STIGMA || Chapter 3 || Kim Taehyung
O barulho de latas de tinta spray fazia algumas lembranças perversas voltarem à minha mente. Aquela noite havia sido um dos melhores momentos que passei junto a ti... Mesmo que, sempre que me lembrava dela, pensamentos sobre meus pecados já cometidos voltavam.
Mesmo que naquele momento fui capaz de me libertar, foi ali que as coisas desandaram- se e uma luminosidade chegou.
Depois daquile acontecimento, continuei pixando. Não pelo prazer da adrenalina que passava pelas células de meu corpo sempre que fazíamos aquilo. Sempre que corríamos, rindo e desafiando quaisquer um que tentasse nos parar. Mas acho que foi uma forma que eu achei de evitar a solidão, de evitar a saudade. A verdade é que eu continuava com os tais de vandalismo, continuava expressando as coisas que havíamos descoberto através da tinta de uma pequena lata de spray. Talvez fosse também uma forma de eu, simplesmente, manter a esperança de que fosse capaz de encontrar- te novamente.
Abraxas. Estava raspando a parede na qual aquilo estava marcado, quando o som de sirenes invadiu meus ouvidos. Pensei comigo mesmo que aquela seria a hora de tornar realidade o que tanto esperei.
O homem vestindo um uniforme veio em minha direção e com seus punhos agarrou minha jaqueta, jogou- me contra a parede na qual estava raspando e pintando. Assim que me virei, não fui capaz de esconder um sorriso um tanto perverso e desafiador que acabara de formar-se em meus lábios.
Fui arrastado por mãos fortes e raivosas até o carro que havia, em seu topo, as sirenes que causaram aquele agonizante som que ouvi há apenas alguns segundos atrás, e com o objetivo de soltá-las de meu corpo, debati o mesmo contra elas, que logo desgrudaram-se de mim e eu fui capaz de entrar no veículo por conta própria.
Minutos depois, estava num local cheio de caixas, documentos e escuridão. A única iluminação ali era uma lâmpada branca, pendurada ao teto, que dava uma boa iluminação ao centro da sala - onde me encontrava sentado no momento - mas que ia limitando-se, deixando as extremidades da sala mais escuras e solitárias.
O homem à minha frente - agora, pelo que parecia, um detetive - encarava a tela branca de um computador, enquanto começava a me fazer simples perguntas. Nome, idade e... Pais.
Nunca tive um. Na verdade, em minha infância, houve um momento no qual foi marcado pela primeira fissura na sagrada imagem de alguém que eu costumava chamar de "pai". Aquela foi a primeira rachadura nas colunas que antes sustentavam minha infância... Colunas que devemos destruir antes que nos tornemos como elas. Internas e essências linhas de nosso aclamado destino consistem em tais experiências invisíveis.
Essas fissuras e rachaduras se juntam novamente, curam- se e são esquecidas por nós, mas nos mais secretos cantos e becos, continuam a viver e sangrar.
Fui apenas capaz de abrir meus olhos e verdadeiramente enxergar a rachadura existente em meu lar - que antes era um refúgio, onde, em minha mente, era predominando por amor e carinho - quando minha irmã foi- se ao encontro ao chão de nossa casa. O odor de álcool, o sentimento de ódio, infelicidade e medo era o que agora predominava minha casa.
Eu cometi um crime, um grande pecado. E eu peço desculpas. Me desculpe, minha irmã. Mesmo que eu tente esconder e disfarçar, isso não será apagado. Então, por favor, chore... Por favor, ao fim, seque meus olhos. Tome sua luz, e, por favor, ilumine meus crimes e pecados cometidos... Pois, agora... Profundamente e sombriamente, sinto como se estivesse morrendo. Por favor, irmã, me puna. Por favor... Esqueça este crime.
As únicas palavras que agora ecoavam em minha cabeça era a mesma indagação... Por que você quis isso para mim?
Como consequência de acontecimentos e - acredito que também - de meus atos, encontrava- me sendo machucado, abatido e maltratado por fantasmas. O vento parecia como pedaços de vidro de uma garrafa quebrar. Eles tinham o efeito de punhos fortes - misturados ao odor de licor - ao baterem em meu corpo inteiro e levarem- me ao chão, fazendo meu tronco, braços e pernas retorcerem- se por inteiro e eu, por fim, ser pego por uma grande armadilha. Ser atraído pela inocência de um cão e acabar dentro de uma grande jaula, sofrendo, enfim, minha punição.
Mas, no momento, eu não sabia o que fazer. O detetive pegava sua garrafa de água e bebia goles da mesma, e minha cabeça sempre voltava às mesmas deploráveis memórias de minha infância.
Então, permiti-me fazer um pedido:
⁃ Por favor, me deixe fazer uma ligação.
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