- E não se especializou em Culinária? - perguntou o marido e eu assenti sorrindo
- Logo depois que terminei o curso eu fiz um avanço aqui na França, já que eu também iria trabalhar aqui eu deveria saber os costumes.
- Você não me falou sobre esse curso. - falou David e eu sorri envergonhada, ouvi um pigarro de Dona Regina e eu desviei o olhar de David bebendo um pouco de água.
...
- Mãe, estaremos aqui na varanda conversando. - falou David para Dona Regina que nos olhos e em seguida assentiu sentada na mesa dando comida ao Abner.
Fui andando ao lado de David até chegarmos na varanda. Quando chegamos me sentei em uma cadeira e ele me seguiu.
- Cadê seus amigos? - perguntei a ele que me olhou curioso pela pergunta, eu acho.
- Por que está perguntando por eles?
- Ué... eles moram com você, sua família está aqui, porem eles não estão. Achei estranho!
- Hm... Dudu está por enquanto na casa da namorada, Gusta está de férias e está com a família no Brasil.
- Saudades do Brasil! - falei e ele sorriu para mim, olhou para os lados, viu a porta fechada e se aproximou me dando um beijo rápido. - Não devemos nos beijar por enquanto que seus pais estão aqui.
- Eu quero lhe fazer um pedido, será que eu posso? - perguntou
- Depende... - ficamos em silêncio e ele levantou-se parou na minha frente e se abaixou ficando quase do meu tamanho.
- Agora é sério! - falou tentando não rir, parecia nervoso e eu comecei a ficar do mesmo jeito.
- O que você está fazendo? - ele não parava de rir - Você está me deixando nervosa.
- Aqui não vai rolar... - respirou fundo e voltou a se sentar no sofá. - Estou muito nervoso.
- Percebi!
- Desculpa. - falou se aproximando e me deu um selinho nos lábios. - Vamos fazer certo... - foi interrompido por alguém abrindo a porta, nos separamos rapidamente.
- Tio. - Abner correu até David que o pegou no colo e Belle apareceu com uma garrafinha na mão entregando a Abner. - Não quero mãe.
- Toma filho, isso faz você ficar forte e não ficar dodói. - ele pegou a garrafinha na mão da mãe e bebeu um pouco fazendo cara feia.
- Está azedo! - falou Abner fazendo uma careta fofa e eu sorri boba.
- A laranja daqui é assim filhão, é um pouco mais azedo que lá. Quer que mamãe coloque açúcar? - assentiu e Belle pegou a garrafinha na mão dele saindo da varanda, deixando nós três a sós.
- Tio quando você voltar para o Brasil você vai na escola comigo?
- Mas eu vou no Brasil só no final do ano.
- Então a gente faz um churrasco. - quando ele falou isso eu não aguentei e rir.
- Qual foi molequeira? Tá patrão! - falou David brincando e eu sorri com Abner fazer gírias com a mão. - Aprendeu com quem isso?
- Meu pai. Ele faz isso quando fala com os irmãos, ou amigos, ou o meu avô. - meu celular começou a tocar e eu peguei o mesmo vendo na frente a foto de Bruno e Mabi dando língua. Abner olhou para a foto e me olhou - Quem é a menininha?
- Minha sobrinha. Com licença! - falei me levantando e atendendo a ligação - Oi. - falei animada
- Bença Dinda. - Mabi falou alto me fazendo rir
- Não grita filha, ela tá te ouvindo. - ouvi a voz do meu irmão
- Está bem! Dinda sonhei com a senhora.
- Sonhou meu amor?
- Sonhei! Estou com saudades. - ela falou e sorri fraco sentindo um aperto no coração por sua voz está baixa e com sinuações de choro. - Quando a senhora volta?
- Vai demorar um pouco pequena. - senti lágrimas descendo sentindo vontade de abraçar ela e não soltar mais.
- Minhas férias estão chegando, eu queria tanto ir para aí. - ela falou e eu sorri pensando na possibilidade mas infelizmente está difícil.
- Eu sei meu amor, mas seu pai está trabalhando.
- Mas... - a ligação começou a falhar e eu comecei a andar pela varanda procurando sinal, tentei ligar de volta e nada. Olhei para trás e vi David me olhando e falando com Abner. Voltei me sentando ao lados deles e Abner me perguntou:
- Você é tia?
- Sim. Tenho mais dois sobrinhos.
- Quando vou ter um sobrinho? - perguntou curioso e eu sorri
- Quando ganhar um irmão - David o respondeu
- E se o senhor ter filho, eu vou ser o quê dele?
- Primo, dai você vai poder brincar com ele.
- Então eu quero um primo. - Abner respondeu e David sorriu me olhando, desviei o olhar e Abner sentou ao meu lado. - Sabia que eu tenho uma namorada? - perguntou e eu neguei
- Quem é? - perguntei baixinho e ele sorriu apontando para mim. - Eu? - perguntei sorrindo e lhe dei um beijo na testa
- Você está namorando ela? - perguntou David ao sobrinho que assentiu me abraçando e eu ri.
- Estou! Não pode olhar para ela, ela já tem dono. - ri junto com David.
- Ela é mais velha que você, ela tem que namorar alguém como eu. - indireta e eu sorri olhando para David que tinha um sorriso esperançoso no rosto.
- O amor não tem idade. - falou e eu o abracei
- Onde aprendeu isso?
- Em um filme. - Belle voltou e ele me largou correndo para os braços do tio.
- O que aconteceu aqui?
- Seu filho está namo... - David foi interrompido pelo sobrinho
- Não pode falar. - falou ele com a cara emburrada fazendo a gente rir.
- Ok! - deu a garrafinha de suco para Abner - Agora bebe filho. - assentiu e colocou na boca começando a beber e sentir sono.
- Me da ele. As vezes depois do almoço, fica com sono. Vou coloca-lo na cama. - David o entregou para mãe e logo saíram.
- Bem... fomos interrompido naquela hora. - sorrimos e ele se aproximou me dando um beijo na bochecha - Estou te convidando para um jantar no sábado que tal?
- Jantar? Já conversamos sobre isso.
- Por favor. - ficou sério e eu respirei fundo assentindo
- Tudo bem! Vamos jantar.
- Ótimo! - sorriu e me deu um beijo rápido na boca
No outro dia
- Como assim o cheque é sem fundo? - perguntou Isabele pelo celular
- Pois é. Estou aqui no banco resolvendo isso. Mais um problema para eu resolver. - o gerente da minha conta veio até mim e negou, assenti sorrindo forçado e peguei o cheque em sua mão. - Obrigada! - falei e logo depois sai do banco
- E conseguiu alguma entrevista?
- Consegui em duas lojas que fica no Carrousel du Louvre.
- Que loja?
- Channel e também consegui na Adidas.
- E o que vai fazer em relação ao cheque?
- Eu vou no restaurante agora ver isso.
- Qualquer coisa chama, estou indo buscar os meninos na escola, tchau. - desliguei a chamada e parei no ponto de ônibus esperando o ônibus.
[...]
- Oi Ana, o que faz aqui? - perguntou um dos garçons e eu sorri
- Ernest está ai? - perguntei e nem precisei da resposta dele, fui até ele que estava no balcão. Assim que me viu sorriu forçado e eu peguei o cheque jogando na mesa. - Você me deu um cheque sem fundos.
- Não tem nada com o cheque senhorita Ana.
- Fui tirar o dinheiro e não tinha nada.
- E o que eu tenho haver com isso? - perguntou ele rindo e eu perdi a paciência
- Vocês me demitem, me dão um cheque sem fundos e não quer que eu faça nada? - falei alto e várias pessoas estavam olhando para nós.
- Vou pedir que retire-se está incomodando meus clientes.
- Então não irá resolver esse constrangimento que eu passei? - negou e eu assenti - Todos aqui estão de provas do que estou passando. Trabalhei por um tempo nesse restaurante e eles me demitiram logo depois que saberem que eu iria abrir um, me dão um cheque pelo meu serviço e quando vou tirar o dinheiro, o cheque é sem fundos. - me virei para Ernest e ele me olhava com uma cara feia, atrás de Ernest estava algumas pessoas da cozinha, junto com Gerrard e Aaron que me olhavam preocupados. - Passar bem!
[...]
Meu rosto estava inchado de tanto chorar, minha voz já tinha ido embora, meu corpo todo doía, meu nariz estava entupido. Que maravilha!
Fui demitida, sou enganada com o cheque e eu não tenho tanto dinheiro para pagar por um advogado. Estou necessariamente na merda! Tenho contas para pagar, como: água, luz, aluguel, gás e outras besteiras.
Preciso de minha mãe!
Ouvi a campainha tocar e passei a mão no rosto, olhei para mim pelo celular e vi que meu rosto estava inchado ainda. Corri e vi quem estava ali no olho mágico, arregalei os olhos e corri até o banheiro jogando uma água no rosto com a melodia da campanhia tocando ainda, me apressei e abri a porta para David entrar.
- Oi! - falou ele animado me dando um selinho e entrando
- Oi, o que faz aqui?- perguntei indo atrás dele e me sentei ao seu lado. Ele estava com uma sacolinha de papel em mãos e logo me olhou com um sorriso que começou a se desfazer.
- O que aconteceu? - perguntou e eu o encarei esperando saber o que tinha acontecido. - Você estava chorando? - fez outra pergunta me deixando tensa. - Aninha... me responde. - aproximou-se de mim e passou sua mão direita em minha bochecha. - O que aconteceu amor?
- Estou cansada! - menti e ele negou com a cabeça
- O que aconteceu de verdade?
- O cheque que me deram como pagamento de meus serviços é um cheque sem fundos, tentei resolver no banco e nada, fui no restaurante e expliquei a Ernest sobre o que aconteceu e ele disse que não tinha nada, que estava tudo certo com o cheque.
- Quem é Ernest?
- O gerente.
- Marmaduque? - perguntou e eu assenti - Ok! E por quê do choro?
- Como vou resolver isso? Ele disse que está tudo certo com o cheque, e não está, o gerente do meu banco me explicou, fiz o que ele falou e a segunda parte não posso.
- Qual seria a segunda parte?
- Encontrar um bom advogado para me ajudar a resolver esse assunto. - ele sorriu para mim e me deu um beijo rápido
- Sem choros agora e você tem que deixar eu te ajudar. - me levantei no sofá negando com a cabeça
- Não!
- Amor, você nem sabe o que eu iria falar.
- Você provavelmente iria me oferecer ajuda para pagar um advogado, não obrigada!
- Amor... - me segurou pelos braços e me puxou para ele segurando agora minha cintura
- Não David!
- Eu pago o advogado e depois você me paga quando estiver tudo tranquilo por aqui.
- Você não vai aceitar esse dinheiro.
- O que eu não faço por você? - olhei em seus olhos e mordi meu lábio inferior sentindo vontade de chorar - Não chora! - reclamou e sentou no sofá me puxando até sentar em seu colo. - Trouxe algo para você - pegou a sacolinha de papel e tirou dali uma bomba de chocolate.
- Você quer me ver gorda. - falei enxugando as lágrimas e ele me deu um beijo na nuca que me arrepiou.
- Você fica linda de qualquer jeito... só que eu quero um pouco.
- Você não pode. - falei mordendo e ele riu, virei o rosto o encarando e ele tentou morder só que eu distanciei o doce, ele segurou em minhas mãos e puxou o doce para sua boca, só que ficou um pedaço grande, sentei novamente em seu colo e ele me olhou, olhou para o doce e eu ri negando. Me aproximei e morde o doce que estava fora de sua boca e sobrou espaço para um selinho.
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