História What I Like About You Is - Capítulo Único

- O que é que estás a escrever, Jeno?

Jeno saltou. Ele estava tão absorvido no que estava a escrever que nem tinha notado Jaemin a entrar no seu quarto. Jaemin tentava perscrutar sobre o ombro do mais velho o pedaço de papel que este escrevinhava mas Jeno escondeu-o tão rapidamente com um dos braços que o mais novo não teve grandes chances de ler o que quer que estivesse lá.

- Nada. – Jeno respondeu, sorrindo-lhe desajeitadamente.

- Hm, está bem. – Disse Jaemin enquanto o olhava com certa desconfiança e encrespava os lábios num biquinho. – De qualquer maneira, o Mark chamou-te. Parece que ele quer ajuda com os hoverboards ou algo assim.  

Jeno assentiu e ergueu-se da cadeira onde estava sentado à frente da sua secretária. Hesitou por um bocado antes de amarrotar o papel e arremessa-lo no caixote do lixo. Depois que brindou Jaemin com um pequeno e desjeitoso sorriso, saiu do quarto, acidentalmente colidindo contra a porta no processo, magoando o braço. Jaemin tentou não rir demasiado alto ao ouvir outro estrondo vindo do corredor – Jeno deve ter-se magoado a si próprio, outra vez.

Quando os barulhos – que soavam realmente dolorosos – findaram, Jaemin teve a certeza de que Jeno já se tinha ido embora. Por precaução, esperou por mais alguns breves momentos e quando teve completa afirmação de que ninguém estava nas proximidades, aproximou-se furtivamente do caixote e começou a procurar pelo papel que Jeno lançara ali não há muito tempo. Encontrou-o com grande facilidade pois o dito caixote não estava muito cheio: uns quantos papéis amassados, chicletes mascadas – Jaemin enojou-se – e aparas de lápis. Vacilou brevemente e perguntou-se se deveria mesmo abri-lo porque o amigo claramente não quis que ele visse o que ali estava inscrito e sentiu que, se o lesse, invadiria o espaço pessoal do mais velho, mas Jaemin era do tipo de pessoa que não gostava que escondessem coisas de si. Aliás, mesmo antes de Jeno cobrir a folha com o braço conseguira ver o seu nome escrito numa caligrafia descuidada mais do que uma vez.

Jaemin engoliu a sua culpa e leu. Foi um pouco difícil de ler a princípio devido aos vincos na folha e ao facto da escrita de Jeno quase parecer código morse com uma pitada de pinturas rupestres mas Jaemin conseguiu descodifica-la de algum modo.

O que eu gosto em Na Jaemin:

O que eu gosto em Nana é o seu sorriso. Nana tem dentes brancos e lábios lindos. O sorriso dele é como o sol e não deixar de o admirar sempre que ele sorri para mim.

O que eu gosto em Nana são os seus olhos. Ele tem olhos encantadores e brilhantes que reluzem mais do que todas as estrelas no céu.

O que eu gosto em Nana é a sua voz. Gosto de o ouvir cantar, falar, rir. Tudo aparenta se tornar mais bonito quando ouço a voz dele. E quando ele canta só para mim, sinto-me a pessoa mais especial do mundo.

O que eu gosto em Nana é a sua personalidade. Nana é tosco e bobo e faz-me rir imenso mas quando quer, consegue ser sério e, apesar de ser mais novo que eu, cuida bem de mim e ajuda-me sempre que necessito. Ao lado dele sinto-me feliz e seguro.

O que eu gosto em Nana é o facto de ele se manter a meu lado mesmo sabendo que não sou uma pessoa tão interessante como os outros. Ele continua comigo mesmo quando atiro piadas desprovidas de qualquer sentido ou bato constantemente contra as paredes. Ele continua comigo mesmo quando lhe digo que quero ficar sozinho, porque ele conhece todos os meus momentos maus e ele mantém-se a meu lado durante todos esses momentos.

O que eu gosto em Nana é… tudo! Espero que Nana seja sempre meu.

Lee Jeno

Jaemin leu e releu o manuscrito várias vezes até lhe perder a conta. O seu sorriso ampliava-se cada vez mais e chegou ao ponto de ter que morder o lábio antes que ele lhe rasgasse a face. Estava um pouco corado também. Depois de o ler pela sexta vez, Jaemin estava prestes a amassar o papel de novo e voltar a coloca-lo no lixo para que Jeno não suspeitasse de nada mas detetou a caneta que o outro usara e teve uma ideia. Pegou nela, virou a folha do avesso e principiou a escrever na parte de trás. Deixou o papel no topo do caderno no centro da secretária com a caneta ao lado e saiu do quarto com um pequeno sorriso atrevido na cara.

xx

Depois de ajudar Mark com o seu treino nos hoverboards, Jeno regressou ao seu quarto para descansar um pouco. Estava cansadíssimo. Jaemin já há muito que saíra da habitação, presumiu. Quando se preparava para atirar-se à cama e dormir, olhou de relance para a sua secretária e reparou num papel cheio de dobras no centro, logo percebendo que era o papel onde praticamente tinha escrito uma declaração de amor a Jaemin. O seu coração deu um pulo. Tinha a certeza que o tinha atirado ao lixo, o que significava que Jaemin o tinha lido. Jeno empalideceu e correu até à secretária – não sem antes embater com o dedo do pé no canto da cama, o que gerou um pequeno (grande) (muito grande) surto de queixumes – e agarrou na folha de papel com veemência, mas quando estava prestes a rasgá-la em pedacinhos com vergonha, viu algo que outra pessoa escrevera. Era a letra de Jaemin. Jeno conhecia-a a léguas. Ao contrário da sua, a caligrafia de Jaemin era impecável e bonita, tal como a pessoa a que pertencia. Jeno começou a ler.

O que eu gosto em Lee Jeno:

O que eu gosto em Jeno são as suas pequenas artimanhas e atos desajeitados. Ele diz coisas bobas. Piadas sem sentido. “O que é uma ovelha sem pernas? Uma nuvem”. Coisas desse género. Envergonha-se tão facilmente e sempre que isso acontece ele esconde a cara com as mãos para que ninguém note como as suas bochechas estão coradas.

O que eu gosto em Jeno é o seu senso de humor estranho. Ele ri-se sempre das minhas piadas mesmo quando ambos sabemos que elas são demasiado retardadas para este mundo.

O que eu gosto em Jeno é o seu sorriso. Quando ele sorri os seus olhos transformam-se em pequenas luas. Donghyuck chama-lhe “sorriso com olhos desnecessário” mas, para mim, o sorriso de Jeno é o que mais necessito na minha vida.

O que eu gosto em Jeno é que ele continua sempre comigo mesmo quando o irrito ou faço coisas estúpidas como quando decido pregar partidas ao Hansol-hyung ou fazer de Jisung o meu escravo pessoal.

O que eu gosto em Jeno é o facto de ele ser tão tímido por vezes. A timidez natural dele é um dos seus muitos charmes e isso torna-o adorável. Se gostas de mim, basta dizeres-me, está bem?

O que eu gosto em Jeno é… tudo! Vou ser sempre teu, se tu fores para sempre meu.

Na Jaemin

Jeno não se conseguiu conter e deixou um sorriso enorme brotar no seu rosto, ao que subconscientemente elevava ambas as mãos para tocar as suas bochechas. Parou a meio do caminho quando se deu de conta que isto fora o que Jaemin mencionara na carta. Riu baixinho para si mesmo e dobrou com gentileza o papel, colocando-o no bolso do casaco.

Nem ele, nem Jaemin sequer imaginavam que aquele pedaço de papel maltratado mudaria muitas coisas entre eles para sempre.  

“Sim, Na Jaemin, vou ser teu para sempre.”