannah. Só de saber que respirava o mesmo ar de Lauren novamente, ja lhe deixou apreensiva. Pegou um táxi em frente ao aeroporto, suspirando antes de dizer ao motorista o destino. 

 

Camila conhecia Lauren como ninguém, sabia tudo sobre a morena de olhos verdes, e sabia que só havia um lugar onde ela estaria se estivesse nervosa, assustada e triste.

 

—Forsyth Park, por favor — pediu ao motorista, que concodou com a cabeça. 

 

Quando saiu do táxi, olhando a entrada do parque, não impediu sua mente de lembrar de todas as vezes que Lauren a levou ali, apenas para caminhar, conversando, como um casal comum. Ela realmente sentia falta desses momentos. Andou devagar pelo parque, a bolsa no ombro, com apenas duas mudas de roupa, e seus documentos, a ansiedade tomando conta de todo seu corpo, enquanto caminhava para um único lugar, onde Lauren sempre estava. E dessa vez, reduziu a velocidade ao vê-la.

 

O corpo escorado em uma árvore, os cabelos mais curtos, e um pouco rebeldes, a pele branca dando um destaque até de longe para os olhos verdes, a jeans colada no corpo, a camiseta do Nirvana no corpo, o all star de couro preto insepáravel nos pés. Seu coração acelerou de uma forma que quase bambeou seu corpo, as mãos começando a suar enquanto se aproximava, vendo Lauren se levantar devagar.

 

Alias, a reação de Lauren ao ver sua ex namorada, não foi muito diferente. A latina tinha os cabelos mais compridos do que se lembrava, a jeans de lavagem clara e uma camisa xadrez no corpo, Lauren sorriu ao ver que ela havia parado com a mania de achar camisas xadrez estranhas em meninas, e seu coração parecia ter endoidado.

 

"Acho que reconheceu a dona." 

 

Pensou, sorrindo torto pelo pensamento idiota, sabendo que se Camila ouvisse aquilo iria revirar os olhos e a xingar de idiota, mas tudo bem, Lauren até que sentia falta daqueles idiotas, era quase como um "eu te amo" na linguagem de Camila. 

 

— Hey — Lauren murmurou meio tímida quando Camila parou em sua frente.

 

— Oi — Camila disse da mesma forma, revelando aquela timidez que sempre teve.

 

Isto é, até os olhares se chocarem. Verde no castanho. Já disse que adoro chocolate e menta? É uma combinação explosiva. Dizem que olhos são a porta da alma, e nesse caso, realmente são. Foi apenas um olhar, para todas lembranças surgirem, as envolverem em sua própria bolha, os corações loucos, como se soubessem que seu par estava bem ali há centimentros de distância apenas. Foram segundos até os corpos se chocarem em um abraço apertado. Elas adoravam a forma como parecia perfeitamente encaixado, como se fossem feitas apenas para se abraçarem.

 

— Ei, meu anjo, eu estou aqui, calma — Camila sussurrou paciente, quando sentiu Lauren chorar baixinho em seu ombro, Camila sabia que a mesma parecia fria e um pouco metida para quem a visse, mas também sabia como ela era sensível, e apegada a família. 

 

— Não vai embora — Lauren pediu entre ás lágrimas, fazendo com que a latina sentisse seu coração apertar.

 

— Eu não vou a lugar nenhum — garantiu, deixando com que Lauren a abraçasse como se sua vida dependesse daquilo.

 

Camila pacientemente fez Lauren se sentar novamente, mesmo que ela própria ainda estivesse assustada, viu Lauren chorar pouquíssemas vezes, e nas vezes que viu, na maioria era culpa de um filme ou algum livro, além de que, estava assustada com os próprios sentimentos, de como seu coração reagia perto de Lauren. Ela ainda a amava, não podia negar.

 

— Agora, devagar, me conte o que aconteceu — a latina pediu, deitando a cabeça da morena em seu colo, e entrelaçando as mãos.

 

Eram gestos tão naturais, que não parecia que haviam ficado meses sem se falar. 

 

Lauren então contou, de seus pais, de seus irmãos, de como ela estava com medo. De como no final das contas, ou ela perdia sua família, ou perdia a si mesma.

 

— Eu não sei o que fazer, Camz, eu não sei — sussurrou, a voz assustada, que fez Camila engolir em seco — E desculpa ter te chamado, você veio até aqui e meu deus, você deveria estar na faculdade, eu sinto muito, eu só...

 

— Ei ei, pequena, está tudo bem — Camila disse baixo, carinhosamente, tirando uma mecha de cabelo do rosto de Lauren, e a morena sorriu, sentindo o peito se aquecer pelo apelido carinhoso, mesmo sabendo que era alguns centímetros mais alta que a latina — Você sempre pode me chamar, Lo, quando quiser, quando precisar, não importa, eu sempre estarei aqui por você, sabe disso. 

 

E Lauren realmente sabia, assim como Camila sabia que era recíproco. Elas podiam não estar num relacionamento, mas seus corações ainda pertenciam uma a outra, e no fundo as duas sabiam disso. 

 

— E, faça o que seu coração mandar, seja um pouco egoísta, meu anjo, faça as coisas por você — Camila aconselhou baixo, apesar que sua primeira vontade seria aparecer na casa de Lauren e gritar um pouco com seus pais e irmãos.

 

"Eles não percebem a garota maravilhosa que têm?" 

 

— Eu sei que pode parecer assustador, mas você tem que ser honesta, só assim as coisas funcionam — a latina completou, tendo os olhos de Lauren focados no seu.

 

— Se é pra ser honesta, eu ainda sou apaixonada por você — Lauren disse de repente, e os corações nesse momento quase pularam do peito.

 

— Laur...

 

— Não, princesa, é verdade, não precisa falar nada, sei que não é recíproco e que você já superou e...

 

— Não é bem assim — Camila a cortou, sendo honesta, e nesse momento, aquela gota de esperança pingou em Lauren, a fazendo arregalar os olhos — É complicado.

 

— Só é complicado se quisermos que seja — Lauren declarou, erguendo seu corpo, deixando seu rosto a centímetros do rosto de Camila, tão próximos que respirações se misturaram.

 

Os olhos se fecharam em sincronia, os lábios se juntaram em segundos. Apenas o suficiente para causar uma explosão. Tantos meses sem esse contato, que os corações erraram uma batida para se sincronizarem um com o outro. Os lábios se mexeram, as línguas dançaram em sincronia. Nenhum beijo era igual aquele. 

 

Keana, Hailee, Bella, eram beijos superficiais, para tentar suprir a falta do que apenas Camila e Lauren poderiam fazer uma a outra. Aquele beijo não era apenas um encontro de bocas, era um encontro de almas. Almas que perteciam uma a outra, como se há milhões de anos atrás tivessem sido separadas por Zeus e finalmente se encontravam. Nada poderia se comparar ao que elas sentiam quando estavam juntas.

 

— Lauren...

 

Camila tentou dizer, mas foi impedida pelos lábios de Lauren em um selinho longo.

 

— Shii, não diz nada, meu bem, só...só me beija.

 

Camila não foi capaz de negar, puxando a morena pela nuca, colando seus lábios novamente, sem se importarem que ainda estavam no parque, há vista de todos. 

 

Como tudo que é bom, o dia acabou mais rápido do que elas desejavam, e Camila se viu obrigada a voltar para casa, teria uma prova importante no dia seguinte. 

 

— Eu posso te ligar? — Lauren perguntou timidamente, no aeroporto, a mão brincando com os botões da camisa da latina.

 

— Eu ligo assim que pousar — Camila respondeu, deixando explicito na resposta que tudo aquilo não foi algo apenas para matar a saudade — Se cuide, Laur, por tudo que é mais sagrado, Fica bem e não faz nenhuma besteira, ok.

 

Lauren revirou os olhos, mas acabou sorrindo, saudades de ouvir esse tom protetor e ver esse olhar mandão nos olhos chocolate da garota a sua frente.

 

— Pode deixar — respondeu, antes de beijar demoradamente os lábios da latina — Se cuida também, boa viagem.

 

Seu coração se apertou ao ver Camila andando para o embarque, o mesmo medo de sempre, de que não a veria mais, era sempre assim, sempre temia ser a última vez que a veria, principalmente agora. Foram tantos meses sem a ver, e tecnicamente elas não haviam voltado, só haviam passado o dia inteiro se beijando.

 

Numa poltrona de um avião, Camila tinha o mesmo medo, apesar que nunca admitiria, por isso apenas pegou seus fones, conectando em seu celular, e deixando Phothograp tocar, sorrindo ao se lembrar que havia sido Lauren a lhe mandar essa música, porque se lembrava dela ao escutar. E entre as melodias suaves, deixou seus dedos deslizarem pelas conversas do aplicativo se mensagens, clicando na conversa que ainda se chamava 'My Girl', digitando uma mensagem enquanto ainda estavam em terra firme, e realmente enviando dessa vez.

 

"Estou pensando em você. Fique bem, amor." 

 

(...)

 

Lauren mordeu o lábio inferior, nervosa e ansiosa, só uma semana havia se passado desde aue Camila fora lhe ver, e ela seguiu o conselho da latina, foi honesta com seus pais.

 

Resultado?

 

Foi expulsa, e agora, morava no sofá de Normani, apenas por um tempo, só para poder se ajeitar na vida. 

 

Pelo menos Camila falava com ela, e isso era a melhor parte de tudo. Sorriu, quando o celular marcou meia-noite, e instantaneamente uma mensagem chegou, da sua Camila.

 

"0:00, faz um pedido."

 

Lauren se remexeu no sofá, sorrindo bobamente para a tela do celular.

 

"Você aqui comigo...Sua vez." 

 

"Eu aí com você." 

 

Lauren sorriu, sabendo que no estado vizinho, Camila sorria da mesma forma, e ela gostava disso, de poder voltar a falar com sua melhor amiga, com o seu amor. 

 

A noite passou rápido, e logo o dia amanheceu, e com ele, uma Lauren animada, fazendo as malas, com apenas bons pensamentos na mente.

 

— Tem certeza disso, Laur? — Normani questionou, escorada na porta da sala.

 

— Eu preciso disso, Mani, eu preciso sair daqui — Lauren respondeu, vendo a melhor amiga suspirar, e se aproximou da mesma — Vou falar com você todos os dias, prometo, e vou morrer de saudades, mas eu preciso disso.

 

— Tudo bem — Normani concordou — Vamos, eu vou contigo até a garagem.

 

Lauren apenas assentiu, ansiosa, a oportunidade de começar, tudo de novo a fazendo se sentir finalmente em paz consigo mesma, podendo ter uma vida sem precisar esconder quem realmente é. Se despediu demoradamente da melhor amiga, deixando apenas uma lágrima cair.

 

"É o melhor pra mim."

 

Repetiu mentalmente, antes de entrar no carro, pronta para viajar. Ligou o rádio, rindo ao ouvir a música.

 

"Cause all of me, loves all of you..."

 

— Dessa vez, pode tocar, baby — disse alto para si mesma, até aumentando o volume, começando a dirigir. 

 

A viagem foi extremamente longa. Parou três vezes pelo caminho, ligou para Camila em certo momento, mentindo ao dizer que estava voltando da faculdade. Mas finalmente, quando o relógio marcava quase 17 horas, estacionou em frente ao prédio onde Camila morava, em Miami. O sorriso de quem aprontou estava no rosto enquanto entrava no prédio, revirando os olhos pro porteiro idiota que deixava a porta aberta, era tão fácil entrar, por isso odiava que Camila morasse ali. Subiu os quatro andares pelas escadas, reclamando consigo mesmo pelo prédio não ter elevador, mas sorriu ao tocar a campanhia. 

 

— Lauren? — Camila exclamou surpresa por ver a morena ali, na sua frente, mas sem esconder a satisfação.

 

— Hey meu bem — Lauren a cumprimentou com um selinho demorado, rindo de sua cara surpresa — Eu me mudei — declarou casualmente, como se fosse normal se mudar.

 

— Você o quê!? Lauren Michelle Jauregui! 

 

— Esqueceu o Morgado — a morena brincou, sem medo de morrer, vendo Camila a fuzilar com o olhar enquanto a puxava para dentro da casa.

 

— Você endoidou!? Você ao menos pensou!? Lauren! Isso foi irresponsável, como fez isso!? — exclamou irritada, mas nada para fazer Lauren tirar o sorriso do rosto.

 

— Eu saí de Savannah, eu precisava sair, sempre quis e finalmente saí, e sim, eu vim para Miami, pedi transferência para a Universidade de Miami e consegui, então não ligo se foi idiota e irresponsável, já foi, eu me mudei, não tem volta — Lauren respondeu, dando ombros, a felicidade estampada no rosto — E antes que questione, consegui moradia no campus, e tenho dinheiro para me virar até achar um emprego,

 

— Você é doida — Camila murmurou, e Lauren sorriu,

 

— É, doida por você — concordou, se aproximando e puxando a latina pela cintura — Sei que não voltamos a namorar, mas isso é questão de tempo, nós duas sabemos que não funcionamos uma sem a outra, fica aquele vazio, aquela saudade, e não conseguimos superar, nos prendendo a memórias e a fotos e conversas antigas, então agora eu vou fazer dar certo, porque eu estou aqui, não tem mais distância.

 

— Parece bom demais pra ser verdade — Camila murmurou, mas com um sorriso no rosto, seu coração acelerando, a ansiedade e a felicidade de ter Lauren ali consigo. 

 

Lauren não respondeu, apenas beijou seus lábios, mostrando com gestos como tudo que disse era verdade. Elas foram feitas uma pra outra, e sabiam disso, e agora, nada poderia impedir. Sem mais olhar fotos antigas na madrugada, acabou os dias de digitar mensagens e não ter coragem para enviar. Acabou os dias de não se falarem mais.