História Weight of Love - Wave

LUCY

Acordei um pouco assustada, sem ter noção do tempo. Peguei meu celular e me vi que eram quase 10:00 horas de manhã, dei um pulo e procurei pelo Natsu, que já não estava mais na minha casa, então liguei imediatamente para ele.

‘’Alô?’’ Ele atendeu um pouco ocupado.

‘’Natsu?’’ Perguntei o óbvio.

‘’Lucy, você tá bem?’’

‘’Meu despertador não tocou, e você não me acordou. Natsu, precisamos conversar.’’ Falei enquanto colocar pasta na escova de dente.

‘’Você dormiu mal, então deixei você dormir, pode tirar o dia de folga, não tem problema.’’ Ele respondeu como se nada tivesse acontecido.

‘’D-dia de folga? Pelo amor de Deus, vou tomar um banho e já já chego ai, tchau.’’ Desliguei já com a escova na boca.

Escovei os dentes, tomei um banho, coloquei uma calça jeans rasgada e uma blusa social, comi uma maça e fui direto para a empresa, mas parei no mercado para comprar meu almoço, que seria uma lasanha de microondas. Cheguei toda atrapalhada cheia de papel e com a bolsa quase caindo pelo ombro, e fui direto para a sala do Natsu.

‘’TRUCO!’’ Vi o Gray levantando e jogando uma carta na mesa.

‘’SEIS!’’ O Natsu gritou de volta.

‘’Natsu, não!’’ Erza se preocupou.

‘’DESCE!’’ Gray berrou de novo.

E assim, Natsu solta um zap e o Gray começou a gritar de raiva, junto da Juvia, sua dupla.

Aquilo não podia estar acontecendo. Natsu não podia estar fingindo que nada tinha acontecido. Ele fazia isso o tempo todo?

‘’O-oi.’’ Chamei a atenção deles.

‘’Lucy? O Natsu disse que você estava um pouco doente e não iria vim pro trabalho hoje, coloquei a Virgo para cuidar das coisas.’’ Erza comentou embaralhando as cartas.

Automaticamente o Natsu me olhou torto, e eu olhei de volta.

‘’É-é, minha garganta inflamou um pouco ontem, mas já acordei melhor, né amor?’’ Forcei um sorriso para a mentira.

‘’Que bom.’’ Ele voltou com um sorriso amarelo em minha direção.

‘’Quer ser a próxima no truco?’’ Juvia perguntou olhando as cartas.

‘’Não, obrigada. Na verdade, Natsu, quando você acabar esse jogo, podemos conversar?’’ Perguntei com ar de mistura de preocupação.

‘’É muito importante? Porque preciso trabalhar.’’ Ele não olhou para mim.

Eu fiquei com vontade de jogar todo aquele baralho no chão. Que tipo de pergunta era aquela?

‘’O-o..S-se é importante? Sim, Natsu, é um pouco importante sim.’’ Falei perplexa com a forma que ele agiu.

Encontrei a Virgo no meu escritório e pedi educadamente para ela sair, que eu dava conta do trabalho. Fiquei um tempo revisando todos os arquivos que haviam me mandando, até que escuto umas batidas na porta, esperando ser o Natsu.

‘’Pode entrar.’’ Pedi sem tirar o óculos do rosto.

‘’Lucy?’’ Erza abriu a porta devagar.

‘’Ah, oi.’’ Não escondi a decepção.

‘’Tudo bem?’’ Ela sentou no sofá na minha frente.

‘’Sim, só um pouco de dor de cabeça.’’ Forcei um sorriso.

‘’Entendi.’’ Ela se calou.

‘’Erza-’’

‘’O Natsu me contou o que aconteceu...Lucy, talvez você não entenda, mas ele está muito envergonhado com tudo isso.''

''Envergonhado de que?''

''Lucy, ele teve um ataque ontem na sua frente, na frente da pessoa que ele quer mais mostrar dureza.''

''Erza...''

‘’Quando eu soube de todo passado dele, fiquei perplexa, porque achei que ele mentia quando fingia que não tinha nada acontecendo, e ficava com aquele sorriso no rosto, e isso me deixou com raiva, talvez seja o mesmo motivo de você estar com raiva. Mas ele precisa de tempo.’’ Ela ignorou meu comentário.

‘’Quanto tempo? Ele tem quase trinta anos, e você acha normal um homem de quase trinta anos ser traumatizado, sem buscar ajuda?’’ Me levantei da cadeira.

‘’Ele busca ajuda constantemente, em mim, em você, em todo mundo.’’ Ela forçou um sorriso.

‘’Erza, isso é realmente bonito, mas não é assim que se resolve um trauma. Ele precisa de apoio psicológico.’’ Falei indignada.

‘’Você acha que nunca tentei fazer ele ir? Ele descarta essa ideia na hora.’’ Ela se levantou do sofá.

‘’E o que você acha que eu preciso fazer? Ignorar e continuar deixando ele assim, ou tentar ajudar da mesma forma que você tentou?’’ Engoli o choro.

Ela ficou em silêncio por um minuto, e me abraçou, com força.

‘’Obrigada.’’ Ela sussurrou no meu ouvido.

Ficamos abraçadas por um tempo, até ouvimos um barulho na porta, e demos de cara com o Natsu.

‘’Oi.’’ Ele coçou o cabelo.

‘’Ah, oi, só pedir alguns conselhos para a Lucy, já estou de saída.’’ Ela saiu com o rosto um pouco vermelho, passando reto pelo Natsu.

‘’Precisamos conversar.’’ Fui até a porta e fechei, com ele tendo dado apenas um passo pra frente.

‘’Não quero conversar.’’ Ele cruzou os braços feito uma criança.

‘’Porque?’’ Parei na frente dele.

‘’Lucy, não vou mais te incomodar com coisas pessoais, eu prometo. Agora posso ir?’’ Ele não olhava pra mim.

‘’Q-que? Natsu? Você enlouqueceu? Eu quero te ajudar, mas você precisa me dizer o que está acontecendo.’’ Segurei sua mão.

‘’Eu não quero falar sobre ontem.’’ Ele ainda olhava para baixo.

‘’Porque você não olha pra mim?’’ Pedi.

‘’Porque eu estou com vergonha.’’

‘’Vergonha de que?’’

‘’De mim.’’

‘’Você sente falta dela, não sente?’’ Eu apoiei a cabeça dele no meu ombro.

Ele apenas afirmou com a cabeça, sem soltar uma palavra.

‘’Natsu, você precisa de um psicólogo.’’ Propus a ideia.

‘’Não.’’ Ele foi frio.

‘’Porque não?’’ Levantei a cabeça dele para ele olhar pra mim.

Antes dele responder, ele se afastou de mim, coçou os olhos e se recompôs.

‘’Lucy, aquilo foi só uma recaída, eu estou bem. Obrigado por ser preocupar com seu namorado maravilhoso, mas eu estou bem.’’ Ele abriu um sorriso.

‘’Eu estou falando sério.’’ Cruzei os braços.

‘’Eu também.’’

‘’Você tem medo de ir em um psicólogo?’’ Perguntei.

‘’Só não acho necessário.’’

‘’Você acha a profissão desnecessária?’’

‘’Que? Não! Só disse que não preciso de um.’’ Ele riu de nervoso.

‘’Natsu, você precisa de ajuda.’’ Cheguei perto dele.

‘’Eu tenho ajuda. Eu tenho você.’’ Ele virou o rosto para o lado, e me olhou.

Aquela frase entrou seca pelos meus ouvidos.

‘’Natsu…’’

‘’Amor, eu sinto falta dela, mas eu estou melhorando aos poucos, e agora que você faz parte da minha vida, eu queria que tivesse paciência com a forma que vou lidar com isso. Pode parecer mentira, mas eu nunca estive tão feliz em anos, e isso graças a você. Então eu não preciso de muito pra essa felicidade invadir meu peito, só preciso de você.’’ Ele segurou minhas mãos.

‘’Natsu, para…’’ Algumas lágrimas começaram a rolar devagar pelo meu rosto, e dois paralelos começaram a surgir em minha mente.

Eu deveria me entregar aquele depoimento e ir contra meus valores de felicidade, ou aceitar que a felicidade dele dependia de mim, e talvez, a minha também dependesse dele, o que era errado, mas no fim parecia tão certo, que tive medo de negar.

Ele me abraçou bem apertado, e eu senti aquele cheiro maravilhoso.

‘’Quer ser minha dupla no truco?’’ Sussurrou no meu ouvido para mudar de assunto, como sempre.

‘’Não, quero é ganhar de você.’’ Sorri de volta.

‘’Eu não posso ter escolhido alguém mais competitiva que eu para namorar.’’ Ele aparentou ficar surpreso.

‘’Vish, então já pode terminar.’’ Olhei desafiadora.

‘’Nunca na sua vida. E ei, vai ficar tudo bem, ok?’’

‘’Ok.’’

‘’Ok.’’

NATSU

Voltamos para meu escritório, e começamos uma partida de truco perfeita: eu e Gray contra Lucy e Juvia. O que me deixou admirado foi ver que as duas se deram muito bem como dupla, enquanto eu o Gray falhamos muito, já que perdemos feio.

‘’É...Deveríamos ter apostado mais dinheiro aqui.’’ Lucy sorriu se gabando.

‘’Natsu, primeira vez que fiquei puto com sua namorada, e com a minha.’’ Ele fechou a cara.

‘’E eu to puto com você, animal! Só fez merda o jogo todo.’’ Me irritei também.

‘’EU? VOCÊ JOGOU A PORRA DO ZAP NA HORA ERRADA.’’ Ele berrou.

E assim, começamos mais uma discussão enorme, com o fundo de risada das meninas. É muito bom me distrair com outros pensamentos, porque eu realmente sou feliz com essas coisas, e com ela do meu lado. Depois de mais algumas partidas, voltamos a trabalhar, e ela perguntou se podia dormir na minha casa naquela noite com a desculpa de jogar mais baralho comigo, e claro que confirmei na hora. Trabalhamos até tarde, e a Lucy deu a ideia de chamar todo o pessoal lá pra casa, e animei na hora, e seguimos todos lá pra casa, parei no mercado pra comprar cerveja, então a Lucy que deve ter recebido todos lá, porque fui o último a chegar.

‘’Natsu, nem contou que já estão morando juntos.’’ Erza brincou e me ajudou com as sacolas.

‘’Seria meu sonho.’’ Olhei para a Lucy e a vi conversando e rindo com o Gray.

‘’Calma lá garoto, muito cedo ainda, vai assustar a menina.’’ Ela riu.

‘’Erza, acho que não tem tempo pra essas coisas. Eu não imagino uma vida sem essa mulher, então já tenho direito de pensar em casamento, em morar junto, essas coisas.’’ Admiti um pouco tímido.

‘’Fico surpresa de como essa mulher mexeu contigo...Quem diria ouvir isso de você. Ficou quase três anos com a Lisanna e nem cogitou morar junto.’’ Ela abriu uma garrafa.

‘’É…’’ Cocei os cabelos.

‘’VAMOS JOGAR POKER?’’ Gajeel berrou da sala.

‘’O Natsu tem?’’ Lucy perguntou chamando minha atenção.

‘’Lucy, você está falando com um profissional no poker, é lógico que eu tenho.’’ Falei indo pra sala junto com a Erza.

‘’Se for profissional igual no truco, você tá péssimo.’’ Ela pegou minha garrafa de cerveja.

‘’Você vai ver…’’ Sorri e fui buscar a maletinha no meu quarto.

Como poker é um jogo que demora muito tempo, ficamos até de madrugada, e no final, eu realmente ganhei junto com a Levy, e rachamos o resto. O pessoal se despediu, e no fim, ficou só eu e a Lucy, e não deu nem um minuto a sós que ela já dormia na mesa em que jogamos, então a peguei no colo e deitei na minha cama, tirei a roupa dela delicadamente, depois a minha, a abracei, e dormimos juntos, sem nenhum incômodo.