História Welcome to life - Boas ações!

Primeiro passei na lanchonete para avisar minha mãe, em seguida fui direto pro ponto de ônibus, dentro de 20 minutos estaria na casa de Delphine, tentei ligar e o celular dela permanecia desligado, obviamente ela não queria me ver tão cedo. 

Assim que desci do ônibus corri pra rua 7 onde fica localizada a casa de Delphine, quando cheguei na frente da casa esbarrei com a Krystal o que me deixou intrigada.

- O que você faz aqui? – perguntei demostrando minha insatisfação de vê-la.

- Vir visitar minha amiga, posso? – respondeu em tom sarcástico.

- Minha namorada? Ah claro, porque? – questionei. 

- Porque ela está doente e precisa de ajuda? – indagou em tom provocador. 

Parecia brincadeira que Krystal sabia que Delphine que é minha namorada estava doente e eu não, isso me deixou brava, tão brava que entrei batendo a porta e gritei por Delphine e Krystal assistia toda à cena pavorosa. 

Não demorou muito e Delphine abriu a porta com cara de poucos amigos. 

- O que você faz aqui Cosima? – me fuzilou com seu olhar. 

- Porque você não atende minhas ligações, responde minhas mensagens, ou melhor, porque você não me avisou que estava doente? – sem perceber estava com um tom de voz alterado. 

Delphine olhou para trás onde Krystal estava postada fazendo-me olhar também. 

- Krystal, algum problema? – perguntei envergonhada ao ver que ela presenciava todo o escândalo de Cosima. 

- Não amiga, só estava de saída mesmo já para entrar no carro quando vi Cosima se aproximar. – disse sorrindo antes de acrescentar... 

- Está tudo bem? Se for o caso posso ficar um pouco mais! – perguntei tentando apaziguar o clima tenso que se tornou entre Delphine e a namorada louca dela de dreads, Deus, que cabelo horrível, como pode uma mulher tão linda e sofisticada como a Delphine de envolver com um tipinho suburbano desse? – à olhei dá cabeça aos pés sem disfarçar! 

- Está tudo bem sim, pode ir embora, já estou aqui com minha namorada! – enfatizei brava percebendo o olhar de deboche dessa maldita. 

Krystal foi embora e eu abri passagem para que Cosima entrasse para evitar mais discussão. Sentia minha cabeça explodir, meu corpo estava dormente, não conseguia comer, minha garganta estava dolorida e minha voz rouca. Logo Cosima se deu conta do meu estado e resolveu abaixar a crista. 

- Você não parece nada bem! – perguntei me aproximando em um tom mais calmo.

- Então você acha que não estou bem Cosima? – me afastei e fui sentar no sofá.

- Me desculpe, eu só estou brava porque você não me disse que estava doente, sumiu, não me ligou, não me respondeu, agora Krystal certamente você atende ligações e até deixa ela vir te visitar, o que significa isso? – questionei em tom ameno me sentando no sofá ao seu lado. 

- Cosima, sério isso? Estou doente, sem condições de me manter em pé e você vem me questionar porque minha amiga veio me visitar? Aliás, você me mandou embora, lembra? – coloquei minhas mãos no rosto encobrindo os olhos. 

- Delphine... – suspirei fundo ao vê-la naquele estado, doente... Abaixei à cabeça e fiquei em silêncio por alguns minutos assim como ela permaneceu. 

Depois de alguns longos minutos em silêncio resolvi quebrar o gelo e me aproximar. Me aproximei permanecendo sentada no sofá ocupando o espaço que havia entre nós.

Tirei suas mãos de seu rosto colocando-as na altura de sua cintura, ela permanecia de olhos fechados só mudou sua expressão facial como se não gostasse do meu gesto. Acariciei seu rosto passando a ponta dos dedos em suas bochechas pálidas provocando sua reação.

Tirou minhas mãos de seu rosto e abriu os olhos...

- Não venha Cosima, não! – disse em tom desaprovador.

- Não vai me deixar cuidar de você? – perguntei triste.

Ela olhou para mim com uma cara nada amigável, respirou forte e me respondeu.

- Eu sei me cuidar! – respondeu agarrando o cobertor saindo de um sofá e indo para o outro. 

Senti um nó na minha garganta se formar, queria chorar mas não adiantaria de nada, ela estava na defensiva comigo e chorar não iria comovê-la. O silêncio voltou à dominar todo o ambiente sendo quebrado pelo toque do meu celular chamando sua atenção.

- Se não for atender, desligue, estou com dor de cabeça! – repreendi brava.

Atendi a ligação, era minha mãe avisando que estava do lado de fora com Felix, fui atendê-los. Minha mãe entrou com Felix e foi tratada super bem por Delphine. 

Ela perguntou se ela tinha comido algo, tendo uma resposta negativa. Passou a ordem para que eu fosse para cozinha fazer uma sopa para Delphine tomar enquanto conversava com ela.

- Jesus, você está ardendo em febre! – falei preocupada. 

- Já estou bem melhor S, logo vai passar! – respondi sorrindo pela preocupação.

- Vamos levá-la pra casa mãe, não podemos deixá-la aqui sozinha! – indagou Felix.

- Não precisa, estou bem aqui, agradeço à preocupação mas está tudo bem! – enfatizei em vão.

Minha sogra não era nada boba, lógico como uma mãe super protetora ela não me deixaria sozinha, como não poderia ficar em minha casa não aceitou minhas desculpas e tratou de arrumar uma pequena mala com minhas roupas e utensílios. Gritou por Cosima pedindo-a para colocar a sopa em uma vasilha para irmos para casa. 

Veio até a sala e me olhou com cara de cachorro sem dono. Felix me pegou pelos braços e me colocou dentro do carro.

- Jesus, acho que vou precisar andar de cadeira de rodas, como você pesa! – disse me arrancando uma gargalhada.

S dirigiu até chegarmos em sua casa, Cosima estava sentada no banco dá frente, eu estava agarrada com Felix no banco de trás. 

Chegamos e Felix me levou direto pro quarto de Cosima, me deitei lá com uns 5 cobertores por cima, estava com muito frio que batia os dentes. Escutava longe à conversa de Cosima com sua mãe, ela ordenava algo que só entendi a parte de Cosima dormir no quarto da Beth.

Depois de alguns minutos dormindo despertei com minha sogra me chamando, ela queria que eu comesse à sopa e até me ajudou. Me sentia uma criança, fazia um bom tempo que não sabia o que era ficar doente, inclusive na fazenda qualquer indício de gripe era só juntar as ervas certas e fazer um chá, no outro dia já estava 100%.

Felix e eu ficamos do lado de fora do quarto, descemos até à sala e conversamos até minha mãe descer. 

- Você sempre acerta né? Disse que seria difícil dela me perdoar e sim, você tem total razão! – disse tentando segurar as lágrimas.

- Isso é o preço de agir sem pensar, irmã! – respondeu e me abraçou em seguida.

- Veja o lado bom, ela está brava com você que poderia te comer viva, sinal de que te ama, que se importa, isso é bom! Vocês duas são selvagens, opostas até determinado ponto, mas se encaixam. Trate só de ser boazinha e se desculpar, controle-se que logo ela esquecerá! – falou abraçado comigo me fazendo chorar. 

 Minha mãe desceu avisando que Delphine estava dormindo e que tinha comido pouco me deixando preocupada. Pediu para que eu ficasse em casa amanhã para cuidar dá minha namorada. Eu faria isso com certeza, não precisava nem pedir. Antes de ir dormir passei em meu quarto para me certificar de que ela estava dormindo. 

Ela estava tão linda que comecei a chorar, mesmo doente ela conseguia ser linda, tão maravilhosa que me matava por dentro. Me aproximei e sentei na cama, queria poder ficar e abraçar, mas nunca fui de me aproveitar de situações em benefício próprio.

Passei minha mão em sua testa soada e fria, a febre estava desaparecendo aos poucos, depositei um beijo em sua testa  e sair do quarto. Fui para o quarto de Beth dormir aos prantos, desse vez cair no sono rapidamente e logo amanheceu.