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História Weight of Love - Cor de marte


Escrita por: Vandlima

Capítulo 48 - Cor de marte


LUCY

O sol não foi o motivo deu ter despertado, já que a persiana impedia a luz entrar. Acordei com um pouco de frio e dor de cabeça, e quando me virei de lado, vi o Natsu dormindo profundamente, parecendo que tinha morrido, e mesmo com a dor, comecei a ri baixo. Levantei, sentei na cama para esperar tudo parar de girar, e fui ao banheiro lavar o rosto e beber um pouco da água da torneira. Quando me olhei no espelho, toda a noite passada passou como um flash na minha cabeça, e consegui me lembrar de quase tudo.

Voltei para a cama, coloquei minha calcinha e meu sutiã, e sentei de volta na cama. Lembrar daquela noite me fez inevitavelmente sorrir. A noite foi tão intensa, e nós dois estávamos tão bêbados, e o sexo foi tão...tão inexplicável. Com o Natsu, eu aprendi sensações que nunca imaginei sentir. Nunca pensei que iria gostar de força na hora do sexo, ou das intimidades que ele falava no meu ouvido, ou de falar coisas que eu nunca imaginei que falaria com nenhum outro homem. A preocupação dele com meu prazer me deixava tão apaixonada, que por um segundo, eu esquecia de tudo que era errado.

Não poderia falar que o Natsu era o homem da minha vida, ou tudo que sempre sonhei em ter, nunca foi. Há um abismo entre o que eu, involuntariamente, pensava sobre o homem dos meus sonhos, e o que ele era. E isso não era, nem de longe, algo ruim. Sei que por mais que estivéssemos há pouco tempo juntos, já crescemos como pessoas, e que iremos crescer mais ainda. Precisei, e ainda vou precisar, aprender a aceitá-lo como ele era, porque não iria mudá-lo, eu nem queria isso. Aceitar os defeitos e amadurecer juntos talvez seja a coisa mais fundamental de um relacionamento.

‘’Bom dia, linda.’’ Natsu sorriu de um jeito folgado, e abriu os olhos.

‘’Bom dia.’’ Virei para ele.

‘’Dormiu bem?’’ Ele continuou deitado de barriga para cima.

‘’Sim, e você?’’ Perguntei.

‘’Muito.’’ Natsu se virou para o meu lado.

‘’Que bom.’’ Cruzei as pernas e fiquei de frente para ele.

''É bom acordar e te ver assim, quase sem roupa.'' Ele fechou os olhos e sorriu.

‘’Qual a chance do café da manhã daqui ser bom?’’ Me questionei, rindo por dentro do comentário dele.

‘’Ah, esse motel é bom, devem ter uma comida gostosa aqui.’’ Ele se levantou e ficou sentado, e coçou os olhos e jogou o cabelo pra trás.

Lindo demais, puta que pariu.

‘’AH! PÕE UMA CUECA!’’ Gritei e fechei os olhos quando ele se levantou totalmente nu.

‘’Falando assim até parece que você não gosta.’’ Ele riu e eu joguei um travesseiro em sua direção, e ele pegou e usou para esconder.

‘’Que engraçado.’’ Forcei uma risada e só abri os olhos quando vejo ele no banheiro de costas pra mim, fazendo xixi.

‘’Você tem remédio para dor de cabeça?’’ Ele voltou, já de cueca, para minha frente.

‘’Ali na bolsa.’’ Apontei para a bolsa jogada no chão.

Ele foi até ela, e depois de vasculhar muito, achou uma cartela de neosaldina.

‘’AHA!’’ Ele riu ao achar, foi até o pequeno frigobar que tinha perto da cama, e tomou com um gole grande de água, depois se jogou na cama, me derrubando junto, o que me fez gritar.

‘’AH! PRECISO PEDIR CAFÉ DA MANHÃ, ME SOLTA!’’ Gritei aos risos com ele me prendendo em um abraço e me enchendo de beijos.

‘’Lucy, shiiiu, vamos dormir mais um pouco, ainda tá cedo.’’ Ele parou com os lábios bem na minha bochecha, e falou com um tom preguiçoso.

‘’Temos que trabalhar.’’ Avisei.

‘’Tá…’’ Ele continuou estático, fingindo que tinha voltado a dormir.

‘’Me diz, como você consegue ser chefe da Fairy Tail?’’ Brinquei me desprendendo do abraço, para achar o telefone ou um cardápio.

‘’Lucy, eu sou demais, apenas isso.’’ Ele me puxou de volta para a cama, e junto comigo, veio o telefone fixo do criado mudo.

‘’NATSU!’’

‘’Me dá, deixa eu que eu peço.’’ Ele pegou o telefone da minha mão e discou para a recepção.

‘’Você nem viu o que tem!’’ Briguei com ele.

‘’Alô? Queria pedir um café da manhã no quarto quatro. O que vocês tem ai?...Sim, isso, esse, pode ser, obrigado.’’ Ele conversou com uma voz masculina do outro lado da linha e em menos de dois minutos já havia pedido.

‘’E ai?’’

‘’E aí que eles falaram pra gente dormir mais enquanto preparam o café.’’ Ele brincou e me devolveu o telefone, para eu colocar no lugar.

Deitei junto dele e o abracei, ficando descansando em seu peitoral, enquanto ele fazia carinho no meu cabelo.

‘’Natsu…’’ Pensei em não chamá-lo, mas chamei.

‘’Hum.’’ Ele murmurrou.

‘’Lembra de quando eu havia terminado com o Loki e conversamos um pouco sobre eu ser traída e tudo mais?’’ Perguntei.

Por mais que eu não quisesse esse assunto, uma hora ou outra eu iria ter que falar.

‘’Sim.’’

‘’Lembra quando eu falei algo sobre ter amor próprio, e precisar ser feliz sozinha?’’ Engoli seco.

‘’Sim.’’

‘’Você entende isso? Você tem isso?’’ O questionei.

‘’Que assunto é esse?’’ Ele foi sério.

‘’Eu queria saber se você…’’

‘’Você tem?’’ Ele parou o carinho.

‘’Sim, ou pelo menos deveria ter.’’ Confessei.

‘’Então, caso a gente terminasse agora, você ainda seria feliz?’’ Senti um tom diferente em sua fala.

‘’Não. Ao passar do tempo eu teria que me refazer e me reconstruir, mas não é isso que estou falando.’’

‘’Do que você está falando?’’

‘’Sobre você se amar o suficiente para não fazer com que sua felicidade dependa de outra pessoa. Sei que é difícil, mas para mim, esse é o julgamento mais fiel de amor em si mesmo.’’ Me forcei para não gaguejar.

‘’Lucy, quer me falar alguma coisa?’’ Natsu se inclinou para me olhar, mas eu permaneci escondida em seu peitoral.

‘’Não! Eu só quero que você me fale algo sobre o que você sente sobre isso...é importante pra mim.’’ Fui sincera.

‘’Acho que somos responsáveis por quem iremos eleger para ser primordial nas nossas vidas, por cada instante, então você também tem a obrigação de eleger alguém, dentro de uma multidão de pessoas desconhecidas, que merece ser olhada mais a fundo, mais perto, por total. Claro, você não foi, na prática, escolhida por mim, tivemos uma trajetória dura para chegar onde chegamos, e eu estou feliz com quem elegi para olhar de perto, sem medo do toque intimo, satisfeito ao acordar e olhar para você. Eu realmente queria que você pensasse da mesma forma que eu, mas mesmo você não falando, eu sei que tem definição de amor diferente da minha. Não sei o que você quer ouvir de mim, mas uma das minhas maiores felicidade é, sem dúvida alguma, você.’’ Aquele pequeno discurso foi falado tão devagar, e tão baixo, que por um segundo, não acredite que estava sendo para mim, nem sendo falado por ele. Respirei fundo, e o silêncio tomou conta do quarto por milésimos de segundo, mas pareceu horas.

‘’Natsu…’’ Sem saber o que falar, senti algumas lágrimas rolando pelo meu rosto, e eu me reprimir por elas terem saído. Não sabia o porque estava chorando. Era tudo intenso demais. Não estava acostumada com tudo aquilo. Era diferente demais para ser verdade.

‘’V-você tá chorando?’’ Ele ergueu meu rosto, mas eu fui mais forte e voltei a molhar seu peito com minhas lágrimas, a fim de me esconder.

‘’Desculpa…’’

‘’Não, não pede desculpa. Vem aqui.’’ Ele me abraçou com mais força, e beijou meus cabelos, e aquele silêncio voltou a tomar conta da sala, enquanto eu me forçava a parar de chorar.

‘’Eu te amo tanto...chega a doer…’’ Falei tão baixo, que rezei para ele não ter escutado.

Não tinha um porque deu estar tão sensível assim, e eu estava me julgando por isso, mas era inevitável.

‘’Lucy…’’ Ele voltou com o abraço, provavelmente não sabia o que falar, e nem deveria falar nada, não tinha o que falar.

Engoli o choro quase por completo, limpei meu rosto, e olhei para ele. Não era a primeira vez, mas fazia tempo que eu não sentia vergonha em olhá-lo, mas dessa vez eu senti. Estamos a menos de um centímetro de distância, e ele me olhava por completo. E por um instante, eu queria que ele pudesse se enxergar como eu o enxergo, tão lindo e tão puro.

‘’Desculpa, deve ser a TPM.’’ Sorri um pouco sem riso.

‘’Que desculpinha horrível para se declarar para mim, Heartfilia.’’ Ele abriu um dos sorrisos mais bonitos do mundo.

Fazia tempo em que ele não me chamava pelo sobrenome, e eu gostava tanto da pronúncia dele.

‘’Depois eu procuro uma melhor.’’ Ri junto e dei somente um selinho nele, já que a campainha tocou no mesmo segundo.

‘’Chegou.’’ Ele riu e se levantou, de leve, me tirando do seu abraço.

Levantei junto e fui ao banheiro, para, de novo, molhar meu rosto para ver se diminuia o rosado do meu rosto. Quando voltei, já estava uma bandeja enorme em cima da cama.

‘’ESPERA, VOLTA PRO BANHEIRO!’’ Ele gritou e fez aceno com as mãos para eu voltar.

‘’Que?’’ Ri e voltei.

Foi questão de segundos para ele pedir para eu voltar, e me deparei com dois pratos cheios de comida. Tinha panqueca, pão, bolo, fruta, tudo. E a bandeja com o resto estava no chão.

‘’A gente pode fingir que fui eu que preparei tudo isso, fiz uma mesa super romântica de café da manhã?’’ Ele coçou a nuca, só de cueca, bem desajeitado, e lindo.

‘’Pode.’’ Ri alto, e engoli, de novo, a vontade de chorar.

Era um choro de agradecimento.

‘’Então ok.’’ Natsu abriu mais um daqueles sorrisos fascinantes.

AUTORA

Os dois sentaram na cama e começaram a comer aquele farto café da manhã. Natsu a alegrava com cada fala, que dessa vez, se sentiu na obrigação de falar. Lucy se engasgava de tanto rir com as histórias contadas pelo namorado, que ria junto da reação da loira. Todo aquele sentimento de neurose havia ido embora, por enquanto. Talvez, para eles, o amor era a perda total do silêncio, assuntos variados seres contados, conversas longas serem discutidas, e pausas apenas para risadas e reações.

O Natsu se preocupou, e muito, com o choro e as falas da Lucy, mas manteve a calma, quase que completa sobre isso. Quem via de fora, achava que era aqueles romances de filme, sem brigas, sem gritos, sem discussões, e por mais que ainda tenham chegado a essa fase, eles passavam por uma fase, talvez, pior que isso. Era questionamentos inexplicáveis sobre o outro. Era frio na barriga por medo de perder um ao outro, era insegurança, eram mentiras contadas com o intuito de ajudar o outro. Eram complicações intelectuais, que cada um passava, e mesmo sabendo disso, mantinham a felicidade sincera por um estar na vida do outro.

Lucy não foi capaz de falar, mas o Natsu estava, aos poucos, se tornando a vida dela. Ela necessitava dele, ela estava se tornando dependente daquela alma. E ela sabia que isso não daria certo, mas não queria que acabasse. Desde do inicio, Lucy queria se jogar no abismo que era amá-lo, mas como todo segundo antes da queda, ela sentiu medo, e temeu lançar-se aquele amor. Ela temia o que seria dela, e o que seria dele, no fim, mas o destino tomou conta dela, e ela se jogou naquele amor, e deixou o destino decidir o que faria com ele amor.

Natsu, sem esconder seu lado sentimental, sentia que iria explodir de tanto amor, mas ele nunca entendeu ao certo o que era amor. Aquela palavra era usada com tanta frequência por todo mundo, que ele se sentia errado em falar aquela palavra por pessoas desconhecidas de alma. Ele sentia que o mundo vivenciava tempos de amores líquidos e efêmeros, em que as pessoas não sabiam o real significado de afeto, de amor. Achava que as pessoas amavam por solidão, e medo de ficarem só. Para quebrar todo aquele contraste, ela apareceu, e mostrou cada detalhe dos sentimentos mais intensos, e ele se jogou sem medo, naquele abismo que era amá-la. Como definição de prisão, o amor para ele, era nada mais, que ela.

 


Notas Finais


Cor de marte- anavitoria


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