A Val foi uma grande amiga – ela é até hoje – que eu conheci por meio da Stefany, não bem por meio dela. Primeiro eu comecei a conversar com a Carol que me apresentou o Caio, que me apresentou o Carlos, que me apresentaram a Stefany que me apresentou a Valéria, e foi assim que nos conhecemos.
A Valéria se destacava desde a primeira vez que eu a vi, mas não era pelo seu cabelo loiro e olhos verdes – sendo tudo natural, é uma aparência bem difícil de se encontrar por onde eu moro – e sim por sua grande inteligência, sempre achei que ela tinha um QI acima da média. Outra coisa que destaca ela é a sua voz, ela tem uma voz linda – sem falar que o pai dela toca violão e eu não sei como ligar uma coisa a outra, mas… – e tinha momentos em que sentávamos no banco da escola para cantar Amor Maior, Além do Horizonte entre outras. Parando pra pensar eu era o único que cantava, ela só assistia e ria da minha voz horrível. Acho que desde aquele tempo escutar a voz dela cantando foi o meu objetivo.
No segundo ano do ensino médio caímos na mesma sala, e conosco o Caio, o Carlos, a Stefany, a Lorena, a Isis e a Carol. Eu não lembro de muitos acontecimentos naquele tempo, pois estava começando a pensar sobre o que eu queria para a minha vida. Poucas coisas que eu lembro é que estávamos sempre juntos, um grupo que se divertia a todo momento. Uma vez estávamos reunidos na sala quando não tinha mais aula e pediram para a Valéria cantar, pois todos queriam ouvir a voz dela. Val por sua vez recusou dizendo que eu era o único da roda que tinha escutado ela cantar, o que me deixou um pouco orgulhoso de mim mesmo, confesso. Como eu disse anteriormente, foi no primeiro ano cantando juntos e eram poucas as vezes que eu tive esse privilégio. Agora se referindo a Na Sua Estante foi, que eu lembre, no segundo ano quando coloquei essa música para tocar e fiquei cantando, o que fez ela não se segurar e cantar também, aí eu tinha baixado o tom de voz e cantado com ela. Posso não lembrar muito bem como ou quando foi, mas eu lembro bem onde foi. Na frente da nossa sala se encontravam quatro bancos de cimento e um poste de luz no meio deles, era como uma pequena pracinha onde nós sentávamos esperando o professor, estudar juntos ou simplesmente quando não tínhamos nada para fazer.
Agora o motivo de essa música me lembrar ela… não, não foi porque ela cantou essa música comigo… também, mas não é esse o objetivo principal. Na letra da música, a Pitty mostrava uma personagem destemida a não se deixar levar pelo coração. Não se magoar com alguém que já a magoou e que voltaria a lhe magoar.
A Valéria podia ser vista como ignorante por algumas pessoas, pra mim ela era apenas sincera demais. Falava o que queria falar mesmo que a pessoa se machuque. Ela apenas queria viver a vida dela com sinceridade, mostrando que era decidida. Isso eu admirava muito nela.
“Isso tá errado, faz assim…”
“Eu não gostei!”
“Sinceramente, ficou legal!”
A Val falava sem rodeios. As vezes parecendo uma mãe quando não fazíamos as coisas do jeito certo. Mesmo sendo responsável e educada, não se segurava para chamar um palavrão quando brava ou surpresa. “Faz direito, caralho!” e “Eita porra, Isis.” eram frases que eu estava acostumado a escutar dela diariamente. O que eu posso reclamar, eu também era assim, na verdade eu era pior.
A Valéria nunca me disse que se identificava com a música, porém toda vez que eu escuto essa música a imagem da minha amiga é a primeira coisa que me vem a cabeça. Nada mais justo que a terceira música do meu caderninho seja Na Sua Estante e a escolhida é a Valéria… a loira.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.