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História We're Back Pitches - Welcome To The Jungle


Escrita por: Nico-ya

Notas do Autor


Já estou de volta com o segundo capítulo e espero que para a alegria de vocês!!! \o/ E não liguem, mas eu não sou muito boa com títulos :v

Capítulo 2 - Welcome To The Jungle


Fanfic / Fanfiction We're Back Pitches - Welcome To The Jungle

Era engraçado como a vida poderia mudar tanto em um intervalo relativamente curto de tempo. Há quatro anos atrás, que mais pareciam como ontem, Beca estava discutindo com seu pai se era realmente necessário entrar na faculdade, mas ele a convenceu com um pouco de chantagem a oferecendo um escape rápido se ela realmente não gostasse da experiência mesmo após ter dado uma chance a Barden. E Beca pensou que seria simples, ela poderia facilmente sobreviver um ano fingindo estar entrosada com o lance todo e depois finalmente arrumar as malas e ir para Los Angeles.

Ela estava errada.

Completamente errada.

Teria sido simples de fato, se uma ruiva não houvesse cruzado o seu caminho e escancarado um panfleto de um grupo a cappella em seu rosto. Ela nem sabia que isso era algo que as pessoas se propunham a fazer de verdade, mas aquela garota parecia sinceramente amar a cappella, se seus olhos azuis vívidos brilhando enquanto a pedia para tornar seus sonhos em realidade eram algum indicativo disso. Era de certa forma inspirador, mas nunca que Beca faria parte de algo assim.

Ela estava errada.

Completamente errada.

De novo.

E não demorou muito para perceber seu erro quando a dita ruiva invadiu seu chuveiro e a fez cantar “Titatium” com ela. Beca nunca admitiria isso, mas naquele momento viu um lado totalmente novo no que dizia respeito a música e diversas outras coisas. Ela sempre foi capaz de mixar diferentes sons e obter harmonias perfeitas deles com seus equipamentos, mas nunca pensou em alcançar resultado similar com apenas duas vozes e nada mais. Foi impressionante e mais ainda como Chloe Beale havia arrancado todas as certezas que tinha até então em somente dois encontros. Chloe era capaz disso, ela conseguia transmitir a sua paixão pelas coisas que ama através do olhar e de seu sorriso, ambos contagiantes demais para serem simplesmente ignorados ou recusados e que te levavam a tomar decisões estúpidas se não tivesse cuidado e se perdesse neles.

Era engraçado como a vida poderia mudar tanto com tão pouco. Foi só isso que precisou: dois encontros (e olhos azuis cintilantes). Dois encontros (e um sorriso motivador) e Beca fez o impensável para ela e se juntou a um grupo a cappella. Fez isso exclusivamente pela música (e por causa do ultimato de seu pai)... E talvez por ter ficado realmente tocada com toda a confiança que Chloe parecia depositar nela. Ninguém nunca ficou genuinamente interessado em seu talento antes, nem mesmo seu pai a deu tanto suporte, então devido a isso, ela poderia tentar colocar seu sarcasmo e orgulho de lado por algum tempo e dar uma chance a esse clube, pelo menos para não decepcionar Chloe.

Com isso, acidentalmente começou a amar fazer música com nada além da boca (ela irá negar até a morte que essa sentença sequer cruzou sua cabeça), acidentalmente começou a se importar com o seu grupo de nerds incríveis e principalmente, começou a acidentalmente derrubar as paredes que a envolviam, pois no fundo sabia que poderia confiar naquelas garotas qualquer coisa. Apesar dessa conclusão só ter chegado a ela após a única discussão – e esperava que fosse a última, não gostaria de ser a responsável pela dor no olhar da ruiva nunca mais – com Chloe sobre seu estágio na gravadora.

Olhando para trás, Beca notava que havia sido uma idiota por não tê-la contado antes, mas ela possuía essa mania... essa mania de correr para o caminho mais fácil e cômodo. Não gostava de confrontos, por mais que sua atitude e aparência de rebelde sem causa, insistissem em gritar o contrário.

Ela poderia ter convencido a si mesma que Chloe estava tão obcecada pelo Mundial que surtaria ao saber que estava focada em outra coisa, mas a verdade é que ela estava simplesmente com medo de colocar tudo a perder. Medo de não servir para ser produtora de música e se mostrar indigna da confiança da única pessoa que sempre acreditou em sua capacidade.

Mas tudo bem quando tudo termina bem.

As Bellas ganharam o Mundial, ela e Emily fizeram um excelente trabalho com “Flashlight”, o que a garantiu uma posição fixa como funcionária na gravadora. Agora Beca não era mais apenas uma preparadora de cafés e entregadora de burritos sem nome. Todos a conheciam e outros novatos eram responsáveis por entregá-la café e burrito.

Ela não poderia estar mais feliz com o rumo que tudo tomou, seu sonho de pagar as próprias contas trabalhando com música estava sendo realizado e embora ela não estivesse em LA, não existia outro lugar que gostaria de estar senão em Atlanta, onde a maioria das pessoas que a importavam estavam.

Tudo estava perfeito.

- Ah, ei, Beca! – A cumprimentaram em seu caminho para seu escritório. Sim, agora ela tinha até um escritório.

Beca respondeu com um reservado aceno, enquanto outra colega a estendeu um café. Aparentemente ela não havia se tornado uma perita em interações sociais mesmo depois de um ano trabalhando ali.

- Oh, obrigada. – Disse rapidamente aceitando o copo e já estava pronta para seguir seu caminho quando outro colega a entregou um burrito.

- Ei, Beca! O chefe quer falar com você. – A última sentença saindo com menos animação que a primeira.

Ou quase perfeito.

Beca não estava preparada psicologicamente para encarar seu chefe tão cedo, ela havia acabado de chegar e as conversas entre eles sempre eram desgastantes e cheias de exigências, exigências essas que ela tinha que se matar para cumprir à altura. Agradeceu com um pequeno sorriso a informação e redirecionou seu andar, tendo certeza em deixar seu café e burrito para trás em algum lugar antes de parar a porta do escritório dele.

Pelas janelas de vidro podia notar que ele estava tendo uma conversa acalorada com alguém no telefone (apesar que, devido a personalidade dele, podia jurar que qualquer conversa era assim). Por um momento ela hesitou, mas seu olhar foi capturado e ele gesticulou para que entrasse.

- Sim, sim, isso é brilhante. Nós podemos usar CGI* para os animais... Quê? Amazônia!? Você não prefere um zoológico? Certo, o que eu estava pensando... Ok, eu vou ver o que nós podemos fazer... Nada, tudo o que você quiser. – Se despediu, desligando o telefone, suspirando e visivelmente estressado.

Beca apenas aguardou, parada estranhamente na frente da porta.

- Katy Perry... Ela quer um clipe exótico. Eu digo: “vamos colocar alguns efeitos!” E ela diz: Que tal a Amazônia!?”. Eu digo: “Por que não um zoológico?” e ela diz: “Onde diabos estaria a graça nisso!?”- Pausou, levando as mãos ao rosto, o esfregando repetidamente para aliviar o estresse. – Artistas. Tudo tem que ser grandioso! Então, o que você quer?

Beca parou por um instante para refletir sobre a pergunta e sobre o fato de ser Katy Perry do outro lado da linha há minutos. Estar em contato com tantos artistas era algo que ainda não estava muito acostumada. Não que ela estivesse em contato com eles, mas vocês pegaram a ideia.

- Ahn... nada. Me falaram que você queria falar comigo... – Falou, confusa, gesticulando para a porta de onde veio como se pudesse mostrar a pessoa que havia a levado até ali. Suas mãos sentiam essa necessidade de se mexerem muito quando estava nervosa e isso a irritava, principalmente porque não conseguia evitar.

- Oh, é verdade. Sente-se. – Realização finalmente aparecendo em seu rosto. Apontou para a cadeira a frente de sua mesa, da qual Beca rapidamente preencheu. - Então, Flashlight foi um grande sucesso, certo? Você fez um bom trabalho com aquela música e algumas pessoas ficaram realmente interessadas no seu potencial.

Beca apenas concordava acenando com a cabeça, uma vez que ela não fazia ideia onde essa conversa estaria a levando.

- E por algumas pessoas, eu quero dizer: Jessie J... – Disse casualmente, como se não fosse alguém extremamente famosa.

- Espera, A Jessie J!? – Beca não pôde conter o sorriso de incredulidade que se espalhou por seu rosto, mas de algum jeito se impediu de entrar no modo “fangirl” na frente de seu chefe, o que seria totalmente inapropriado... e vergonhoso.

- Creio que só exista uma. Enfim... – Ele evidentemente não ficara contente com a interrupção para a constatação do óbvio. – Jessie J ficou realmente interessada e quer colocar Flashlight no seu novo álbum e por isso ela gostaria de trabalhar com a produtora dessa música... no caso você. – Beca não conseguia acreditar no que estava ouvindo, pensava que era algum daqueles momentos no sonho quando chegavam a melhor parte e você simplesmente acorda para descobrir que nada foi real. Esperava acordar a qualquer momento, mas ele apenas continuou falando.

- Mas ela pediu uma demo sua, para ver se os seus estilos batem. Não dá para ver isso com uma música só. E você vê, Reggie? Esse é exatamente o problema... você não tem uma demo! – E foi esse o momento em que ela acordou do sonho e foi atirada direto para os braços, ou mais precisamente, para os punhos da realidade. – Então eis o que eu quero que você faça: eu quero uma demo com pelo menos 12 músicas boas, você tem uma agora. Olha... você já me provou que é mais do que uma DJ. Você realmente é, seu talento já sobressaiu por aqui, mas essa música? Essa música só saiu com ajuda. Você não nos mostrou ainda sua verdadeira identidade como artista, nos mostrou de outra pessoa. Quem mesmo? Elizabeth? Emma? – Estalou os dedos, tentando ativar a memória.

- Emily.

- É, isso! – Apontou para Beca triunfante, como se a garota tivesse dito exatamente o que estava pensando, o que não era o caso. Todos os nomes que pensara não eram em nada próximos a “Emily”. - Você tem que ser capaz de apresentar suas próprias coisas se quiser sobreviver nessa selva. Você acha que consegue lidar com isso?

- Ahn... claro, total. – "Total? De onde isso saiu!?"

Beca queria desesperadamente dizer que não, claro que não. Ainda estava fresco em sua mente todo o tempo que perdeu em frente ao computador tentando magicamente fazer alguma letra aparecer na tela para que pudesse colocar alguma melodia legal e pronto, mas era impossível para ela. Literalmente impossível. Não sabia compor e achava que já não precisaria mais disso depois que pediu a ajuda de Emily. Aparentemente estava errada, para variar um pouco.

Não havia atalhos nessa dita selva.

- Ótimo, legal! Não o total, na verdade isso foi horrível.

- Acredite, eu normalmente não digo esse tipo de coisa... – Tudo que conseguiu foi dar um sorriso constrangido e acrescentar apressada. - Eu não sei de onde isso saiu.

- É, eu sei. – Embora ele não estivesse convencido, pois Beca já havia demonstrado toda a sua estranheza no departamento conversação na primeira conversa que tiveram no telefone quando fora designada para o estágio. – Apenas... traga a Jessie J para nós, ok? Você tá liberada. Pode ir para casa agora. - Disse, a dispensando com os braços.

- Que!? Mas eu... eu acabei de chegar.

- E já vai embora. Eu quero sua total atenção nessa demo. É de um contrato com a Jessie J que nós estamos falando aqui! – Seu dedo indicador batia na mesa, pontuando cada palavra. – Você tem dois meses e eu espero que isso seja mais do que o suficiente. Nem precisa dar as caras enquanto esse negócio não estiver pronto. Vai!  - Sua expressão gritava o que está esperando? Dê o fora! Então Beca não aguardou para que isso fosse verbalizado e se retirou rapidamente. Olhares curiosos pousados sobre ela enquanto pegava seu café e burrito (o quê? Era o seu café da manhã, ela não iria simplesmente deixar para trás...) e abandonava o prédio, sem levantar os olhos do chão.

Sua cabeça estava trabalhando a mil por hora. O que diabos ela iria fazer!? Poderia sentar com calma na frente do computador e tentar com mais afinco e ver se alguma coisa saía, talvez não tivesse se esforçado tanto da primeira vez.

"Quem eu tô querendo enganar... Eu só vou ficar dois meses encarando o computador até ele pifar. Acontece que eu não tenho nada pra escrever sobre! Ok, não pira. Você é Beca Mitchell, a grande B.M! Você consegue."

Essas palavras pareciam ter muito mais efeito quando saiam da boca de Fat Amy. Se lamentava que agora não a tinha mais por perto para compartilhar sua confiança... mesmo a confiança compartilhada de lugares desagradáveis.

"Talvez se eu tivesse aceitado naquela hora... Não cara, nojento!" Sacudiu a cabeça. O que ela estava pensando!?

O sol da manhã já batia em sua pele pálida. Respirou fundo. Faria a coisa mais lógica que poderia fazer nesse momento: ligaria para Emily.

E com uma sincronia perfeita, o celular de Beca vibrou no bolso de sua calça.

[Legacy] Eu preciso de uma reunião de emergência das Bellas, tipo, AGORA!  

Foi a última mensagem no chat das Bellas. Elas haviam criado esse grupo para que sempre pudessem entrar em contato umas com as outras, já que algumas delas não estavam mais na cidade. Aparentemente o sempre foi levado muito a sério, pois o chat era bombardeado de mensagens vinte quatro horas por dia e Beca ficava por vezes tentada a silenciá-lo, mas desistia logo em seguida da ideia. Isso seria socialmente inaceitável e nada legal com suas amigas (mas elas poderiam pelo menos parar de mandar mensagens de madrugada...)

[Fat Amy] Hey, a aca-nazi sequestrou o projeto de gigante?

[Aca-nazi] Haha, muito engraçado. Saiba que Emily simplesmente se inspirou na melhor. Reuniões são muito importantes para organização e para manter o laço entre as irmãs sempre fortes

[Fat Amy] Ok, manera no textão

[Chlo] Own, eles crescem tão rápido. Parece que foi ontem que vimos ela rolando pela escada :)

[Flo] Emily tá em perigo? Diga onde vc tá em código Morse q nós vamos resgatar vc. Eu aprendi isso no meu país, evita interceptações.

[Legacy] Sério gente, eu preciso de vcs. É urgente!

[Flo] Urgente do tipo vão me matar e jogar meus pedaços num rio se eu falar mais alguma coisa?

[Legacy] ???

[Beca] Ok. Eu tava precisando mesmo falar com vc também. Onde vc quer se encontrar?

[Legacy] Vcs podem vir aqui? É sobre as Bellas, nós estamos tendo problemas

[Aca-nazi] Que tipo de problemas?

Beca percebeu que Emily estava demorando para responder essa pergunta. Por mais que já tivessem deixado a faculdade e consequentemente as Bellas, Aubrey não hesitava em intervir quando era necessário e se Emily estava tendo problemas ela provavelmente faria algo a respeito. E digamos que seus métodos nunca eram exatamente muito encorajadores.

[Legacy] Problemas do tipo... nós ferramos tudo nas Regionais. Nossa apresentação foi um desastre... e nossa hegemonia foi por água a baixo.

Essa era a pior coisa que poderia ter dito. Beca estava aguardando a explosão de Aubrey que não demorou sequer um segundo.

[Aca-nazi] Acamoqueé!? Nós somos tricampeãs nessa competição! TRÊS VEZES SEGUIDAS!! E CAMPEÃS MUNDIAIS!!! Como vocês conseguiram ferrar com isso!?

[Fat Amy] Relaxa Aubrey vc n vai querer vomitar no seu celular

...

[Fat Amy] Só tô dizendo...

[Aca-nazi] Isso é inacreditável! Inadmissível! Vocês vão ter um tratamento de choque para a próxima temporada e vão se recuperar ou eu não me chamo Aubrey Posen!

Alguns segundos se passaram e Beca entrou no carro sem sequer tirar os olhos da tela. Jesse a encarou com espanto, confuso porque ele estava prestes a sair após tê-la a deixado no trabalho. Porém aqui estava Beca de volta.

[Chlo] Aubrey acabou de sair correndo daqui. Eu deveria segui-la, né?

[Beca] Provavelmente, a menos que vc queira a aca-baby morta. Eu encontro com vocês em Barden.

[Chlo] Okaaaay ;)

Chloe era sempre excessivamente animada, mesmo através de textos Beca era capaz de sentir a empolgação da ruiva e era praticamente inevitável não se deixar ser pega por esse sentimento. Além do mais, ela encontraria com Chloe (e Aubrey) a alguns minutos em Barden, realmente não tinha como não ficar feliz ao pensar nisso, até nostálgica.

Jesse notou que Beca não iria lhe dar atenção tão cedo. Ela estava compenetrada demais com a última mensagem que recebera, sorrindo afetuosamente para o celular. Essa era uma expressão que ele não estava acostumado a ver no rosto de Beca e apesar dele não querer interromper o que quer que a garota estava vendo, a sua curiosidade acabou sendo maior.

Ele forçou uma tosse e isso foi o suficiente para quebrar a concentração da morena.

- Por que você tá com essa cara de vi um filhotinho fofinho na rua.

- Ah, desculpa. É só... coisa das Bellas... – Na verdade estava surpresa que Jesse ainda estava estacionado ali, pensou que a conversa com o seu chefe havia durado mais tempo do que realmente durou, mas ela literalmente chegou e foi embora. E espera... ela estava realmente fazendo esse tipo de expressão!? Isso era tão não Beca.

- Você sai das Bellas, mas as Bellas não saem de você. – Respondeu, um sorriso brincando em seu rosto. – Eu te disse antes: você é uma aca-garota, eu sou um aca-garoto e nós vamos ter aca-filhos. É inevitável, nós estamos marcados pra a vida toda.

- Isso soa ainda pior com você sóbrio, sabia? – Riu, socando-o levemente no braço, tentando disfarçar o quão desconfortável se sentia quando Jesse fazia esse tipo de brincadeira. No fundo ela sabia que não era uma piada para ele e não queria esse tipo de compromisso agora... talvez nunca, por mais que gostasse dele. Era simplesmente mais fácil manter as coisas como estavam, confortável permanecer com o relacionamento assim. Tinha medo de aprofundar isso e estar abrindo mão de alguma outra coisa, o que considerava ridículo, pois não havia nada a perder, certo? Jesse fazia de tudo para deixá-la feliz, não haveria nenhum tipo de arrependimento futuro se tentasse, não é mesmo? Então porque diabos seu coração permanecia em debate constante!?

- Então... por que você saiu tão cedo? Aconteceu alguma coisa? – Agora a feição dele carregava preocupação.

- É... nós podemos falar sobre isso depois? Emily meio que precisa de mim agora e eu tô com medo da Aubrey matar ela. – Beca não queria entrar no assunto do seu trabalho, estava muito recente e falar abertamente sobre só a faria surtar ainda mais.

- Ah, claro... – Não ficara muito satisfeito com a mudança de tópico, mas resolveu não pressionar Beca com isso. Era algo que ela fazia com frequência, no entanto, depois de quatro anos juntos, pensou que ela pararia de fugir dele e seria mais aberta sobre tudo que a afligia. No fim, se convenceu que era apenas o jeito dela de ser e não fazia sentido lutar contra isso. – E por que Aubrey iria querer matar a Emily?

- Longa história... – Disse, suspirando e se permitindo aconchegar no banco.

- Pra Barden, então? – O carro finalmente deu a partida.

- Sim.

A viagem seguiu silenciosa, o que era bastante incomum para os dois. Jesse sempre colocava música no rádio ou falava sem parar, mas hoje ele estava quieto e Beca sequer notou tal mudança. Sua cabeça ainda corria pelas palavras do seu chefe e por soluções para sua inabilidade de composição.

- Então... você quer fazer alguma coisa mais tarde? – Jesse resolveu quebrar o silêncio, estava o incomodando. – Talvez assistir um filme. Eu sei que você adora filmes mais do que tudo na sua vida. – Sorriu.

- Hey! Com quem você aprendeu esse sarcasmo!? – Beca riu, sarcasmo vindo de outros lugares que não dela eram estranhos para seu ouvido. Estranho o suficiente para acordá-la de seus devaneios.

- Eu aprendi com a melhor! O que vai ser?

- É, pra mim tá bom, mas nada de filmes. Eu já fui lobotomizada o suficiente com as suas sessões.

- Ouch, assim você magoa meus sentimentos. – Levou uma das mãos ao peito e fingiu estar extremamente ofendido. – Mas tudo bem, nada de lobotomia. Que tal um jantar?

- Ok, eu acho que eu posso lidar com um jantar. –  Respondeu dando de ombros, porém com um tom que deixava transparecer que estava brincando.

- Sabe, às vezes a única coisa que me garante que você é realmente humana é o fato de você gostar de comida.

- Você é um idiota. – Disse, o seu sorriso mais característico aparecendo.

- É, mas você me ama. – Jesse a encarou por um instante, mas Beca nunca retornou o olhar ou o deu uma resposta.

Em situações como essa que Jesse começava a se questionar se Beca fazia isso de propósito ou se ela tinha alguma ideia dos seus verdadeiros sentimentos em relação a ele. Porque não importava o quanto tentasse ou se esforçasse, sempre parecia haver um muro entre eles que o impedia de avançar mais. E mesmo quando interagiam bem, como agora, esse muro o mantinha afastado. Um obstáculo que se tornara ainda maior após o Mundial ano passado ou talvez até um pouco antes disso, ele não sabia ao certo, mas algo definitivamente afetara o jeito que a morena interagia com ele. Era frustrante. O relembrava exatamente como eram no primeiro ano de faculdade e parecia que eles não se moveram da estaca zero desde então.

E pelo visto, o relacionamento deles não fora a única coisa que permanecera intocada por todos esses anos. A Universidade de Barden continuava exatamente igual, nada havia mudado exceto pelos novos rostos que circundavam o campus.

- Aqui estamos. – Disse animado. Fazia um bom tempo que não ia ao lugar e voltar o trazia boas lembranças dele cantando com os Treblemakers. Era certo o que diziam: a faculdade é o melhor momento da vida, pelo menos foi para ele. – Não é legal!? Isso não te trás memórias?

- Barulhento e lotado... sim, exatamente do jeito que eu me lembro de odiar. Yay! – Fingiu empolgação. Um pouco da velha Beca para acompanhar o clima de retorno ao passado.

- Ok, eu tenho que ir agora, mas boa sorte com a Aubrey.

- Sim, eu acho que vou precisar. Afinal, ela é uma ditadora profissional agora. – Sorriu, saindo do carro e relembrando das palavras da loira que disse que havia feito uma carreira em cima da sua natureza controladora.

- Você... ahn, quer que eu te pegue depois? – Perguntou hesitante. Beca já havia fechado a porta do carro atrás dela e ele não pôde evitar ficar decepcionado com o fato de que ela sequer o deu um beijo de despedida antes de sair do veículo.

- Não, tô legal. Eu dou um jeito. Obrigada... eu te vejo depois. – Um sorriso fraco saindo de seus lábios. Não gostava muito quando Jesse agia como se dependesse dele para se locomover. Ela podia se virar sozinha, na verdade ela tinha o próprio carro, mas ele sempre insistia em levá-la aonde quer que fosse e, como na maioria das coisas no relacionamento dos dois, ela cedia... mas não havia nada de errado nisso, não é? Ela cedia porque gostava dele (e porque ele não pararia de falar se não o fizesse) e em um relacionamento é normal você abrir mão de algumas coisas pelo outro, certo?

- Ok... te vejo mais tarde. - O mesmo sorriso fraco se fez presente em Jesse que manobrou o carro e observou Beca avançar quase que preguiçosamente pela multidão de pessoas, desaparecendo totalmente de seu campo de visão. Um suspiro involuntário escapou de sua boca.

Esses eram os únicos momentos que Beca parecia ser ligeiramente honesta com ele: quando caminhava para longe exatamente como agora e quando cantava em um palco distante.

Ela só se permitia derrubar o muro quando estava a uma distância segura dele.

E ele estava começando a ficar cada vez mais cansado de tentar superar essa distância.


Notas Finais


*Sigla em inglês para Computação Gráfica

Ficou um capítulo bem mais longo do que eu tinha previsto. Eu realmente gosto de ficar trabalhando aspectos dos relacionamentos dos personagens. Então se preparem para um slow burn de Bechloe que no final vai valer a pena (pelo menos eu espero XD). Apesar de longo, espero que tenha sido um capítulo proveitoso para vocês! :)


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