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História Wellust - Muziektent.


Escrita por: Jeleninhaz

Capítulo 12 - Muziektent.


Fanfic / Fanfiction Wellust - Muziektent.

Coreto. 

Selena Gomez's point of view. 

 

- Passar um dia inteiro no parque? Não sei. - hesita, escorando o braço no batente da porta. 

- Por que não? Nós dois sabemos que você precisa relaxar, conhecer lugares novos. Esta cidade é maravilhosa, merece ser explorada como tal. - tento convencê-lo, deixando de lado por enquanto o que temos. - E será só meio período.

- Tenho que arrumar um emprego digno. Minhas horas do dia são dedicadas a isso, e, agora, tem a faculdade... 

- Você faz faculdade no horário da tarde, não te custa nada tirar um dia de lazer. 

- Lazer? Ontem eu falei com a minha mãe por telefone pela primeira vez em muitos dias. Precisei mentir, porque seria um desgosto para ela saber que o único filho que tem vende o corpo por uns trocados. Por enquanto, esta é a única mudança que quero fazer. Pretendo ficar nesta cidade até a faculdade chegar ao fim. Talvez possa conseguir um estágio em algum lugar conceituado, terei muito tempo para conhecer os pontos turísticos. Preciso dar atenção ao que é mais importante.

É impressionante como ele é parecido comigo aos dezoito anos. Céus! As pessoas tinham razão em me chamar de careta na época. 

- Você falou algo semelhante ao que eu falaria aos dezoito anos se me chamassem para sair: "preciso dar atenção ao que é mais importante". Eu cheguei à Amsterdã não muito diferente de você, sozinha, trabalhando duro para pagar as contas e sem vontade alguma de sair. Hoje em dia, eu percebo que desperdicei muitas chances de me divertir quando era a hora. Talvez seja até por isso que levo tão a sério essa coisa de viver a vida com adrenalina. Só metade de um dia Justin, não vai te custar nada. Podemos passar horas incríveis na companhia um do outro. 

- Por que está tentando me convencer? Eu sou só um passatempo para você, esta preocupação não é necessária. 

- Eu sei que não. - suspiro irritada, eu não era de insistir e até nisso ele interferiu. - Mas, acredite, se fosse algo que eu pudesse mudar, já teria parado de me preocupar com você um pouquinho que fosse há tempos. Então, vamos deixar de lado o nosso relacionamento aberto por metade de um dia? 

- Como amigos? 

- Como amigos. 

 

[...] 

 

Um dia depois. 

09h45min AM. Vondelpark, Amsterdã. 

Como ficou combinado, na manhã seguinte, eu vou até o apartamento de Justin bem cedo. 

Não costumo acordar nestes horários em dia de folga, mas eu queria aproveitar bem o momento ensolarado. E Justin deixou claro que não passaríamos do meio dia, pois seu horário de faculdade começa às 13h00min. 

Olho para os lados, enquanto passamos pelos portões do parque. Meus óculos escuros, cabelos amarrados e roupas básicas disfarçam bem minha presença entre as pessoas. 

Tudo que menos quero é responder perguntas constrangedoras feitas por alguns curiosos. 

- Por que está olhando tanto para os lados? - Justin pergunta, entrelaçando nossos dedos. 

- Preciso estar atenta aos paparazzis obcecados por um furo, ou até mesmo às pessoas que amam fotografar alguém conhecido discretamente. 

- Entendo, você não quer ser vista comigo. - tiro os óculos escuros, virando-me para ele rapidamente. 

- Não é nada disso, Justin. Nestes cinco anos trabalhando na revista, o meu nome nunca foi envolvido em escândalos e fofocas. Não posso ariscar. Faço isto por você também. 

- Por mim? 

- Se nos fotografarem juntos e descobrirem seu nome, endereço e até que trabalha no Red Light, a sua vida pode virar um inferno. - explico calmamente. - Eu não tenho vergonha de ser vista com você, se é isso que está pensando. 

- Não mesmo? 

- Não, você é lindo. Só não quero ter a minha privacidade invadida e suponho que você também não queira perder a sua. 

Depois disso, não comentamos mais sobre esse assunto.

 Aos poucos, Justin foi se soltando e ficando mais animado.

 Como já vim até aqui mais vezes do que posso contar, não é difícil que façamos uma caminhada pela área mais movimentada do parque.

 Antigamente, ele era o ponto para minhas caminhadas matinais, mas, cansada de me deslocar todos os dias, cheguei a conclusão de que comprar uma esteira seria mais lucrativo. 

Jogo minha mochila dentro da pequena canoa e me sento, esperando Justin repetir o movimento. Ele parece tenso, denunciando que nunca fez um passeio de barco antes, o que é estranho para alguém que veio do interior. 

Por ser o início da primavera, as flores caem em grande quantidade. Pétalas roxas enchem a pequena embarcação e se infiltram entre nossas roupas. 

- Esta é a parte chata, por isso não venho muito aqui nessa época do ano. 

- Eu gostei. É muito calmo, e a paisagem é linda. - ele fala, pegando os dois remos. Simulo os movimentos necessários para sairmos do lugar, e, logo, flutuamos pelo extenso rio que há entre o Vondelpark. Olho para a cidade durante o caminho, percebendo que é possível vê-la mesmo de longe. 

É uma vista maravilhosa. Por esta razão entre outras inúmeras, eu não trocaria Amsterdã por nenhum outro lugar no mundo todo. 

- É linda, não acha? 

- Sim, muito linda. - seus olhos caramelados encaram todos os cantos ao nosso redor com admiração. 

- Então, você pretende voltar algum dia? - ele volta o olhar para meu rosto, agora confuso. - Voltar para o lugar de onde veio. 

- Não, quando eu fui embora prometi que não voltaria. Quero ser livre. Talvez eu vá a outra cidade depois de me formar, ainda não pensei muito nisso. 

- Gostou da recepção que teve durante esses dias? - pergunto, referindo-me à sua estadia na universidade. 

- Muito, eu sabia que seria assim. Afinal, nós, holandeses, somos mais conhecidos pela simpatia. 

- Sou simpática e não sou uma holandesa. 

- Não é? - seus lábios se afastam um do outro, demonstrando o espanto causado por minha confissão. - Então, de que lugar você veio? 

- Boston. Eu te disse que cheguei à Amsterdã aos dezoito anos e não me referia a vir de outro lugar da Holanda. 

- Reparando bem, você não tem o sotaque holandês. 

Ficamos em completo silêncio, escutando o barulho da água bonita e cristalina chacoalhar por onde a canoa passava. Um tempo depois, vejo-o pousar os remos dentro do pequeno barco de madeira. Nós paramos o caminho pelo rio no mesmo minuto. 

- Por que parou? Seus braços estão cansados? Eu posso... 

- Tive uma ideia. - profere, equilibrando-se de pé. 

Ele retira os sapatos e meias, arremessando o corpo para fora da canoa em direção à água. 

Seu corpo volta logo à superfície. Justin pode ser comparado a uma criança entrando em uma loja de brinquedos. Perplexa com a cena que vejo, pego os remos e, com dificuldade, guio a canoa para um túnel mútuo que nos cobre levando o céu azul para fora de nossas vistas. 

Justin me segue rápido, suas mãos seguram na lateral do barco, quando ele me alcança. 

- Ficou maluco? Você não pode simplesmente entrar na água. Estamos em uma propriedade privada, se nos pegarem nessa situação, eu terei que pagar uma multa enorme. 

- É só um mergulho. Está calor e eu não pude resistir. 

- Justin, você está me deixando envergonhada. - falo, vigiando o final do túnel e temendo que alguém apareça. 

- Envergonhada? Você? - Sua risada escapa genuinamente, mesmo muito irritada não posso deixar de notar que seu riso é natural e gostoso de ouvir. 

- Falo sério. Entre na canoa. Voltaremos ao parque. 

- Não mesmo, isso aqui é maravilhoso. 

- Justin, olhe só as suas roupas. O banco do meu carro ficará ensopado. - cubro a testa com uma mão, desejando muito usá-la para socar o seu rosto sem defeitos. - Foi uma péssima ideia esse passeio.

 Poderíamos estar em meio a um orgasmo agora. 

- Deixe de ser boba e venha. 

Em poucos segundos, percebo a água gelada entrar em contato com minha pele outrora aquecida. As roupas básicas que uso grudam em meu corpo, mudando para uma coloração mais escura. 

Não privo o grito agudo de escapar, indicando meu choque pela queda de temperatura. 

- Qual é o seu problema? - meus dentes trincam um no outro por conta do frio, ainda que seja um dia de sol. 

- Você me trouxe aqui para nos divertirmos, eu me divirto assim.

Sem mais como protestar, equilibro-me no barco de madeira bambeando sobre as águas e atiro-me no rio.

 Assim que o meu rosto retorna a superfície, olho para os lados inquietamente. A maior dúvida é se a tremedeira que me dá é pelo medo de ser pega ou o frio descomunal. 

- E se alguém passar por aqui? 

- Não é você quem gosta de correr riscos? 

Preparo-me para retrucar, e, percebendo que iniciaremos uma discussão boba em influência de algo sem significado, Justin me cala com o nosso primeiro beijo do dia. 

Meus dedos se arrastam por seus cabelos molhados, conforme partilhamos dos gostos um do outro. 

Pode ser loucura estarmos assim em pleno rio de um parque, podendo sermos pegos por um casal em outra canoa ou até um guarda. 

No entanto, a questão é que, ele está certo, eu gosto de correr riscos. 

 

[...] 

 

- Somos loucos. - resmungo, com um sorriso estranhamente alegre bordando meus lábios. 

Passamos pouco tempo usufruindo da água do rio. Ela foi ficando mais fria, e nosso tempo estava se esgotando. 

Voltamos para terra firme com as roupas úmidas. Justin me tranquilizou, dizendo que elas secariam com o calor do sol e que ao menos eu não estava usando meias molhadas.

Isso porque meu par de sapatilhas secou rapidinho. 

- Loucos, por quê? Foi só um beijo. 

- Você tem razão. E mesmo que fôssemos pegos, Amsterdã é conhecida pelas paisagens românticas e pontos turísticos para casais apaixonados. O que nós não somos, mas não nos impede de usar isso como desculpa. 

- É, nós não somos. 

Caminhamos sem rumo e em silêncio. Uma quietude que só cessa quando sinto meu corpo ser puxado com rapidez, contudo, não rudemente. 

As coisas passam pelos meus olhos como borrões quase inexistentes devido à velocidade alta que corremos. 

- Vamos dar uma volta? - interroga-me, no momento em que paramos os passos, encarando uma fileira de bicicletas para alugar em frente a uma lojinha qualquer. 

- São quase onze horas. - informo, checando o relógio de pulso. - Podemos ir até o coreto. Depois almoçamos rápido. Porque até darmos uma volta, já será meio dia. - lembro-me de que enchi nossas mochilas com comida no caminho para o parque. 

Sendo assim, alugamos as bicicletas por uma hora, já deixando o pagamento adiantado. 

Achei legal que Justin fizera questão de pagar pela dele. O caminho até o coreto é longo, minhas pernas quase travam diversas vezes, entretanto aguento bem não conseguindo parar. Meu instinto competitivo toma conta parte da corrida, o que é inútil, pois Justin parece não cansar nunca. 

Não é surpresa alguma ele chegar primeiro. 

- É lindo. - declara, encantado com a beleza do lugar. 

- Este coreto não tem nada de especial. Só é um local muito disputado pelos casais, principalmente os turistas. - digo, saltando da bicicleta. 

Aqui na Holanda é costume dos noivos irem uns dias antes do casamento para um lugar que achem bonito e tirarem uma porção de fotos. É detestável vir aqui em dias assim e servir como fotógrafa por educação, caso me peçam.

Sentamos nas escadas, pegando as embalagens de comida como dois esfomeados. 

- Então, quer falar sobre você? - ele pergunta, devorando um sanduíche. 

- Não tenho muito o que falar, sou uma mulher livre e independente. Você, sim, deve possuir ótimas histórias para contar. - insinuo, procurando não transparecer a curiosidade absurda que sinto por ele. 

- Tenho problemas com o meu pai, desde que me lembro. - ele fala, desta vez num tom tão baixo que quase não consigo escutar. Sinto-me invadindo sua privacidade por querer saber sobre algo mais pessoal do que eu imaginei que fosse. - Ele queria que eu cuidasse da fazenda e passasse a vida toda naquele lugar. Sempre me tratou diferente das minhas irmãs, deu-me mais responsabilidades e foi mais duro. Eu nunca me enxerguei em um lugar tão pequeno, tinha vontade de conhecer o mundo. Viver em uma cidade grande, e objetos antigos me encantam desde a época do colégio. Logo, eu decidi que queria me especializar nisso. Fazer uma faculdade que me fizesse passar a vida lidando com artefatos do passado. Amsterdã já era uma cidade que despertava a minha curiosidade, e, quando os diretores da universidade resolveram anunciar propagandas na TV procurando atrair estudantes, eu soube qual era o caminho mais certo a seguir. Minha mãe era muito submissa e não tinha coragem de intervir nas minhas discussões com meu pai. E as coisas foram assim por muito tempo. O que me prendeu lá, depois que fiz dezoito anos foi a minha prima e... namorada. 

- Uma prima? 

- Mia achava errado o jeito que o meu pai me tratava e demonstrava gostar um pouco de mim. Nos dias em que eu sumia durante a manhã, sempre estava com ela. Crescemos juntos e, aí, nós nos apaixonamos. 

- E como você continuou virgem por tanto tempo mesmo tendo uma namorada? Desculpe-me, eu... 

- Não, tudo bem. Eu resisti durante todo o nosso namoro, porque queria que fosse especial. Um momento único para nós dois. Tomei coragem para ir embora de repente e pretendia levá-la comigo. Minha mãe sabia de tudo, apoiou-me e até deu algum dinheiro para que eu pudesse me virar nos primeiros dias. 

- O que aconteceu com ela? 

- Ela não teve coragem de deixar tudo para ir atrás do desconhecido... mas, já superei isso. Não era para ser.

 Hoje eu só quero que minha família tenha orgulho de mim, quero provar que tenho capacidade para ir longe, mesmo não tendo muitas pessoas ao meu lado. 

- Eu estou do seu lado. - cubro sua mão com a minha. - Eu sei como é ter muitas pessoas dizendo que você não conseguirá, quando tudo que você mais quer é escutar que dará certo. E, pode dar, sim. Eu sou a prova disso. 

- Você é incrível. - ele sussurra, fitando meus olhos escuros. 

E novamente, nossos lábios se perdem um no outro. Desta vez, sem afobação, pressa e desejo envolvidos. 

Somos só nós dois, como um casal comum, trocando um beijo em um dia de sol, sentados nas escadas de um coreto.


Notas Finais


Super fofinho esse capítulo, assim espero 💜
Aproveitem bem esses momentos mais delicadinhos, pois tudo que é bom dura pouco *cara de lua*.
Postei uma nova fic Jeleninha, apareçam por lá: https://spiritfanfics.com/historia/cleptomaniaca-7776068
Até semana que vem;*
Ops: já somos 300 <3


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