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História We push and pull like a magnet do - O que fazer quando você não gosta de alguém


Escrita por: carolpr

Notas do Autor


Gente, eu sumi, eu sei. Passei por um bloqueio gigante, a Karol e a Juh acompanharam, e esse capítulo, por mais simples que seja, foi ridiculamente difícil de escrever. Desculpa, mesmo :/ Sei que tenho uma obrigação com vocês de postar e juro que tentei todos os dias (com exceção dos finais de semana) vencer esse bloqueio. Vou me esforçar para não deixar acontecer novamente.

Capítulo 22 - O que fazer quando você não gosta de alguém


Flashback

Novamente no intervalo, Changkyun procura um lugar calmo para ficar, mas dessa vez não deixa de lado o amigo, que não pára de falar nem ao menos por um segundo. Não tem certeza se presta atenção em tudo, pois a dança que presenciou no dia anterior o infectou e dominou, sem deixar espaço para outros pensamentos. Mesmo assim, gosta da companhia do garoto, com quem costuma se divertir de verdade. Eles andam pelo corredor vazio, já que todos os alunos ou estão no refeitório ou no pátio, e pretendem continuar tal atividade até o horário os obrigar a voltar à aula. Porém, são interrompidos.

Param ao notar o garoto mais alto, musculoso e feio do colégio inteiro. Dois anos mais velho do que eles, repetente e mais burro do que uma porta, Max é um exemplar perfeito de bullier, digno das comédias americanas mais clichês. Eles sabem o quanto o garoto é bruto. Sendo ambos estrangeiros (Lucas é brasileiro), amantes de histórias em quadrinhos e os mais inteligentes da turma, têm completa noção que, no corredor vazio e sem uma segunda alternativa de vítima mais fraca, o destino deles não é feliz. Lucas e Changkyun se olham, considerando, através da telepatia própria dos melhores amigos, o que fazer. Infelizmente, demoram mais do que imaginam nisso e, quando chegam a uma conclusão, é tarde demais. Viram-se para correr quando Max já está perto. Lucas consegue colocar o plano em ação, sai em disparada sem olhar para trás, mas Changkyun é impedido pelo braço gordo do mais velho.

“Indo embora tão rápido, japa? A gente ainda nem conversou.” A voz da puberdade tardia, ainda com falhas, soa de forma sarcástica, e o risinho agudo que tanto o irrita vem logo em seguida.

Changkyun é jogado contra os armários e instantaneamente sente a dor invadi-lo. Tenta disfarçar, não quer dar esse gosto ao seu agressor, mas suas costas latejam onde os cadeados bateram e sabe que seu rosto deixa essa informação transparecer. Tenta se virar e sair correndo, mas novamente é em vão, e o brutamonte, para completar, torce o seu braço ao impedi-lo, causando uma explosão de dor insuportável que o atravessa e extravasa em forma de grito. A risada aguda soa. É demais. Sente vontade de gritar, chorar e esmurrar tudo ao seu redor, mas se controla.

“Sabe, eu estou com tanta fome...” Com certeza, considerando o seu tamanho. Changkyun pensa, mas se mantém calado. “Que tal você me dar o seu dinheiro para eu comprar um lanche?” É uma pergunta que não deixa espaço para uma resposta negativa. Todos sabem disso.  Embora seja rico, e esse provavelmente é o motivo da sua permanência ali, o hobby preferido de Max é pegar dos outros. “Vamos, japa. Me dá aí tua grana.”

Changkyun já começa a colocar a mão no bolso, vencido sem nem ao menos lutar. Observa as mãos grandes do garoto e pensa o quanto elas devem pesar, o quanto deve doer quando elas encontram um alvo, e isso o faz decidir. Ser covarde e submisso é a melhor opção e não há nada do que se envergonhar. O ser humano precisa saber quando recuar, faz parte do instinto de sobrevivência. Quando está tirando o dinheiro para entregá-lo, uma voz soa pelo corredor e, apesar da situação tensa, ele sente seu coração bater mais rápido e o rosto esquentar, pois a reconhece em uma fração de segundos.

“Ya! O que você está fazendo aí, seu babaca?” Nari grita ao ver tal cena. Sempre tentou passar longe do radar de Max, pois sabe que ele não tem pudor e não hesitaria em bater em uma menina, mas, quando o viu enquadrando Chang, não chegou a pensar, só agiu. “Sai de perto dele, seu idiota!”

Changkyun vê os olhos do brutamonte se arregalar e, lentamente, seu rosto vai ficando vermelho. O que emana desse ser desprezível é puro ódio. Sabe que Nari vai se ferrar muito e tenta impedir isso, segura o menino pela gola antes que possa mudar a vítima, mas é jogado longe com facilidade. Enquanto isso, Nari vê seu mais novo inimigo se aproximar, e não tem muito o que decidir. Já comprou a briga, agora vai levá-la até o fim.

Os dois se encontram no meio do corredor e, após um segundo de encarada mortal, a briga de fato começa. Changkyun se levanta e corre até lá o mais rápido que pode, com a pretensão de impedir um final desastroso para a garota, porém logo percebe que sua ajuda não é necessária. Max é grande e sua mão é pesada, mas Nari é ágil e possui habilidade, graças aos meses de diferentes artes marciais que os pais a obrigaram a fazer. Ela aplica um murro perfeito no queixo do seu rival, o desnorteando, depois aplica mais um, só de raiva, para em seguida o render em segundos, o que é bem humilhante. Changkyun vibra, mas sua alegria é interrompida por uma voz que gela todos. O coordenador chega correndo, ao lado de Lucas, que foi chamá-lo.

“Eu não quero saber o que está acontecendo ou quem começou. Isso é um absurdo! Vocês todos estão suspensos.”

Sr. Baudelaire, comumente conhecido como O coordenador, é um homem rígido e ele não precisa do espaço comum do seu escritório para fazer sua palavra valer. Antes que consigam digerir o que aconteceu, os três alunos estão com seus materiais e em direção a casa. Max logo se afasta, mas Nari e Changkyun infelizmente moram na mesma direção, inclusive pegam o mesmo ônibus escolar, então têm que caminhar lado a lado. O silêncio pesa, mas só quem se incomoda é o garoto, já que Nari está envolta demais por pensamentos para ao menos perceber a presença dele. Porém, ela é desperta pela risada que reverbera pelos seus ouvidos e, ao olhar para o lado, encontra um Chang mais alegre do que deveria estar na situação atual.

“Você está rindo?” Ela pergunta, sem acreditar.

“É que...” Mais risos. “Você veio no corredor parecendo Xena, a princesa guerreira.” E mais e mais risos. O menino está histérico, o que a faz rir também. Deveria estar fervendo de raiva, mas, em vez disso, se sente leve. E sem a mínima vontade de ir para casa.

Eles caminham juntos até a esquina, mas então Nari dobra, quando deveria ir reto. Não que Changkyun tenha reparado demais nela, jamais, mas ele sabe onde ela costuma descer do ônibus, então tem uma noção de onde possa morar, e sabe que não é pelo caminho que ela decide ir. Ele pára, indeciso.

“Para onde você está indo?”

“Você realmente quer ir para casa agora?” Ela se vira para olhá-lo e ele percebe que, iluminada pelo sol amarelado do outono, com os cabelos ao vento e as mãos enfiadas na jaqueta verde de exército super folgada, ela é linda. Antes mesmo que termine o que tem para dizer, ele sabe que vai segui-la. “Se os seus pais forem o estereótipo asiático perfeito que nem os meus são, embora minha mãe seja canadense, eles provavelmente estão perdendo a vida no trabalho. O que nos dá umas boas horas até eles chegarem em casa. Nós vamos levar uns bons gritos de qualquer jeito, a essa hora O coordenador deve ter ligado para todos, então você realmente já quer começar o seu castigo?”

Sem esperar por resposta ou ao menos convidá-lo, ela se vira e continua seu caminho e, sem pensar duas vezes, Changkyun vai atrás. Eles andam por algum tempo, até chegarem a uma casa bonita, velha, mas não deteriorada, embora esteja visivelmente abandonada. Isso não faz a garota hesitar. Ela atravessa o gramado que precisa ser aparado com confiança, até uma árvore gigante no quintal, e começa a subir os degraus da escada parcialmente escondidos pelos galhos que não sabem mais o que é uma boa poda. Ao olhar para cima, ele consegue identificar uma casa na árvore e, ao contrário da principal a poucos metros de distância, essa pulsa com vida. Ele a segue escada acima, até adentrar o local, e logo percebe que este respira Nari. Onde olha há traços de uma adolescente cheia de personalidade, apesar do espaço não ser muito grande.

“Então quer dizer que você me mete numa merda dessas, me chama de Xena, a princesa guerreira, e ri da minha cara?” Apesar da pergunta, ela não soa raivosa.

“Desculpa, Srta. Princesa Guerreira...” Ele responde com um sorriso provocador no canto dos lábios. “Mas eu não pedi para você interferir. Você que chegou lá peitando o Max.”

“E era para deixar você fazer papel de otário?”

“Abaixar a cabeça e se submeter, melhor técnica de sobrevivência. Não tenho nada para me envergonhar.” Ele dá ombros.

“Claro que não.” Ela finaliza com um sorriso. “E eu não estou com raiva. Você manchou meu histórico escolar, o que diminuem as minhas chances de entrar na faculdade boa e, se eu não for aceita em uma Harvard, Yale ou MIT, meus pais podem acabar desistindo de me empurrar pra uma. Então, na real, obrigada.”

O silêncio reina novamente e, dessa vez constrangida pela quantidade de intimidade em sua fala, Nari procura alguma atividade que possa preencher o ambiente. Revira o seu baú de brinquedos velho, que tanto ama, mas que virou lixo para seus pais depois que completou 10 anos, e encontra seu diskman, já com o CD dentro. Começa a desenrolar o fone.

“Então...” Changkyun tenta puxar assunto, meio sem jeito. “Por que você tem uma casa na árvore em uma casa abandonada?”

“Antes você vai ter que entender a confusão que é a minha família, então é melhor se sentar e ficar confortável.” Ele o faz. “Meu pai é coreano, tudo certo, nada mais para falar sobre. Minha avó era alemã e meu avô era canadense, de Montreal, que foi onde eles se casaram e viveram. Eles se mudaram para Boston e trouxeram minha mãe, mas ela decidiu fazer faculdade no Canadá, e foi lá que conheceu o meu pai. Quando eu tinha uns 5 anos, meu avô morreu, e minha mãe achou melhor se mudar para cá para cuidar da minha avó. Para falar a verdade, ela encontrou uma oportunidade incrível de emprego, mas se dizer que ela fez isso pela mãe dela faz com que durma melhor a noite, tudo bem.” Nari dá de ombros. “E, por fim, essa era a casa da minha vó. Eu cresci aqui. Nós nos mudamos quando ela morreu, ano retrasado.”

“Oh... Eu... Eu sinto muito.”

“Eu também.” Ela mostra um pequeno e triste sorriso. “Mas tudo bem, já passou. Eu não sei nem porque estou falando tanto, nem gosto de você.” Seu tom de voz é leve, o que, por si só, contraria suas palavras.

“Eu que não sei por que estou ouvindo, também não gosto de você.” Ele responde no mesmo tom, beirando o brincalhão. Ela ri.

“Quer ouvir música?” Nari estende um fone na direção do garoto.

“É Dynamic Duo? Claro que eu quero. Eu amo esses caras.” Chang aceita o fone após reconhecer o CD dentro do diskman, e se aproxima para poder compartilhá-lo com a garota.

E assim eles passam a tarde, juntinhos, ouvindo música e se “desgostando”.


Notas Finais


E aí, o que acharam? Já estou acelerando o próximo capítulo para não demorar tanto. ^^


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