História Close To You (What Are Your Secrets?) - Just a kiss.

     Lauren Jauregui Point Of View 

- Vai ficar tudo bem Allycat, eu prometo. – abracei a pequena a minha frente.

Ally é minha melhor amiga praticamente desde que nascemos. Crescemos juntas em Miami, rodeadas por mais pessoas, Ian e Mani são algumas delas. Quando decidimos nos mudar por conta da faculdade, não contávamos com o que aconteceu. O mais difícil de ter vindo pra cá depois de ter deixado minha mãe, meu pai, Taylor minha irmã mais nova, e Cris meu irmão, foi saber que Ally ia morar no campus. Eu ofereci meu apartamento para ela, mas ela é teimosa e recusou, disse que queria se virar sozinha, ser independente. De certa forma isso me magoou por dentro, nos somos como irmãs e irmãs moram juntas, mas eu a entendo, Ally nunca gostou de depender de ninguém, assim como eu.

- Ally, por favor, vem pra cá, esse lugar também é seu, você sabe disso... – tentei convencer essa cabeça  dura ainda a abraçando.

- Não Lo, eu não quero ser sustentada por você. – disse com calma, como se isso que ela acabou de dizer não fosse o maior absurdo.

- Eu não vou te sustentar Ally, pelo amor de Deus, eu só quero te ajudar, me deixa fazer isso? Pelo menos só por um tempo? – ela me olhou receosa, como se procurasse em meu rosto o encorajamento de sempre, e ela achou. Lhe sorri. – Por favor? Me deixa cuidar de você? Você sempre cuidou de mim, me deixa fazer o mesmo? E se você se sentir melhor assim, você pode me reembolsar depois, o que acha?

- Laur...

- Está decidido, você vem morar comigo e falamos disso depois tá bem? – ela assentiu com a cabeça, ainda um pouco envergonhada e receosa – Agora vá tomar um banho e descansar, certo? – assentiu novamente.

O dia mal começou e já foi cheio de emoções. – conclui, em pensamento. Ally saiu em direção ao banheiro.

E realmente o dia foi cheio de emoções, tirando o problema da Ally, o resto das emoções foram boas. A sensação quando me deparei com aquela bela latina, a reação do meu corpo. A intensidade daqueles castanhos intenso sobre mim. Foi como um de jávu, só que bem melhor. Foi como uma pancada, como um tropeço, inesperado.

      Camila Cabello Point Of View 

- Isso aqui é lindo! – o queixo de Dinah quase alcançou o chão. Ela estava maravilhada com as instalações do universidade e segundo ela com as “pessoas” também.

- Realmente é fantástico! – disse, também encantada com o espaço.

- O diretor reformou isso aqui ano passado e ficou muito melhor do que já era. Só acho um absurdo uma universidade desse tamanho, com tanta verba fazer seus estudantes passarem por isso, onde já se viu? O dormitório não estar completamente reformado, onde foi parar a verba destinada para isso?  – eu e Dinah concordamos com Normani, era revoltante mesmo. – Vocês vão fazer alguma coisa mais tarde?

- Não, nós não temos nenhum compromisso pra hoje. Estamos livres. – Dinah estava sorrindo mais que o normal e de um jeito estranho. Torci o nariz em uma careta que passou despercebida por elas.

Ela está flertando? Eca...

- A Laur me mandou uma mensagem dizendo que ela e Ally estão no apartamento dela, mas que queria distrair a Ally, então ia pra uma boate aqui perto, vocês querem ir?

- A gente vai, né Mila? – Concordei com um aceno e sorri – Só vamos passar em casa pra trocar de roupa, você vem com a gente?

- Ah! Claro, eu só vou passar em casa e me trocar, aí a gente vai pra casa de vocês, e encontramos a Lauren na boate mesmo. – Normani sorriu gentilmente.

- Tudo bem. – Dinah sorriu de orelha à orelha – Só vou ao banheiro rapidinho, vem comigo Mila?

- Claro. – fomos em direção ao banheiro. Analisei Dinah de cima a baixo. Ela está aprontando alguma...

Entramos no banheiro e ela foi pra frente do espelho, retocar a maquiagem.

- O que foi isso? – ela me olhou confusa, através do espelho.

- Isso o que? –  se fez de desentendida.

- Você com a Normani... – ela arregalou os olhos – Eu te conheço Dinah Jane, esse sorrisinho, você não me engana não. Você gostou dela não é? – Dinah se virou para mim e começou a rir de forma debochada, me deixando com cara de taxo, como se eu tivesse dito a maior besteira do mundo – O que foi?

- Chancho, não tente virar o jogo agora. – se virou novamente para o espelho e me encarou através dele.

- Do que você está falando?

- Ah! Por favor Chan, eu vi o jeito que você olhou pra Jauregui! – dessa vez quem arregalou os olhos foi eu.

Estava tão na cara assim? Droga!

- Você está louca, eu não olhei de jeito nenhum, você está inventando coisas! – disse afobada demais e ela riu.

- Chan, eu te conheço. – se aproximou de mim e tocou meu rosto – Não vamos falar nisso, tá bem? – balancei a cabeça positivamente, acuada demais com esse assunto para falar algo – Mas quero te dizer uma coisa, certo? Se permita Chan, não deixe que o que aconteceu no passado interfira no seu futuro, está bem? – apenas assenti, e a puxei para um abraço.

- Obrigada! – me perdi em seus braços, no meu abraço favorito em todo o mundo. – Agora vamos, por que Normani está lá fora nos esperando, e não pense que eu esqueci viu mocinha! – puxei Dinah pra fora do banheiro ouvindo o som de sua risada preencher meus ouvidos.

[.............]

Chegamos na casa noturna, parcialmente cheia, música alta, algumas pessoas dançando, se entregando ao momento. Seguimos para o bar, onde a maioria das pessoas estavam concentradas. Nos sentamos e pedimos nossas bebidas, eu e Normani optamos por vodka e Dinah uma cerveja. Ficamos ali conversando sobre coisas aleatória até que um garoto chega atrás de mim, fazendo Normani e Dinah olha-lo.

- Com licença meninas, me chamo Rob, eu e meus amigos gostaríamos de saber se vocês querem se juntar a nós? – o fitei, ele estava um pouco envergonhado.

Até que não seria má idéia...

- Desculpe, mas nós estamos esperando algumas amigas chegarem. – Dinah o respondeu educamente, dando lhe um sorriso amigável.

- Ótimo, quando elas chegarem vocês podem ir se sentar lá, que tal? – ele olhou diretamente para mim. Um olhar penetrante. Me fez arrepiar.

- Tudo bem, se todas concordarem nós vamos sim.

- Tudo bem então, até mais! – ele se afastou.

- Ele é gato! – Dinah disse e arrancou uma gargalhada minha e de Normani.

- Você não vale nada Chee! – ela riu e bebeu um gole de sua bebida.

- Oi meninas, chegamos! - Lauren se sentou ao meu lado e ao lado dela Ally, que ainda não estava com uma expressão muito boa.

- Ally, você está melhor? – Normani perguntou e Ally apenas assentiu positivamente com a cabeça.

É claro que não estava, mas...

- A gente já resolveu Mani, Ally vai morar comigo até tudo se resolver... – Lauren olhou para a baixinha e pegou suas mãos entre as suas, lhe oferendo um sorriso acolhedor e reconfortante.

- Lauren? Aqueles caras ali... – Dinah apontou para mesa atrás de Lauren, que logo se virou para olhar – Estão querendo que a gente se junte a eles na mesa, o que vocês acham?

- Eu acho melhor não... – Ally se pronunciou pela primeira vez na noite, Lauren sorriu talvez por que a baixinha estava saindo de sua grade de proteção e interagindo. – A gente quer ficar só com vocês hoje, não é Laur? – Lauren lhe sorriu.

- Só com vocês... – Lauren olhou diretamente para mim, deu um sorriso tímido porém sexy. Oh, sim, ela sabia ser sexy.

Mas cadê aquela doçura de agora a pouco?

Droga!

- E-u preciso ir ao banheiro meninas, com licença. – me levantei apressada vendo Lauren se levantar junto, a olhei incrédula por sua atitude.

- Vou acompanha – lá até o banheiro ... – prendeu os lábios entre os dentes e me olhou.

Droga! Não faça isso...

Sai apressada em direção ao banheiro, mas que inferno de garota! Já não bastava pertubar meus pensamentos desde o momento em que pus meus olhos nela. Entrei no banheiro já procurando uma cabine vazia. Droga! O que ela pensa que está fazendo?

Assim que passei pela porta ouvi um barulho de tranca e me virei, ela já estava perto demais.

- O qu-e você está fazendo? – perguntei com a voz um pouco trêmula pela proximidade e ela riu.

Sua respiração quente batendo contra meu rosto frio fez minha mão suar e meu coração acelerar em um estalo.

Seu olhar penetrando minha alma, como se já a conhecesse, como se soubesse cada detalhe dela, cada segredo que ela esconde.

- Eu poderia te beijar agora... – sussurrou quase contra meus lábios, eu resfoleguei – Eu quero muito te beijar desde o momento em que te vi...

Eu também...

Sua respiração pela primeira vez se alterou. Tive vontade de tocar seu rosto, tive vontade de toca – lá por inteira. Mas ela fez melhor. Ela tocou meus lábios com as pontas do dedos.

- Mas nem sei se você quer... Eu já te respeito demais para isso... – seu olhar não saía de meus lábios.

Eu não saberia definir minha expressão agora.

Sua mão passeou até minha nuca e segurou delicadamente nos fios ali, aproveitei o choque temporário de te-la tão perto e fechei os olhos. Senti sua respiração cada vez mais próxima e quente. Seus lábios macios como marshmallow tocaram levemente os meus. Ela colocou seus lábios entre os meus e os sugou para si. Foi um simples roçar de lábios, algo tão simples mas que fez com que meu coração traidor dançasse em meu peito.  

Não me pergunte o porque.

Abri os olhos a tempo de vê-la se afastar deixando seu cheiro de morango tão perto. Seu lindo mar verde me encaravam receoso e até, eu diria, com dúvida, cautelosos.

- Me desculpe p-or...

Neguei com a cabeça e me afastei dela o mais rápido possível. Procurei pela porta e passei por ela como um furacão.

Eu não queria ter tido essa reação, e-eu realmente não queria trata-lá dessa forma ou faze-la pensar que eu não gostei ou não queria porque eu queria e muito. Eu amei... Mas foi no automático, foi como se eu já estivesse programada para reagir. Tanto tempo sem um contato assim tão... forte, intenso, com alguém que eu já não sei mais como reagir.

Cheguei próximo a mesa e sem que eu percebesse elas estavam lá. Duas lágrimas saíram de meus olhos e escorreram por minha bochechas.

Tanto tempo sem isso... Porque agora? Tanto tempo sem ser... desejada, tocada...

As enxuguei e me recompus da melhor maneira que consegui. Eu não queria ter que explicar o porquê disso tudo. Me sentei a mesa e dei graças a Deus por elas estarem conversando intertidas demais para repararem em mim. Mas ela não, Dinah sempre sabe o que há de errado, ela me conhece bem demais para deixar isso passar.

- O que aconteceu? – ela perguntou baixo, apenas para que eu pudesse ouvir.

Neguei com a cabeça e ela entendeu exatamente o que eu quis dizer. Eu não queria falar sobre isso.

Respirei fundo e me introsei na conversa sob o olhar avaliador de Dinah, e eu soube que ela já sabia.

- Mila? É impressão minha ou aquele cara da mesa da frente tá te comendo com os olhos? – Ally comentou e eu encarei o rapaz citado, ele realmente estava...

- É, esse é o efeito Cabello, meninas! – Dinah brincou, e nesse momento Lauren chegou a mesa com o semblante impassível.

- Vai lá falar com ele Mila. – Normani sugeriu e eu torci o nariz.

- Vocês acham uma boa idéia?

- Camila, eu... – Lauren iniciou mas não concluiu, eu não à olhei, não por ainda estar fugindo, dessa vez por estar envergonhada pela minha atitude.

- Ei, ele tá vindo pra cá, disfarça. – Ally cutucou minhas costelas com seu cotovelo.

- Olá meninas... – o rapaz se aproximou e todas respondemos em coro, menos Lauren, que brincava com o copo em suas mãos, olhava para ele mas parecia estar longe.

- Será que você quer dançar um pouco? – ele perguntou olhando diretamente para mim.

Lauren levantou o olhar para o rapaz e logo em seguida encontrou meus olhos sobre si. Seu olhar um tanto questionador.

- É claro que ela quer! – Dinah tomou a frente da situação e eu e Lauren olhamos para ela quase com a mesma expressão incrédula.

Antes que eu pudesse xinga – lá, ela sussurrou em meu ouvido. "É apenas uma dança, não há mal nenhum nisso."

Me levantei sob o olhar malicioso de todas e o rapaz estendeu a mão para mim. O olhar questionador e intenso da morena de olhos verdes ainda estava sobre mim.

Acompanhei o rapaz até a pista de dança e lhe sorri amigavelmente.

      Lauren Jauregui Point Of View 

- Eu acho melhor não... – Ally, pela primeira vez na noite falou algo que não fosse o quanto ela estava triste. Sorri para mim pequena e consegui um lindo e pequeno sorriso nos cantos de seus lábios. – A gente quer ficar só com vocês hoje, não é Laur? – me perguntou e eu não pudi deixar de sorrir.

- Só com vocês... – olhei diretamente para Camila quando disse isso, aproveitando-me dos poucos e raros momentos de coragem que tenho, lhe ofereci um sorriso sincero.

Seria loucura dizer que ela não saiu de minha cabeça desde que a vi. Sim, acho que seria. Então que seja loucura. 

- E-u preciso ir ao banheiro meninas, com licença. – ela se levantou rápido, e por reflexo eu me levantei também. Ela me olhou desacreditada.

Ainda me aproveitando da coragem momentânea que me atingiu, decidir agir antes que ela fosse embora.

- Vou acompanha – lá até o banheiro ... – prendi os lábios entre os dentes, nervosa e insegura.

Talvez fosse melhor não...

Quando vi eu já estava a seguindo até o banheiro, ela entrou apressada e eu tratei de trancar a porta o mais rápido que consegui, ganhando a atenção dela.

Me aproximei dela, fiquei bem perto, tão perto que pudi sentir sua respiração agitada contra meu rosto quando se virou.

- O qu-e você está fazendo? – sua voz saiu afetada, não tive como prender um pequeno riso que escapou por entre meus lábios.

Seus pequenos olhos inquietos e donos de uma áurea misteriosa vasculharam meu rosto em busca de alguma falha, algum resquício de brincadeira.

Eu nunca parei para admirar tanto a beleza de alguém como agora, e não me pergunte porque estou fazendo isso, não me pergunte porque meu coração disparou de maneira absurda quando eu toquei seu rosto, não me pergunte, eu não saberia te responder.

- Eu poderia te beijar agora... – sussurrei quase que inconscientemente, perdida nos meus monólogos internos. A senti buscar o ar – Eu quero muito te beijar, desde o momento em que te vi...

Ela me olhou der um jeito tão forte, tão... compreensivo?

Toquei delicadamente seus lábios, tão macios quando eu pensei que fossem.

- Mas nem sei se você quer... Eu já te respeito demais para isso... – não desviei meu olhar de seus lábios.

Eu queria mesmo beija-lá, agarrar seus cabelos e invadir sua boca com minha língua, mas não quando estou diante de olhos castanhos tão assustados. Eu pensei em me afastar, mas parece que algo colou meus pés no chão me impedindo de sair.

Foi tão natural quando minha mão traçou o caminho por entre os fios de seus cabelos. Foi tão gostoso esse frio na barriga que me deixa atônita. Foi tão bom vê-la fechar os olhos, fica ainda mais linda. Foi tão natural quando me aproximei mais de seu rosto, quando meus lábios tocaram de leve os seus. Quando os coloquei entre os seus e os suguei para mim.  

Por mais eu quisesse não tive coragem de ir além.

Porque apenas com ela?

Me afastei lentamente dela. Seus olhos penetrando minha pele, um tanto assustados, arrependidos talvez...

- Me desculpe p-or...

Tentei concertar a besteira que fiz e a vi negar com a cabeça e se afastar de mim. Alcançou a porta e depois de destrava-lá passou por ela com pressa.

Me apoiei na bancada da pia e fitei minha imagem no espelho. Eu deveria ter esperado mais! Droga, droga, droga, Lauren! Você estragou tudo! Imbecil.

Bati com a palma da mão aberta em minha testa e gemi de dor na mesma hora.

É claro que ela não queria! Quem conhece alguém e no mesmo dia já sai beijando a pessoa?! Imbecil, imbecil, imbecil!

Porque depois de tudo eu senti tanta vontade de beija-lá...

Respirei fundo e lavei as mãos, as sequei e retornei a mesa ainda a com minha mente fervilhando.

...É, esse é o efeito Cabello, meninas! – ouvi a voz de Dinah, falando sobre alguma coisa que não dei muita importância.

Olhei de relance para a Camila e ela parecia relutante.

Me concentrei em brincar com o copo cheio em minha mãos, o fitava como se ele fosse a coisa mais importante para mim.

Dentro dele estava algo que eu simplesmente adorava, que podia me fazer esquecer desse deslize que dei.

...Vai lá falar com ele Mila...

...Vocês acham uma boa idéia?...

Eu precisava ao menos me desculpar com a garota.

- Camila, eu... – tentei dizer algo mas ela nem sequer me olhou.

Se eu tomasse um gole, apenas um gole já iria resolver esse impasse em que me encontro.

...Será que você quer dançar um pouco? – ouvi nitidamente uma voz desconhecida.

Levantei meu olhar e encarei o rapaz em pé ao meu lado. Ele fitava Camila, de um jeito que todos conhecem bem. Meu olhar procurou o seu e tentei entender o que estava acontecendo. Tentei pedir desculpas através do meu olhar.

- É claro que ela quer! – Dinah decidiu sem nem ao menos ouvir a resposta da amiga.

Se aproximou da morena para sussurrar algo em seu ouvido e logo Camila estava em pé agarrando a mão do rapaz que a esperava.

[..............]

...Dias depois.

- Lo? – ouvi a voz se Ally no outro cômodo e estiquei o pescoço para olha-la. –Vamos logo, a gente já está atrasada! – disse afobada, me apressando para sairmos logo.

O dia de inicio das aulas seria a três dias atrás mas foi adiado por conta da confusão dos alojamentos. Por isso deu tempo de Ally fazer sua mudança e se instalar sem contratempos.

Passei pela sala retocando o batom e peguei minha bolsa jogada em cima do sofá.

Olhei para a pequena parada ao meio da sala, fitando o chão como existisse ali algo muito interessante, me aproximei dela a passos leves e calculados. Toquei seus ombros e ela não me pareceu afetada pelo contato. Eu sei exatamente o que se passava por sua cabeça nesse momento.

- Vai dar tudo certo... – massageei seus ombros, ela riu como se lembrasse de algo.

- Nós fazemos papéis opostos aqui... Você deveria estar nervosa e eu deveria estar te consolando. – neguei com a cabeça.

- Não tem nada de errado aqui, você também tem o direito de ficar nervosa e eu tenho todo o direito de te consolar. – beijei sua bochecha.

- Tudo bem, vamos? – ela se virou e sorriu.

O sorriso que ilumina meus dias.

- Vamos! – estendi minha mão a ela que a pegou sem relutar e saímos do apartamento de mãos dadas e uma única certeza.

Ela sempre estará ao meu lado, não importa onde for, com quem for, ela estará lá, segurando minhas estruturas, me acolhendo em seus braços.

[...........]

Como de costume, Ally veio o caminho todo na garupa da minha moto reclamando dela. Dizendo que eu sou louca por andar "nessa coisa" como ela chama. Mas já me acostumei com suas reclamações, na verdade, o único que não reclama da minha bebê é o Sam.

Falando nele, sinto saudades do meu amigo, ele veio conosco mas está um pouco... perdido, andando com gente errada, fazendo coisas erradas, e eu simplesmente não posso fazer nada.

Chegamos no campus e não vi nenhuma das meninas. Descobri que todas elas assim como eu e Ally, também vão cursar música, espero que sejamos todas da mesma classe.

Entrei na sala e fui fuzilada por olhares que pareciam me comer viva, abri um sorriso tímido e me sentei no fundo. Logo uma menina loira com os seios fartos se sentou ao meu lado me fazendo olha-lá.

- Olá! Me chamo Nina, prazer... – estendeu a mão em cumprimento a mim.

- Lauren Jauregui, o prazer é todo meu. – sorri e apertei sua mão.

Meus olhos caíram sem o melhor descaramento sobre seu decote exageradamente grande para quem está em uma faculdade.

Quem não olharia?

Fiquei conversando alguns minutos com a garota, que por sinal é adorável.

Ela daria uma boa companhia, pena que eu não posso me ariscar...

Dinah e Camila entraram na sala a gargalhadas. É bonito ver a relação das duas, não é uma simples amizade, isso não. São irmãs, companheiras.

Dinah abriu um lindo sorriso em minha direção. Camila estava olhando de um jeito estranho para a garota ao meu lado, mal me percebeu ali. Lhe ofereci um sorriso um tanto sarcástico pela maneira como ela estava me olhando e de certa forma pela maneira como me tratou ontem. Eu não sei o que deu nela, mas eu nem a beijei direito como queria ter feito.

- Olá meninas! – me levantei e cumprimentei Dinah com um beijinho na bochecha e Camila com um beijinho mais demorado na bochecha quase perto da boca. Sim, eu queria provoca-la. Senti seu corpo enrijecer e soltei um riso nasal com isso. – Essa aqui é Nina... – puxei Nina para se levantar – E Nina, essas aqui são Dinah... –apontei pra Dinah que logo estendeu a mão em cumprimento para a moça e lhe sorriu simpaticamente – E Camila... – vi Nina abrir um largo sorriso pra Camila e estender a mão em cumprimento a ela.

Camila olhou para Nina de cima a baixo e logo em seguida para sua mão, abriu um largo sorriso, apertou a mão da moça e lhe puxou para um abraço.

Afinal, qual é a delas? Eu hein!

- Vocês são dessa turma?

- Sim Laur, as meninas também, já devem estar chegando aí. – Dinah exclamou com uma animação maior do que deveria.

- Que ótima notícia Dinah! – me contagiei por sua animação.

E por saber que certa latina vai ser da mesma classe que eu...

- É, teremos bastante tempo juntas... – Nina me fitou e sorriu de um  jeito... sensual eu diria. Lhe sorri gentilmente.

- É, teremos! – Camila olhou para mim também e depois para Nina.

O que deu nela? Eu hein!

- Boa tarde turma, sou o Senhor Richard, mas podem me chamar de Ricky. Bom hoje como primeiro dia, só teremos apresentações, certo? – todos soltaram um som de desaprovação – Eu sei que é chato, mais temos que fazer isso, vou chamar algumas pessoas para se apresentarem aqui na frente e depois conversaremos um pouco.

[...........]

O dia passou se arrastando, em meio às aula eu mal conseguia me concentrar.

Observava Camila o tempo todo, seu jeito de morder a ponta do lápis, o modo como ela torci os lábios quando está em dúvida, como fazia careta sempre que ouvia a voz de Nina. O jeito que jogava seus cabelos para um lado só... Ou o jeito que sorria. Ah, sim, o jeito que ela sorria com certeza deveria ser gravado e mostrado para o mundo inteiro.

- Ei pessoal que tal sairmos hoje? O que acham? – Mani sugeriu enquanto passávamos pelo corredor em direção a saída.

- Eu queria ficar em casa hoje... – o tom de Ally saiu triste e eu seu semblante mostrava o quanto ela ainda estava abalada com os últimos acontecimentos.

- Acho que vou ficar com a Ally. – a abracei de lado e ela recostou a cabeça em meu peito enquanto caminhávamos.

- Se você quiser nós podemos ir pra  sua casa Laur! – Nina sugeriu e eu corei – E vocês também meninas, é claro.

Ela estava se convidando e convidando a todas para ir ao meu apartamento?

Revirei os olhos e Ally riu baixinho ainda com a cabeça em meu peito, parece que ela soube que eu revirei os olhos.

- Obrigada Nina, mas quero ficar em casa com Ally, sozinhas... Deixa pra uma próxima.

- Na próxima podemos marcar lá em casa! – Camila sugeriu com uma expressão não muito boa porém pude sentir o sarcasmo em sua voz.

O que foi que deu nessas meninas hoje hein?

- Bom, então acho que já vou indo, boa noite meninas. – Nina se despediu de todas e quando chegou minha vez ela me deu um beijo demorado na bochecha, quase perto da boca. Corei fortemente e ela se afastou depois de  me mandar uma piscadela.

- Também já vamos indo meninas, beijos. – Ally saiu de meus braços e se despediu de cada uma com um beijo na bochecha.

Como íamos seguir praticamente o mesmo caminho, saímos todas juntas, Ally e Dinah na frente.

No meio do percurso uma mão segurou meu pulso delicadamente. Um toque suave, tão macio. Me virei e dei de cara com Camila. Seu semblante sério, impassível.

- Algum problema?

- Podemos conversar? – ela apertou meu braço com um pouco mais de força.

- Tudo bem, pode falar. – ela relaxou um pouco, abaixou a cabeça fitando seus pés – Ei? – ergui seu queixo fazendo-a me olhar – Pode falar, Mila. – ela me olhou... confusa?

- É que... é sobre aquela dia... aquele bei...

- Ei, está tudo bem, nem foi um beijo de verdade. E já que falou nisso, eu queria te pedir desculpas. – desviei meu olhar de seus olhos atentos – Eu errei em ter feito aquilo, me perdoe. Foi um momento confuso, eu agi no calor do momento, eu não queria te assustar. – seu olhar me deu calafrios. Eles me transmitiram... dor? Surpresa? Decepção? Foi algo que jamais vi e jamais quero voltar a ver. Foi... machucado?...

Ela abriu a boca para dizer algo.

- Vocês duas, vamos parar de fofocar e andar logo, eu estou cansada. Por favor Chan... – Dinah surgiu onde estávamos.

- É... claro, vamos. Só me da um minuto, tudo bem? – Dinah assentiu e se afastou um pouco parando mais próxima a porta de saída.

- É... Lauren... desculpe por isso, podemos conversar depois?

- Claro, quando quiser!

Já estávamos próximas, seus olhos não saiam de mim. Me abaixei um pouco por conta do salto alto e lhe beijei a bochecha, da mesma forma que ela que fiz mais cedo. Mas ao contrário do que pensei, Camila se moveu alguns centímetros fazendo com que déssemos um meio selinho. Ela não correu, ela não me xingou, ela apenas sorriu, confesso que um sorriso com uma pitada de tristeza, e saiu a minha frente.

      Camila Cabello Point Of View 

Sabe quando você não quer pensar naquilo, porém tudo o que você consegue fazer é pensar naquilo. 

O quanto seu coração pode ser um traidor? Porque ele acelera sempre que a vê? Porque quando ela sorri ele da cambalhotas em meu peito?

Levantei calmamente, tomei um banho longo e quente, e fiz minha higiene pessoal. Fui até a cozinha preparar o café da manhã, porque se depender de Dinah a gente morre de fome, não que ela não saiba cozinhar, mas a preguiça que a hospeda é bem maior que seu dom.

- Oi dorminhoca! – ela apareceu de pijamas e com os cabelos despenteados. Sorriu e se sentou à mesa.

- Olá Chan, bom dia.

- Bom dia, mi amor. – retribui seu sorriso.

- Chan? – fiz um som nasal para que ela prosseguisse.

- O que a Laur queria com você ontem?

Acho que empalideci um pouco e tossi algumas vezes para disfarçar.

- N-nada, na verdade eu que queria falar com ela. – me olhou confusa.

- O que você queria com ela? – perguntou ainda confusa – Ela te disse alguma coisa?

- Não Chee, ela não disse nada, eu só queria conversar com ela. – manti a calma.

- Você quer me contar algo? – me olhou encorajadora.

- Eu... – engoli em seco e a fitei – Dinah... – abaixei a cabeça.

Droga Dinah! ... Porq...

- Ei? Está tudo bem... – ela ergueu minha cabeça delicadamente. – Eu sei que isso é difícil pra você... – ela acariciou meu rosto.

- Você sabe?

- Chan, eu te conheço, você não consegue disfarçar. Gostar de alguém, mesmo que você ainda não admita, faz só alguns dias que vocês se conhecem, mas... – ela fechou os olhos e os apertou enquanto negava com a cabeça. Abriu os olhos e afagou meus cabelos. – Eu vi como seus olhos brilharam quando você a viu... Eles brilharam Chan...

Fui incapaz de dizer algo. Dinah é capaz de perceber coisas que nem mesmo eu percebo. Eles não brilharam... Não... Eles nã...

- Eu te amo. – sussurrei enquanto me perdia em seus braços acolhedores.

- Eu sei que ama... – ri contra seu pescoço e ela beijou minha testa. – Anda, vamos tomar café logo, estou morrendo de fome.

...Semanas depois.

- Camila? – Dinah me chamou enquanto caminhávamos pelo corredor da faculdade em direção a saída. – Que tal uma House Party essa noite? – fez uma dancinha animada e me arrancou um riso.

- Vamos Mila, vai estar todo mundo da faculdade, lá! – Mani também estava animada.

- Todo mundo? – arqueei as sobrancelhas.

- Todos, sem exceção.

- Não sei não...

- Vai ser na casa da Nina, e ela convidou todo mundo! – Mani comentou e negou com a cabeça.

- Imagino! – fiz careta e Dinah riu – O que foi?

- Nada! – riu com desdém. – A Laur também vai né? – se dirigiu a Normani.

- Claro, ela praticamente está fazendo essa House Party por que ela quer a Laur... –Normani riu.

Esse assunto não me deixou nenhum um pouco confortável.

- Vamos Dinah, temos que nos arrumar e não ficar aqui discutindo quem a Jauregui quer... – ela e Normani riram, corei no mesmo instante reparando na maneira como isso soou.

- Vamos Mila. – riu e negou com a cabeça.

Saímos da faculdade comigo bufando pela besteira que fiz.

[............]

Combinamos com Mani, Ally e Lauren de nos encontrarmos na entrada do meu prédio, que não é tão longe do local da festa. Eu queria ir nessa festa, mas estava com um pé atrás.

- Mila! Vamos descer, ela chegaram! – o grito de Dinah ecoou pela sala.

- Vai descendo, eu já estou indo. – gritei do quarto.

Fui até meu armário, peguei a única coisa que me passa segurança. Se Dinah visse isso com certeza ela teria a um infarto. Eu precisava senti-la, precisava sentir que ela estaria ali caso eu precisasse. Eu só não podia leva-la comigo, seria arriscado demais. A guardei novamente e me ajeitei para descer. 

Assim que desci, cumprimentei todas e Lauren me olhou de cima a baixo, seus olhos escureceram e ela umedeceu os lábios de forma sensual. Eu usava um vestido preto sem alças bem justo, com comprimento até o meio de minhas coxas, os cabelos levemente ondulados e um salto alto preto. Entramos no carro de Lauren e seguimos em direção a casa de Nina.

Mal sabe ela que eu também reparei. E ela estava linda, vestia uma camiseta cinza escuro com a estampa do Aerosmith juntamente de uma calça jeans preta colada ao corpo e cotunos pretos, seus cabelos negros caindo rebeldes por seus ombros, os lábios chamativos em um batom vermelho, os olhos... Droga, os olhos intensos e lindos como sempre.