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História We'll See You Later, Baby - Capítulo Único


Escrita por: petitjmin

Capítulo 1 - Capítulo Único


 

   Cheguei em casa e larguei as sacolas na entrada, mexendo em meu bolso para encontrar as chaves. Assim que as achei, destranquei a porta e a abri, para conseguir entrar. 

— Kookie, cheguei! Me ajuda aqui com as compras por favor! — levando tudo para dentro, gritei, na esperança que JungKook saísse e me ajudasse, mas não aconteceu. Assim que terminei, fechei a porta. — Kookie? Onde você 'tá? — será que ele está jogando? Ele nunca me responde quando está com aquele headset. — Jeon Jungkook! — berrei, e só o silêncio. 

Comecei a me preocupar. Eu só queria vê-lo em casa, e bem, não chorando ou desmaiado e sangrando no chão. Desde que Hyuna, sua namorada, morreu, ele tem estado absurdamente triste. Um dos poucos medos que tenho é que ele entre em depressão ou coisa pior. 

   Foi uma perda grande, para mim e muito mais para ele. Um dia, nossos pais foram visitar um casal de amigos do trabalho, e nos levaram junto. Foi quando conhecemos ela e seus dois irmãos. Como nossos pais viviam na casa dos pais deles e vice-versa, acabamos virando melhores amigos. Como os irmãos dela eram mais velhos, ficamos só nós três, que tínhamos mais ou menos a mesma faixa de idade.

Nós fazíamos absolutamente tudo juntos. Brincávamos, assistíamos filmes, íamos a escola. Éramos inseparáveis. Hyuna, quando menor, era diferente das crianças de sua turma. Era um pouco mais gordinha, e acabou sofrendo bullying na escola. Quando ficamos sabendo disso, nós dois surtamos e fizemos um juramento para nós dois e para ela. Afirmamos que iríamos protegê-la a qualquer custo, e isso só fortaleceu mais a nossa união.

Em uma das muitas viagens à negócios de nossos pais, o avião em que os quatro estavam caiu no mar, e nunca foi achada nenhuma parte daquela aeronave até hoje. Todos os passageiros morreram, e depois de algum tempo, os testamentos deles foram achados. Como era pedido em todos eles, ficamos aos cuidados dos irmãos de Hyuna.

Depois do acontecido, ficamos mais amigos e mais próximos ainda. Com o tempo, fomos crescendo, e Jungkook e Hyuna foram criando sentimentos um pelo outro. Quando conseguiram coragem para se declararem, começaram a namorar. Eram o casal perfeito, era impossível não gostar deles. 

Quando arrumei uma namorada, costumávamos sair juntos sempre: Seulgi, que era minha namorada, eu, Jungkook e Hyuna. Saíamos em casal e era a coisa mais divertida. Óbvio que saíamos a sós também, mas nada era mais frequente que sairmos juntos. Quem nos via tão grudados, perguntava como conseguíamos não enjoar uns dos outros.

Há pouco mais de cinco meses, Seulgi e eu terminamos. Fiquei acabado, pois a amava muito, e Hyuna me ajudou bastante, não só ela como JungKook também. Eu fiquei dias sem sair da cama, nem me alimentava direito. Quando eu parei no hospital por isso, os dois não me deixaram mais em paz.

Ficaram comigo, aguentaram minha choradeira, me deram sorvete, saíram comigo, fizeram palhaçadas para me fazer sorrir, assistiram filme de terror, que eu e JungKook adoramos e a Hyuna odeia. Conversaram comigo, não me deixaram sozinho, até que voltei a ser feliz. 

Há exatos dois meses, Hyuna se foi. Eu e JungKook, mas principalmente ele, ficamos muito mal. E o maior problema é que a dor não some, você só se acostuma com ela, e ela somente ameniza com o tempo.

Fugindo um pouco de meus pensamentos, fui para o banheiro e abri a porta. Ele não estava lá.

— Menos mal. — suspirei. Procurei no resto da casa e ele não estava. Subi as escadas e fui para o nosso quarto, parando na frente da porta. Respirei fundo e só pensava que ele tinha que estar ali. Abri a porta do nosso quarto e ele dormia como uma criança. Sorri aliviado e entrei no quarto, peguei a coberta e o cobri, fechei a porta e voltei para a cozinha. 

   Peguei as sacolas, coloquei-as na bancada, e fui guardando tudo na dispensa. Voltei ao quarto e me sentei na cama, JungKook permanecia dormindo, mas não estava tão calmo quanto antes. Começou a suar e se mexer na cama, tentei acordá-lo, mas não consegui. Ele começou a respirar descompassadamente, eu comecei a me desesperar, não fazia ideia do que fazer, de quem chamar. Segurei seus braços com força porque ele se debatia demais, e já estava me deixando louco.

— Me solta! Eu preciso vê-la, me deixe vê-la! — gritou e franziu as sobrancelhas.

— Jungkook, se acalma, sou eu! —gritei, enquanto o sacudia.

— Hyuna, não!  — ele acordou num pulo, seus olhos estavam cheios de lágrimas, e quando viu que eu estava ali, me abraçou e chorou bastante. 

Depois daquele dia, ele acorda de madrugada e fica chorando, abraçado nas próprias pernas, soluçando. Ele ainda se culpa demais pelo o que aconteceu. Então eu acordo, o abraço e só volto a dormir quando ele volta. E isso se repete todas as noites.

—Desculpa hyung, eu só... — suspirou, triste.

— Não precisa se desculpar, eu sei. — fiz carinho em sua cabeça e ele começou a se acalmar. — Eu 'tô aqui, vai ficar tudo bem. 

— Eu só queria que ela voltasse. Minha vida 'tá uma merda sem ela. — brincou com os dedos, de cabeça baixa.

— Como você acha que ela fica quando te vê chorar desse jeito? Eu sei que 'tá sendo difícil, mas tenho certeza que ela quer que você seja feliz. — sorri fraco.

— Só que é difícil ser feliz sem ela. — olhou-me com os pequenos olhinhos brilhando de lágrimas.

— Eu sei que é. — ele deitou em minha perna e fiquei brincando com os fios de seu cabelo até sentir sua respiração desacelerar, e ele voltar a dormir. É bem complicado cuidar do irmão mais novo que teve a primeira decepção no amor. O problema é quando essa decepção é uma tragédia. 

*2 meses atrás*

— Hyung! Sobe aqui, quero sua opinião pra uma coisa! — gritou de seu quarto. 

— 'Tô indo! — subi as escadas e fui para o quarto. Encontrei o JungKook só de calça, com o cabelo molhado, revirando o armário igual um louco. 

— Caralho JungKook, quer fazer um furacão de roupa? — perguntei rindo, pegando uma blusa azul que ele voou para trás. 

— Eu 'tô procurando aquela blusa branca minha. — falou enquanto abria as gavetas.

— Você 'tá brincando comigo? Você tem milhares, qual delas? — perguntei e cruzei os braços, escorando-me no portal. 

— Ha ha ha. Que engraçado você. Dormiu com o bozo? — perguntou, irônico.

— 'Tá se chamando de bozo agora? — respondi e só tive uma camisa comprida qualquer na minha cara,  que foi jogada por ele, o que me fez rir alto. 

— Já achei, seu sem graça. Obrigada pela ajuda. — falou vestindo a blusa.

— Sempre bom colaborar. Se era só isso, 'tô indo. — me virei para sair.

— Espera! Eu preciso da sua opinião. 

— Fala logo! — exclamei, voltando ao lugar onde estava. JungKook começou a se vestir, se calçou e olhou pra mim.

— A roupa 'tá boa? -ele estava com um sobretudo preto, aberto, uma blusa xadrez vermelha e preta, a blusa branca, uma calça preta e um allstar vermelho.

— 'Pra quê? — ergui as sobrancelhas e fui até ele.

— Eu vou sair com a Hyuna, quero saber se tá bom. 

— 'Tá sim, biscoito. — puxei de leve o sobretudo, o ajeitando, e bagunçei seu cabelo. 

— Valeu, minion. — ele disse e saiu correndo escada abaixo e rindo alto, saí disparado atrás dele.

— Jeon Jungkook, volta aqui agora! — ele só ria mais alto. Corri mais rápido e pulei em suas costas, e ele saiu correndo comigo. — Jungkook, me solta, eu vou cair no chão, e se eu me quebrar, você que vai pagar! — gritei, esperneando, e ele me jogou no sofá. Correu pro banheiro e foi secar o cabelo. — Você é ridículo! — a campainha tocou e eu me levantei pra atender. Me ajeitei e me dirigi à porta. Andei e mais um toque. Perto da entrada mais dois.

— Calma que eu já vou, inferno! — gritei, bravo, e ouvi o JungKook rindo do banheiro, ele sabe melhor que ninguém que meu pavio é curto. Curto até demais. 

Abri a porta e vi Hyuna parada, rindo da minha cara.

— Que menino estressado. — disse, divertida.

— Vocês dois são irritantes, se merecem mesmo. Entra aí. — dei a passagem e ela entrou. 

Ela estava com uma calça preta, uma bota de mesma cor e um suéter azul bem claro, com uma blusa branca por baixo, e uma bolsa preta no ombro. Estava linda, para falar a verdade.

— Como você tá bonita, noona. —peguei sua mão e a girei. 

— Valeu, Jiminnie. — disse rindo.

— Tira o olho que ela é minha! — Jungkook gritou de dentro do banheiro.

— Credo, 'pra mim ela é uma irmã. Eu lá vou querer pegar minha irmã? Não curto incesto não. — rebati e ela riu. 

— Cadê o seu irmão? — perguntou, olhando a casa. 

— Seu namoradinho 'tá arrumando o cabelo, ali no banheiro. — apontei para o banheiro social, na parte de baixo da casa.

— Por Deus Jeon, você demora mais que eu 'pra se arrumar. — cruzou os braços, ao meu lado. 

— Esse cabelo maravilhoso não se arruma sozinho não, minha linda noona. — respondeu, indo até ela e a dando um selinho.

— Vão 'pra onde? -perguntei, encostado na parede. 

— Nem eu sei, JungKook não me disse. — respondeu, olhando para ele. 

— Porque é surpresa, oras. Goodbye, hyung. — JungKook se aproximou e me abraçou, e eu retribuí.

— Tchau, Kook. — JungKook me soltou e Hyuna se aproximou.

— Tchau, Jiminnie. — me deu um abraço forte, e novamente eu retribuí. 

— Tchau, Hyuninha. — disse e ela sorriu.

— Ela vai dormir aqui, 'tá? —Jungkook gritou, do lado de fora. 

— 'Tá, só não quero ouvir gemidos. -os dois riram alto e Jungkook deu a mão pra ela, os dois entrelaçaram os dedos e como a porta já estava aberta, eles saíram e eu fechei a porta. Joguei-me no sofá e liguei a TV, achei um filme que me interessou e parei pra ver.

*Jungkook's POV*

— Kookie, pode me dizer agora 'pra onde nós vamos? — perguntou, entrelaçando nossos braços e colocando a cabeça em meu ombro. 

— Só entra. — abri a porta para ela e ela se sentou. Fechei-a e dei a volta, para entrar no carro.

— Me diz vai, eu sou curiosa e você sabe! — reclamou enquanto colocava o cinto.

— 'Tá, você venceu. Preparei um dia no parque de diversões 'pra gente. — confessei, sorrindo, e vi os olhos dela brilharem.

— Eu posso ter um daqueles ursos de pelúcia gigantes? — perguntou dando pulinhos no banco e batendo palmas, ela ama bichos de pelúcia.

— Meu Deus, isso foi muito fofo. — falei e ela corou. — Pode, eu juro que ganho um 'pra você, noona. — sorri.

— Yaaaay! — se aproximou de mim e deu vários beijinhos em minha bochecha, e eu ri da animação dela.

A dei um beijo e coloquei o cinto, dando a partida no carro, e comecei a dirigir. Ela ligou o rádio e começou a tocar a música que escolhemos como nossa, Two Is Better Than One. Aumentamos e começamos a cantar alto, ela olhava pra mim e eu pra ela, estávamos felizes.

Depois que a música acabou, ela abaixou o rádio e nós dois ríamos do que tinha acabado de acontecer. O sinal fechou e eu parei.

— Onde vamos primeiro? — perguntou, curiosa.

— Hmmm, pode ser trem fantasma? — ri porque sabia que ela odiava.

— Ah não Jeon, você sabe que eu tenho medo.  — cruzou os braços, emburrada.

— Você vai sozinha? Não. Então não precisa ter medo, eu estarei lá com você. — lhe dei um beijo na bochecha. 

— Não deixo de ter medo por causa disso. — respondeu baixo, fazendo biquinho.

— Não deixo de querer ir nele por esse motivo. — mostrei a língua pra ela, o que a fez me olhar brava. — 'Tá bom, 'tá bom, montanha-russa então? 

— Aí eu quero. — abriu seu lindo sorriso novamente e eu ri. 

Eu amo essa mulher. 

— Você não existe, sabia? Eu te amo demais. — falei, e dei-a um selinho. 

— Eu também te amo, Jeon. — o sinal abriu e eu dei partida. Estávamos num cruzamento, e um carro veio pelo lado direito, avançando o sinal, e bateu em cheio no nosso carro, abracei a cabeça de Hyuna e o carro começou a capotar. 

— Me desculpa. — pedi e fechei os olhos.

*Jimin's POV*

Estava passando pelos canais, depois que acabou o filme não tinha mais nada decente passando. Comecei a sentir um pressentimento ruim, mas achei que era só por causa do filme que eu tinha acabado de assistir. Assistir filme de terror de noite e sozinho pode não ter sido uma boa ideia. Meu celular começou a tocar e eu me assustei.

Eu odeio a minha vida

Levantei-me e saí correndo, acendendo todas as luzes para achar o aparelho. Era um número que eu não conhecia, eu estava com um medo que não dava pra descrever. 

Cena mais clichê de filme de terror que essa era impossível. 

— Alô? — atendi, com a voz trêmula.

Park Jimin? — era uma voz feminina, arrepiei-me por inteiro.

— Eu mesmo, quem 'tá falando? — perguntei, com medo da resposta. 

O senhor conhece Jeon JungKook e Kim Hyuna, certo? Acharam o seu telefone no casaco do menino. — tudo ao meu redor parou por alguns instantes. 

— O que aconteceu com eles? — meu coração acelerou. Foi aí que percebi que meu pressentimento não era por causa do filme.

Eu sou Yoona, recepcionista do hospital, os dois sofreram um acidente. — eu via tudo girar. Coloquei minha mão na mesa e me segurei para não cair.

— Acidente? — gritei. Eu fiquei sem chão.

Eles sofreram um acidente de carro. O senhor pode vir ao hospital? — ela me disse o endereço e eu disparei procurando minhas chaves. Assim que ela acabou, corri até a porta e a destranquei.

— Claro que posso. Estou a caminho. — desliguei o celular e o guardei no bolso.

   Eu sabia que tinha algo de errado.

 Tranquei a casa e corri até o carro. Entrei rápido e dirigi igual louco. Estava tarde, não haviam muitos carros na rua, o que facilitou bastante a minha vida. Cheguei no hospital e entrei correndo

— Com licença, eu preciso ver Jeon JungKook e Kim Hyuna. Falei com você há alguns minutos, sou Park Jimin. — falei, eufórico.

— Ah, senhor Jimin, posso chamá-lo assim? — sorriu para mim. 

— Pode, claro. — eu realmente não ligava pro que ela perguntava, só queria saber dos dois.

— Vou apenas chamar o médico para ele conversar com o senhor, enquanto faço sua etiqueta. — falou e voltou sua atenção para sua mesa.

— Ok. — ela pegou um telefone e discou algum número que realmente não me importava em saber.

— Doutor Lee Jooheon? Pode comparecer à recepção? — batia meus dedos na mesa da recepção, eu estava nervoso e o médico não aparecia, e ninguém me explicava o que estava acontecendo. 

— Desculpe a demora. — o médico chegou correndo e parou em minha frente. Yoona me deu aquela droga de etiqueta e eu colei na blusa, não estava preocupado com aquela coisa.

— O que aconteceu com o meu irmão e com a namorada dele? — perguntei, agoniado com o fato de ninguém me responder.

Odeio hospitais.

— Venha comigo. — ele me tirou da recepção e foi caminhando comigo pelo corredor, até chegar em seu consultório. 

Abriu a porta e deu passagem para mim. Entrei e sentei, ele fechou a porta e fez o mesmo. 

— Bom, os dois sofreram um acidente de carro. De acordo com as testemunhas, seu irmão tinha acabado de sair do sinal de um cruzamento e um motorista bêbado avançou o sinal da pista da direita e bateu no carro dele. O carro capotou 4 vezes, até parar por causa de um poste. Hyuna está com risco de vida, já que o carro que atingiu os dois veio do lado do passageiro. JungKook está em estado gravíssimo também, mas precisamos de maiores cuidados com ela. — coloquei os cotovelos na mesa dele, as mãos em meu rosto e comecei a chorar. Eles estavam tão felizes mais cedo, e agora ela quase morrendo e ele em estado grave.

— Eles vão ficar bem? — perguntei sem nem mesmo tirar a mão do rosto.

— Não temos certeza, precisamos fazer exames para ver o que foi fraturado, analisar o que precisaremos fazer de cirurgias. O procedimento padrão de qualquer acontecimento desse... — ele foi interrompido pela porta de seu escritório sendo bruscamente aberta.

— Doutor, a vítima do acidente está tendo uma parada cardíaca! — ele se levantou rapidamente e eu fui atrás.

Corremos até a sala de emergências e eu vi a cena que eu menos queria ver naquele momento; os dois em macas, desacordados, nem tiveram tempo de tirá-los dali. Hyuna tinha cortes por todo o seu corpo,  além de um machucado grande e aberto em sua testa, e tinha sangue por todo o seu rosto.

JungKook tinha um corte em seu lábio, tinha um corte na sobrancelha, que deu um fio de sangue passando por seu rosto. Ele estava só com a camisa branca, cuja qual estava cortada, e toda ensanguentada.

Eu nunca tinha visto tanto sangue na minha vida, comecei a ficar tonto. Eu nunca quis ver os dois assim. Comecei a chorar de novo. Eu queria ir até lá, mas a enfermeira me segurava. Eles estavam tentando reanimar Hyuna, mas parecia que ela não respondia a nada que eles faziam. JungKook também começou a ter uma parada, e eu não sabia mais o que estava acontecendo, eu comecei a me desesperar de ver os dois morrendo e eu não poder fazer nada. 

Quatro enfermeiros tiveram que me tirar da sala de emergências praticamente a força, eu me recusava a sair de lá. Quando finalmente me puseram para fora, eu só ajoelhei no chão e chorei. Alguém me levantou com cuidado e me colocou sentado no banco do corredor. A pessoa ficou passando a mão nas minhas costas, também ouvi que ela fungava, parecia que estava chorando. Levantei a cabeça e vi que era Hyunho, irmão da Hyuna. Ele também chorava demais, só nos abraçamos e ficamos ali. 

Depois de algum tempo, eu o soltei e passei a mão no meu rosto, secando as lágrimas, e ele fez o mesmo.

— Você sabe o que aconteceu com os dois? — expliquei tudo e ele pareceu pior do que já estava, mas não parecia triste. Ele estava com raiva, e muita. — Você sabe se pegaram o cara?

— Acho que não, pelo menos o médico não disse nada sobre ele. Realmente, eu só quero saber dos dois. Eles tiveram paradas cardíacas enquanto eu estava lá dentro. Eu só quero que eles fiquem bem — abaixei a cabeça e fiquei brincando com os meus dedos.

— É, eu também. Acabamos virando uma família, desde que nossos pais morreram. Eu nem sei o que vou fazer se eles... — coloquei minha mão em seu ombro, pedindo silenciosamente para ele parar.

— Não precisa dizer, eu já sei. Eles vão sobreviver, precisamos acreditar. Onde está Hyunsuk? — perguntei, com a mão em suas costas.

— Ele não pôde vir, não me disse o motivo. — depois disso, o silêncio percorreu pela sala. Só se ouviam nossas respirações e o barulho das rodinhas das macas indo para lá e para cá. 

Minutos, que mais pareciam horas, se passaram até Jooheon voltar à sala onde esperávamos qualquer notícia. 

— Senhor Jimin? — quando ouvi a voz do médico, me levantei e Hyunho se levantou junto. — O senhor é? 

— Kim Hyunho. Eu sou irmão da Hyuna. —estendeu a mão para ele, que a apertou.

— Ah, bom. Alguém da família dela.— suspirou. 

— Doutor, pode dizer como eles estão, por favor? — comecei a ficar impaciente. 

— Então, JungKook e Hyuna acabaram tendo uma parada cardíaca, caso o senhor não saiba. — disse se referindo ao Hyunho. — Bom, conseguimos reanimar JungKook, mas não conseguimos o mesmo com Hyuna, eu sinto muito. — Hyunho caiu de joelhos no chão. Abaixei-me e abracei-o, nós choramos compulsivamente, Hyunho soluçava e aquilo só me deixava com um nó na garganta maior do que já estava. Hyunho se soltou de mim e se levantou.

— Isso é tudo culpa do seu irmão! — gritou, e eu o olhei incrédulo.

— Ah, você 'tá falando sério? Ao menos prestou atenção no que eu te disse? Um carro bateu neles, onde a culpa do Jungkook entra nisso?  — gritei de volta.

Não acredito que ele está culpando o meu irmão por isso.

Ele se aproximou de mim, não deixando quase nenhum espaço entre nós e colocou seu dedo indicador em meu peito.

— Se o seu irmão não tivesse inventado de sair com ela, nem precisaríamos estar aqui, e ela estaria viva! — gritou mais alto e Jooheon entrou no meio de nós dois, separando a briga.

— Meninos, primeiro de tudo, estamos em um hospital, parem de gritar! Em segundo, o senhor ficar gritando com ele não irá trazer sua irmã de volta. O garoto não teve culpa. Se outra pessoa não teve a responsabilidade que deveria, então por que o menino é culpado? — Hyunho simplesmente saiu dali e foi embora, ainda chorando. Eu tentei ir atrás dele, mas Jooheon não deixou. — Deixe-o, agora está sendo um momento difícil pra ele.

— Com todo o respeito doutor, 'pra mim também está sendo. — bufei. 

— Ele está muito alterado, só um instante. — ele foi para a entrada do hospital e depois voltou. — Ele está sentado nos bancos do lado de fora. Está tomando um ar, tenho certeza que depois ele voltará. E você também não gostaria de ver seu irmão? Limpamos-o e o pusemos no CTI. Não está em horário de visita, mas eu vou dar um jeito. — sorriu fraco. 

— Sim, eu preciso vê-lo. Ele 'tá acordado? — perguntei, respirando fundo.

— Ainda não. -suspirou.

— 'Tá, eu só preciso ver se ele 'tá bem. — limpei minhas lágrimas e respirei fundo mais uma vez.

— Vamos? — assenti e fomos andando num completo silêncio até onde estava JungKook. 

Ele realmente estava muito melhor do que quando o vi. Tirei uma mecha de seu cabelo que estava em seu rosto e o observei. Ele estava com um curativo em sua testa, seu lábio ainda estava com aquele corte, e só consegui ver naquele momento o tamanho dele. Imagino que quando acordar, irá doer bastante. Mas não importa, quando ele souber, essa dor física realmente não vai fazer diferença. Peguei um banco que tinha ali e me sentei.

— Ah JungKook, você gosta de me ver insano né? Quase me mata de susto. — inclinei-me e coloquei a cabeça sobre sua cama, percebi que tinha falado besteira. — Eu realmente não quero ser a pessoa que vai te dar a notícia. — fitei a bolsa de seu soro e fiquei olhando o mesmo pingando no acesso que estava em JungKook. — Não vou aguentar ver sua reação, queria que você não tivesse que saber. Vai doer tanto, mais do que está doendo em mim. Você a amava tanto, que droga. Por que essas coisas tem que acontecer? Fazer um amor e uma vida acabarem assim não deveria ser permitido. — Jooheon colocou a mão em meu ombro e eu ergui a cabeça, olhando para ele. Sabia que não podia ficar mais ali. Levantei-me e coloquei o banco no lugar. Aproximei-me de JungKook e beijei sua testa. Jooheon recuou, deixando-me passar. Fui andando e uma lágrima caiu. Sequei-a rápido antes que as outras decidissem cair também. 

Enquanto cruzava o corredor, cujo qual não tinha reparado que era tão grande por causa do desespero de chegar logo no final, que era onde JungKook se encontrava, fui olhando as outras pessoas que estavam ali. Umas acordadas, conversando com enfermeiros, outros dormindo, e os enfermeiros trocando seus medicamentos. Fico imaginando o que aconteceu com essas pessoas até elas chegarem aqui. Se foi acidente, agressão, mal-estar, ou qualquer outro motivo que as trouxe.

É incrível como você vê algumas coisas, como assaltos, acidentes de carro, pessoas inocentes baleadas, sequestros e várias outras coisas nos noticiários e pensa que isso nunca vai acontecer com você. Para alguns, realmente não acontece, mas a realidade não é a mesma para todos. Você nunca imagina que teria alguém tão próximo de si sofrendo qualquer uma daquelas coisas, muito menos imagina que esse alguém, ou outro que estivesse com ele, morreria por isso. Talvez esse caso seja mais um daqueles que outras pessoas irão ver e achar que as pessoas envolvidas tiveram azar. Azar de estarem no lugar errado, na hora errada. Não é azar, nem passa perto de ser. Má sorte não é justificativa para tudo de ruim que acontece, para pouquíssimos casos pode até ser, mas a maioria deles não é. 

Me desvencilhei dos meus pensamentos e saí do CTI, despedindo-me do médico. Fui para o lado de fora, Hyunho ainda estava ali. Sentei-me do lado dele e fiquei observando o céu, igual a ele.

-Me desculpa. Eu estava de cabeça quente. Eu perdi meus pais, e agora a minha irmã. A culpa não é do JungKook, nem nunca será. Ele é vítima tanto quanto, e eu simplesmente comecei a gritar como se a culpa fosse sua e jogando várias coisas em você quando devia estar junto com você. Tenho a absoluta certeza que tá sendo difícil pra você também. 

— Não precisa se desculpar, eu também explodiria se o mesmo tivesse acontecido com o JungKook. Eu sei que 'pra você 'tá sendo muito pior do que 'pra mim. Eu gostava muito da Hyuna, ela era a minha melhor amiga, mas ela era sua irmã, era da sua família, é óbvio que você vai sentir a morte dela muito mais que eu. -e o silêncio se instalou novamente por alguns minutos.

— Você viu o Jungkook? — perguntoi, tentando amenizar o clima.

— Vi. Mesmo sendo umas 3 da manhã agora, o médico deu um jeito e me deixou entrar. — recostei-me no banco.

— Contou 'pra ele? — virou-se para mim.

— Não, ele 'tava dormindo. Caramba, eu realmente não quero ver a reação dele quando eu contar isso.

— Você tem que fazer isso. -falou, colocando a mão em minha perna.

— Não disse que não ia, só não queria ser a pessoa que dirá isso pra ele. Vai doer nele muito mais do que 'tá doendo em mim. Ele vai se culpar pra sempre, eu conheço o meu irmão. — e mais uma vez, silêncio. — E o Hyunsuk?

— Falei pra ele vir pra cá, não queria ser insensível e contar uma coisa dessas por telefone. — respondeu, recostando no banco também.

— Ele tá vindo? —  perguntei, o encarando.

— Disse que deu um jeito e que tava vindo. — silêncio constrangedor novamente. 

— Com licença, Hyunho? — abaixamos a cabeça e vimos que era Jooheon. — Desculpa incomodar, mas alguém da família de Hyuna precisa reconhecer o corpo. Procedimentos médicos.

— 'Tá, eu vou. Jimin, fica aqui e espera o Hyunsuk chegar? — perguntou, levantando-se.

— Ok. — ele entrou acompanhado de Jooheon e eu fiquei ali fora, sozinho, mais uma vez, eu e meus pensamentos.

*Atualmente*

JungKook literalmente quase morreu quando contei que Hyuna havia partido. Sua pressão subiu e ele começou a gritar que não era possível, que queria vê-la. Ficou internado naquele maldito hospital quase dois meses por causa disso. Não aguentava mais ver as mesmas pessoas, pelo menos saímos dali com o Jooheon de amigo.

   E aquele hospital era uma praga. Um dia saí do quarto pra pegar um café pra mim e uma enfermeira foi dar os comprimidos do JungKook e o beijou. Quando entrei no quarto, só vi ela já o beijando e segundos depois JungKook a empurrou e ela caiu no chão. Ela olhou pra mim com um sorriso malicioso, mordendo os lábios, e só faltou eu jogar aquela vadia pela janela do quarto do JungKook. Imediatamente contei para Jooheon e no dia seguinte ela tinha sumido. Quase matei aquela desgraçada.

   Voltamos para casa tem pouco tempo e eu tenho tentado ao máximo fazer o JungKook ser feliz, mas nada tem funcionado.

Levantei-me cuidadosamente e cobri JungKook. Deitei em minha cama e fiquei olhando para ele, tenho pena dele. Eles namoravam à seis anos, ele planejava pedir ela em casamento no parque, e a história deles acabou assim, de um jeito tão trágico. Perdido em meus pensamentos, acabei pegando no sono. 

*Narradora's POV*

Alguns minutos depois de Jimin dormir, Jungkook voltou a acordar. Estava com fome. Saiu cuidadosamente do quarto e fechou a porta, desceu as escadas e foi a procura de comida. Fez um sanduíche e sentou no sofá, ligou a TV e foi assistir qualquer coisa que fosse interessante pra ele.

Viu que passava Bob Esponja e parou para assistir. Lá em cima, Jimin acorda sentindo um mal estar absurdo. Se sente enjoado, tonto, tenta levantar da cama mas mal se aguenta em pé, caiu e acabou fazendo mais barulho do que desejava. JungKook acabou escutando e subiu para ver o que estava acontecendo. 

Abriu a porta do quarto e encontrou Jimin no chão, e correu até ele, completamente assustado.

— Jimin! O que aconteceu? — ele queria dizer o que sentia, mas nada saía de sua boca. Ele respirava fundo e expirava pesado, como se estivesse sufocando, e talvez ele estivesse. —  Jimin, meu Deus, eu preciso te levar 'pro hospital! — ergueu o mais baixo passando um braço por suas costas e outro por suas pernas e correu com ele escada abaixo, pegando as chaves do carro e correndo até o mesmo. 

Abriu a porta e colocou Jimin sentado. Enquanto JungKook voltava e trancava a porta, Jimin tentava puxar ar de onde não existia para conseguir respirar. Começou a ficar mais tonto do que já estava. JungKook entrou no carro e começou a dirigir rapidamente em direção ao hospital. 

Mesmo desesperado, ainda respeitava a sinalização. Uma pena que outros não respeitem. O sinal abriu para ele, e um filme passou na cabeça de JungKook, ele sabia que ia acontecer. E agora.

— Te veremos em breve, meu amor. -Um carro desgovernado veio na contra-mão, batendo de frente no carro dos dois. O motorista? O mesmo. Bêbado, novamente. Porém, desta vez, nenhum dos dois sobreviveu para sofrer pelo outro. 

JungKook agora pode ser feliz com Hyuna. Jimin também será feliz, segurando a vela que sempre segurou, porém feliz por eles três poderem ficar juntos para sempre, e por ver JungKook ser feliz novamente, ao lado do amor da sua vida, e, agora, da sua morte.


Notas Finais


Por favor, não me matem, essa one shot surgiu de um desejo que veio de sei lá onde de escrever uma história tragica, e isso saiu. Espero que tenham chorado com essa one shot, afinal, to aqui pra isso ckdmdkdmdmd ♡


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