História More than Rebels - Great Dangers

Amethyst – Caverna Secreta

Minha cabeça está doendo como se eu estivesse acabado de levar uma pancada. Desde que saímos daquele rio de sondas robotizadas, eu escuto um zumbido dentro da minha mente, parece que tem um abelha vagando dentro de mim. Vejo que Peridot e Emerald parecem sentir o mesmo, elas não param de dar tapas nas próprias cabeças tentando retirar algo que possivelmente não existe. Estamos a mais ou menos duas horas andando atrás da Gem avermelhada que se apresentou como Coral.

Seus cabelos ondulados e cheios combinam com seu olhar penetrante. Ela é muito bonita, eu devo admitir isso. Há algo nela que me intriga, como por exemplo, o fato dela estar aqui “guardando” os segredos de Rose. Já não basta ter mentido sobre praticamente tudo para mim, Pérola e Garnet, Rose ainda escondeu uma Crystal Gem que poderia ter nos ajudado em tudo até agora. Eu não sei o que sentir sobre essa Rose Quartz que estou conhecendo. Mentirosa e Calculista.

- Esse barulho irritante não vai acabar nunca!? – era possível escutar a voz nasal e reclamatória de Peridot por toda extensão do túnel.

- Não se preocupem com o barulho em suas cabeças, são chatos, mas logo irão passar. – o tom melódico de Coral era agradável ao se referir a nós. Eu posso até estar louca, mas o olhar da avermelhada sobre Emerald é bem longe de amigável.

- A quanto tempo você está aqui? – Pérola questiona a Gem, sem disfarçar a irritação a voz.

- Acho que alguns milhares de anos... – Coral ri da própria afirmação. - ... mas não foi ruim de certa forma, Rose me pediu que ficasse aqui e eu obviamente atendi seu pedido.

- Deve ter sido muito tedioso ficar aqui sozinha. – Emerald fala.

- Eu não fiquei totalmente só, Rose vinha aqui várias vezes me ver. – ela sorri de canto.

- Não sentiu falta dela quando parou de vir aqui? – Garnet fala baixo.

- Claro que eu senti! Até hoje me pergunto por que ela quis ter aquele bebê. – a afirmação da avermelhada deixa todos surpresos. Ela sabe sobre Steven.

- Nem mesmo nós conseguimos entender as decisões dela. -  Pérola diz, dessa vez com tristeza.

- Eu pensava dessa forma, até começar a entender os sentimentos que ela desenvolveu aqui. – Coral para de frente para uma porta meio velha em tons de marrom, parecia ser de madeira.

- Os sentimentos bons ou ruins? – digo com indiferença.

- Os bons. – ela sorri e abre a porta, todas nós entramos no local escuro.

- Suponho que tenha aprendido o que esperança, Rose sempre nós falava sobre isso. – Garnet sorri para si mesma, deve estar se lembrando de algo do passado.

- Eu aprendi o melhor sentimento de todos... – ela acende as luzes, revelando um lugar totalmente rosa cheio de bolhas e objetos estranhos.

- Precisamos achar a última parte da pesquisa! – Pérola interrompe Coral e praticamente pula no meio das coisas ali presentes, seguida por Garnet, Peridot e Emerald. A Gem vermelha permanece parada ao lado do interruptor de luz, decido me aproximar.

- Você disse que Rose lhe ensinou o melhor sentimento de todos. – digo, dando passagem para que terminasse sua frase.

- O Amor. – seus olhos alaranjados param sobre Emerald, que parecia ter caído em cima de Peridot, as duas riam da situação.

- Daqui a pouco todas as Gems que eu conheço irão ter uma quedinha pelas esverdeadas. – rimos.

- Eu acho que sou a única a gostar da Emerald. – ela suponhe.

- Não é mesmo, Azurite e ela são namoradas a uns seis mil anos. – rio, mas logo percebo que o sorriso de Coral sumiu e ela fita o chão.

- Pensei que Emerald não sentisse tudo isso por ela. – ela diz quase sussurrando, como se estivesse falando consigo mesma.

- O que disse? – chamo sua atenção, com um sorriso.

- Nada de mais, é melhor nós irmos ajudar suas amigas. – ela evita me olhar e anda em direção a bagunça que as gems fizeram em menos de dois minutos.

- Coral poderia nos dizer onde está a última parte da pesquisa de Pink Diamond? – Pérola pondera.

- Eu não sei onde está, Rose apenas me disse para cuidar dessa sala. – a avermelhada gesticula.

- Mas você disse que cuida de todos os segredos dela! Como não sabe onde está?!?! – Peridot grita e Coral se assusta.

- Hey, fiquem calmas, nós sabemos que Rose é cheia de esquemas. -  Garnet diz e todos se acalmam um pouco.

- O que nos resta é continuar procurando. – Emerald pega uma caixa enorme e começa a procurar dentro dela. Suspiro e vou em sua direção ajuda-la. Retirando tudo de dentro, vemos uma espécie de painel grande e cor de rosa no fundo, com o símbolo da Autoridade Diamante.

- Encontramos! – num piscar de olhos já era possível ver Pérola e Peridot tentando ligar o objeto.

- Nós devemos analisar melhor isso no Templo. -  Garnet afirma.

- Isso é muito grande... – Peridot tenta sem sucesso segurar o objeto que era quase do tamanho de Garnet, sozinha. - ... precisaremos passar separadas pelo teletransportador.

- Devemos nos preocupar em carregar isso até lá, por enquanto. – digo, já sentindo o cansaço de carregar essa coisa.

- Nisso eu posso ajudar. – Coral entra no meio da bagunça e surge com um carrinho enferrujado, idêntico aqueles de minas de ouro em filmes de faroeste.

- Isso é seguro? – Pérola diz, analisando as rodas.

- Claro que é P.! Entra. – pego-a pela cintura e a coloca dentro do carrinho.

- Amethyst! – ela se irrita ao cair de bunda lá dentro, começo a rir até levar um peteleco de Garnet.

- Ajude a colocar isso ai dentro, Sra Encrenca. – ela sorri e depois de uns cinco minutos ajeitamos o objeto dentro do carrinho.

- Deu tudo tão certo, que estou desconfiando se ainda vai dar algo err... – Peridot começa, até que um apito a interrompe, a caixa que tiramos o objeto começa a emitir uma luz. Vejo que o painel está brilhando e antes que entendêssemos o que estava havendo, Garnet nos joga dentro do carrinho e empurra rapidamente. A distância que criamos entre nós e a sala não foi o suficiente para evitar que a explosão que se seguiu nos atingisse. Garnet entrou no carrinho e gesticulou para que ficássemos abaixadas. Uma cortina de fogo passou por cima de nós junto a uma fumaça negra. Sinto as extremidades do carrinho esquentarem e logo Peridot cai em cima de mim ao sentir suas mãos que estavam apoiadas na lateral se queimarem.

- Está tudo bem? – digo, analisando suas mãos que estavam sujas e criando bolhas.

- Está ardendo. – seus olhos lacrimejam.

- Fique calma, daqui a pouco estaremos fora daqui e eu vou ajudar a diminuir essa dor. – sorrio. O carrinho parece estar quase parando, o chão começa a tremer. Garnet sai do carrinho enfrentando o fogo e nos empurra novamente. Deixo de Peridot fique ao lado de Pérola e olho para fora do carrinho. Um desmoronamento vinha em nossa direção com velocidade. Sem pensar muito, salto e posiciono ao lado de Garnet, ajudando-a a empurrar o carrinho.

- Amethyst volte para dentro do carrinho. – ela diz com dificuldade.

- Eu vou te ajudar! – uso toda a minha força, pegando mais velocidade, nos distanciamos do desmoronamento. Sinto minhas pernas e braços se queimando com a nuvem de fogo que dominava o túnel. Sinto meu corpo ser atingido por pedrinhas que caiam do teto. A esperança se torna presente quando vemos a entrada pela qual entramos, que dava para o Arsenal de Armas de Rose.

- Estamos quase lá! – Emerald diz, mas logo cai de cara no chão quando o carrinho trava ao se chocar com uma pedra que caiu a nossa frente.

- Como vamos tirar isso daqui?! – a pedra era enorme, apenas um ratinho poderia passar pelos espaços.

- Pensem rápido, o teto não vai aguentar por muito tempo! – Coral se desespera.

- Se afastem. – Garnet fala calmamente, evocando suas luvas elétricas. Um soco é efetuado, mas a pedra apenas racha. No segundo soco, Garnet usa toda sua força e despedaça a roxa em vários pedaços. Eu sei que não deveria estar impressionada com isso, mas sempre que vejo o espetáculo que Garnet é, não posso evitar me surpreender.

- Subam, rápido! – digo, enquanto todos entram novamente no carrinho. Coral ajuda Emerald a subir, pois a mesma estava tonta pela queda. Empurrando todos novamente e sentindo o desmoronamento praticamente em cima de nós, passamos finalmente pela abertura que entramos, caindo nas águas paradas da caverna do Arsenal.

- Estão todos bem? – Garnet questiona.

- Nois quase num conseguiu escapar uai! – digo, imitando um fazendeiro para descontrair.

- Nos poupe Amethyst, não estamos em um filme de faroeste. – Pérola diz com desdém, mas segurando o riso. Seguimos por todo o caminho que percorremos, com muita dificuldade por estarmos carregando esse painel gigante. Quando finalmente chegamos ao teletransportador, Garnet, Pérola e Peridot passam primeiro com o painel, logo em seguida eu, Emerald e Coral vamos. Voltando para o Templo vejo Steven, Azurite, Cuprita, Citrine, Lapis e Connie brincando com um jogo de tabuleiro. Com certeza era algo relacionado a dinheiro e bens, acho que o nome desse jogo é.... sei lá, Steven tem tantos jogos que não consigo lembrar o nome desse. Seja lá o que for, pareciam estar se divertindo bastante.

- Seis! Seis! Seis! – eles olhavam fixamente para o dado que rolava na mesa.

- SEIS! EU GANHEI! – Cuprita se vangloria.

- Estamos aqui ao vivo da casa do Steven, presenciando um momento surpreendente! – Connie finge ser uma repórter.

- Ela... ganhou. – Steven ainda estava surpreso.

- Uma Gem acaba de ganhar o maior jogador de tabuleiro desse mundo! – A morena termina a frase e Citrine joga fichas em Cuprita como se fossem dinheiro. A rosada coloca um óculos escuro que estava sobre o sofá e cruza os braços como se fosse a Gem mais rica de todas.

- Foi um prazer jogar com um oponente a minha altura... – Steven finge um drama de filmes de luta. - ... eu tenho o prazer de lhe entregar o pódio de melhor jogador. – Ele pega uma faixa artesanal feita de papel e coloca em Cuprita, que finge se emocionar. Assim que ele a ajeita na Gem, todos na mesinha se olham e começam a rir.

- Vocês são hilários. – me aproximo deles, rindo.

- Quando vocês chegaram? – Connie pergunta.

- Faz uns cinco minutos. – digo.

- Sério?! Nós nem percebemos. – Citrine diz, juntando as fichas que estavam no chão.

- Valeu a pena ver vocês se divertindo. – Emerald surge de trás de mim e vai em direção a Azurite, que se levanta e ambas de abraçam. Vejo que a azulada percebeu a presença de Coral.

- O que ela está fazendo aqui?! – o clima começa a ficar tão pesado que sinto um elefante invisível em cima de mim.

- Oi pra você também Azurite, que saudades. – a falsidade na voz dela era extremamente evidente.

- Se vocês começarem com provocações, por favor vão para o Celeiro. – Pérola diz impaciente. Num piscar de olhos vejo Azurite puxar Coral para o teletransportador. Emerald vai atrás e logo elas desaparecem.

- Elas vão acabar destruindo tudo! – Lapis se desespera.

- Calma Lazulli, el...- a azulada pega Peridot no colo e as duas também somem no teletransportador.

- Estou achando que não foi uma boa ideia trazer Coral conosco. – digo.

- Eu nem se quer falei com ela. – Steven diz.

- Eu vou tentar desbloquear esse painel. – Pérola entra na sala das bolhas e carrega o enorme painel com a ajuda de Garnet. Sento-me no sofá ao lado de Steven e Connie.

- Aconteceu alguma coisa lá? – Steven me pergunta.

- Nada demais, nós encontramos o painel e conhecemos a Coral. – digo, escondendo as partes da explosão e do rio de sondas robotizadas.

- Nós podíamos jogar de novo. – Cuprita propõe, depois de arrumar as fichas com a ajuda de Citrine.

- Eu não quero perder meu pódio em todos os meus jogos. – Steven finge irritação e todos riem. Até que a luz acaba repentinamente, com o céu fechado a casa se ilumina com os raios que caem, informando que caíra uma chuva daquelas.

- Acho melhor pegarmos velas. – Connie diz. Escuto passos até a cozinha e o som de gavetas sendo abertas. A porta da casa abre com o vento, assustando a todos. O silêncio domina por um momento e logo escuto passos vindo em nossa direção. Sinto um peso sentando no sofá.

- Onde está a vela Steven? – pergunto para o breu ao lado de Connie, que estava apoiada em meu braço.

- Ainda estou procurando. – sua voz vem da cozinha, ao invés de estar ao nosso lado. Engulo em seco e acendo minha pedra. Viro-me lentamente para o lado direito, sentindo o medo me dominar, alivio-me ao ver Connie, Cuprita e Citrine.

- Connie feche a porta, Cuprita e Citrine ajudem o Steven a achar uma vela. – digo tentando aliviar a tensão. Elas fazem o que eu pedi, enquanto olho para todos os cantos procurando algo. Deve ser coisa da minha cabeça. Vejo uma pequena faísca de Citrine na cozinha, iluminando as gavetas e sento-me novamente. Connie se apoia em mim de novo.

- A-a-amethyst... – a voz de Connie está baixa de chorosa. Acendo minha pedra e sinto-me estremecer ao vê-la de cabeça para baixo, com um gancho atravessado em sua perna que a prendia contra a parede.

- Yellow Diamond quer vocês mortas. -  uma voz grave ecoou pela sala. Iluminando o gancho que prendia Connie, vejo uma mão enorme segura-lo, seguindo por seu braço, vejo que está ajoelhada sobre o sofá. Tomo um enorme susto ao iluminar seu rosto e ver seus olhos me encarando. O medo abafa meu grito e minha visão se perde no tom de amarelo do losango em seu peito.